Segundo a bióloga Silvia Ortiz, beagles capturados por ativistas não são pets e não estão acostumados a viver como tal; ela nega maus tratos contra animais
Segundo a bióloga, se algo causou estresse aos animais foi a "arruaça" promovida durante a invasão. "A quantidade de fezes e de urina que os ativistas relataram lá dentro.... Você imagina que todos os animais estavam dormindo em uma condição de temperatura, iluminação e umidade controladas. De repente entram 150 pessoas fazendo aquela arruaça, aos gritos. É claro que eles urinaram e defecaram. Os animais ficaram estressados", afirmou.
"Mostraram animais tremendo na TV, mas eles não estão acostumados com isso. Nem sequer estão acostumados a ir para o colo. O que as pessoas não entendem é que eles não são pets. Os ativistas dizem que agora eles estão em casa, em uma caminha quente, com uma comidinha. Eles não estão acostumados a comer comidinha. Eles comem ração. Vai dar diarreia nesses animais. Muitos podem não estar nem conseguindo comer", alertou.
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A bióloga rebateu a acusação da apresentadora de TV Luisa Mell, que estava na invasão, de que havia ao menos um animal com a pata quebrada e outros com cicatrizes e tumores:
"A pessoa fala que a cadela estava com calombos, gorda. Mas ela estava prenha. Ela não sabe apalpar e sentir que é um feto. Não tem cicatriz nenhuma. Mostraram um animal sem olho dizendo que era do Royal e depois desmentiram. Também não tem pata quebrada, a não ser que algum animal tenha sido quebrado na retirada", diz.
"Além de perdermos as pesquisas que estavam em andamento para drogas anticâncer, diabetes, hipertensão, epilepsia, de antibióticos e anti-inflamatórios, ainda desperdiçamos toda a pesquisa para a padronização genética dos cães usados. Foram dez anos para que eles chegassem aos níveis de padrão internacional para testes de fármacos", afirma Henriques.
Segundo ele, testes do laboratório levaram à aprovação de uma droga antimalária da Fiocruz e de mais outros três medicamentos que estão no mercado. Ele não quis informar, no entanto, quais são os produtos nem de quais farmacêuticas.
Boas práticas - Apesar de cães serem usados em outros laboratórios, em especial em universidades, Royal é o único do país que tem o reconhecimento de Boas Práticas de Laboratório (BLP) - e por isso outros não fazem testes de fármacos de empresas. O instituto também é o único criador de beagles voltados para pesquisas. Segundo Sílvia, cada filhote custa em torno de 2 400 reais. Fêmeas usadas para procriação são mais caras.
(Com Estadão Conteúdo)