terça-feira, 21 de maio de 2019

“Seminário Infâncias e Naturezas, um olhar para a diversidade social e ambiental”

Evento acontece nos dias 10 e 11 de junho, no Departamento Nacional do Sesc, no Rio de Janeiro e reúne especialistas e educadores para debater sobre necessidade de interação das crianças com ambientes naturais
 
Os diferentes cenários urbanos são determinantes para as variadas formas de interação com o ambiente natural, definidas, entre outros fatores, pela qualidade e biodiversidade da natureza e, também, pela desigualdade social. Por isso, quando se pensa na relação entre criança e meio ambiente, é preciso considerar que não se trata de uma única natureza de relação, mas das múltiplas formas como essa relação acontece. 

Para ampliar o diálogo sobre esse cenário, o programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, em parceria com o Sesc realizam o “Seminário Infâncias e Naturezas, um olhar para a diversidade social e ambiental“, dias 10 e 11 de junho, no Departamento Nacional do Sesc, no Rio de Janeiro. 

O encontro reunirá especialistas e educadores de todo o Brasil para instigar diálogos sobre a necessidade de maior interação das crianças com a natureza. Asinscrições já estão abertas.

Atualmente, é possível notar, em diversas cidades brasileiras, entre elas, o Rio de Janeiro, muitas desigualdades no acesso à natureza: enquanto diversos bairros são carentes de vegetação; outros reúnem condomínios com ampla área verde, porém, bastante controladas com fins estéticos e decorativos; terrenos baldios com solo degradado e abandonado ou, ainda, áreas com natureza abundante e rica, mas que abrangem ambientes protegidos, como florestas. 

A observação sobre essas distinções inspirou o tema do Seminário deste ano, que busca dialogar sobre a qualidade da interação da criança com o ambiente natural, e sobre refazer os elos de proximidade das crianças com o meio ambiente, tanto em convívio quanto em brincadeiras, práticas que se perderam ao longo dos anos.

 “As crianças, nos seus distintos modos de viver, acessam a natureza da forma como lhe é possível e permitido. Não importa se elas moram no morro, em condomínios, perto do mar, ou nas periferias. O que elas têm em comum é um estilo de vida mais sedentário e confinado, distante do contato com áreas verdes. Por isso, queremos propor reflexões sobre a diversidade de vivências das crianças com as naturezas presentes nas cidades, e trazer inspiração e fomento a rede de profissionais e cidadãos comuns que, assim como nós, batalham por uma infância rica em natureza. Convidamos todas e todos a participarem dessa jornada para constituirmos uma rede que valoriza as múltiplas infâncias e as múltiplas naturezas que compõem um dos nossos maiores patrimônios, a diversidade”, destaca Laís Fleury, coordenadora do programa Criança e Natureza.

“A natureza traz benefícios cognitivos, sociais, físicos e psicológicos para as crianças, influenciando diretamente no seu desenvolvimento.  O Sesc por estar alinhado com as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e presente em todos os estados brasileiros conhece a diversidade de infâncias e naturezas. Com o Seminário ‘Criança e Natureza’ pretende instigar a reflexão e a troca de experiências sobre a importância de repensar as cidades e suas áreas naturais, de modo a transformá-las em territórios educativos que proporcionem o encontro das crianças com a natureza e a reinserção da infância e do brincar na vida urbana.”, enfatiza Mara Cristina Soares Alves, analista de educação do departamento Nacional do Sesc.

Na pauta no seminário estão temas como: “Infâncias”; “Segurança no espaço público”; “A importância da experiência” e “A Conexão da Natureza no Cuidado com Nós Mesmos e no Cuidado com a Terra”. As conversas serão conduzidas por Cláudio Maretti, especialista em áreas protegidas, apoio ao desenvolvimento sustentável; Evelyn Eisentein, médica pediatra, professora de pediatria; Ilana Katz, psicanalista de orientação lacaniana; Marie Ange Bordas, artista, autora e mediadora cultural; Murilo Cavalcanti, administrador de empresa e Secretário de Segurança Urbana da Cidade do Recife; Renato Noguera, doutor em Filosofia; Roque Antonio Juaquim, observador da Cultura da Infância (Brinquedos e Brincadeiras tradicionais da infância brasileira); Sérgio Godinho, diretor da Escola da Serra e Tainá de Paula, arquiteta e urbanista, especialista em patrimônio cultural.

 Durante os dois dias de programação haverá diversas oficinas para os participantes, como pipas, construção de bichinhos em madeira, produção de tintas à base de terra e pintura, confecção de comedouros artesanais para observação de aves, entre outras.  Pela primeira o seminário abrirá espaço para apresentação de trabalhos, pesquisas e experiências. Será feita uma exposição de painéis com os projetos selecionados, para valorizar a relação entre a criança e a natureza e analisando a fundo a realidade do Brasil, a fim de enfrentar a complexidade de situações vividas hoje nas infâncias brasileiras.

Serviço:

Seminário “Infância e Natureza, um olhar para a diversidade social e ambiental”
Data:
 10 e 11 de junho, das 9h às 17h
Local: Teatro Sesc Senac – Avenida Ayrton Senna, 5555 – Gardênia Azul, Rio de Janeiro / RJ

AUSTRÁLIA VAI PLANTAR UM BILHÃO DE ÁRVORES CONTRA O AQUECIMENTO GLOBAL (Enquanto isso, no Brasil....)

AUSTRÁLIA VAI PLANTAR UM BILHÃO DE ÁRVORES CONTRA O AQUECIMENTO GLOBAL

  • atualizado: 
plantar
O governo australiano está se preparando para plantar um bilhão de árvores para cumprir as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
Este projeto deverá ser executado até 2050 e tem potencial para remover mais de 16 milhões de toneladas de gases do efeito estufa por ano. É tido como uma resposta rápida com relação às mudanças climáticas e que serve de exemplo para muitos países que não estão cumprindo o acordo.
De acordo com o pesquisador Thomas Crowther, da ETH Zurich, o plantio de árvores em todo o mundo poderia reduzir o dióxido de carbono na atmosfera, a ponto de anular uma década de emissões humanas. Segundo ele, as árvores são as armas mais poderosas no combate às mudanças climáticas.
Crowther declarou ao The Independent que um bilhão de árvores é apenas um começo, comparado aos 1,2 trilhões de árvores que a Terra poderia suportar. Esse projeto pode, inclusive, substituir outros métodos menos eficientes para a questão das mudanças climáticas, como por exemplo a construção de turbinas eólicas e as dietas vegetarianas, na opinião do ecologista.
Ainda segundo ele, a restauração completa das florestas é um tanto quanto irreal, mas o plantio de árvores é cada vez mais reconhecido como uma atividade crítica para preservar a vida na Terra. Crowther diz que todos podem se envolver no plantio das árvores. Além de tornar as pessoas mais felizes em ambientes urbanos, elas melhoram a qualidade do ar, da água, dos alimentos e o serviço ecossistêmico. Ou seja, plantar árvores é algo tangível e acessível para todos.
Nós também podemos fazer nossa parte, além de plantar, podemos reduzir nossa pegada de carbono na Terra e evitar o aquecimento global de várias outras maneiras. Confira nos links abaixo:
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FRANÇA PROCLAMA A DECLARAÇÃO DOSDIREITOS DAS ÁRVORES


FRANÇA PROCLAMA A DECLARAÇÃO DOSDIREITOS DAS ÁRVORES

  • atualizado: 
Direitos das Árvores
As árvores também têm direitos na França! Contra os maus-tratos e pela preservação das árvores, a Declaração dos Direitos das Árvores foi proclamada no Parlamento francês. Um documento histórico apresentado pelos ativistas da associação ambientalistas ARBRES, que desejam tornar-se universais e abrir caminho para uma nova legislação capaz de reconhecer a árvore como um ser vivo.
Oxigênio, água, regulação da atmosfera, compensação de emissões de CO2, fertilidade do solo, animais, plantas e insetos: o universo das árvores é único e indispensável que devemos proteger. Mas todos os dias somos obrigados a lidar com a imensa redução do patrimônio florestal do planeta.
"A árvore é um ser vivo fixo que, em proporções comparáveis, ocupa dois ambientes distintos, a atmosfera e o solo. Raízes se desenvolvem no solo, que captam água e minerais. A coroa cresce na atmosfera, que captura dióxido de carbono e energia solar. Por este motivo, a árvore desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico do planeta".
Este é o primeiro artigo da Declaração dos Direitos das Árvores, que representa um marco em defesa destes monumentos milenares, lendários e majestosos, preciosos para as nossas vidas, e contra o desaparecimento das florestas em todos os cantos do globo.
declaracao direito arvores

A Declaração dos Direitos das Árvores

"Este texto visa mudar o olhar e o comportamento dos homens, conscientizando-os sobre o importante papel que as árvores desempenham na vida cotidiana e no futuro, abrindo caminho para mudanças legislativas rápidas em nível nacional".
E, de fato, nos cinco artigosque compõem a Declaração, faz-se um apelo ao bom senso humano porque já não é mais possível viver sem considerar o ciclo de vida das árvores, o equilíbrio ecológico e a biodiversidade que dele dependem.
Como? Observando que uma árvore tem pleno direito à sua integridade física (galhos, tronco e folhagem) e subterrânea (raízes). A alteração desses órgãos enfraquece-a seriamente, assim como o uso de pesticidas e outras substâncias tóxicas.
A Declaração também apela à proteção das árvores monumentais. Algumas árvores consideradas notáveis ​​por suas idades, aparência ou por suas histórias, merecem atenção especial constituindo um patrimônio bio-cultural comum.
Um documento, em suma, que pode ser útil em todos os países para apontar a necessidade de definir as áreas de conservação do patrimônio paisagístico, beneficiando-se de uma maior proteção para todos os tipos de arbustos.
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O documentário

Por ocasião da proclamação da Declaração e para celebrar a natureza extraordinária das árvores, um documentário sobre as mais belas, mais antigas e surpreendentes árvores da França foi apresentado à Assembléia Nacional Francesa.
"Les Arbres remarquables", "As árvores extraordinárias", é o título do curta-metragem assinado por Axel Leclercq, uma viagem pelos mais belos arbustos da terra francesa, uma herança a ser compartilhada em uma excursão realmente sugestiva (trailer).
O objetivo? Trazer o público para a descoberta de um patrimônio desconhecido e convidar as autoridades a tomar medidas que irão protegê-lo permanentemente.
Parabéns à França! 

Apicultores brasileiros encontram meio bilhão de abelhas mortas em três meses

Apicultores brasileiros encontram meio bilhão de abelhas mortas em três meses

20/05/2019 - 13H07/ atualizado 13H07 / por Pedro Grigori, Agência Pública/Repórter Brasil | Infográficos: Bruno Fonseca
Cerca de 100 milhões de abelhas foram encontradas mortas em Cruz Alta apenas no último trimestre (Foto: Salvador Gonçalves/Apicruz)

Albert Einstein previu no século passado que, se as abelhas desaparecessem da superfície da Terra, o homem teria apenas mais quatro anos de vida. A morte em grande escala desse animal, interpretada como apocalíptica na época, é hoje um alerta real. Desde o começo do século, casos de morte e sumiço de abelhas são registrados nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, estudiosos destacam episódios alarmantes a partir de 2005.

Agora, o fenômeno parece chegar ao ápice. Em três meses (de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019), mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores apenas em quatro estados brasileiros, segundo levantamento da Agência Pública e Repórter Brasil. Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades.
Número de abelhas mortas por estado (Foto: Agência Pública)
O principal causador, afirmam especialistas e pesquisas laboratoriais analisadas pela reportagem, é o contato com agrotóxicos à base de neonicotinoides e de Fipronil, produto proibido na Europa há mais de uma década. Esses ingredientes ativos são inseticidas, fatais para insetos, como é o caso da abelha, e quando aplicados por pulverização aérea se espalham pelo ambiente.

As abelhas são as principais polinizadores da maioria dos ecossistemas do planeta. Voando de flor em flor, elas polinizam e promovem a reprodução de diversas espécies de plantas. No Brasil, das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana e produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização deste inseto. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas.

Em Cruz Alta, município de 60 mil habitantes no Rio Grande do Sul, mais de 20% de todas as colmeias foram perdidas apenas entre o Natal de 2018 e o começo de fevereiro. Cerca de 100 milhões de abelhas apareceram mortas, segundo a Apicultores de Cruz Alta (Apicruz). “Apareceram uns venenos muito bravos. Eles colocam de avião de manhã e à tarde as abelhas já começam a aparecer mortas”, relata o apicultor Salvador Gonçalves, presidente da Apicruz.

No Brasil, há seis espécies de abelhas nativas — Melipona scutellaris, Melipona quadrifasciata, Melipona fasciculata, Melipona rufiventris, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula – e mais de 3 mil estrangeiras. A maioria delas não tem ferrão, ou tem o órgão atrofiado.

Cada espécie é mais propícia para polinização de determinadas culturas. Por exemplo, a Mamangaba, conhecida popularmente como abelhão, é a principal responsável pela polinização de maracujá. “O que aconteceria se esse inseto fosse extinto? Ou deixaríamos de consumir essas frutas, ou elas ficariam caríssimas, porque o trabalho de polinização para produzi-la teria que ser feito manualmente pelo ser humano”, explica Carmem Pires, pesquisadora da Embrapa e doutora em Ecologia de Insetos.

A estudiosa conta que até em lavouras que não são dependentes da ação direta dos polinizadores, a presença de abelhas aumenta a safra. “Na de soja, por exemplo, é identificado um aumento em 18% da produção. É importante destacar também o efeito em cadeia. As plantas precisam das abelhas para formar suas sementes e frutos, que são alimento de diversas aves, que por sua vez são a dieta alimentar de outros animais. A morte de abelhas afeta toda a cadeia alimentar”.

Abelhas produtoras de mel (Foto: Pixabay)
Agrotóxicos inimigos das abelhas
Os principais inimigos das abelhas são os agrotóxicos neonicotinoides, uma classe de inseticidas derivados da nicotina, como por exemplo o Clotianidina, Imidacloprid e o Tiametoxam. A diferença para outros venenos é que ele tem a capacidade de se espalhar por todas as partes da planta. Por isso, costuma ser colocado na semente, e tudo acaba com vestígios: flores, ramos, raízes e até no néctar e pólen. Eles são usados em diversas culturas como de algodão, milho, soja, arroz e batata.

Além dos neonicotinoides, há casos de mortandade relacionados também ao uso de agrotóxicos à base de Fipronil, inseticida que age nas células nervosas dos insetos e, além de utilizado contra pragas em culturas como maçã, soja e girassol, é usado até mesmo em coleiras antipulgas de animais domésticos. Muitas vezes esse veneno é aplicado em pulverização aérea, o que o expõe diretamente às abelhas. Segundo pesquisa produzida pela Embrapa em 2004, 19% do agrotóxico manejado através do método de pulverização aérea é dispersado para áreas fora da região de aplicação.

Dentro da colmeia as abelhas vivem em sociedades organizadas, com papéis claros. Elas se dividem em castas — rainha, operárias e zangões. A primeira delas é a única fêmea fértil, é quem coloca os ovos —cerca de 2,5 mil por dia. Os zangões são os machos e têm como papel fecundar a rainha. Já as operárias são as fêmeas responsáveis por praticamente tudo dentro da colmeia: limpeza, coleta de néctar e pólen, alimentação das larvas (abelhas não adultas), elaboração do mel e defesa do lar. A depender do tamanho da caixa e das condições climáticas, uma única colmeia pode abrigar até 100 mil abelhas.

A morte dos polinizadores por contato com os agrotóxicos pode ocorrer de vários modos. O mais comum é quando a operária sai para a polinização. Muitas acabam morrendo na hora, outras ficam desorientadas e infectadas. A partir daquele momento elas tentam voltar a colmeia, mas muitas não resistem ao caminho. As que conseguem voltar acabam infectando toda colmeia — o enxame acaba morto em pouco mais de um dia.

Salvador Gonçalves cria abelhas há 34 anos e é presidente da Apicruz  (Foto: Acervo pessoal)
Casos cada vez mais agudos
Não existem números oficiais de mortes de abelhas no país, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Porém, associações de apicultores e órgãos ligados à secretarias estaduais de Agricultura fazem levantamentos próprios.

Entre dezembro do ano passado e fevereiro de 2019, pelo menos 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas apenas nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, segundo apurou a reportagem. Mas o número pode ser muito maior, já que é impossível contabilizar as mortes de abelhas silvestres – aquelas que não são criadas por apicultores.

A maioria dos casos recentes ocorreu no Rio Grande do Sul, onde, segundo a Câmara Setorial de Apicultura da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do estado, foram 400 milhões de baixas desde dezembro do ano passado. O estado é o maior produtor apícola do país, com mais de 400 mil colmeias, de acordo com a Emater. A produção de mel supera 6 mil toneladas por safra, cerca de 15% do total brasileiro.

A Secretaria recebeu comunicados de óbitos em 10 municípios: Jaguari, Sant’Ana do Livramento, Alegrete, Santiago, Livramento, Bagé, Mata, Cruz Alta, Boa Vista do Cadeado, Santa Margarida. Isso significou mais de 1% das criações de abelhas dizimadas. “O estado tem cerca de 463 mil colmeias. Dessas, cerca de 5 mil foram completamente perdidas. O prejuízo está em torno de 150 toneladas de mel”, conta Aldo Machado dos Santos, coordenador da Câmara Setorial de Apicultura gaúcha.
Por meio de notícias da imprensa, investigações do Ministério Público e estudos científicos, a reportagem identificou casos de mortandade de abelhas em pelo menos dez estados brasileiros desde 2005: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

O engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Aroni Sattler é especialista em sanidade das abelhas e trabalha na área desde 1973. Segundo ele, casos de mortes de enxames se tornaram mais recorrentes na última década. “Devido ao meu trabalho, sempre recebi amostras de abelhas para análises, e vim percebendo que cada vez mais não havia sinais de doenças nos insetos que explicassem mortandades tão agudas”, explica.

No ano passado, ele foi procurado pelo Bioensaios, um laboratório privado, para orientar um trabalho sobre coleta de amostras em casos de mortandade. Foram analisados 30 casos de grandes baixas em enxames no Rio Grande do Sul. Os resultados mostram que cerca de 80% ingeriram ou tiveram contato com Fipronil antes de sucumbir. “Pelos sinais clínicos e pelo histórico apresentado pelos apicultores, percebemos que os agricultores da região misturavam o Fipronil no tanque junto com dessecantes desde o preparo do solo, passando pela fase vegetativa do cultivo e depois na hora da colheita. Se trata de um inseticida, e as abelhas são um tipo de inseto, por isso o ingrediente é bastante tóxico para elas”, detalha.

O especialista aponta que, mesmo naquelas que não apresentaram vestígio dos agrotóxicos, pode ter ocorrido contato. “Nos outros 20% é notado que a coleta das amostras não foi feita adequadamente, ou foi feita em um período muito longo após a mortandade, o que dificulta a identificação dos tóxicos”.
Agrotóxicos se dispersam com o vento e contaminam comunidades vizinhas.  (Foto: Creative Commons / amissphotos)
Quem é o culpado?
Desde que começou a fazer análises de abelhas mortas, o engenheiro agrônomo Aroni Sattler emitiu 30 laudos para apicultores do Rio Grande do Sul que comprovam o contato dos insetos com pesticidas. A partir daí eles podem levar os casos à Justiça e buscar ressarcimento. O especialista alerta para um risco ainda maior, o das abelhas nativas silvestres, pois não há como enumerar quantas estão morrendo e nem denunciar quem aplicou o veneno. “O impacto do uso desses agrotóxicos atinge um raio de 3 a 5 quilômetros das lavouras. Tudo no entorno desaparece”, afirma.
Aroni Sattler destaca também que muitas vezes os desastres ocorrem por falta de informação. “Há casos de mortandade que acontecem porque os agricultores utilizam o agrotóxico de modo errado, ou até mesmo, por falta de conhecimento, eles acham que a abelha prejudica a lavoura e passam veneno”.

O coordenador da Câmara Setorial de Apicultura do Rio Grande do Sul, Aldo Machado, afirma que há necessidade de um trabalho de conscientização: “Precisamos de agrônomos nos campos, acompanhando essas aplicações, vendo se está sendo feito conforme a bula”.
Sobre realizar as denúncias, ele explica que o canal indicado são as defensorias agrícolas ligadas às secretarias estaduais ou municipais. Além disso, é aconselhável informar a Polícia Militar Ambiental e fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil. “O apicultor tem que vencer o medo e denunciar. Há dois anos, após um grande surto de casos no Rio Grande do Sul, fizemos um levantamento e só existiam dois registros de denúncia. Sabíamos que estava ocorrendo mais, mas sem denúncia não se torna oficial para o Governo”. Só em Cruz Alta, segundo a Associação dos Apicultores de Cruz Alta (Apicruz), 810 colmeias foram totalmente perdidas entre 2015 e 2016 – cerca de 50 milhões de abelhas. Porém, no último trimestre a Apicruz estima que o número de abelhas mortas ultrapasse 100 milhões no município.

Mas, mesmo em casos onde há um laudo que prove a relação das mortes com agrotóxicos, é difícil conseguir identificar um culpado, afirma Aldo Machado. “Em Cruz Alta, por exemplo, há diversos produtores de soja. Existe a dificuldade de provar quem colocou esse princípio ativo na lavoura. Em muitos casos, diversos produtores utilizam o agrotóxico, aí fica difícil encontrar um culpado para cada caso específico”, pontua.

De acordo com a Lei Federal 7.802/89, a Lei dos Agrotóxicos, quem deve fazer a fiscalização do uso são os órgãos estaduais. Portanto, todo problema decorrente do uso desses químicos deve ser informado às secretarias de Meio ambiente ou de Agricultura dos estados.

Há base legal para considerar a morte de abelha como crime ambiental. De acordo com o artigo 56 da Lei de Crimes Ambientais é crime “Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos”.

Porém, segundo o Ibama, há grande dificuldade para comprovar que a mortalidade se deu pelo uso em desacordo com as instruções autorizadas no registro. “Quando isso fica comprovado – uso onde não devia, na quantidade que não devia, na época que não devia, usando equipamento que não devia e causando a mortalidade – aí se enquadra no artigo e se trata de crime ambiental”, informa o Instituto, através da assessoria de imprensa.

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Milhões de mortes também em São Paulo – e por agrotóxicos
Testes laboratoriais apontaram o contato com agrotóxico como causador da morte de abelhas também no estado de São Paulo, onde a produção de mel chega a 3,7 mil toneladas por safra – cerca de 10% do total nacional. Entre 2014 e 2017, uma pesquisa com a participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) realizou um mapeamento sobre os fatores que contribuem para a perda de enxames. Em 78 cidades, os pesquisadores contabilizaram 107 produtores que sofreram com perdas de colmeias. Em três anos eles relataram que cerca de 255 milhões de abelhas morreram.

O professor e pesquisador da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina, um dos responsáveis pelo trabalho, diz que os casos em São Paulo vêm acontecendo desde 2005. “Eles se acentuam a partir de 2012, e até aquele momento os apicultores não sabiam como, mas todas as abelhas passavam a morrer do nada e em menos de 24 horas. A grande suspeita era de agrotóxicos, mas até aquele momento não tínhamos uma análise para provar isso”.

O projeto começou em 2013 com patrocínio de empresas produtoras de agrotóxicos. Batizado de Colmeia Viva, o projeto recebeu um telefone 0800 para denúncias. Quando uma abelha morria, o apicultor ligava e fazia a queixa. “Após a análise, entregamos um laudo para cada criador, que era público. E ele poderia usá-lo para entrar com ação na Justiça”, explica.

O relatório do mapeamento foi lançado no ano passado com conclusões voltadas para a criação de um plano de ação nacional para boas práticas de aplicações de agrotóxicos. O objetivo é manter uma relação produtiva entre a agricultura e a apicultura, sem que nenhuma das duas áreas saia enfraquecida.

A iniciativa contou com 222 atendimentos voltados a apicultores, das quais 107 originaram visitas ao campo. Em 88 ocorreram coletas de abelhas para análise focada na relação com a aplicação de agrotóxicos. Em 59 casos – cerca de 67% – o resultado foi positivo para resíduos de pesticidas. Em 27 casos, a hipótese é que a aplicação de tóxico tenha sido feita fora da lavoura onde a colmeia fica, e em 21 casos a suspeita é de uso incorreto dentro da própria residência (11 destes foram causados por produtos à base de neonicotinoides e 10 à base de Fipronil).

O grupo também fez um trabalho educativo com agricultores, ensinando modos de aplicação de pesticidas que diminuam o impacto em abelhas. “Nos últimos meses estamos percebendo uma queda nas ocorrências de mortandade, mas ainda temos que esperar mais alguns anos para fazer um novo estudo que confirme isso e nos mostre os motivos”, explica. Nos últimos dois meses as baixas em colmeias foram reduzidas para cerca de 25.

Por receio de contaminação, apicultores jogam fora todo o mel produzido pelos insetos (Foto: Salvador Gonçalves/ Apicruz)

Reavaliação de agrotóxicos
Em decorrência dos casos de mortandade de abelhas, o Ibama deu início em 2012 à reavaliação de diversos ingredientes químicos usados em plantações. O primeiro está sendo o neonicotinoides Imidacloprid, o mais usado do grupo. Empresas declararam ao Ibama a comercialização de 1.934 toneladas de Imidacloprido só em 2010. Simultaneamente, o Instituto está reavaliando também os neonicotinoides Clotianidina e o Tiametoxam, e ao fim dos três processos iniciará os testes com o Fipronil.

Em 19 de julho de 2012 o Ibama chegou a proibir a pulverização aérea do ingrediente ativo Imidacloprid. O órgão determinou também que todos os produtos deveriam conter nas embalagens o seguinte aviso: “Este produto é tóxico para abelhas. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique este produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura. O descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a penalidades”. Porém, o Ministério da Agricultura alegou que a aplicação aérea do Imidacloprid era imprescindível para determinadas culturas. Com isso, três meses depois, ficou autorizada a pulverização para culturas de arroz, cana-de-açúcar, soja, trigo e algodão.

Tendo em vista que os agrotóxicos mais nocivos às abelhas estão sendo reavaliados, passando agora pela Avaliação de Risco, o Ibama criou em 2015 um Grupo Técnico de Trabalho para discutir os procedimentos a serem adotados para proteger especificamente as abelhas. O grupo se reúne bimestralmente e conta com 13 participantes vindos do setor acadêmico, da Embrapa, da Indústria e também do Ministério do Meio Ambiente. Sua missão é propor uma avaliação obrigatória de risco de agrotóxicos para abelhas. Porém, não há previsão de quando isso ocorrerá.

Trabalhador em apiário (Foto: Pixabay)
Ministério Público Federal cobra respostas
 
Há procedimentos em curso sobre a morte de abelhas em cinco procuradorias estaduais, no Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, segundo a Procuradoria-Geral da República. A Agência Pública teve acesso a documentos relativos a dois desses casos.
No Rio Grande do Sul, há uma ação civil pública tramitando na 9ª Vara Federal de Porto Alegre. A ação foi ajuizada em outubro de 2017 contra o Ibama, para obrigar a autarquia a concluir no prazo de seis meses o processo de reavaliação da substância Imidacloprid.

Porém, o Ibama afirma que terá dificuldade de concluir o processo administrativo nesse prazo. Segundo um memorando, o órgão está construindo diversos protocolos de testes, por se tratar de avaliações ainda inéditas no país. A equipe que realiza as reavaliações é composta por apenas cinco analistas ambientais: três biólogos, um químico e um zootecnista. Confira a publicação na íntegra aqui.

Em Mato Grosso do Sul, a Associação de Produtores de Mel de Dourados entrou com uma representação protocolada em março de 2018 pedindo investigação do MPF/MS. Na justificativa, a associação afirma que os apicultores estão perdendo sua renda e produção por causa das mortes de abelhas “pelo uso indiscriminado e abusivo de agrotóxico nas lavouras de cana de açúcar, soja, milho, arroz e outras culturas agrícolas”.

A representação deu origem a uma Notícia de Fato, uma demanda encaminhada aos órgãos para investigação, e agora o MPF de Mato Grosso do Sul avalia se vai instaurar ou não um procedimento próprio.

Leis para reduzir pesticidas e salvar as abelhas
20 de maio é o Dia Mundial das Abelhas, data criada para lembrar a importância desses insetos para a produção de alimentos em escala global. Elas não são as únicas agentes polinizadoras — pássaros, morcegos, esquilos, besouros e diversos outros contribuem para a reprodução das plantas – mas o grande número e espécies de abelhas as colocam no papel principal.

Para defendê-las, a FAO/ONU, em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), elaborou o Código Internacional de Conduta para o Manejo de Pesticidas. A organização destaca, entretanto, que sem a diminuição do uso de agrotóxicos as abelhas continuarão em risco. “Não podemos continuar nos concentrando em aumentar a produção e a produtividade com base no uso generalizado de pesticidas e produtos químicos que ameaçam os cultivos e os polinizadores”, alertou o diretor-geral da agência da ONU, José Graziano da Silva.

A passos lentos, alguns países vão adotando leis para salvar os zangões, rainhas e operárias. O Fipronil já é proibido em toda a União Europeia há mais de uma década. Em 2004, ele foi banido da França após ações que denunciavam o impacto do veneno — naquele ano, cerca de 40% dos insetos criados nos apiários franceses foram encontrados mortos. Os neonicotinoides entraram em discussão logo depois. Em 2013 tiveram os registros congelados por dois anos, e em 2018 veio o banimento permanente.

Até os Estados Unidos caminham na mesma direção. Em 2013, um relatório do Departamento de Agricultura americano (USDA) mostrou que quase um terço das abelhas de colônias do país morreram durante o inverno de 2012/2013. No ano seguinte, o então presidente americano Barack Obama proibiu o uso de neonicotinoides em áreas de vida selvagem.

*Esta reportagem faz parte do projeto Por Trás do Alimento, uma parceria da Agência Pública e Repórter Brasil para investigar o uso de Agrotóxicos no Brasil. A cobertura completa está no site do projeto.

Índice atual de CO2 na atmosfera é o maior de todos os tempos

Índice atual de CO2 na atmosfera é o maior de todos os tempos

14/05/2019 - 13H55/ atualizado 14H56 / por Redação Galileu
 (Foto: Pixabay)
O ObservatórioMauna Loa, no estado norte-americano do Havaí, detectou um índice de dióxido de carbono atmosférico de 415 partes por milhão (ppm). De acordo com os especialistas, esse nível é o maior dos últimos 800 mil anos — ou seja, é o mais alto da história da humanidade.

O meteorologista Eric Holthaus escreveu em seu Twitter, sobre a detecção: "[É a maior] Não apenas na história registrada, não apenas desde a invenção da agricultura, há 10.000 anos. [É a maior] Desde antes dos humanos modernos existirem milhões de anos atrás. Não conhecemos uma situação como essa."

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Cientistas do observatório têm medido os níveis de dióxido de carbono atmosférico desde 1958. Mas graças a outros tipos de análise, como as realizadas em bolhas de ar presas em núcleos de gelo, eles conseguiram reunir dados sobre níveis que remontam há mais de 800 mil anos. De acordo com a NASA, durante as eras glaciais, os níveis de CO2 na atmosfera estavam em torno de 200 ppm, enquanto durante os períodos interglaciais (como o que estamos vivendo neste momento) os níveis ficam em torno de 280 ppm.

Os especialistas afirmam que o ser humano é o principal culpado pela situação. Michael Mann, professor de meteorologia da Penn State University, avalia que os níveis de CO2 na atmosfera da Terra cresçam mais ou menos 3 ppm por ano: "Se você fizer as contas, bem, é bastante sério. Vamos cruzar 450 ppm em pouco mais de uma década", disse o estudioso, de acordo com o Live Science.
Se a poluição por carbono continuar aumentando, mais calor ficará preso na Terra, o que resultará em um planeta ainda mais quente — a última vez que o planeta esteve aquecido dessa forma existiam árvores no Polo Sul, segundo pesquisadores.

Festival de música estressa peixes dos arredores, mostra pesquisa

Festival de música estressa peixes dos arredores, mostra pesquisa

12/05/2019 - 11H15/ atualizado 11H20 / por Revista Galileu
 (Foto: Pixabay)

Um estudo mostrou que o barulho provocado pelo festival de música eletrônica Ultra, que acontece na Flórida, nos Estados Unidos, estressou os peixes que habitam áreas próximas ao local do evento. De acordo com especialistas, os níveis de estresse dos animais se assemelham aos que sofrem quando estão fugindo de possíveis predadores.

A equipe da Universidade de Miami analisou peixes conhecidos como "toadfish" que vivem em Virginia Key, ilha perto da cidade Miami, onde ocorrem os shows. Gravações feitas com um hidrofone revelaram um aumento de 7-9 decibéis nos tanques de toadfish e um aumento de 2-3 decibéis na faixa de baixas frequências em um canal próximo a região.

"Variações na atividade sonora de organismos marinhos e o ruído adicional do tráfego de barcos podem ter contribuído para o sinal detectado durante o Ultra", afirmou Claire Paris, professora de oceanografia. Segundo o portal PitchFork, ela ainda declarou que mais estudos são necessários para avaliar o potencial impacto de longo prazo que o festival terá em toda a população marinha de Virginia Key.
Peixe toadfish (Foto: Sylke Rohrlach/Wikimedia Commons,)
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Especialistas já mostravam preocupação sobre a perturbação na vida dos peixes em novembro de 2018. Na época, os organizadores do Ultra disseram ao jornal Miami Herald que a música alta não alcançaria os tanques e que agiriam de acordo com os reguladores ambientais.

Além disso, reclamações da população local em relação ao barulho, ao lixo, e a falta de estrutura e planejamento estão fazendo as autoridades questionarem o retorno do festival na região nos próximos anos. Contudo, os administradores acreditam que o evento merece uma nova chance. "Primeiro ano, nervosismo pela primeira vez", disse Daniel Rotenberg, diretor de imóveis de Miami, como aponta o Key News.

O aquecimento global deixa invertebrados marinhos cegos, diz estudo


Polvos podem ficar cegos devido ao aquecimento das águas marinhas, um reflexo das mudanças climáticas que ocorrem no mundo todo (Foto:  Scripps Institution of Oceanography/Lilly McCormick)

O aquecimento global deixa invertebrados marinhos cegos, diz estudo

19/05/2019 - 12H18/ atualizado 12H18 / por Redação Galileu
Já sabemos que recifes de coraissentem os impactos do aquecimento global. Agora, um estudo, publicado, no Journal of Experimental Biology, mostra ainda que invertebrados marinhos, tais como os polvos, estão ficando cegos devido às mudanças climáticas.

O estudo atribui a cegueira ao aquecimento das médias de temperatura do planeta, que têm contribuído para a diminuição do oxigênio presente das águas dos mares. A pesquisa mostrou também como funciona o comportamento desses seres marinhos em situações de baixa presença de oxigênio.
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Lula costeira (Doryteuthis opalescens) sofre com os impactos do aquecimento global (Foto: Wikipedia Commons)
Os pesquisadores do Scripps Institution of Oceanography, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos coletaram larvas de uma variedade de animais como a lula costeira (Doryteuthis opalescens), polvo-da-califórnia (Octopus bimaculatus), caranguejo de atum (Pleuroncodes planipes) e um caranguejo-rocha ( Metacarcinus gracilis).

Com o uso de um microscópio, foi feita uma análise em água marinha com baixo oxigênio. As larvas foram expostas a uma luz para ativar respostas visuais e a retina das criaturas permitiu determinar mudanças na visão.

Assim que os níveis de oxigênio diminuíram, a percepção visual caiu: o caranguejo-rocha e a lula quase ficaram cegos quando o nível de oxigênio chegou ao seu mínimo (20% ao da superfície).Todas as espécies tiveram ainda uma perda de 60% a 100% da visão.

Mas, quando os níveis de oxigênio subiram ao normal, após meia ou uma hora a maioria das espécies se recuperou. Ainda assim, o pouco oxigênio pode levar caranguejos e cefalópodes à uma situação em que eles não podem enxergar suas presas ou predadores dos quais devem escapar.

Coalas estão "funcionalmente extintos", alerta fundação australiana

Coalas estão "funcionalmente extintos", alerta fundação australiana

19/05/2019 - 12H08/ atualizado 12H08 / por Redação Galileu
Animais fofinhos como esse estão “funcionalmente extintos”, o que significa que pode já não existir uma próxima geração (Foto: Pixabay)

Os coalas estão “funcionalmente extintos”, de acordo com a Fundação Australiana dos Coalas ( AKF, da sigla em inglês). Isso significa que não hámais coalas adultos com capacidade reprodutora para gerar a próxima geração desses mamíferos em quantidade suficiente. Atualmente, existem apenas 80 mil coalas ainda remanescentes.

A baixa quantidade de coalas pode ainda resultar em uma série de endocruzamentos, isto é, pode ser que haja cada vez mais acasalamentos de indivíduos que são geneticamente próximos. Os descendentes de tais endocruzamentos, por sua vez,  podem ser afetados por  problemas de má-formação física, o que pode ajudar no processo de extinção dos coalas.

“É difícil dizer exatamente quantos coalas ainda estão em Queensland, New South Wales, Victoria, no sul da Austrália e no território da capital australiana, mas eles estão altamente vulneráveis à ameaças como o desmatamento, doenças e os impactos do aquecimento global”, afirmou Adams-Hosking, que estudou os efeitos das mudanças climáticas na população de coalas.

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De acordo com a AKF, 80% do habitat natural dos coalas foi removido. Além disso, apenas 41 dos 128 habitats de coalas ainda remanescentes na Austrália possuem ainda algum exemplar da espécie.
“A população australiana está preocupada com a segurança dos coalas e está cansada de achá-los mortos nas estradas”, afirmou a presidente da AFK, Deborah Tabart, em comunicado.

Tabart prometeu chamar a atenção do primeiro ministro da Austrália, Scott Morrison, para promulgar o Koala Protection Act (KPA), uma legislação que foca na proteção dos habitats dos coalas e é baseada no Bald Eagle Act, dos Estados Unidos, que conseguiu remover as águias da lista de espécie ameaçadas.

“O Bald Eagle Act teve sucesso pois houve movimentação política para garantir que o ícone norte-americano não entraria em extinção. Já é hora do coala ganhar o mesmo respeito", defendeu Tabart.