Nesta foto de arquivo tirada em 14 de junho de 2020, um treinador de animais da organização de bem-estar animal Paws verifica um cão de rua resgatado dentro de um canil nas instalações da instituição de caridade ao sul da capital do Catar, Doha
Nesta foto de arquivo tirada em 14 de junho de 2020, um treinador de animais da organização de bem-estar animal Paws verifica um cão de rua resgatado dentro de um canil nas instalações da instituição de caridade ao sul da capital do Catar, Doha - KARIM JAAFAR
Agence France-Presse
21 de julho de 2022 — Doha (AFP)
O abate de 29 cães por homens armados com rifles no Catar provocou indignação no estado do Golfo, que se prepara para sediar a Copa do Mundo no final deste ano.
As autoridades dizem que a polícia está investigando os assassinatos, o pior de uma série de casos brutais de crueldade contra cães.
Mas eles enfrentam críticas de ativistas do bem-estar animal que dizem que as leis que defendem animais domésticos como cães não estão sendo aplicadas.
Os últimos assassinatos ocorreram em um complexo industrial perto da capital Doha em 10 de julho, mas o massacre só foi relatado dias depois, disseram ativistas à AFP.
Quatro homens, dois armados com rifles de caça, ameaçaram guardas na fábrica e depois mataram 29 cães e filhotes, disseram ativistas. Pelo menos outros três ficaram feridos, incluindo dois nos estágios finais da gravidez.
Quando os homens apareceram, os cães começaram a correr em direção a eles, acreditando que "seriam alimentados", disse um ativista.
"Mas os homens começaram a atirar aleatoriamente", acrescentou o ativista.
As autoridades dizem que identificaram suspeitos, sem dar mais detalhes.
O motivo não ficou imediatamente claro, embora ativistas tenham dito que os cães há muito são alvo de tratamento desumano no estado do Golfo, onde alguns acreditam que o Islã considera os cães "impuros".
De acordo com um ativista, os atiradores disseram aos seguranças "que um cachorro mordeu o filho de um dos homens".
"Mas o complexo é fechado com cercas altas e nenhuma criança pode entrar para brincar perto dos cachorros", disse o ativista.
Outro disse que houve muitos casos nos últimos anos de cães e pássaros, incluindo flamingos, sendo usados para prática de tiro por pessoas com rifles.
“Parece que não há lei aplicada, o que significa que esses monstros nunca serão levados à justiça”, disse Paws Rescue Qatar, um grupo de bem-estar animal que relatou o ataque pela primeira vez, em um comunicado em sua conta no Instagram.
Um ativista acrescentou: “A questão aqui é por que as pessoas podem usar rifles e armas de caça contra animais.
"Até onde sabemos, nenhum caso levou a uma acusação bem-sucedida."
As autoridades do Catar não comentaram publicamente o caso.
Mas a Sheikha Al Mayassa bint Hamad Al Thani, irmã do governante do Catar, condenou o ataque como "inaceitável" nas redes sociais.
Desde o massacre, as autoridades reuniram os outros cães que estavam no complexo industrial e os levaram para um abrigo administrado pelo governo, onde acredita-se que cerca de 3.000 cães de rua estejam mantidos, segundo ativistas.
Esses ativistas reclamaram que os ativistas nunca tiveram acesso ao abrigo e temem pelos animais de lá.
Ativistas também disseram que as autoridades nunca responderam a ofertas para organizar treinamento e gestão de abrigos.
Bilhões de pessoas tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento dependem de espécies silvestres de plantas e animais para alimentação, saúde, energia, geração de renda e recreação, entre outras finalidades. Muitas dessas espécies, contudo, estão em declínio, ameaçadas pela exploração excessiva e pelo comércio ilegal, entre outras práticas que têm agravado a crise global da perda de biodiversidade.
O resumo do documento foi aprovado esta semana por representantes dos 139 Estados-membros do órgão – incluindo o Brasil – e divulgado em 8 de junho, em Bonn, na Alemanha.
“Cerca de 50 mil espécies silvestres são utilizadas de diferentes maneiras, incluindo mais de 10 mil que são usadas diretamente como alimento. As populações rurais dos países em desenvolvimento são as mais vulneráveis ao uso insustentável, uma vez que, com a falta de alternativas, são forçadas a seguir explorando espécies que já se encontram em risco”, disse Jean Marc Fromentin, um dos coordenadores da avaliação.
O relatório é resultado de quatro anos de trabalho de 85 especialistas, líderes em ciências naturais e sociais de diferentes países, além de detentores de conhecimento indígena e tradicional e de 200 autores contribuintes, com base em mais de 6,2 mil estudos.
Entre os autores do documento está Maria Gasalla, professora do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (IO-USP).
Os autores destacam que, nos últimos 20 anos, o uso humano de espécies silvestres tem aumentado em geral, mas sua sustentabilidade tem variado de acordo com as práticas.
A superexploração tornou-se muito comum e já é uma das principais ameaças à sobrevivência de muitas espécies terrestres e aquáticas, apontam.
“A sobrevivência de cerca de 12% das espécies de árvores selvagens está ameaçada pela exploração madeireira insustentável. A coleta insustentável é uma das principais ameaças para vários grupos de plantas, notadamente cactos, cicas e orquídeas, e a caça insustentável tem sido identificada como uma ameaça para 1.341 espécies de mamíferos silvestres”, sublinham os autores.
Por sua vez, o comércio ilegal de espécies silvestres já representa a terceira atividade ilegal no mundo, com valores anuais estimados em até US$ 199 bilhões. A madeira e o peixe representam os maiores volumes e valores do comércio ilegal de espécies silvestres.
As mudanças climáticas também podem agravar a perda de espécies silvestres. Ao mesmo tempo, algumas das melhores práticas no uso de plantas e animais selvagens, tais como a silvicultura sustentável, podem ser uma ferramenta importante de mitigação e adaptação ao clima, ponderam os autores.
“Enfrentar as causas do uso insustentável e, sempre que possível, reverter essas tendências, resultará em melhores resultados para as espécies silvestres e para as pessoas que dependem delas”, avaliou Marla Emery, uma das coordenadoras do relatório.
Uso sustentável
Uma a cada cinco pessoas em todo o mundo (cerca de 1,6 bilhão) depende de plantas silvestres, algas e fungos para sua alimentação e renda; uma em cada três (2,4 bilhões) depende de lenha para cozinhar e cerca de 90% dos 120 milhões de pessoas que trabalham na pesca de captura dependem da pesca em pequena escala, apontam os autores.
A fim de estabelecer um uso mais sustentável das espécies silvestres de plantas, animais, fungos e algas em todo o planeta, de modo a assegurar o bem-estar da humanidade, os autores do relatório analisaram políticas e ferramentas que têm sido usadas em diversos contextos.
Com base nessa análise, apresentam alguns elementos-chave que poderiam ser usados como alavancas para essa finalidade, como a implementação de políticas inclusivas e participativas e medidas de gestão de cadeias econômicas baseadas na exploração de espécies silvestres.
Em países com sólida gestão da pesca têm sido observado aumento das populações de peixes com valor econômico. A população de atum vermelho do Atlântico, por exemplo, foi reconstruída e agora é pescado dentro de níveis sustentáveis.
“Para países e regiões com baixa intensidade de medidas de gestão da pesca, no entanto, o estado das unidades populacionais é muitas vezes pouco conhecido, mas geralmente acredita-se estar abaixo da abundância necessária para maximizar a produção sustentável de alimentos”, ponderam os autores.
A mudança climática, a crescente demanda e os avanços tecnológicos nas tecnologias extrativas estão entre os prováveis desafios para o uso sustentável das espécies silvestres, e é necessária uma mudança transformadora para enfrentá-los, aponta o relatório.
Há cerca de três meses, muita gente pelo Brasil – e fora dele – se comove diariamente com a história das búfalas de Brotas e seus filhotes, encontrados em estado de completo abandono – com fome, sede e sem assistência veterinária – na fazenda São Luís da Água Sumida. Alguns mortos, outros agonizando, e a maioria em estado de inanição.
O caso é considerado por especialistas como um dos maiores massacres de animais do país – eram mais de mil fêmeas e filhotes! – e, desde novembro de 2021, tem mobilizado voluntários e autoridades comprometidos em salvar os animais e fazer Justiça (veja as reportagens que publicamos, indicadas no final deste post).
Neste cenário, a comunicação incansável de todas as ações, vitórias e perdas desta história tão comovente – nas redes sociais e na imprensa – tem sido uma grande aliada para ampliar a consciência a cerca do sofrimento dos animais na produção de laticínios.
E, hoje, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que acompanha o caso desde a denúncia e tem contribuído efetivamente com essa divulgação, escreve mais um capítulo importante desta história ao lançar o curta-metragem Órfãos do Leite, inspirado nas búfalas e filhotes de Brotas.
O documentário apresenta a realidade cruel desses animais e faz um apelo pelo veganismo.
“Ele é voltado para a ética animal, mas vai além de propor que evitemos o sofrimento de mães e filhotes”, conta Larissa Maluf, coordenadora de comunicação da organização, que trabalhou como voluntária em Brotas e é responsável pelo roteiro, direção e apresentação do filme.
“No final, traz uma mensagem da Alessandra Luglio, nutricionista e colaboradora da SVB, que explica que é possível e benéfico ser vegano. Não adianta a gente dizer isso e não dar ferramentas pra pessoa fazer a mudança”.
O vídeo tem 13 minutos e foi produzido com imagens captadas pelos voluntários, desde a época da denúncia e do resgate, mas também profissionais, produzidas pela videomaker Natália Moraes.
Foi lançado hoje em live às 18h30. E já está disponível no YouTube da organização, com legendas em português, inglês e espanhol.
“Só interessa o leite da mãe”
“A gente quis fazer um recorte sobre a temática do queijo a partir desse caso. Independente da maneira como as fêmeas são tratadas nessa indústria – muitos produtores falam ‘ah, mas respeitamos o bem-estar animal’ –, elas sempre são mães! Sempre há filhotes que são privados do contato com a mãe, de viver ao lado da mãe e que, muitas vezes, são descartados: abatidos ou abandonados para morrer”, conta Larissa.
“Existem santuários, como o Vale da Rainha, que abrigam bezerros que os produtores deixam para morrer. Para eles, não compensa manter o animal vivo, só interessa o leite da mãe, por isso, os abandonam. Isso não é legal, claro, mas é comum”, completa.
A ideia de se produzir um filme é da Larissa, e aconteceu durante uma reunião virtual da qual ela e os colegas da SVB, que a acompanhavam em Brotas, participaram com Ricardo Laurino e Mônica Buava, respectivamente presidente e diretora executiva da organização.
“A Mônica lembrou que, em 2015, por causa de um acidente no Rodoanel, a SVB se uniu à Mercy for Animal para lançar o Desafio 21 dias sem Carne, que continua ativo e tem um site. Foi uma maneira de fazer com que as pessoas tivessem o ímpeto de mudar hábitos. E ela comentou que precisávamos pensar em algo para que o caso de Brotas não caísse no esquecimento”.
Larissa sugeriu a produção de um curta-metragem e, como título, a expressão órfao do leite, que não saia de sua cabeça desde que a usou no texto do vídeo gravado para o perfil das búfalas, no Instagram, com o filhote Tupi. É ele que ilustra o pôster do documentário e este post.
Ao final da reunião, a ativista ainda ouviu Alex Parente, diretor da ONG ARA, que detém a tutela desses animais e também aprovou a ideia.
Tupi, o órfão símbolo de resistência
Em novembro, o filhote identificado pelo número 1709 foi encontrado sozinho no pasto, sem a mãe, que estava morta: “ele chamava por ela e comoveu a todos nós”, conta Larissa.
Tupi resistiu bravamente aos maus tratos devido ao tratamento e à atenção que recebeu dos voluntários. Mas partiu esta semana, na quarta-feira, 21/2.
“Ele nunca se recuperou, de fato. Provavelmente, ficou sem a mãe logo que nasceu, não deve ter mamado o colostro. Não resistiu, apesar de todos os cuidados”, lamenta a publicitária.
Um tempo depois que a ONG ARA assumiu os cuidados do rebanho, que pode andar livremente por uma ampla área na fazenda, Tupi foi adotado por Iracema, uma das búfalas mais velhas do rebanho, e ganhou um irmãozinho, Guarani, também acolhido por ela. Os três estavam sempre juntos.
Que benção ele ter tido a oportunidade de ser bem cuidado e amado, antes de partir.
Um convite ao veganismo
O movimento por uma alimentação sem produtos de origem animal só cresce no Brasil. Em boa parte devido à informação de qualidade que circula e à forma como essa comunicação é feita. Mas ainda é uma luta espinhosa, também quando o objetivo é reduzir o consumo de laticínios.
“É mais difícil as pessoas deixarem de comer queijo do que carne”, revela Larissa. E o caso de Brotas tem sido um grande aliado na transformação dessa realidade.
“Eu recebia muita mensagem das pessoas que acompanham as búfalas por causa da Carequinha. Muitas diziam: ‘depois de ver a cena dela no pôr-do-sol, eu não consigo mais comer queijo. Mussarela de búfala, então…’. A reação foi muito instantânea. No supermercado de Brotas, uma atendente contou que a mussarela de búfala não estava saindo mais. As pessoas pararam de comprar”.
(Carequinha era idosa e foi a primeira búfala a falecer no hospital de campanha – como contamos aqui – montado na fazenda, depois de apresentar melhoras e ser flagrada, em vídeo, contemplando o sol)
Larissa conta que tornou-se vegetariana em 2013 e não via necessidade de tornar-se vegana, até o dia em que assistiu a um vídeo, que mostrava o momento em que uma vaca paria e o bezerrinho era imediatamente tirado dela.
“Naquele momento eu fiz a conexão: meu deus, ela é uma mãe! Não consumi mais queijo. E, agora, fazer parte deste projeto do curta é como se eu dissesse ‘aconteceu comigo’. O que falta é as pessoas fazerem essa conexão, principalmente as mulheres”.
Nem cara, nem inacessível
Larissa Maluf também revela que, para tocar as pessoas, é imprescindível evitar dizer o que não podem comer.
“Quando você diz o que ela tem que tirar, é mais difícil. Na SVB, a gente diz tudo que as pessoas podem comer e não o que não podem! E abrimos o leque de opções vegetais, que é a comida que a gente compra no hortifrutti, é o arroz e feijão, as frutas, as castanhas, tudo que é fácil de encontrar em qualquer cidade”.
Ela ainda acrescenta que os argumentos de quem resiste ao veganismo, em geral, focam no preço – “ah, é muito caro!” – e na dificuldade de encontrar os alimentos – “na minha cidade não tem comida vegana!”. Mas todos caem por terra assim que as pessoas entendem que comida vegana é a comida do seu dia a dia, que pode ser acrescida de outros alimentos menos comuns, enriquecendo o cardápio.
Para a nutricionista Alessandra Luglio, “uma alimentação 100% à base de vegetais, que exclui todos os alimentos de origem animal, não somente é possível como também é comprovadamente uma das formas mais efetivas de você cuidar da saúde”.
A Sociedade Vegetariana oferece, em seu site, uma série de receitas gostosas. E, para completar sua missão, mantém um projeto de capacitação para profissionais de saúde, com o qual visa transformá-los em aliados e multiplicadores.
A seguir, assista ao curta-metragem e também à live promovida pela SVB para lançar o documentário. A conversa reuniu Ricardo Laurino, Larissa Maluf e Patrícia Marin, da SVB,e Eveline Paludo, que integra a equipe de advogados responsáveis pelo processo das Búfalas de Brotas. Foi um encontro muito agradável e esclarecedor, vale muito assistir.
Um dos mais icônicos animais da vida selvagem, o tigre (Panthera tigris) é também o maior felino da natureza. Estima-se que nos dias atuais restem entre 4 mil a 4,5 mil indivíduos ainda vivendo livremente, em alguns países asiáticos, como Índia, Nepal, Butão, Rússia e China.
Existe apenas uma espécie de tigre, mas a ciência reconhece outras nove subespécies desses animais, três das quais já estão extintas. As seis restantes incluem os tigres de Bengala, Indo-Chinês, do sul da China, Amur e Sumatra.
E foi justamente dessa última subespécie, a menor e mais rara de todas elas, que nasceram três filhotes no começo de julho no ZLS London Zoo, o mais importante zoológico da Inglaterra e um renomado centro de reprodução em cativeiro e conservação de espécies ameaçadas de extinção.
O nascimento aconteceu no dia 27 de junho e foi acompanhado pelos veterinários da instituição através de câmeras instaladas no recinto da mãe Gaysha. A fêmea, que tem dez anos, passou tranquilamente pelo parto e em seguida, começou a limpar e cuidar de suas novas crias. O pai, Asim, também estava presente.
“Estávamos confiantes de que Gaysha estava grávida e estimamos aproximadamente quanto tempo ela estava – quando observamos seu estômago crescer visivelmente nas últimas semanas, sabíamos que ela estava se aproximando do termo. Preparamos para ela uma toca interna especial, enchemos com palha macia para conforto e começamos uma vigília noturna – monitorando seu progresso remotamente na tela”, contou Kathryn Sanders, cuidadora dos tigres do ZLS London Zoo.
Desde então, a família tem sido monitorada apenas por vídeo para não perturbar a interação entre pais e filhos neste importante primeiro momento. Os filhotes estão sendo amamentados e têm demonstrado boa saúde e desenvolvimento normal. Eles só serão batizados após os três meses, quando receberem as primeiras vacinas e aí poderá ser confirmado o sexo dos três.
Hoje o zoológico britânico compartilhou as primeiras fotos dos novos moradores. Simplesmente irresistíveis! Os pequenos aparecem ao lado da mãe e rolando pelo chão.
Nos últimos dias, por causa das altas temperaturas registradas em Londres, Gaysha e os filhotes foram vistos se aventurando para fora do recinto, onde até então estiverem “escondidos” desde o nascimento.
Com somente aproximados 300 tigres de Sumatra na natureza, especialistas ressaltam a importância de se manter uma população geneticamente diversa em cativeiro.
Confira abaixo o vídeo que mostra os primeiros momentos de vida dos novos filhotes de tigre: