quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Caçada termina em tragédia em fazenda próxima ao distrito de Itumirim

Caçada termina em tragédia em fazenda próxima ao distrito de Itumirim

Pois é, com a liberação da caça aos javalis, as armas tomaram o pedaço. Pior que a policia já cansou de apreender armas irregulares para matança e  nada é resolvido. Fico preocupada ao ver pessoas querendo votar no Bolsonaro que promete liberar armas, caça, rodeios, vaquejadas e até touradas...... Minha Santa dos Destrambelhados, segura estas pessoas....
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Por volta das 10:00hs deste domingo (15), cerca de sete pessoas saíram para caçar javali na fazenda Santa Luzia à cerca de 11 km do povoado de Itumirim e 5 km da GO-206 no km 372. A caçada terminou em tragédia quando cercaram o animal e um dos caçadores disparou um tiro de uma arma calibre 22 em direção do animal o qual errou o tiro e acertou o peito do amigo que estava a poucos metros à frente.

A vítima identificada como Alessandro Camilo de Lima 32 Anos morreu no local, a Polícia Militar de Aporé foi acionada já que a referida fazenda faz parte município. Com o apoio de uma equipe de Policiais Militares de Serranópolis a PM chegou ao local e identificaram todas as pessoas que participaram da caçada fatídica.

Os militares prenderam duas armas de calibre 22, porém o autor ja havia se evadido do local, o filho da vítima um adolescente também estava junto com o pai. A Polícia Científica foi acionada e compareceu ao local onde realizaram a perícia no local e removeram o corpo para o IML de jatai.

A Polícia Militar realizou patrulhamento na região a procura do autor do disparo mas até o término deste texto sem êxito. O caso foi registrado como Homicídio será investigado pela Delegacia da Polícia Civil de Itajá que é a responsável pela área e coordenada pelo delegado Caio Martinez.

Alessandro era padeiro e residia no município de Serranópolis GO

FONTE: ocorreionews

Traficantes colombianos oferecem grande recompensa pela morte de cão farejador

EXPLORADO PELA POLÍCIA

Traficantes colombianos oferecem grande recompensa pela morte de cão farejador

Apesar da grande importância para a polícia local, Shadow não pode ser enxergado apenas como um herói - afinal de contas, suas atitudes não são naturais, e cães farejadores são muitas vezes submetidos a treinamentos extremamente abusivos e desgastantes para eles


01/08/2018 às 21:00 

Por Bárbara Alcântara, ANDA 
 
Um pastor alemão explorado como cão farejador pela polícia colombiana atraiu as atenções de um notório cartel de drogas da região. Por ter sido responsável por encontrar quase 10 toneladas de cocaína da organização Urabeños, que é a mais poderosa do país, os membros resolveram oferecer uma recompensa de cerca de R$ 260 mil pelo cão.
Reprodução | The Daily Mail


Além da grande quantidade de cocaína encontrada, o cão chamado Shadow (Sombra) também foi responsável pela prisão de cerca de 245 suspeitos ao longo dos anos. Com apenas seis anos, ele é tão valorizado que já foi transferido para o aeroporto de Bogotá, para levá-lo para fora da linha de fogo, sob proteção especial de oficiais – onde espera-se que ele não corra mais perigo.


A iniciativa de prometer recompensas não é nova do cartel. Há seis anos, os temidos Urabeños ofereciam quase R$ 2 mil a quem matasse um policial. A quantia pode parecer alta, mas com certeza é bem baixa quando colocada em comparação ao preço dado à morte do cão; isso evidencia o quanto Shadow foi prejudicial ao crime organizado da Colômbia.


“Sombra é uma enorme dor de cabeça para os traficantes de drogas”, disse um porta-voz da polícia em entrevista à mídia local. Só recentemente, Shadow encontrou 5,3 toneladas de cocaína no porto de Turbo. Isso se seguiu à descoberta de um estoque de quatro toneladas escondido em peças de carros que deveriam ser exportadas. Muitos deles ocorreram durante seu trabalho em portos na costa do Atlântico, dos quais grandes quantidades de cocaína são enviadas para a América Central e do Norte.
Reprodução | The Daily Mail


Apesar da grande importância para a polícia local, Shadow não pode ser enxergado apenas como um herói – afinal de contas, suas atitudes não são naturais. Nenhum animal se oferece por livre e espontânea vontade para servir ao país, assumindo o posto de “cão farejador”. É importante perceber que o perigo ao qual ele é exposto, é fruto não só de sua competência, mas de anos de exploração.


Os treinamentos de cães por oficiais da polícia podem ser torturantes e abusivos para os animais – ou então, no mínimo, muito cansativos e agressivos aos seus corpos. Quando o cão não consegue atingir os resultados esperados ou não são mais necessários, eles são muitas vezes descartados pelos oficiais, como objetos.


Isso sem contar os perigos aos quais eles são desnecessariamente expostos: inalam substâncias químicas perigosas, frequentam locais inseguros, desconhecidos, muitas vezes por lealdade ao seu treinador, se colocam na frente da bala para salvá-lo e, em casos como este, são colocados na linha de fogo, tendo uma recompensa oferecida pela sua morte.


Animais devem viver em liberdade, longe de perigos criados pelos humanos. Eles não devem ser explorados – submetidos a maus-tratos ou abusos físicos e psicológicos – e depois vistos como heróis ou descartados como objetos. Eles tem direito de viver uma vida digna e feliz, e agir de acordo com sua natureza e seguindo seus próprios instintos, não para satisfazer vontades humanas.

Baleia resgatada há 15 anos reaparece com filhote no litoral de SC

AVISTAMENTO

Baleia resgatada há 15 anos reaparece com filhote no litoral de SC

O registro foi realizado e divulgado pelo Projeto Baleia Franca.


01/08/2018 às 17:30 

Por Redação 
 
Uma baleia da espécie franca (Eubalaena australis) que foi salva há 15 anos no litoral de Laguna, região Sul de Santa Catarina, após ficar presa em um banco de areia em 2003 foi novamente avistada e desta vez na companhia de seu bebê, um filhote albino. O registro foi realizado e divulgado pelo Projeto Baleia Franca.

Os especialistas afirmam que é possível distinguir diferentes indivíduos da espécie através das calosidades que eles possuem na região da cabeça. Estes calos são revestidos por camadas de pele mais grossa e possuem manchas únicas, o que os torna inigualáveis.
Foto: Instituto Australis/PBF

O retorno da baleia, carinhosamente batizada de “Sunset”, pôr do sol em inglês, está sendo muito comemorado e o Projeto Baleia Franca propõe que o dia 21 de julho, dia do resgate da baleia há 15 anos, se torne o Dia Nacional da Baleia Franca.

A bióloga Karina Groch esclareceu que entre os meses de julho e setembro muitas baleias se aproximam do litoral para dar à luz seus bebês.

Mundo deve ter onda de calor a cada dois anos

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Mundo deve ter onda de calor a cada dois anos

Quase todo o mundo adora os dias ensolarados e gosta de reclamar quando chove. No entanto, o céu azul e o brilho do sol do verão no Hemisfério Norte ocultam o fato nada agradável de que, em todo o globo, as temperaturas máximas alcançaram um nível preocupante. As consequências são incêndios florestais, safras destruídas e a morte de muitos seres humanos.


O ano de 2016 acusou as temperaturas mais elevadas desde as primeiras medições. A culpa foi uma combinação do evento climático El Niño com o aquecimento global. Embora em 2018 se vivencie o fenômeno contrário, La Niña, que faz baixarem as temperaturas, este foi o junho mais quente já registrado, o que indica uma onda de calor.


Tecnicamente, uma onda de calor é quando em pelo menos cinco dias seguidos as temperaturas ultrapassam as médias em 5ºC ou mais. Dias extremamente quentes isolados, por sua vez, não são atribuídos a uma onda de calor ou ao aquecimento global.

Segundo a porta-voz da Organização Mundial de Meteorologia Clare Nullis, “a tendência é continuarmos tendo ondas de calor extremas, como consequência das mudanças climáticas”.
Para os habitantes do sul da Europa, 30 ºC no verão não são nada demais. Para alguém do Reino Unido ou da Irlanda, em contrapartida, isso é mais do que fora do comum, pois lá as temperaturas em junho normalmente mal ultrapassam os 20 ºC.

Em 28 de junho de 2018, os termômetros marcaram 31,9 ºC em Glasgow, na Escócia. Em Shannon, na Irlanda, eles chegaram aos 32 ºC, estabelecendo um novo recorde.

Os alemães, por sua vez, já se acostumaram a mais de 30 ºC em maio e junho, e em parte até gostam do calor. Na Geórgia, por outro lado, mediu-se em junho o recorde absoluto de 40,5 ºC. Em Ouargla, cidade saariana na Argélia, registraram-se incríveis 51,3 ºC.

Montreal, no Canadá, acusou no início de julho suas maiores máximas em 147 anos. A onda de calor custou a vida a mais de 70 pessoas, sobretudo devido a problemas circulatórios; da mesma forma que a 14 no Japão, onde mais de 2 mil tiveram que ser hospitalizadas.

Do sono a insetos
Em face do atual cenário de mudança climática global, ondas de calor deverão ocorrer “a cada dois anos, na segunda metade do século 21″, prediz Vladimir Kendrovski, responsável pelo departamento Mudança Climática e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nas últimas décadas, a onda de calor na Europa causou mais mortes do que qualquer outro fenômeno meteorológico extremo”. A razão para tal é que, sob certas condições, as temperaturas altas resultam em “smog veranil”, agravando afecções circulatórias e respiratórias, enquanto o pólen no ar provoca ataques de asma mais frequentes.

Incêndios florestais castigam a Suécia
O calor igualmente perturba o sono. Então, embora o corpo precise se recuperar urgentemente do estresse adicional, não consegue fazê-lo nem durante a noite. “Crianças pequenas e idosos são os que mais sofrem”, explica Simone Sandholz, do Instituto Universitário de Meio Ambiente e Segurança Humana das Nações Unidas.


A maioria das vítimas das ondas de calor “vive em cidades densamente habitadas, com pouca ventilação”, complementa Sandholz. Segundo Nullis, a combinação de calor e umidade revela-se especialmente fatal.


Até mesmo o cérebro deixa de funcionar devidamente, se o tempo é quente demais, podendo perder até 10% de sua velocidade. Uma pesquisa realizada em escolas de Nova York concluiu que, devido ao calor, 90 mil alunos talvez tenham fracassado em exames em que normalmente passariam.
O clima quente igualmente oferece condições perfeitas à reprodução de vespas e outros insetos agressivos. Na Inglaterra, as chamadas de emergência devido a picadas de insetos quase duplicaram em julho.


No entanto, bem mais perigoso do que os que provocam um doloroso calombo são os mosquitos, como potenciais transmissores de malária, dengue e outras doenças infecciosas. Kendrovski, da OMS, está seguro da correlação entre as mudanças climáticas e as moléstias transmitidas por esses vetores.



Florestas e colheitas destruídas
Incêndios florestais são outra consequência do sol ardente. Só no Reino Unido, Suécia e Rússia, 80 mil hectares de florestas foram devastados devido a fenômenos meteorológicos extremos.
Campos cultivados também secam e até pegam fogo. No Reino Unido, os fazendeiros estão tendo dificuldade de cobrir a demanda de verduras frescas e ervilhas, devido às safras insuficientes ou mesmo ausentes. Em menor escala, plantações de trigo, repolho e brócolis estão ameaçadas.
Na Alemanha, os agricultores já se acostumaram com a ideia de que a safra de cereais será muito inferior à dos anos anteriores.


“Novamente vamos ter uma colheita muito abaixo da média”, queixa-se Joachim Rukwied, presidente da Federação dos Agricultores Alemães (DVB). Ele revela que alguns fazendeiros consideram sequer fazer a colheita, mas sim destruí-la logo, já que o trabalho envolvido não compensaria.


Adaptação e urbanismo
Com tais temperaturas, o acesso a condicionadores de ar e refrigeradores parece ser um fator de grande importância. No entanto ele também tem seu lado negativo, uma vez que a eletricidade consumida por esses sistemas provém sobretudo de fontes fósseis. Portanto, quanto mais se refrigera, mais se contribui para a mudança climática e mais as temperaturas sobem, formando-se um círculo vicioso.


Em termos de combate aos efeitos da mudança do clima global, Kendrovski ressalta que “se o sistema de saúde fosse mais bem adaptado aos sistemas meteorológicos, seria possível evitar muitos problemas de saúde causados pela onda de calor”.


Lançando o apelo “Não devemos subestimar o calor”, Sandholz, por sua vez, prefere apostar no planejamento urbano: parques ou corredores de vento poderiam minorar o efeito das altas temperaturas sobre as cidades, defende a funcionária da ONU.

Fonte: Deutsche Welle

Calor causa fechamento de aeroporto na Alemanha

uinta-feira, 26 de julho de 2018

Calor causa fechamento de aeroporto na Alemanha

A onda de calor que atinge a Alemanha levou ao fechamento do aeroporto de Hannover nesta terça-feira (24/07). As temperaturas elevadas danificaram a pista de decolagem e pouso do local, que foi fechado por volta das 19h (horário local).

Técnicos foram enviados ao local para consertar as placas de concreto que se deslocaram devido ao calor. Três blocos teriam chegado a quebrar. O aeroporto permanece fechado pelo menos até às 6h de quarta-feira (horário local).

Segundo o porta-voz do aeroporto, 85 voos, partindo de e com destino a Hannover, foram cancelados. Centenas de passageiros foram afetados. O aeroporto disponibilizou macas para pessoas que não puderam voltar para suas casas.

O porta-voz afirmou ainda que a situação estava sob controle e não havia tumulto e caos. O aeroporto é o maior da Baixa Saxônia e recebeu nos primeiros seis meses deste ano cerca de 2,76 milhões de passageiros.

Segundo o Serviço Alemão de Meteorologia (DWD), a temperatura na região de Hannover chegou nesta terça-feira a 35,6 ºC. Para quarta-feira, os termômetros devem registrar até 36 ºC.

Fonte: Deutsche Welle

Projeto de jovens estimula reciclagem de lixo orgânico no DF

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Projeto de jovens estimula reciclagem de lixo orgânico no DF

O Projeto Compostar reciclou cerca de 80 toneladas de resíduos orgânicos que seriam enviados para os lixões e aterros de Brasília.

Os jovens do Projeto Compostar cuidam de um assunto muito delicado e problemático, o lixo. Aproveitando-se da brecha para empreender com lixo orgânico, o Projeto Compostar recicla e transforma em adubo os resíduos gerados nas residências e restaurantes de Brasília. Assim, os resíduos orgânicos que antes eram enviados aos lixões e aterros sanitários, agora podem ter destino correto por meio da compostagem.
De acordo com Lucas Moya, fundador do Projeto, a motivação surgiu enquanto ainda cursava a Universidade de Brasília. “Durante o curso de Engenharia Civil, fizemos uma visita ao Lixão da Estrutural, andando em cima de montanhas intermináveis de lixo. Aquilo me chocou, e decidi fazer algo para começar uma mudança em Brasília”, conta.
Como funciona?
Em residências: Cada assinante recebe um baldinho especial do Projeto Compostar, uma sacola compostável e instruções de separação. A partir disso, basta separar e descartar os orgânicos nesse baldinho, que é coletado toda semana pela empresa. Como recompensa, os apoiadores escolhem entre uma mudinha de hortaliça ou um um quilo de adubo por mês.
Em restaurantes e empresas: Ao aderir ao Projeto, a equipe do estabelecimento recebe um treinamento sobre separação de resíduos e como eles devem ser descartados. Os recipientes utilizados para armazenar os resíduos possuem fechamento hermético, evitando assim o mau cheiro, vetores e vazamento de líquido. A equipe do Projeto Compostar coleta os recipientes cheios, na frequência necessária para o estabelecimento, e entrega novos recipientes limpos e prontos para serem reutilizados.
Ao longo dos últimos meses, o Projeto Compostar reciclou cerca de 80 toneladas de resíduos orgânicos que seriam enviados para os lixões e aterros de Brasília. Mais de 1.200 mudas de hortaliças foram entregues, incentivando a economia rural e gerando um ciclo de sustentabilidade. O “lixo” orgânico que antes era descartado, agora é utilizado para nutrir um novo solo e produzir novos alimentos.
Fonte: Ciclo Vivo

Ministério da Saúde registra de 12 mil a 14 mil intoxicações por agrotóxicos no país a cada ano

Ministério da Saúde registra de 12 mil a 14 mil intoxicações por agrotóxicos no país a cada ano


Por Sumaia Villela, da Radioagência Nacional
O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas mundiais e também um dos maiores consumidores de agrotóxicos. 80% dos produtos são aplicados em soja, milho, cana-de-açúcar e algodão, normalmente plantados em larga escala. O setor movimenta no país cerca de US$ 10 bilhões por ano.
Nesse universo, é intensa a disputa por dois modelos: se o Estado deve reprimir ou facilitar o uso dos produtos. A discussão atinge trabalhadores e comunidades rurais, que lidam diretamente com as substâncias.


Relatório da ONG internacional Human Rights Watch aponta que existem poucas leis no Brasil para regular o uso dos defensivos agrícolas. Existe limite de distância somente para pulverização aérea. Mas não há uma norma federal para a pulverização terrestre, muitas vezes feita por tratores. Uma das comunidades pesquisadas pela ONG sofre as consequências disso. Uma escola no município de Primavera do Leste, em Mato Grosso, fica no meio de uma grande fazenda que usa agrotóxico. A diretora, que pediu anonimato, conta que a substância afeta alunos e professores.


Sonora: “Tantos anos convivendo com agrotóxico, nos acostumamos. Em geral, quando é época de plantio, sentimos irritação nos olhos, coceira na pele, tranca-se a traqueia. Mas no ano passado deu muita dor de cabeça e vômito. O veneno foi muito forte”.


Das 27 unidades da federação, apenas oito possuem zonas de segurança para a pulverização terrestre. E, segundo um dos diretores da Human Rights Watch, Richard Pearhouse, as regras não são seguidas.
Sonora: “É um problema duplo: não ter leis suficientes e as que existem não são obedecidas. As duas coisas juntas produzem uma cultura de impunidade onde poderosos donos de grandes extensões de terra são autorizados a aplicar pesticidas como querem a fazem isso sem medo de nenhuma responsabilização de autoridades


O Ministério da Saúde registra de 12 mil a 14 mil intoxicações por agrotóxicos no país a cada ano. Em 2016 foram quase 500 vítimas fatais. E a Organização Mundial da Saúde estima que somente um em cada 50 casos cheguem às autoridades. Mas, mesmo com todas as práticas regulares, setores da sociedade defendem que não existe uso seguro de agrotóxico, como fala o subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho e coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Pedro Serafim.


Sonora: “Pode-se mitigar o risco, mas é permanente, porque é inerente ao próprio produto. Nós inclusive defendemos juridicamente a responsabilidade objetiva do fabricante, porque potencialmente produto é algo que causa danos à saúde e ao meio ambiente”.


Existe preocupação também com projeto de lei que faz mudanças na legislação sobre agrotóxicos, aguardando votação no plenário da Câmara.

Aline Gurgel, pesquisadora da Fiocruz, instituição ligada ao Ministério da Saúde, fala sobre o impacto da proposta na saúde dos trabalhadores que lidam com agrotóxicos.

Sonora: “Produtos que vão ser destinados exclusivamente à exportação, há uma previsão de que haja a dispensa de estudos toxicológicos, e isso desconsidera, por exemplo, que nós teremos nessas empresas trabalhadores expostos. E também tem ocaso dos produtos que podem ser registrados no Brasil sem esses estudos, e uma vez que ele passe um determinado período de tempo registrado, que esse registro se torne definitivo

O Ministério da Agricultura anunciou que apoia o Projeto de Lei. Nota técnica diz que a política de risco zero não é adequada porque até beber água em excesso pode ser perigoso. Sobre a possibilidade de maior regulamentação do setor, o Coordenador Geral de Agrotóxicos do Ministério, Carlos Venâncio, afirmou que já existem muitas normas sobre agrotóxicos.

Sonora: “Os pesticidas o agricultor não usa porque ele quer ou gosta, ele usa porque precisa controlar as pragas. Hoje o Brasil participa de um esforço internacional de redução de uso de pesticidas altamente perigosos. Agora a preocupação do Mapa também é que o agricultor tenha ferramentas, porque se ele não tiver produção no final da cultura não resolve o problema
Em nota, o Sindicato Nacional da Indústria de produtos para Defesa Vegetal e a Associação Nacional de Defesa Vegetal afirmaram que o desafio seria promover o uso correto dos pesticidas. As entidades defendem também que o Projeto de Lei é uma modernização e que a proposta não exclui o rigor científico.

Em meio à polêmica, tramita na Câmara outra proposta relacionada ao tema: a criação de uma Política Nacional de Redução de Agrotóxicos. A fase ainda é de audiências públicas.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/08/2018

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

Sobrecarga da Terra: superpopulação e superconsumo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


Sobrecarga da Terra: superpopulação e superconsumo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“Precisamos pegadas menores, mas também precisamos de menos pés”.
(Enough is Enough, 2010)

[EcoDebate] Hoje, 01 de agosto, é o dia da Sobrecarga da Terra. Significa que a humanidade já consumiu todos os recursos renováveis para o ano completo de 2018. Nos próximos 5 meses, a economia internacional vai funcionar na base do déficit ambiental, consumindo a herança deixada pela “Mãe natureza”. Serão cinco meses de sobrecarga e degradação ambiental, fato que compromete a sustentabilidade ecológica no longo prazo, pois diminui a biocapacidade do Planeta.


Portanto, o caminho atual trilhado pelo ser humano é insustentável, pois a taxa de utilização da riqueza natural está acima da taxa de regeneração dos ecossistemas e as atuais gerações estão comprometendo a capacidade de sobrevivência das futuras gerações e das demais espécies vivas da


“Nossa casa comum”. As atividades humanas ultrapassaram a capacidade de carga do Planeta e será impossível continuar enriquecendo a humanidade às custas do empobrecimento ambiental.


Nos últimos 45 anos a Pegada Ecológica mundial ultrapassou a biocapacidade do Planeta, segundo dados da Footprint Network. Em 1961, a biocapacidade do Planeta era de 9,5 bilhões de hectares globais (gha) e a pegada ecológica era de 7 bilhões de gha. O mundo, com uma população de 3 bilhões de habitantes, tinha superávit ambiental, pois a pegada ecológica per capita era de 2,29 gha e a biocapacidade per capita era de 3,13 gha. Mas a partir do início dos anos de 1970, os valores das duas medidas se inverteram e o mundo começou a experimentar déficits ambientais crescentes.

pegada ecologica e biocapacidade total, mundo

Em 2014, o mundo tinha uma população 7,4 bilhões de pessoas, com uma pegada ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma biocapacidade per capita de 1,68 gha, como resultado, houve um déficit total de 70%. Ou dito de outra maneira, o mundo estava consumindo o equivalente a 1,7 planeta. Portanto, a população mundial vive no vermelho e tem um produto da multiplicação entre população e consumo que é insustentável.

pegada ecológica e biocapacidade, per capita, mundo

Algumas pessoas dizem que o déficit ambiental é provocado pela superpopulação. Outros dizem que o déficit é gerado pelo superconsumo. De certa forma, os dois lados estão certos.

Os dados de 2014 mostram que se o consumo for reduzido, por exemplo, baixando a pegada ecológica de 2,84 gha para 1,68 gha (redução do padrão de consumo médio global) o Planeta entra em equilíbrio ambiental. Mas os dados também mostram que se a população de 2014 for reduzida de 7,4 bilhões para 4,3 bilhões de habitantes a biocapacidade per capita global passaria para 2,84 gha (12,2 bilhões de gha divididos por 4,3 bilhões de habitantes), eliminando o déficit. Ou seja, o equilíbrio entre a biocapacidade e a pegada ecológica pode ser atingido reduzindo a pegada ecológica ou diminuindo o número de pés (Enough is Enough, 2010).

Mas também existe o caminho do meio que seria reduzir o consumo, por um lado, e diminuir o tamanho da população, por outro lado. Por exemplo, se o consumo for reduzido de 2,84 gha para 2,26 gha e a população for reduzida para 5,4 bilhões de habitantes (o que daria uma biocapacidade de 2,26 gha), o equilíbrio ambiental se daria pela restrição simultânea do superconsumo e da superpopulação.
Vejamos o caso de dois continentes que apresentam comportamento diametralmente oposto em relação ao padrão de consumo.

A Europa, com população de 730 milhões de habitantes em 2014, tinha uma pegada ecológica de 4,69 gha e uma biocapacidade de 3,07 gha. Portanto, os europeus possuem um padrão de consumo bem acima da média mundial, gerando um déficit ambiental. Claramente, a Europa tem um problema de superconsumo. Se o estilo consumista for abrandado, por exemplo, para 3,07 gha, a Europa poderia manter um consumo acima da média mundial, mas eliminaria o déficit ambiental, pois a pegada ecológica e a biocapacidade per capita ficariam em 3,07 gha.

pegada ecológica e biocapacidade, per capita, Europa

No continente africano a situação é oposta. A África tinha em 2014 uma população de 1,05 bilhão de habitantes com pegada ecológica per capita de 1,39 gha e biocapacidade de 1,29 gha. Existe consenso que o consumo per capita da África é muito pequeno, implicando em baixo padrão de vida. Portanto, a África tem subconsumo e não superconsumo. Vamos supor que a pegada ecológica do continente subisse para 2,26 gha. Para haver equilíbrio a população teria de ser reduzida para 601 milhões de habitantes para atingir uma biocapacidade per capita também de 2,26 gha.

pegada ecológica e biocapacidade, per capita. África
Existem várias formas para se reduzir o déficit ambiental. Pode haver equilíbrio ecológico via redução do consumo, via redução da população, ou via redução simultânea dos dois vetores que estão degradando a saúde dos ecossistemas. Todavia, reduzir a população e o consumo no curto prazo é muito difícil. Mas ao longo do século XXI é possível planejar um decrescimento demoeconômico que coloque as atividades antrópicas em equilíbrio homeostático com a biocapacidade do Planeta, única forma de se evitar um colapso ambiental e civilizacional. Como explica Herman Daly, em entrevista recente (2018):

O impacto ambiental é o produto do número de pessoas vezes que o uso de recursos per capita. Em outras palavras, você tem dois números multiplicados um pelo outro – qual é o mais importante? Se você mantiver uma constante e deixar a outra variar, você ainda está multiplicando. Não faz sentido para mim dizer que apenas um número é importante. No entanto, ainda é muito comumente dito. Suponho que faria algum sentido se pudéssemos nos diferenciar histórica e geograficamente – para determinar em que ponto da história, ou em que país, qual fator merecia maior atenção. Nesse sentido, eu diria que, certamente, para os Estados Unidos, o consumo per capita é o fator crucial – mas ainda estamos multiplicando pela população, então não podemos esquecer a população. No nordeste do Brasil, por outro lado, a população estava – pelo menos na época em que morei lá – crescendo extremamente rápido, então talvez seja na demografia que a ênfase deveria ser colocada”.


Portanto, para evitar o superconsumo e a superpopulação, podemos colocar mais ênfase na redução do consumo ou mais ênfase na redução da população. Evidentemente, isto varia de país a país. Mas em termos globais, neste momento em que a humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra, somente a redução do consumo global e da população global pode evitar um colapso ambiental e reduzir os danos de uma grande crise ecológica. Como dizia Jacques Cousteau: “O superconsumo e a superpopulação estão por trás de todos os problemas ambientais que enfrentamos hoje”.



Ao longo do século XXI é necessário haver decrescimento demoeconômico até se atingir o nível de equilíbrio do Estado Estacionário, conforme explica Herman Daly.

O desafio global mais candente e que requer uma resposta imediata é a reversão do rumo insustentável da economia internacional. É preciso abandonar o “crescentismo” ou “crescimentomania” (doença do crescimento a qualquer custo), dando mais ênfase à redução das desigualdades sociais para se atingir o bem-estar populacional e buscar, urgentemente, um relacionamento justo e sustentável com a natureza, com o clima e com as demais espécies vivas da Terra.

Referências:

HERMAN DALY. Ecologies of Scale, Interview by Benjamin Kunkel. New Left Review 109, January-February 2018

https://newleftreview.org/II/109/herman-daly-benjamin-kunkel-ecologies-of-scale
O’Neill, D.W., Dietz, R., Jones, N. (Editors), Enough is Enough: Ideas for a sustainable economy in a world of finite resources. The report of the Steady State Economy Conference. Center for the Advancement of the Steady State Economy and Economic Justice for All, UK, 2010.
http://steadystate.org/wp-content/uploads/EnoughIsEnough_FullReport.pdf

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/08/2018

"Sobrecarga da Terra: superpopulação e superconsumo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 1/08/2018, https://www.ecodebate.com.br/2018/08/01/sobrecarga-da-terra-superpopulacao-e-superconsumo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Crianças de povoado cearense de Tomé apresentam malformações relacionadas a agrotóxicos, aponta pesquisa


Crianças de povoado cearense de Tomé apresentam malformações relacionadas a agrotóxicos, aponta pesquisa



Por Sumaia Villela, da Radioagência Nacional
O povoado de Tomé, de cerca de 2,5 mil habitantes, fica no município de Limoeiro do Norte, no Ceará. É famoso na região. Mas, o motivo não é tão bom: a comunidade fica encurralada por territórios do agronegócio, e é conhecida pela contaminação por agrotóxicos. Fato comprovado por cientistas, segundo a professora de Medicina da Universidade Federal do Cariri, Ada Pontes, que também faz parte do grupo de pesquisa Tramas, da Universidade Federal do Ceará.
Sonora: “A água que via para a comunidade tá contaminada, o ar da comunidade tá contaminado, já houve processo de intoxicação de escolas, de trabalhadores, de moradores. Tanto tem muitas pessoas na comunidade que trabalham nessas empresas, principalmente os homens, como também mesmo as pessoas que não trabalham, que não manipulam diretamente esses produtos, elas estão expostas. Algumas casas ficam contíguas às plantações
O grupo Tramas desenvolve estudos em Tomé desde 2007. O último deles estabeleceu uma relação entre agrotóxicos e a ocorrência de malformações e puberdade precoce em bebês. Das oito crianças identificadas, 5 nasceram com malformações: ausência de braços e pernas e deformações no coração. Uma delas morreu. Em outras três meninas as mamas cresceram antes de um ano de idade.
Para estabelecer a relação com agrotóxicos, a equipe coletou urina e sangue dos pais, mães e crianças. Também foram feitos testes na água das casas. Das 19 amostras de sangue, em 11 foi encontrada uma classe de agrotóxicos proibida no Brasil há mais de 30 anos, os organoclorados. Segundo Ada Pontes, a ciência já indica que essas substâncias causam os problemas de saúde estudados. E eles são bioacumuladores, ou seja, são armazenados pelo organismo por anos.
Sonora: “Foi um dado que assustou muito a gente. Porque como é que uma criança de um ano de idade pode ter organoclorados no sangue, se ela não está sendo exposta atualmente? Então ou um comércio ilegal desse tipo de substância ou outra via que seria uma exposição vertical, pelo leite materno
Na urina ainda foi encontrado outro tipo de agrotóxico. A maioria das casas também tinha água contaminada. Além disso, todos os pais trabalham ou trabalharam com agrotóxico, alguns por 15 anos, conforme Ada. As mães, nascidas em Tomé, foram contaminadas por meio do ambiente. A maioria delas prefere não dar entrevistas. Márcia Xavier, de 27 anos, é exceção. Ela conta como os primeiros sintomas surgiram na filha dela.
Sonora: “Com um ano e três meses, seis meses, a gente começou a perceber aqui em casa que a mama dela estava desenvolvendo. O médico disse que realmente era telarca precoce
Os sintomas vão e voltam. Márcia afirma que, por orientação médica, adotou uma alimentação restrita para a criança.
Sonora: “As frutas que eu deixo ela comer é laranja e banana. E a banana que ela come é a que a minha mãe produz, porque não tem veneno. O leite de gado eu não deixo ela tomar, eu não deixo ela tomar de maneira nenhuma
Não é a primeira vez que Márcia é afetada pelo agrotóxico. Sua história foi marcada pela morte de José Maria Filho, o Zé Maria de Tomé, assassinado com 25 tiros em 2010, na comunidade. Ele era uma liderança na luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos na região. É também o pai de Márcia.
Esse é o outro traço da disputa pelo uso dos chamados defensivos agrícolas: a violência.

n EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/08/2018

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Valor Econômico - Justiça veta doação de usina à Bolívia e estatal devolve R$ 73 mi à União

MEIO AMBIENTE E ENERGIA


Valor Econômico -   Justiça veta doação de usina à Bolívia e estatal devolve R$ 73 mi à União

Por Luísa Martins | De Brasília

Uma das bondades do governo de Dilma Rousseff à Bolívia, fruto de uma portaria que formalizou ações de cooperação energética entre o Brasil e o país vizinho, foi revertida na Justiça, levando a Eletronorte a ressarcir os cofres da União em R$ 73,4 milhões. Trata-se da usina térmica Rio Madeira, em Porto Velho (RO), com potência de 90 megawatts, que passaria por uma reforma antes de ser doada e ter seu maquinário transportado ao território boliviano.

Em 2017, dois anos depois de o governo brasileiro editar a medida provisória (MP) que criou créditos orçamentários para a recauchutagem do empreendimento (inaugurado em 1989 e desativado 20 anos depois), a juíza Diana Maria Wanderlei, da 5ª Vara Federal de Brasília, anulou o procedimento. Àquela altura, R$ 60 milhões já haviam sido transferidos pelo governo à Eletronorte para este fim - o valor, corrigido, teve de ser devolvido ao erário no ano passado. O comprovante do depósito foi juntado aos autos apenas neste mês de julho.

O reembolso foi resultado de ação civil pública proposta por três advogados de Brasília que questionaram a doação da usina à Bolívia, sem qualquer contrapartida, em meio a aguda crise energética no Brasil. Eles citam que a portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) formalizou a cessão em comodato de bens considerados inservíveis para a Eletronorte, entre eles a Rio Madeira. Na prática, afirmam, não foi isso que ocorreu.

"O Brasil não apenas cedeu todo o patrimônio da usina, como também se comprometeu a reformar por inteiro os seus equipamentos, o que não caracteriza comodato, mas também não é cessão gratuita, tampouco cessão onerosa", escreveram, acusando o governo de favorecer outro país com dinheiro dos contribuintes brasileiros, em vez de priorizar os interesses nacionais no setor energético.

Capaz de suprir uma cidade de 700 mil habitantes, a usina térmica Rio Madeira foi responsável pelo abastecimento dos estados de Rondônia e Acre por duas décadas, mas, atualmente, não tem relevância no sistema elétrico. Quando o estado de Rondônia se conectou ao Sistema Interligado Nacional (SIN), passando a ser abastecido por hidrelétricas, o empreendimento foi desligado, embora ainda estivesse parcialmente apto a operar. Mesmo assim, o alto custo de manutenção e produção fez com que os bens fossem declarados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) imprestáveis para o serviço público.

A medida provisória editada por Dilma - e aprovada pelo Congresso Nacional - previa que o empreendimento fosse reestruturado para operar com gás natural, combustível farto na Bolívia. A doação foi acertada com o presidente do país, Evo Morales, durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos (Celac) na Venezuela, em 2011.

Para a juíza, porém, a MP continha "vícios", pois previa uma transferência milionária de verbas da União para a Eletronorte, sem licitação. Ela classificou o ato como "extremamente promissor" para o estrangeiro, mas "potencialmente lesivo" ao patrimônio público nacional.

"Observo que além da inconstitucionalidade formal do ato jurídico, os agentes públicos réus não pautaram suas condutas visando atingir o interesse público primário em prol da República Federativa do Brasil, mas sim ao interesse exclusivo do Estado Plurinacional da Bolívia, conduta eivada de patente inconstitucionalidade material diante da desrazoabilidade da medida", escreveu. Por falta de provas de má-fé, os então ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Nelson Barbosa (Planejamento) foram inocentados de arcar com as custas judiciais do processo.

A ação teve uma decisão liminar favorável que acabou, mantida, mais tarde, na análise de mérito. Nos autos, as autoridades do governo Dilma defenderam a doação à Bolívia, pois a usina já não estava em uso no Brasil.

Folha de São Paulo - Mudança climática aumenta risco de tempestades de fogo

Folha de São Paulo - Mudança climática aumenta risco de tempestades de fogo

Fenômeno ocorre com umidade baixa, temperatura elevada e ventos fortes

Reinaldo José Lopes
SÃO CARLOS

O aumento de incêndios catastróficos em locais como a Grécia, Portugal e a Califórnia nos últimos anos está longe de ser casual. A combinação entre efeitos das mudanças climáticas e falta de cuidado no manejo de recursos florestais tem tornado várias regiões do planeta mais vulneráveis a esse tipo de evento extremo.

“Tais incêndios descontrolados, que os ecólogos denominam de ‘fire storms’ [tempestades de fogo], ocorrem sob uma combinação rara de umidade do ar muito baixa, temperatura elevada e ventos fortes.

Essa combinação está ocorrendo com maior frequência devido a mudanças climáticas”, resume Giselda Durigan, pesquisadora do Instituto Florestal de São Paulo que estuda a interação entre as plantas do cerrado brasileiro e o fogo.

O aumento de pouco mais de 1 grau Celsius na temperatura média global, registrado em relação ao fim do século 19 e causado majoritariamente pela ação humana (em especial, a queima de combustíveis fósseis), tem causado uma série de efeitos no sistema climático da Terra.

Um dos mais importantes e visíveis é o aumento da probabilidade de situações extremas. Ou seja, dependendo do contexto regional, não apenas faz mais calor, em média, como há mais probabilidade de “pontos fora da curva”: dias de calor recorde, que agora são mais prováveis em 80% da superfície do planeta.

“Esse efeito é particularmente forte nos trópicos, mas também está claro em regiões como o Mediterrâneo [englobando países como Portugal, a Espanha e a Grécia] e a Califórnia”, afirma Noah Diffenbaugh, da Universidade Stanford (EUA).

No território californiano, tem havido um aumento tanto da área queimada anualmente na chamada estação de incêndios quanto uma intensificação das secas, o que leva ao acúmulo de vegetação ressequida.

Isso aumenta o que os especialistas chamam de “aridez de combustível” do ambiente, potencializando ainda mais o avanço do fogo.

“De fato, na Califórnia, os responsáveis pelo monitoramento têm avisado que não existe mais uma ‘estação de incêndios’, como se dizia antes — o risco agora persiste o ano todo”, conta Diffenbaugh.

O estado mais rico dos Estados Unidos é um microcosmo do que está acontecendo em outras partes do mundo. Um estudo coordenado por William Matt Jolly, do Serviço Florestal Americano, publicado na revista científica Nature Communications, mostrou que houve um aumento claro da duração das “estações de incêndios” em cerca de um quarto do globo entre 1979 e 2013.

A proporção da área da Terra coberta por vegetação que é afetada por esses eventos passou de cerca de 10% para 20% nesse período, e há, além disso, uma correlação entre o processo e o aumento do número de dias consecutivos nos quais não chove.

O aumento do risco, porém, não é linear, e sua intensidade pode depender de uma série de fatores mais localizados. “Até certo ponto, secas de longo prazo, que vão além da mera falta de chuva sazonal, podem minimizar esses incêndios porque elas limitam o crescimento das plantas e, portanto, não permitem que muito combustível se acumule”, explica Camille Stevens-Rumann, professora assistente da Universidade do Estado do Colorado.

Por outro lado, alterações climáticas também podem fazer com que ambientes de floresta passem a sofrer uma transição para ecossistemas dominados por capim e arbustos, com plantas potencialmente mais inflamáveis, o que retroalimentaria ainda mais o ciclo do fogo.

Há ainda uma interação paradoxal com a umidade e a neve em climas temperados. Se, como consequência de alterações no clima, a neve derrete mais cedo do que o costume, aumenta a chance de incêndios no verão em lugares como as montanhas Rochosas nos Estados Unidos ou os Andes.

Por outro lado, épocas de muita chuva seguidas por um verão muito seco também são perigosas porque a umidade inicial acumula muito combustível vegetal que, mais tarde, pode pegar fogo de uma vez só — foi o que se deu na Califórnia em 2017.

Um dos jeitos de minimizar isso, de acordo com a pesquisadora Giselda Durigan, é realizar queimas controladas em condições climáticas favoráveis, evitando o acúmulo de combustível.

“Elas não têm sido feitas em todos os lugares onde seria preciso. Isso é decorrente de decisões dos proprietários das terras, já que as queimas, mesmo controladas, são indesejáveis.”