Evento
acontece nos dias 10 e 11 de junho, no Departamento Nacional do Sesc,
no Rio de Janeiro e reúne especialistas e educadores para debater sobre
necessidade de interação das crianças com ambientes naturais
Os diferentes cenários urbanos
são determinantes para as variadas formas de interação com o ambiente
natural, definidas, entre outros fatores, pela qualidade e
biodiversidade da natureza e, também, pela desigualdade social. Por
isso, quando se pensa na relação entre criança e meio ambiente, é
preciso considerar que não se trata de uma única natureza de relação,
mas das múltiplas formas como essa relação acontece.
O encontro reunirá especialistas e educadores de todo o Brasil
para instigar diálogos sobre a necessidade de maior interação das
crianças com a natureza. Asinscrições já estão abertas.
Atualmente, é possível notar, em
diversas cidades brasileiras, entre elas, o Rio de Janeiro, muitas
desigualdades no acesso à natureza: enquanto diversos bairros são
carentes de vegetação; outros reúnem condomínios com ampla área verde,
porém, bastante controladas com fins estéticos e decorativos; terrenos
baldios com solo degradado e abandonado ou, ainda, áreas com natureza
abundante e rica, mas que abrangem ambientes protegidos, como florestas.
A observação sobre essas distinções inspirou o tema do Seminário deste
ano, que busca dialogar sobre a qualidade da interação da criança com o
ambiente natural, e sobre refazer os elos de proximidade das crianças
com o meio ambiente, tanto em convívio quanto em brincadeiras, práticas
que se perderam ao longo dos anos.
“As crianças, nos seus distintos
modos de viver, acessam a natureza da forma como lhe é possível e
permitido. Não importa se elas moram no morro, em condomínios, perto do
mar, ou nas periferias. O que elas têm em comum é um estilo de vida mais
sedentário e confinado, distante do contato com áreas verdes. Por isso,
queremos propor reflexões sobre a diversidade de vivências das crianças
com as naturezas presentes nas cidades, e trazer inspiração e fomento a
rede de profissionais e cidadãos comuns que, assim como nós, batalham
por uma infância rica em natureza. Convidamos todas e todos a
participarem dessa jornada para constituirmos uma rede que valoriza as
múltiplas infâncias e as múltiplas naturezas que compõem um dos nossos
maiores patrimônios, a diversidade”, destaca Laís Fleury, coordenadora
do programa Criança e Natureza.
“A
natureza traz benefícios cognitivos, sociais, físicos e psicológicos
para as crianças, influenciando diretamente no seu desenvolvimento. O
Sesc por estar alinhado com as diretrizes dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e presente em todos os estados
brasileiros conhece a diversidade de infâncias e naturezas. Com o
Seminário ‘Criança e Natureza’ pretende instigar a reflexão e a troca de
experiências sobre a importância de repensar as cidades e suas áreas
naturais, de modo a transformá-las em territórios educativos que
proporcionem o encontro das crianças com a natureza e a reinserção da
infância e do brincar na vida urbana.”, enfatiza Mara Cristina Soares
Alves, analista de educação do departamento Nacional do Sesc.
Na pauta no seminário estão temas
como: “Infâncias”; “Segurança no espaço público”; “A importância da
experiência” e “A Conexão da Natureza no Cuidado com Nós Mesmos e no
Cuidado com a Terra”. As conversas serão conduzidas por Cláudio Maretti,
especialista em áreas protegidas, apoio ao desenvolvimento sustentável;
Evelyn Eisentein, médica pediatra, professora de pediatria; Ilana Katz,
psicanalista de orientação lacaniana; Marie Ange Bordas, artista,
autora e mediadora cultural; Murilo Cavalcanti, administrador de empresa
e Secretário de Segurança Urbana da Cidade do Recife; Renato Noguera,
doutor em Filosofia; Roque Antonio Juaquim, observador da Cultura da
Infância (Brinquedos e Brincadeiras tradicionais da infância
brasileira); Sérgio Godinho, diretor da Escola da Serra e Tainá de
Paula, arquiteta e urbanista, especialista em patrimônio cultural.
Durante os dois dias de
programação haverá diversas oficinas para os participantes, como pipas,
construção de bichinhos em madeira, produção de tintas à base de terra e
pintura, confecção de comedouros artesanais para observação de aves,
entre outras. Pela primeira o seminário abrirá espaço para apresentação
de trabalhos, pesquisas e experiências. Será feita uma exposição de
painéis com os projetos selecionados, para valorizar a relação entre a
criança e a natureza e analisando a fundo a realidade do Brasil, a fim
de enfrentar a complexidade de situações vividas hoje nas infâncias
brasileiras.
Serviço:
Seminário “Infância e Natureza, um olhar para a diversidade social e ambiental”
Data: 10 e 11 de junho, das 9h às 17h
Local: Teatro Sesc Senac – Avenida Ayrton Senna, 5555 – Gardênia Azul, Rio de Janeiro / RJ
AUSTRÁLIA VAI PLANTAR UM BILHÃO DE ÁRVORES CONTRA O AQUECIMENTO GLOBAL
atualizado:
porEliane A Oliveira
O governo australiano está se preparando para plantar um bilhão de árvores para cumprir as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris.
Esteprojeto deverá ser executado até 2050 e tem potencial pararemover mais de 16 milhões de toneladas de gases do efeito estufa por ano. É tido como umaresposta rápidacom relação às mudanças climáticas e que serve de exemplo para muitos países que não estão cumprindo o acordo.
De acordo com o pesquisador Thomas Crowther, da ETH Zurich, o plantio de árvores em todo o mundo poderia reduzir o dióxido de carbono na atmosfera, a ponto de anular uma década de emissões humanas. Segundo ele, as árvores são as armas mais poderosas no combate às mudanças climáticas.
Crowther declarou ao The Independent queum bilhão de árvores é apenas um começo, comparado aos 1,2 trilhões de árvores que a Terra poderia suportar. Esse projeto pode, inclusive, substituir outros métodos menos eficientes para a questão das mudanças climáticas, como por exemplo a construção de turbinas eólicas e as dietas vegetarianas, na opinião do ecologista.
Ainda segundo ele, a restauração completa das florestas é um tanto quanto irreal, mas o plantio de árvores é cada vez mais reconhecido como uma atividade crítica para preservar a vida na Terra. Crowther diz que todos podem se envolver no plantio das árvores. Além de tornar as pessoas mais felizes em ambientes urbanos,elas melhoram a qualidade do ar, da água, dos alimentos e o serviço ecossistêmico. Ou seja, plantar árvores é algo tangível e acessível para todos.
Nós também podemos fazer nossa parte, além de plantar, podemos reduzir nossa pegada de carbono na Terra e evitar o aquecimento global de várias outras maneiras. Confira nos links abaixo:
França proclama a Declaração dos Direitos das Árvores
FRANÇA PROCLAMA A DECLARAÇÃO DOSDIREITOS DAS ÁRVORES
atualizado:
por Eliane A Oliveira
As árvores também têm direitos na França! Contra os maus-tratos e pela preservação das árvores, a Declaração dos Direitos das Árvores foi
proclamada no Parlamento francês. Um documento histórico apresentado
pelos ativistas da associação ambientalistas ARBRES, que desejam
tornar-se universais e abrir caminho para uma nova legislação capaz de reconhecer a árvore como um ser vivo.
Oxigênio, água, regulação da atmosfera, compensação de emissões de CO2, fertilidade do solo, animais, plantas e insetos: o universo das árvores é único e indispensável que devemos proteger. Mas todos os dias somos obrigados a lidar com a imensa redução do patrimônio florestal do planeta.
"A
árvore é um ser vivo fixo que, em proporções comparáveis, ocupa dois
ambientes distintos, a atmosfera e o solo. Raízes se desenvolvem no
solo, que captam água e minerais. A coroa cresce na atmosfera, que
captura dióxido de carbono e energia solar. Por este motivo, a árvore
desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico do planeta".
Este é o primeiro artigo da Declaração dos Direitos das Árvores, que representa um marco em defesa destes monumentos milenares, lendários e majestosos, preciosos para as nossas vidas, e contra o desaparecimento das florestas em todos os cantos do globo.
A Declaração dos Direitos das Árvores
"Este
texto visa mudar o olhar e o comportamento dos homens,
conscientizando-os sobre o importante papel que as árvores desempenham
na vida cotidiana e no futuro, abrindo caminho para mudanças
legislativas rápidas em nível nacional".
E, de fato, nos cinco artigosque
compõem a Declaração, faz-se um apelo ao bom senso humano porque já não
é mais possível viver sem considerar o ciclo de vida das árvores, o
equilíbrio ecológico e a biodiversidade que dele dependem.
Como? Observando que uma árvore tem pleno direito à sua integridade física (galhos, tronco e folhagem) e subterrânea (raízes). A alteração desses órgãos enfraquece-a seriamente, assim como o uso de pesticidas e outras substâncias tóxicas.
A Declaração também apela à proteção das árvores monumentais.
Algumas árvores consideradas notáveis por suas idades, aparência ou
por suas histórias, merecem atenção especial constituindo um patrimônio bio-cultural comum.
Um documento, em suma, que pode ser útil em todos os países para apontar a necessidade de definir as áreas de conservação do patrimônio paisagístico, beneficiando-se de uma maior proteção para todos os tipos de arbustos.
O documentário
Por ocasião da proclamação da Declaração e para celebrar a natureza extraordinária das árvores, um documentário sobre as mais belas, mais antigas e surpreendentes árvores da França foi apresentado à Assembléia Nacional Francesa.
"Les Arbres remarquables", "As árvores extraordinárias", é o título do curta-metragem assinado por Axel Leclercq,
uma viagem pelos mais belos arbustos da terra francesa, uma herança a
ser compartilhada em uma excursão realmente sugestiva (trailer).
O objetivo? Trazer o público para a descoberta de um patrimônio desconhecido e convidar as autoridades a tomar medidas que irão protegê-lo permanentemente.
Apicultores brasileiros encontram meio bilhão de abelhas mortas em três meses
Casos
foram detectados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato
Grosso do Sul. Análises laboratoriais identificaram agrotóxicos em
cerca de 80% dos enxames mortos no RS
20/05/2019 - 13H07/ atualizado 13H07 / por Pedro Grigori, Agência Pública/Repórter Brasil | Infográficos: Bruno Fonseca
Albert
Einstein previu no século passado que, se as abelhas desaparecessem da
superfície da Terra, o homem teria apenas mais quatro anos de vida. A
morte em grande escala desse animal, interpretada como apocalíptica na
época, é hoje um alerta real. Desde o começo do século, casos de morte e
sumiço de abelhas são registrados nos Estados Unidos e na Europa. No
Brasil, estudiosos destacam episódios alarmantes a partir de 2005.
Agora,
o fenômeno parece chegar ao ápice. Em três meses (de dezembro de 2018 a
fevereiro de 2019), mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas
mortas por apicultores apenas em quatro estados brasileiros, segundo
levantamento da Agência Pública e Repórter Brasil. Foram 400 milhões no
Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e
45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de
apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por
universidades.
O
principal causador, afirmam especialistas e pesquisas laboratoriais
analisadas pela reportagem, é o contato com agrotóxicos à base de
neonicotinoides e de Fipronil, produto proibido na Europa há mais de uma
década. Esses ingredientes ativos são inseticidas, fatais para insetos,
como é o caso da abelha, e quando aplicados por pulverização aérea se
espalham pelo ambiente.
As abelhas são as principais polinizadores
da maioria dos ecossistemas do planeta. Voando de flor em flor, elas
polinizam e promovem a reprodução de diversas espécies de plantas. No
Brasil, das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana e
produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização
deste inseto. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana
no mundo dependem das abelhas.
Em Cruz Alta, município de 60 mil
habitantes no Rio Grande do Sul, mais de 20% de todas as colmeias foram
perdidas apenas entre o Natal de 2018 e o começo de fevereiro. Cerca de
100 milhões de abelhas apareceram mortas, segundo a Apicultores de Cruz
Alta (Apicruz). “Apareceram uns venenos muito bravos. Eles colocam de
avião de manhã e à tarde as abelhas já começam a aparecer mortas”,
relata o apicultor Salvador Gonçalves, presidente da Apicruz.
No
Brasil, há seis espécies de abelhas nativas — Melipona scutellaris,
Melipona quadrifasciata, Melipona fasciculata, Melipona rufiventris,
Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula – e mais de 3 mil
estrangeiras. A maioria delas não tem ferrão, ou tem o órgão atrofiado.
Cada
espécie é mais propícia para polinização de determinadas culturas. Por
exemplo, a Mamangaba, conhecida popularmente como abelhão, é a principal
responsável pela polinização de maracujá. “O que aconteceria se esse
inseto fosse extinto? Ou deixaríamos de consumir essas frutas, ou elas
ficariam caríssimas, porque o trabalho de polinização para produzi-la
teria que ser feito manualmente pelo ser humano”, explica Carmem Pires,
pesquisadora da Embrapa e doutora em Ecologia de Insetos.
A
estudiosa conta que até em lavouras que não são dependentes da ação
direta dos polinizadores, a presença de abelhas aumenta a safra. “Na de
soja, por exemplo, é identificado um aumento em 18% da produção. É
importante destacar também o efeito em cadeia. As plantas precisam das
abelhas para formar suas sementes e frutos, que são alimento de diversas
aves, que por sua vez são a dieta alimentar de outros animais. A morte
de abelhas afeta toda a cadeia alimentar”.
Agrotóxicos inimigos das abelhas Os
principais inimigos das abelhas são os agrotóxicos neonicotinoides, uma
classe de inseticidas derivados da nicotina, como por exemplo o
Clotianidina, Imidacloprid e o Tiametoxam. A diferença para outros
venenos é que ele tem a capacidade de se espalhar por todas as partes da
planta. Por isso, costuma ser colocado na semente, e tudo acaba com
vestígios: flores, ramos, raízes e até no néctar e pólen. Eles são
usados em diversas culturas como de algodão, milho, soja, arroz e
batata.
Além dos neonicotinoides, há casos de mortandade
relacionados também ao uso de agrotóxicos à base de Fipronil, inseticida
que age nas células nervosas dos insetos e, além de utilizado contra
pragas em culturas como maçã, soja e girassol, é usado até mesmo em
coleiras antipulgas de animais domésticos. Muitas vezes esse veneno é
aplicado em pulverização aérea, o que o expõe diretamente às abelhas.
Segundo pesquisa produzida pela Embrapa em 2004, 19% do agrotóxico manejado através do método de pulverização aérea é dispersado para áreas fora da região de aplicação.
Dentro
da colmeia as abelhas vivem em sociedades organizadas, com papéis
claros. Elas se dividem em castas — rainha, operárias e zangões. A
primeira delas é a única fêmea fértil, é quem coloca os ovos —cerca de
2,5 mil por dia. Os zangões são os machos e têm como papel fecundar a
rainha. Já as operárias são as fêmeas responsáveis por praticamente tudo
dentro da colmeia: limpeza, coleta de néctar e pólen, alimentação das
larvas (abelhas não adultas), elaboração do mel e defesa do lar. A
depender do tamanho da caixa e das condições climáticas, uma única
colmeia pode abrigar até 100 mil abelhas.
A morte dos
polinizadores por contato com os agrotóxicos pode ocorrer de vários
modos. O mais comum é quando a operária sai para a polinização. Muitas
acabam morrendo na hora, outras ficam desorientadas e infectadas. A
partir daquele momento elas tentam voltar a colmeia, mas muitas não
resistem ao caminho. As que conseguem voltar acabam infectando toda
colmeia — o enxame acaba morto em pouco mais de um dia.
Casos cada vez mais agudos Não
existem números oficiais de mortes de abelhas no país, segundo o Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis). Porém, associações de apicultores e órgãos ligados à
secretarias estaduais de Agricultura fazem levantamentos próprios.
Entre
dezembro do ano passado e fevereiro de 2019, pelo menos 500 milhões de
abelhas foram encontradas mortas apenas nos estados de Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, segundo apurou a
reportagem. Mas o número pode ser muito maior, já que é impossível
contabilizar as mortes de abelhas silvestres – aquelas que não são
criadas por apicultores.
A maioria dos casos recentes ocorreu no
Rio Grande do Sul, onde, segundo a Câmara Setorial de Apicultura da
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do estado,
foram 400 milhões de baixas desde dezembro do ano passado. O estado é o
maior produtor apícola do país, com mais de 400 mil colmeias, de acordo
com a Emater. A produção de mel supera 6 mil toneladas por safra, cerca
de 15% do total brasileiro.
A Secretaria recebeu comunicados de
óbitos em 10 municípios: Jaguari, Sant’Ana do Livramento, Alegrete,
Santiago, Livramento, Bagé, Mata, Cruz Alta, Boa Vista do Cadeado, Santa
Margarida. Isso significou mais de 1% das criações de abelhas
dizimadas. “O estado tem cerca de 463 mil colmeias. Dessas, cerca de 5
mil foram completamente perdidas. O prejuízo está em torno de 150
toneladas de mel”, conta Aldo Machado dos Santos, coordenador da Câmara
Setorial de Apicultura gaúcha.
Por meio de notícias da imprensa,
investigações do Ministério Público e estudos científicos, a reportagem
identificou casos de mortandade de abelhas em pelo menos dez estados
brasileiros desde 2005: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e
Rio Grande do Sul.
O engenheiro agrônomo e professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Aroni Sattler é especialista
em sanidade das abelhas e trabalha na área desde 1973. Segundo ele,
casos de mortes de enxames se tornaram mais recorrentes na última
década. “Devido ao meu trabalho, sempre recebi amostras de abelhas para
análises, e vim percebendo que cada vez mais não havia sinais de doenças
nos insetos que explicassem mortandades tão agudas”, explica.
No
ano passado, ele foi procurado pelo Bioensaios, um laboratório privado,
para orientar um trabalho sobre coleta de amostras em casos de
mortandade. Foram analisados 30 casos de grandes baixas em enxames no
Rio Grande do Sul. Os resultados mostram que cerca de 80% ingeriram ou
tiveram contato com Fipronil antes de sucumbir. “Pelos sinais clínicos e
pelo histórico apresentado pelos apicultores, percebemos que os
agricultores da região misturavam o Fipronil no tanque junto com
dessecantes desde o preparo do solo, passando pela fase vegetativa do
cultivo e depois na hora da colheita. Se trata de um inseticida, e as
abelhas são um tipo de inseto, por isso o ingrediente é bastante tóxico
para elas”, detalha.
O especialista aponta que, mesmo naquelas que
não apresentaram vestígio dos agrotóxicos, pode ter ocorrido contato.
“Nos outros 20% é notado que a coleta das amostras não foi feita
adequadamente, ou foi feita em um período muito longo após a mortandade,
o que dificulta a identificação dos tóxicos”.
Quem é o culpado? Desde
que começou a fazer análises de abelhas mortas, o engenheiro agrônomo
Aroni Sattler emitiu 30 laudos para apicultores do Rio Grande do Sul que
comprovam o contato dos insetos com pesticidas. A partir daí eles podem
levar os casos à Justiça e buscar ressarcimento. O especialista alerta
para um risco ainda maior, o das abelhas nativas silvestres, pois não há
como enumerar quantas estão morrendo e nem denunciar quem aplicou o
veneno. “O impacto do uso desses agrotóxicos atinge um raio de 3 a 5
quilômetros das lavouras. Tudo no entorno desaparece”, afirma.
Aroni
Sattler destaca também que muitas vezes os desastres ocorrem por falta
de informação. “Há casos de mortandade que acontecem porque os
agricultores utilizam o agrotóxico de modo errado, ou até mesmo, por
falta de conhecimento, eles acham que a abelha prejudica a lavoura e
passam veneno”.
O coordenador da Câmara Setorial de Apicultura do
Rio Grande do Sul, Aldo Machado, afirma que há necessidade de um
trabalho de conscientização: “Precisamos de agrônomos nos campos,
acompanhando essas aplicações, vendo se está sendo feito conforme a
bula”.
Sobre realizar as denúncias, ele explica que o canal
indicado são as defensorias agrícolas ligadas às secretarias estaduais
ou municipais. Além disso, é aconselhável informar a Polícia Militar
Ambiental e fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil. “O
apicultor tem que vencer o medo e denunciar. Há dois anos, após um
grande surto de casos no Rio Grande do Sul, fizemos um levantamento e só
existiam dois registros de denúncia. Sabíamos que estava ocorrendo
mais, mas sem denúncia não se torna oficial para o Governo”. Só em Cruz
Alta, segundo a Associação dos Apicultores de Cruz Alta (Apicruz), 810
colmeias foram totalmente perdidas entre 2015 e 2016 – cerca de 50
milhões de abelhas. Porém, no último trimestre a Apicruz estima que o
número de abelhas mortas ultrapasse 100 milhões no município.
Mas,
mesmo em casos onde há um laudo que prove a relação das mortes com
agrotóxicos, é difícil conseguir identificar um culpado, afirma Aldo
Machado. “Em Cruz Alta, por exemplo, há diversos produtores de soja.
Existe a dificuldade de provar quem colocou esse princípio ativo na
lavoura. Em muitos casos, diversos produtores utilizam o agrotóxico, aí
fica difícil encontrar um culpado para cada caso específico”, pontua.
De
acordo com a Lei Federal 7.802/89, a Lei dos Agrotóxicos, quem deve
fazer a fiscalização do uso são os órgãos estaduais. Portanto, todo
problema decorrente do uso desses químicos deve ser informado às
secretarias de Meio ambiente ou de Agricultura dos estados.
Há
base legal para considerar a morte de abelha como crime ambiental. De
acordo com o artigo 56 da Lei de Crimes Ambientais é crime “Produzir,
processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio
ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos
seus regulamentos”.
Porém, segundo o Ibama, há grande dificuldade
para comprovar que a mortalidade se deu pelo uso em desacordo com as
instruções autorizadas no registro. “Quando isso fica comprovado – uso
onde não devia, na quantidade que não devia, na época que não devia,
usando equipamento que não devia e causando a mortalidade – aí se
enquadra no artigo e se trata de crime ambiental”, informa o Instituto,
através da assessoria de imprensa.
Milhões de mortes também em São Paulo – e por agrotóxicos Testes
laboratoriais apontaram o contato com agrotóxico como causador da morte
de abelhas também no estado de São Paulo, onde a produção de mel chega a
3,7 mil toneladas por safra – cerca de 10% do total nacional. Entre
2014 e 2017, uma pesquisa com a participação da Universidade Estadual
Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFScar)
realizou um mapeamento sobre os fatores que contribuem para a perda de
enxames. Em 78 cidades, os pesquisadores contabilizaram 107 produtores
que sofreram com perdas de colmeias. Em três anos eles relataram que
cerca de 255 milhões de abelhas morreram.
O professor e
pesquisador da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina, um dos responsáveis pelo
trabalho, diz que os casos em São Paulo vêm acontecendo desde 2005.
“Eles se acentuam a partir de 2012, e até aquele momento os apicultores
não sabiam como, mas todas as abelhas passavam a morrer do nada e em
menos de 24 horas. A grande suspeita era de agrotóxicos, mas até aquele
momento não tínhamos uma análise para provar isso”.
O projeto começou em 2013 com patrocínio de empresas produtoras de agrotóxicos. Batizado de Colmeia Viva,
o projeto recebeu um telefone 0800 para denúncias. Quando uma abelha
morria, o apicultor ligava e fazia a queixa. “Após a análise, entregamos
um laudo para cada criador, que era público. E ele poderia usá-lo para
entrar com ação na Justiça”, explica.
O relatório do mapeamento
foi lançado no ano passado com conclusões voltadas para a criação de um
plano de ação nacional para boas práticas de aplicações de agrotóxicos.
O objetivo é manter uma relação produtiva entre a agricultura e a
apicultura, sem que nenhuma das duas áreas saia enfraquecida.
A
iniciativa contou com 222 atendimentos voltados a apicultores, das quais
107 originaram visitas ao campo. Em 88 ocorreram coletas de abelhas
para análise focada na relação com a aplicação de agrotóxicos. Em 59
casos – cerca de 67% – o resultado foi positivo para resíduos de
pesticidas. Em 27 casos, a hipótese é que a aplicação de tóxico tenha
sido feita fora da lavoura onde a colmeia fica, e em 21 casos a suspeita
é de uso incorreto dentro da própria residência (11 destes foram
causados por produtos à base de neonicotinoides e 10 à base de
Fipronil).
O grupo também fez um trabalho educativo com
agricultores, ensinando modos de aplicação de pesticidas que diminuam o
impacto em abelhas. “Nos últimos meses estamos percebendo uma queda nas
ocorrências de mortandade, mas ainda temos que esperar mais alguns anos
para fazer um novo estudo que confirme isso e nos mostre os motivos”,
explica. Nos últimos dois meses as baixas em colmeias foram reduzidas
para cerca de 25.
Reavaliação de agrotóxicos Em
decorrência dos casos de mortandade de abelhas, o Ibama deu início em
2012 à reavaliação de diversos ingredientes químicos usados em
plantações. O primeiro está sendo o neonicotinoides Imidacloprid, o mais
usado do grupo. Empresas declararam ao Ibama a comercialização de 1.934
toneladas de Imidacloprido só em 2010. Simultaneamente, o Instituto
está reavaliando também os neonicotinoides Clotianidina e o Tiametoxam, e
ao fim dos três processos iniciará os testes com o Fipronil.
Em
19 de julho de 2012 o Ibama chegou a proibir a pulverização aérea do
ingrediente ativo Imidacloprid. O órgão determinou também que todos os
produtos deveriam conter nas embalagens o seguinte aviso: “Este produto é
tóxico para abelhas. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique
este produto em época de floração, nem imediatamente antes do
florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura. O
descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a
penalidades”. Porém, o Ministério da Agricultura alegou que a aplicação
aérea do Imidacloprid era imprescindível para determinadas culturas.
Com isso, três meses depois, ficou autorizada a pulverização para
culturas de arroz, cana-de-açúcar, soja, trigo e algodão.
Tendo em
vista que os agrotóxicos mais nocivos às abelhas estão sendo
reavaliados, passando agora pela Avaliação de Risco, o Ibama criou em
2015 um Grupo Técnico de Trabalho para discutir os procedimentos a serem
adotados para proteger especificamente as abelhas. O grupo se reúne
bimestralmente e conta com 13 participantes vindos do setor acadêmico,
da Embrapa, da Indústria e também do Ministério do Meio Ambiente. Sua
missão é propor uma avaliação obrigatória de risco de agrotóxicos para
abelhas. Porém, não há previsão de quando isso ocorrerá.
Ministério Público Federal cobra respostas Há
procedimentos em curso sobre a morte de abelhas em cinco procuradorias
estaduais, no Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e
Rio Grande do Sul, segundo a Procuradoria-Geral da República. A Agência
Pública teve acesso a documentos relativos a dois desses casos.
No
Rio Grande do Sul, há uma ação civil pública tramitando na 9ª Vara
Federal de Porto Alegre. A ação foi ajuizada em outubro de 2017 contra o
Ibama, para obrigar a autarquia a concluir no prazo de seis meses o
processo de reavaliação da substância Imidacloprid.
Porém, o Ibama
afirma que terá dificuldade de concluir o processo administrativo nesse
prazo. Segundo um memorando, o órgão está construindo diversos
protocolos de testes, por se tratar de avaliações ainda inéditas no
país. A equipe que realiza as reavaliações é composta por apenas cinco
analistas ambientais: três biólogos, um químico e um zootecnista. Confira a publicação na íntegra aqui.
Em
Mato Grosso do Sul, a Associação de Produtores de Mel de Dourados
entrou com uma representação protocolada em março de 2018 pedindo
investigação do MPF/MS. Na justificativa, a associação afirma que os
apicultores estão perdendo sua renda e produção por causa das mortes de
abelhas “pelo uso indiscriminado e abusivo de agrotóxico nas lavouras de
cana de açúcar, soja, milho, arroz e outras culturas agrícolas”.
A
representação deu origem a uma Notícia de Fato, uma demanda encaminhada
aos órgãos para investigação, e agora o MPF de Mato Grosso do Sul
avalia se vai instaurar ou não um procedimento próprio.
Leis para reduzir pesticidas e salvar as abelhas 20
de maio é o Dia Mundial das Abelhas, data criada para lembrar a
importância desses insetos para a produção de alimentos em escala
global. Elas não são as únicas agentes polinizadoras — pássaros,
morcegos, esquilos, besouros e diversos outros contribuem para a
reprodução das plantas – mas o grande número e espécies de abelhas as
colocam no papel principal.
Para defendê-las, a FAO/ONU, em
parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), elaborou o Código
Internacional de Conduta para o Manejo de Pesticidas. A organização
destaca, entretanto, que sem a diminuição do uso de agrotóxicos as
abelhas continuarão em risco. “Não podemos continuar nos concentrando em
aumentar a produção e a produtividade com base no uso generalizado de
pesticidas e produtos químicos que ameaçam os cultivos e os
polinizadores”, alertou o diretor-geral da agência da ONU, José Graziano
da Silva.
A passos lentos, alguns países vão adotando leis para
salvar os zangões, rainhas e operárias. O Fipronil já é proibido em toda
a União Europeia há mais de uma década. Em 2004, ele foi banido da
França após ações que denunciavam o impacto do veneno — naquele ano,
cerca de 40% dos insetos criados nos apiários franceses foram
encontrados mortos. Os neonicotinoides entraram em discussão logo
depois. Em 2013 tiveram os registros congelados por dois anos, e em 2018
veio o banimento permanente.
Até os Estados Unidos caminham na
mesma direção. Em 2013, um relatório do Departamento de Agricultura
americano (USDA) mostrou que quase um terço das abelhas de colônias do
país morreram durante o inverno de 2012/2013. No ano seguinte, o então
presidente americano Barack Obama proibiu o uso de neonicotinoides em
áreas de vida selvagem.
*Esta reportagem faz parte do projeto
Por Trás do Alimento, uma parceria da Agência Pública e Repórter Brasil
para investigar o uso de Agrotóxicos no Brasil. A cobertura completa
está no site do projeto.
Índice atual de CO2 na atmosfera é o maior de todos os tempos
De
acordo com análise realizada em laboratório nos Estados Unidos, esse é o
maior nível de dióxido de carbono dos últimos 800 mil anos
14/05/2019 - 13H55/ atualizado 14H56 / por Redação Galileu
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O
ObservatórioMauna Loa, no estado norte-americano do Havaí, detectou um
índice de dióxido de carbono atmosférico de 415 partes por milhão (ppm).
De acordo com os especialistas, esse nível é o maior dos últimos 800
mil anos — ou seja, é o mais alto da história da humanidade.
O meteorologista Eric Holthaus escreveu em seu Twitter,
sobre a detecção: "[É a maior] Não apenas na história registrada, não
apenas desde a invenção da agricultura, há 10.000 anos. [É a maior]
Desde antes dos humanos modernos existirem milhões de anos atrás. Não
conhecemos uma situação como essa."
Cientistas
do observatório têm medido os níveis de dióxido de carbono atmosférico
desde 1958. Mas graças a outros tipos de análise, como as realizadas em
bolhas de ar presas em núcleos de gelo, eles conseguiram reunir dados
sobre níveis que remontam há mais de 800 mil anos. De acordo com a NASA,
durante as eras glaciais, os níveis de CO2 na atmosfera estavam em
torno de 200 ppm, enquanto durante os períodos interglaciais (como o que
estamos vivendo neste momento) os níveis ficam em torno de 280 ppm.
Os especialistas afirmam que o ser humano é o principal culpado pela situação. Michael Mann, professor de meteorologia da Penn State University,
avalia que os níveis de CO2 na atmosfera da Terra cresçam mais ou menos
3 ppm por ano: "Se você fizer as contas, bem, é bastante sério. Vamos
cruzar 450 ppm em pouco mais de uma década", disse o estudioso, de acordo com o Live Science.
Se
a poluição por carbono continuar aumentando, mais calor ficará preso na
Terra, o que resultará em um planeta ainda mais quente — a última vez
que o planeta esteve aquecido dessa forma existiam árvores no Polo Sul,
segundo pesquisadores.
Festival de música estressa peixes dos arredores, mostra pesquisa
Volume
do som do Ultra, evento que acontece nos EUA, fez níveis de estresse
dos animais se assemelharem aos que sofrem quando estão sendo
perseguidos por predadores
12/05/2019 - 11H15/ atualizado 11H20 / por Revista Galileu
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Um estudo
mostrou que o barulho provocado pelo festival de música eletrônica
Ultra, que acontece na Flórida, nos Estados Unidos, estressou os peixes
que habitam áreas próximas ao local do evento. De acordo com
especialistas, os níveis de estresse dos animais se assemelham aos que
sofrem quando estão fugindo de possíveis predadores.
A equipe da
Universidade de Miami analisou peixes conhecidos como "toadfish" que
vivem em Virginia Key, ilha perto da cidade Miami, onde ocorrem os
shows. Gravações feitas com um hidrofone revelaram um aumento de 7-9
decibéis nos tanques de toadfish e um aumento de 2-3 decibéis na faixa
de baixas frequências em um canal próximo a região.
"Variações
na atividade sonora de organismos marinhos e o ruído adicional do
tráfego de barcos podem ter contribuído para o sinal detectado durante o
Ultra", afirmou Claire Paris, professora de oceanografia. Segundo o
portal PitchFork,
ela ainda declarou que mais estudos são necessários para avaliar o
potencial impacto de longo prazo que o festival terá em toda a população
marinha de Virginia Key.
Especialistas
já mostravam preocupação sobre a perturbação na vida dos peixes em
novembro de 2018. Na época, os organizadores do Ultra disseram ao
jornal Miami Herald que a música alta não alcançaria os tanques e que agiriam de acordo com os reguladores ambientais.
Além
disso, reclamações da população local em relação ao barulho, ao lixo, e
a falta de estrutura e planejamento estão fazendo as autoridades
questionarem o retorno do festival na região nos próximos anos.
Contudo, os administradores acreditam que o evento merece uma nova
chance. "Primeiro ano, nervosismo pela primeira vez", disse Daniel
Rotenberg, diretor de imóveis de Miami, como aponta o Key News.
Já sabemos que recifes de coraissentem os impactos do aquecimento global. Agora, um estudo, publicado, no Journal of Experimental Biology, mostra ainda que invertebrados marinhos, tais como os polvos, estão ficando cegos devido às mudanças climáticas.
Os pesquisadores do Scripps Institution of Oceanography, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos coletaram larvas de uma variedade de animais como a lula costeira (Doryteuthis opalescens), polvo-da-califórnia (Octopus bimaculatus), caranguejo de atum (Pleuroncodes planipes) e um caranguejo-rocha ( Metacarcinus gracilis).
Com
o uso de um microscópio, foi feita uma análise em água marinha com
baixo oxigênio. As larvas foram expostas a uma luz para ativar respostas
visuais e a retina das criaturas permitiu determinar mudanças na visão.
Assim
que os níveis de oxigênio diminuíram, a percepção visual caiu: o
caranguejo-rocha e a lula quase ficaram cegos quando o nível de oxigênio
chegou ao seu mínimo (20% ao da superfície).Todas as espécies tiveram
ainda uma perda de 60% a 100% da visão.
Mas, quando os níveis de
oxigênio subiram ao normal, após meia ou uma hora a maioria das espécies
se recuperou. Ainda assim, o pouco oxigênio pode levar caranguejos e
cefalópodes à uma situação em que eles não podem enxergar suas presas ou
predadores dos quais devem escapar.
Coalas estão "funcionalmente extintos", alerta fundação australiana
Não
há mais coalas adultos com capacidade reprodutora para gerar uma
população suficiente nas próximas gerações: os animais sofrem com os
efeitos do aquecimento global
19/05/2019 - 12H08/ atualizado 12H08 / por Redação Galileu
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Os
coalas estão “funcionalmente extintos”, de acordo com a Fundação
Australiana dos Coalas ( AKF, da sigla em inglês). Isso significa que
não hámais coalas adultos com capacidade reprodutora para gerar a
próxima geração desses mamíferos em quantidade suficiente. Atualmente,
existem apenas 80 mil coalas ainda remanescentes.
A baixa
quantidade de coalas pode ainda resultar em uma série de
endocruzamentos, isto é, pode ser que haja cada vez mais acasalamentos
de indivíduos que são geneticamente próximos. Os descendentes de tais
endocruzamentos, por sua vez, podem ser afetados por problemas de
má-formação física, o que pode ajudar no processo de extinção dos
coalas.
“É
difícil dizer exatamente quantos coalas ainda estão em Queensland, New
South Wales, Victoria, no sul da Austrália e no território da capital
australiana, mas eles estão altamente vulneráveis à ameaças como o
desmatamento, doenças e os impactos do aquecimento global”, afirmou
Adams-Hosking, que estudou os efeitos das mudanças climáticas na
população de coalas.
De
acordo com a AKF, 80% do habitat natural dos coalas foi removido. Além
disso, apenas 41 dos 128 habitats de coalas ainda remanescentes na
Austrália possuem ainda algum exemplar da espécie.
“A população
australiana está preocupada com a segurança dos coalas e está cansada de
achá-los mortos nas estradas”, afirmou a presidente da AFK, Deborah
Tabart, em comunicado.
Tabart prometeu chamar a atenção do primeiro ministro da Austrália, Scott Morrison, para promulgar o Koala Protection Act (KPA), uma legislação que foca na proteção dos habitats dos coalas e é baseada no Bald Eagle Act, dos Estados Unidos, que conseguiu remover as águias da lista de espécie ameaçadas.
“O Bald Eagle Act teve
sucesso pois houve movimentação política para garantir que o ícone
norte-americano não entraria em extinção. Já é hora do coala ganhar o
mesmo respeito", defendeu Tabart.