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8 de setembro de 2014Sempre que Aécio Neves (PSDB) critica Marina Silva, o comitê de Dilma (PT) celebra. E não é porque ajuda a “desconstruir” a candidata do PSB, mas porque torna mais distante a possibilidade de um acordo que tira o sono da cúpula do PT: Aécio desistindo da candidatura, ainda no primeiro turno, para apoiar Marina. Projeções do PT indicam que o impacto dessa aliança poderia levar Marina a vencer no primeiro turno.
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Mesmo em dificuldades nas pesquisas, e com a tendência de perder ainda mais eleitores para o “voto útil”, Aécio Neves não cogita desistir.
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Esta semana, mesmo sem que isso tenha sido anunciado ou noticiado, Aécio negou que pretenda desistir. Disse estar na briga “para ganhar”.
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PT e PSDB se uniram na pancadaria contra Marina, na tentativa de estancar seu crescimento. O excesso poderá “vitimizar” a candidata.
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Político experiente e avesso a baixarias, o vice-presidente Michel Temer diverge da estratégia da porrada: “Não vejo necessidade disso”.
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Entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório da Arbor, de Meire Pozza, a contadora, há dezenas de contratos do mega-doleiro e lobista Alberto Youssef com empresas das áreas imobiliária e hoteleira.
Chama atenção a “consultoria” contratada pelo Moinho Cearense, no valor de R$ 1 milhão. A certa altura, o Moinho desiste da pretensão (obter mudanças na tributação do trigo) e comunica que não vai pagar os mais de R$ 600 mil restantes ao lobista.
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Ao romper seu contrato com Youssef, a Moinho alega que, primeiro, nada conseguiu e depois porque não tinha mais interesse no assunto.
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A Lava Jato investiga quais benesses os dezenas de contratantes de Alberto Youssef conseguiram junto ao governo e ao Congresso.
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Diante do volume de documentos, de revelações e de dinheiro “lavado”, não resta dúvida: vêm aí as operações Lava Jato II, III, IV, V…
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Há momentos curiosos, nas escutas da Operação Lava Jato. Como o dia em que um integrante da quadrilha não conseguia encontrar um endereço no exterior, onde pegaria dinheiro sujo, sem entender o idioma local. Desesperado, entupiu o SMS de Youssef de mensagens.
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O PSDB tem tudo para eleger os candidatos a governador Cássio Cunha Lima (PB) e Expedito Jr (RO) e reeleger os atuais governadores Marconi Perillo (GO), Beto Richa (PR) e Geraldo Alckmin (SP).
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O PT lidera as pesquisas em quatro estados: Acre, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Piauí. Em Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) está à frente, mas Pimenta da Veiga (PSDB) se aproxima velozmente.
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O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que apóia Aécio Neves (PSDB), também se recusou a participar da pancadaria contra a conterrânea. Até pelos adversários Marina é considerada honesta e incorruptível.
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Apesar dos supostos “compromissos com a educação”, os estados governados pelo PT não atingiram a meta fixada pelo Ministério da Educação. À exceção do DF, declarado território livre do analfabetismo.
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Projeto secreto da estatal EBC, ex-Radiobrás, pretende implementar uma ideia de jerico: a “Voz do Brasil” na TV. Não seria rede obrigatória. O programa ficará restrito à TV Brasil. A emissora parece não se contentar com audiência zero; agora busca audiência negativa.
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Na campanha para o governo do DF, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) não tem sido indagado sobre seu suplente, que já foi acusado de abuso sexual. Helio Lima (PSD) poderá ser senador por quatro anos.
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Entre as mais irremovíveis malquerências de Dilma atende pelo nome de Rui Falcão, presidente do PT. Lula também não dá a ele qualquer importância, mas se diverte utilizando-o como uma espécie de bobo da corte, para atormentar a presidenta, brincando com sua repulsa.
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A Câmara dos Deputados comprou R$ 20 mil para comprar grama e insumos de jardinagem. Suas excelências cogitam mudar o cardápio?
Josias de Souza
Dilma Rousseff acredita que a delação do ex-diretor preso da Petrobras Paulo Roberto Costa não abala a sua administração.
“Eu acho que não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado”, disse ela, em timbre enfático.
Perdidos em meio às perversões que o aparelhamento do Estado produz, a presidente e seu governo inocente lembram muito as virgens de Sodoma e Gomorra.
“O governo tem tido em relação a essa questão uma posição extremamente clara”, Dilma prosseguiu. Muito clara, de fato. Tão clara quanto a gema. “Foram órgãos do governo que levaram a essa investigação. Foi a Polícia Federal, não caiu do céu.
Foi uma iniciativa da PF e também de outros órgãos, como Ministério Público e Judiciário. O governo está investigando esta questão.” Isso é que é governo eficiente.
Ele mesmo desvia, ele mesmo investiga. E a presidente se autoabsolve.
Recordou-se a Dilma que o nome de um de seus ministros, Edison Lobão, consta da lista de supostos recebedores de propinas prospectadas na Petrobras. E ela: “Eu preciso dos dados que digam respeito, ou que tenham alguma interferência no meu governo. Enquanto não me derem os dados oficialmente, não tenho como tomar uma providência. Ao ter os dados, eu tomarei todas as providências cabíveis, inclusive se tiver de tomar medidas mais fortes.”
Pode-se acusar Dilma de muita coisa, menos de incoerência. Xerife do setor energético desde o primeiro reinado de Lula, ela sempre foi 100% fiel aos interesses de José Sarney. Em 2004, ainda ministra de Minas e Energia, levou ao microondas um respeitado presidente da Eletrobras, Luis Pinguelli Rosa, para acomodar no lugar dele Silas Rondeau, afilhado político de Sarney.
Em 2005, alçada à Casa Civil pela queda do companheiro José Dirceu, Dilma cacifou o nome de Rondeau para substituí-la no comando da pasta de Minas e Energia. Com isso, forneceu matéria-prima para que a Polícia Federal comprovasse sua eficiência.
Decorridos dois anos, o ministro de Sarney foi pilhado pela PF na Operação Gautama.
Acusado de apalpar um envelope contendo propina de R$ 100 mil, Rondeau deixou o cargo para se defender. E foi substituído, com o aval de Dilma, por Edison Lobão, outro ministro da cota de Sarney. Eleita presidente, em 2010, Dilma manteve Lobão na Esplanada. Demitindo-o agora, cutucaria o morubixaba maranhense. Algo que nem Lula jamais ousou fazer. Melhor negociar.
No início do ano, quando Dilma promoveu sua última reforma ministerial, eufemismo para troca de cúmplices, o PMDB guerreava por um sexto ministério. E o presidente do PT federal, Rui Falcão, tratou de acomodar as coisas em pratos pouco asseados: “Não vamos ceder um novo ministério para o PMDB. Agora, concessão para discutir projeto de lei, espaço em estatal, para isso estamos abertos à negociação.”
O delator Paulo Roberto Costa é resultado desse tipo de arranjo que levou os governos do PT a abrigar as “indicações partidárias'' nos “espaços” de empresas estatais.
Paulinho, como Lula o chamava, foi indicado em 2004 pelo PP do mensaleiro morto José Janene. Nomeado diretor de Abastecimento, passou a servir a uma joint-venture partidária que reunia, além do PP: PT, PMDB e alas do PTB. Deixou a Petrobras em 2012, já sob Dilma. Era um escândalo esperando para acontecer.
Ao dizer que a delação de Paulinho “não lança suspeita nenhuma sobre o governo”, Dilma fica desobrigada de fazer sentido. Candidata à reeleição, ela enfrenta a crise ética que engolfa alguns dos principais acionistas do conglomerado governista à maneira do avestruz. Foge da realidade enfiando a cabeça na ilógica: “Ninguém do governo foi oficialmente acusado.” Então, tá! Ficamos assim. Não se fala mais nisso.