Depois de passar cinco dias na costa da Praia da Cigana, em
Laguna, o elefante-marinho avistado no local e que tinha ferimentos (o
que mobilizou e preocupou alguns moradores) retornou ontem ao mar.
O proprietário da Baiuka Pousada, João Baiuka, que assistiu o animal e
cuidou da área de isolamento desde quarta-feira, acompanhou o momento
em que o elefante-marinho retornou ao oceano. “A notícia mais esperada
de toda a semana: nosso amigo guerreiro partiu para o oceano”, postou
João no Facebook, onde diversas pessoas acompanhavam as postagens dele
sobre o animal.
O elefante-marinho estava com ferimentos e chegou a ser analisado por
uma equipe da Udesc, que esteve no local na quinta-feira. Na
sexta-feira, a reportagem tentou contato com a equipe da universidade,
mas o celular do professor Pedro Castilho estava fora de área.
Ao ver os vídeos do animal, antes de estar no local, o professor
apontou que inicialmente os ferimentos não pareciam ser profundos e que o
elefante-marinho possivelmente estaria se recuperando para retornar ao
mar.
A Polícia Ambiental identificou uma segunda fazenda no
noroeste do Paraná onde animais estão morrendo de fome. Após o flagrante
em Altônia, desta vez a descoberta foi em Tapira (a 74 quilômetros de
Cianorte), em uma propriedade com cerca de 1,6 mil animais.
Os animais estão magros devido à falta de comida, por isso, o
proprietário da fazenda e o administrador vão responder por crime
ambiental. O dono inclusive ordenou que fosse impedida a fiscalização
pela Polícia Ambiental, em conjunto com um veterinário da Agência de
Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
Além dos animais magros pela fome, foram encontrados seis bovinos já
mortos, cinco em avançado estágio de decomposição e um que havia
falecido possivelmente nessa sexta-feira, dentro de uma área de
preservação permanente. Outro problema apontado foi o acesso dos animais
a duas nascentes de água.
O proprietário da fazenda e o administrador devem responder não
apenas por maus-tratos, mas por destruir ou danificar vegetação, impedir
regeneração da vegetação e obstruir o trabalho dos policiais. Também
devem ser multados pelo Instituto Ambiental do Paraná.
Altônia
O flagrante em Altônia aconteceu em agosto, com pelo menos 50 animais
mortos de fome. O rebanho agonizava pela falta de alimentação e o tutor
deve ser multado em R$ 1 milhão pelo IAP.
No início do mês, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional
lei do estado do Ceará que regulamentava a vaquejada como política
desportiva e cultural
Parlamentares, ativistas pelos direitos dos animais, vaqueiros e
veterinários divergiram na terça-feira (25), sobre a prática da
vaquejada em audiência pública nas comissões do Esporte e de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. O debate
ocorreu após manifestantes ocuparem a Esplanada em defesa da atividade.
No início do mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou
inconstitucional lei do estado do Ceará que regulamentava a vaquejada
como política desportiva e cultural. Os ministros consideraram que a
prática implica “crueldade intrínseca” no tratamento aos animais.
Essa decisão da Corte acirrou os discursos de manifestantes
contrários e a favor da atividade. Para as entidades em defesa dos
direitos de animais, não é possível mudar a decisão do STF por meio de
leis ou de proposta de emenda à Constituição (PEC). Já para os
defensores da vaquejada, a mudança pode ser feita tanto por PEC quanto
por um projeto de lei.
Os deputados Fábio Mitidieri (PSD-SE) e Zé Silva (SD-MG), que
solicitaram a audiência, disseram que a atividade é legal, mas precisa
ser regulamentada. “O Brasil tem um vácuo na legislação, a vaquejada
está sendo o bode expiatório e não podemos fazer isso com uma atividade
centenária”, disse Silva.
Patrimônio imaterial
Como forma de regulamentar a atividade, eles apoiam a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 270/16, que classifica os rodeios e as
vaquejadas e suas expressões artístico-culturais como patrimônio
cultural imaterial brasileiro. O autor do texto, deputado João Fernando
Coutinho (PSB-PE), defendeu a medida na reunião. “Há uma necessidade de
apresentarmos a vaquejada moderna, que evita os maus tratos e aboliu de
uma vez por todas o uso do chicote, evitando algo que chocava, mas hoje
não existe mais”, salientou.
Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia,
confirmou a criação de comissão especial para analisar a PEC. Ele se
comprometeu também a buscar diálogo com os ministros do STF para
reverter a decisão que prejudica os vaqueiros.
Maus tratos
Contrário à vaquejada, o deputado Ricardo Izar (PP-SP) explicou que,
ao decidir pela inconstitucionalidade, o Supremo fez um balanço entre
dois direitos garantidos na Constituição: proibição de maus tratos aos
animais e direito à manifestação cultural, optando pelo primeiro.
“O Supremo decidiu que é inconstitucional e crime porque federe a Lei
de Crimes Ambientais. Como podemos transformar algo inconstitucional em
esporte e patrimônio cultural? ”, questionou.
Seguindo esse raciocínio, o juiz Anderson Furlan disse que decisão do
Supremo também inviabiliza a aprovação, no Senado, do projeto que
estabelece a vaquejada como patrimônio imaterial (PL 1767/15). O texto
foi aprovado em maio deste ano na Câmara.
“O STF decidiu que a vaquejada é intrinsecamente cruel, por isso, de
acordo com as regras vigentes, não é possível que uma lei trate desse
assunto”, disse.
O deputado Zé Silva observou que os efeitos da proibição ainda não
podem ser mensurados, já que STF ainda não divulgou o acórdão que
explica o parecer. “A discussão sobre a PEC pode ser feita na Câmara com
todos os envolvidos”, defendeu.
Prática formal
O vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo
Quarto de Milha (ABQM), Sérgio Carneiro de Novaes, refutou a alegação
dos ministros do STF de que os bois eram açoitados com choques elétricos
pelos vaqueiros. Ele disse que, na prática formal, o vaqueiro deve usar
capacete, e o cavalo não pode sangrar, além de ser obrigatório o uso do
protetor de cauda.
Já a veterinária e diretora técnica do Fórum Nacional de Proteção e
Defesa Animal, Vânia Nunes, esclareceu, por sua vez, que como a intenção
é derrubar o animal, ele sofre pressões diretas sobre a coluna
vertebral. “Muitas vezes um bovino sai da prova e, aparentemente, não
aconteceu nada, porque a prova é rápida e o animal sai de cena. A dor, o
sofrimento, a hemorragia nesses lugares vai demorar algumas horas para
aparecer”, explicou.
Da Agência Câmara Notícias, in EcoDebate, 28/10/2016
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As árvores conseguem trocar carbono, água e nutrientes, conforme suas necessidades.
Durante anos os pesquisadores da área de ecologia da Universidade da
Colúmbia Britânica, no Canadá, têm estudado o comportamento das árvores.
Entre as descobertas está a comprovação de que as árvores conseguem se
comunicar entre si, assim como ocorre com outros seres vivos, mesmo que
inanimados.
De acordo com a ecologista florestal Suzanne Simard, as plantas
interagem entre si e se comunicam através de uma rede subterrânea de
fungos que interliga as plantas em um ecossistema. Através desta
simbiose, as plantas conseguem colaborar com o desenvolvimento e
crescimento mútuo, ajudam as diferentes exemplares a florescerem.
A descoberta veio a partir da observação das pequenas teias brancas e
amarelas de origem fúngica identificadas no solo das florestas. Em
entrevista ao site Ecology.com, Suzanne explicou o que os cientistas
conseguiram descobrir a partir das análises microscópicas. Segundo ela,
os fungos estão conectados às raízes das árvores. A partir desta
ligação, as árvores conseguem trocar carbono, água e nutrientes,
conforme suas necessidades. “As grandes árvores fornecem subsídios para
as mais jovens através desta rede fúngica. Sem esta ajuda, a maioria das
mudas não se desenvolveria”, explicou a cientista.
As árvores mais antigas, já desenvolvidas e de grande porte, são
consideradas “árvores-mães”. São elas que gerenciam os recursos de uma
comunidade vegetal, através dos fios de fungos. Essa conexão é tão forte
que, conforme pesquisas da equipe de Simard, quando uma árvore deste
porte é cortada, a taxa de sobrevivência dos membros mais jovens da
floresta é reduzida drasticamente. A ligação chega a ser comparada à
sinapse dos neurônios humanos.
Esta descoberta pode mudar a forma como enxergamos e lidamos com as questões florestais.
No vídeo abaixo Suzanne Simard explica os detalhes desta descoberta:
O setor agropecuário é responsável por 69% das emissões de gases do
efeito estufa no Brasil, segundo balanço divulgado pelo Observatório do
Clima – rede que reúne 40 organizações da sociedade civil. Estão
incluídos nesse percentual os poluentes decorrentes do processo
digestivo dos rebanhos, o uso de fertilizantes e o desmatamento para
abertura de novas áreas para a atividade econômica.
O setor de transportes é o segundo maior emissor de gases, com 11% do
total. Em seguida vem a indústria (em especial a metalurgia), com 9% e a
produção de energia, incluídos a geração de energia e fabricação de
combustíveis, com 7%.
Em 2015, as emissões brutas do país chegaram a 1,927 bilhão de toneladas
de CO2, 3,5% mais do que o 1,861 bilhão de toneladas registrado em
2014. Os números são do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de
Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima.
Mudança de perfil
Nós últimos anos, o Brasil tem apresentado uma mudança no perfil das
emissões. Apesar das mudanças do uso da terra terem crescido 11,3% em
2015, sendo o fator principal da elevação das emissões, ao longo dos
últimos dez anos as relações com o solo têm perdido importância como
fonte de poluentes. O lançamento de poluentes decorrentes do
desmatamento, em especial para abrir terreno para pasto e plantações,
caiu 69% entre 2005 e 2015. No mesmo período, os gases gerados pelo uso
de energia cresceram 44%.
“O Brasil tem um padrão de crescimento das emissões muito parecido com
outros países em desenvolvimento”, ressaltou o coordenador do Seeg,
Tasso Azevedo. Para comparação, ele mencionou que no mesmo intervalo as
emissões mundiais de gases estufa cresceram 15%. Ou seja, fora a redução
do desmatamento, que segundo Azevedo aconteceu principalmente entre
2005 e 2010, o lançamento de poluentes no Brasil tem crescido.
Na análise por atividade econômica, 82% das emissões do ano 2000 estavam
relacionadas à agropecuária, percentual que ficou em 69% neste ano. No
mesmo período, os poluentes ligados aos transportes passaram de 6% para
11%.
Em relação às atividades agrícolas e criação de gado, que totalizaram
1,3 bilhão de toneladas de CO2 em 2015, 33% das emissões estão
concentradas o Centro-Oeste. Em seguida, vem o Sul, com 20 % do
laçamento de poluentes do setor e o Sudeste, com 19%. O estado com maior
percentual de poluição desse tipo é o Mato Grosso (12%), seguido por
Minas Gerais (11%) e Rio Grande do Sul (11%).