A direita que só conseguirá entender a política quando seu cérebro não colapsar ao… ver a política
Me enviaram um vídeo a respeito da disputa eleitoral para o DCE-FURG. Pelo que entendi, são liberais (até pelo discurso) que disputavam uma vaga para o DCE.
O vídeo tem tudo a ver com o que falei no texto O que fazer para eliminar o hábito mais terrível da direita e começar a conquistar resultados políticos. Todos os seis princípios de David Horowitz foram ignorados por esses liberais. O resultado, como não poderia deixar de ser, é um desastre de proporções bíblicas.
Assista:
Dá para notar nos momentos em que eles dizem como “o debate deveria ser” ou como “o diálogo deveria ser”, manifestando surpresa genuína, algo praticamente proibitivo para quem adentra a um território de guerra política. Ou seja, a recusa de se ver a realidade como ela é (especialmente no momento da guerra política) é uma mania de muitos liberais. Algo digno de vergonha alheia.
Por causa disso, o primeiro princípio da guerra política (“política é guerra por outros meios”) foi solenemente ignorado, o que já nos anunciava o desastre iminente.
Outro problema visto foi o discurso muito complicado, idealista, mas sem apelo ao coração. E, pelo princípio 6, “a vitória fica do lado do povo”.
A coisa começou a degringolar quando a extrema-esquerda usou o termo “racista” impunemente. O ideal seria, desde que se um discurso estrategicamente bom estivesse sendo utilizado, já ir ameaçando ao mesmo tempo de processo como também lançar frames de shaming.
Lembremos que acusar alguém de racismo é denunciação caluniosa, ou seja, imputar a alguém um crime que ela não cometeu.
Notava-se a tensão no rosto dos três liberais, sinal de que não perceberam estar em um cenário de guerra política.
Dai veio o horror, o horror… pois os dois principais debatedores liberais ficaram na defensiva. Mas na guerra política, o agressor geralmente prevalece. E, para piorar, o discurso seguia complexo e não apelava ao coração.
Depois deles serem chamados de racistas, foram ofendidos com a expressão “branco, heterossexual e burguês”. De novo ficaram na defensiva. Até aqui a nota para o desempenho é um zero bem redondo.
Lá pelas tantas até tentaram uma ridicularização, mas o dano já era irreversível. Os liberais não tinham ataques prontos, nem sequer slogans.
Mesmo ficando na defensiva, ainda foram avacalhados por um pedido de direito de resposta, o que é a mesma técnica de metralhar direitos de resposta usada por Dilma durante as eleições. É, eu sei, eles vivem caindo nessa, sem qualquer estratégia de contenção…
Como era de se esperar, os liberais foram ofendidos no direito de resposta. Nada que também não tenhamos visto na campanha do PT nas eleições.
Depois do ataque, o que aconteceu? Eles fecharam a cara definitivamente. Ou seja, ficaram bravos por entrarem em uma guerra e tomarem tiros. Com isso, a matilha de extrema-esquerda sentia o cheiro de sangue cada vez mais forte, o que levou ao aumento das táticas de intimidação.
Um desastre tão grande só poderia concluir da maneira mais patética possível: os liberais resolveram desistir do debate. Um erro tão absurdo e imperdoável que nem vale a pena comentar.
Esse vídeo serve para nos mostrar que não estou exagerando quando digo que para a direita começar a obter resultados políticos é preciso de fato de uma mudança de estrutura mental.
Não é possível que pessoas adultas, que podem ser perfeitamente funcionais em outras áreas da vida (incluindo a vida profissional), se transformem em crianças de 7 anos diante de adultos no momento da guerra política.
Vencer a guerra interna, onde a ingenuidade política da direita deve ser esmagada e triturada sem dó nem piedade, para o surgimento de uma verdadeira consciência política, é o maior desafio para a direita neste momento.