Ana Maria 07/03/2019
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período 2021-2030 como a Década da ONU da Restauração de Ecossistemas. A nova data é uma oportunidade única para a criação de empregos, segurança alimentar, enfrentamento da mudança do clima, conservação da biodiversidade e fornecimento de água. Duas agências da ONU – ONU Meio Ambiente e FAO – lideram a implementação da Década.
O anúncio antecede a realização da Quarta
Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, que é o principal fórum global
para tomadas de decisão em questões ambientais. Entre os dias 11 a 15 de
março, ministros de meio ambiente e representantes do setor privado,
governos, sociedade civil e academia se reunirão em Nairóbi, no Quênia,
para discutir os problemas mais urgentes do nosso tempo – e os
ecossistemas estarão no topo da agenda.
“Estamos satisfeitos que a nossa visão para
uma Década dedicada ao tema se tornou realidade. Precisamos promover um
programa de restauração agressivo que construa resiliência, reduza a
vulnerabilidade e aumente a capacidade dos sistemas de se adaptar às
ameaças diárias e eventos extremos”, afirmou Lina Pohl, ministra do Meio
Ambiente e Recursos Naturais de El Salvador.
Apesar de fornecerem inúmeros serviços essenciais, como a provisão de água doce e alimentos, os ecossistemas-chave estão diminuindo rapidamente.
A degradação dos ambientes terrestres e marinhos já compromete o
bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas e custa cerca de 10% da renda global
anual em perda de espécies e serviços ecossistêmicos.
Em contrapartida, a restauração de 350
milhões de hectares de terras degradadas até 2030 pode gerar até nove
trilhões de dólares em serviços ecossistêmicos e remover de 13 a 26 gigatons adicionais de gases do efeito estufa da atmosfera.
“A Década das Nações Unidas para a
Restauração dos Ecossistemas ajudará os países a enfrentar os impactos
da mudança do clima e da perda da biodiversidade”, disse José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Os ecossistemas estão sendo degradados a
uma taxa sem precedentes. Nossos sistemas alimentares globais e a
subsistência de milhões de pessoas dependem de todos nós trabalhando
juntos para restaurar ecossistemas saudáveis e sustentáveis para o
presente e o futuro”, acrescentou Graziano.
“A ONU Meio Ambiente e a FAO estão honradas
em liderar a implementação da Década com nossos parceiros. A degradação
dos nossos ecossistemas tem causado um impacto devastador nas pessoas e
no meio ambiente. Estamos animados com o fato de que o impulso para
restaurar nosso ambiente natural vem ganhando ritmo, porque a natureza é
nossa melhor aposta para enfrentar as mudanças do clima e garantir o
futuro”, afirmou Joyce Msuya, diretora-executiva interina da ONU Meio Ambiente.
Apelo à ação global
Atualmente, cerca de 20% da superfície do
planeta apresenta declínio na produtividade ligada à erosão, ao
esgotamento e à poluição em todas as partes do mundo. Até 2050, a
degradação e as mudanças climáticas poderão reduzir o rendimento das
colheitas em 10% a nível mundial e até 50% em certas regiões.
A Década, um apelo à ação global, reunirá
apoio político, pesquisa científica e fortalecimento financeiro para
alavancar iniciativas-piloto bem-sucedidas para restaurar milhões de
hectares. Pesquisas mostram que mais de 2 bilhões de hectares de
paisagens desmatadas e degradadas em todo o mundo oferecem potencial
para restauração.
A Década acelerará as metas existentes de restauração global – como o Desafio de Bonn, que visa restaurar 350 milhões de hectares de ecossistemas degradados até 2030, uma área quase do tamanho da Índia.
Atualmente, 57 países, governos
subnacionais e organizações privadas se comprometeram a contribuir com
mais de 170 milhões de hectares restaurados. Esse esforço se baseia em
esforços regionais, como a Iniciativa 20×20 na América Latina, que visa restaurar 20 milhões de hectares de terras degradadas até 2020, e a Iniciativa AFR100 de Restauração da Paisagem Africana de Floresta, cujo objetivo é restaurar 100 milhões de hectares de terras degradadas até 2030.
A restauração dos ecossistemas é um
processo que visa reverter a degradação de ambientes como paisagens,
lagos e oceanos, recuperando suas funcionalidades ecológicas, ou seja,
melhorando a produtividade e capacidade dos ecossistemas para atender às
necessidades da sociedade. Isso pode ser feito, por exemplo, ao
permitir a regeneração natural de ecossistemas superexplorados ou pelo
plantio de árvores.
A restauração dos ecossistemas é
fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
das Nações Unidas, os ODS, principalmente aqueles sobre mudança do
clima, erradicação da pobreza, segurança alimentar e conservação da água
e da biodiversidade. É também um pilar das convenções ambientais
internacionais, como a Convenção de Ramsar sobre as zonas úmidas e as
Convenções do Rio sobre biodiversidade, desertificação e mudança
climática.
(#Envolverde)