quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Ibaneis quer Luos aprovada na CLDF neste ano, mas entidades são contra

Avessos à medida acreditam que atual proposta não é adequada e prejudica meio ambiente e urbanismo das RAs

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Suzano Almeida
Ana Luiza Vinhote
 
O projeto que vai normatizar o uso dos terrenos do Distrito Federal continua provocando polêmica na Câmara Legislativa (CLDF). Depois de passar por alterações pelo Executivo local, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) está pronta para voltar à pauta da Casa, mas representantes de entidades comunitárias e de defesa do patrimônio histórico, arquitetônico e urbanístico pressionam os deputados a fim de evitar a tramitação da proposta.

Por outro lado, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), quer celeridade na votação. De acordo com ele, os deputados que o apoiaram se comprometeram a votar o texto até 4 de dezembro. “Já estive na Câmara pedindo que aprovassem o projeto da maneira como se encontra. Ele já foi e voltou durante muitos anos e o DF precisa de segurança jurídica”, disse. Segundo Ibaneis, as alterações podem ser feitas na próxima gestão. “Dessa forma teremos novos investimentos.”
De acordo com o grupo contrário, a proposta cria espaços privados dentro de lotes públicos, além de áreas comerciais em regiões administrativas (RAs), como Lago Sul e Lago Norte. O professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo afirma que os pedidos das entidades foram desconsiderados pela gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), a qual estaria cometendo “crimes” contra a cidade.


Segundo Flósculo, o projeto traz riscos para a sustentabilidade do Distrito Federal, uma vez que permite o aumento da quantidade de metros construídos em lotes sem apontar de onde sairá a água e a energia para abastecer as novas construções. “Na proposta, o governo cria espaços privados dentro de áreas públicas, loteando hospitais, como o de Samambaia”, criticou. Ele também reclama da permissão de criação de prédios no Lago Sul e no Lago Norte.
A proposta de uma nova Luos tem se arrastado há pelo menos dois governos. Durante mais de três anos, a atual gestão debateu as mudanças com a sociedade. Ainda assim, um grupo de moradores e entidades foi à Justiça, pedindo para o projeto de lei (PL) não avançar. Em agosto, o pleno do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concluiu que não havia irregularidades no processo e manteve a tramitação.

Correções
Há 15 dias, o projeto da Luos foi parcialmente retirado da Câmara Legislativa para correções no texto, mas deve voltar à pauta da Casa ainda nesta semana. Segundo o presidente da CLDF, Joe Valle, foram feitas diversas audiências a fim de discutir o PL, e a apreciação pelo plenário dependerá da decisão dos deputados. “Não darei nenhuma decisão monocrática. Sempre consulto os líderes, e dessa vez não será diferente. O que queremos é que haja consenso para levar à votação”, afirmou.
O secretário de Gestão do Território e Habitação, Thiago de Andrade, acredita que há boa vontade dos distritais para votar a matéria e rebate as entidades sobre não terem sido atendidas pelo governo. “Não é da metodologia da Luos destinar área para isso ou para aquilo. O grande câncer do Distrito Federal é o engessamento e precisamos analisar caso a caso. A Luos não cria e não dá permissão de espaços públicos para ninguém. Não tiramos rua dali ou daqui”, afirmou.
O chefe da pasta diz ainda haver grandes áreas no Lago Norte, por exemplo, que são privadas, mas que atualmente estão vazias. A definição delas está prevista para o uso. Outro ponto rebatido por Thiago Andrade é a construção de comércio em áreas de preservação ambiental. Segundo ele, a região do Lago Norte teve pelo menos quatro reuniões exclusivas para tratar de demandas dos moradores.

A previsão é que o projeto vá a plenário na última semana do mês de novembro.

Plantio de mudas dá início à recuperação da bacia do Camaquã

Plantio de mudas dá início à recuperação da bacia do Camaquã



05 Novembro 2018   |   0 Comments
Por Douglas Santos

Ação coletiva realizada dia 24 de outubro deu início ao plantio de 2.250 mudas de árvores de espécies nativas da Mata Atlântica no Parque Bento Gonçalves, na cidade de Cristal (RS), na área da aldeia indígena Tavaí, e faz parte dos esforços de restauração da bacia do rio Camaquã. A área total restaurada será de 250 hectares até o fim de dezembro. A Iniciativa faz parte do projeto Conservação e Restauração de Florestas no Bioma da Mata Atlântica, fruto da parceria entre o WWF-Brasil e TANAC/TANAGRO, empresa do ramo florestal.

O evento é resultado de estudos técnicos desenvolvidos na região desde o início da parceria, em 2016, sendo a área selecionada considerada prioritária para ações de conservação ambiental. A identificação só foi possível graças ao envolvimento dos agentes locais e com o apoio dos moradores da região.

Foram utilizados oito critérios técnicos para avaliar e identificar os locais prioritários para a restauração. “Houve uma convergência de dados de risco apontando para o restauro no Parque Bento Gonçalves. O local tem importante valor ecológico pois atua diretamente no equilíbrio ambiental do Rio Grande do Sul, protegendo nascentes de rios e servindo de abrigo para diversas espécies. Por isso, o evento foi emblemático ao unir toda a comunidade dentro de uma aldeia indígena”, comenta Diogo Versari, consultor do WWF-Brasil.

O evento contou com a presença de mais de 90 pessoas, como a prefeita da cidade de Cristal, membros do Comitê da Bacia do Rio Camaquã, extensionistas da EMATER-RS (Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural), mais de 60 estudantes de escolas agrícolas da região, além de representante do WWF-Brasil e TANAC/TANAGRO.

A parceria firmada entre a TANAC/TANAGRO e o WWF-Brasil realizou um processo de mapeamento de áreas prioritárias de conservação da Mata Atlântica presentes em 5 cidades da metade sul do Rio Grande do Sul. A partir dos estudos realizados, foram diagnosticadas oportunidades para o desenvolvimento de ações, que incluem compartilhamento de boas práticas, atividades de conservação e educação ambiental voltadas para os moradores da região.

 

Valor Econômico – Rio Energy aposta em projetos eólicos 'híbridos'

MEIO AMBIENTE E ENERGIA



Por Camila Maia | De São Paulo

A Rio Energy, veículo de investimento em geração renovável no Brasil da gestora americana Denham Capital, aposta em projetos de geração de energia que combinem contratos no mercado livre e no mercado regulado (das distribuidoras) para crescer no país. Em entrevista ao Valor, o diretor financeiro e de novos negócios da companhia, Roberto Colindres, contou que está estudando as melhores opções de financiamento para esses empreendimentos.

No leilão de geração de agosto, a companhia vendeu um projeto eólico cuja metade da garantia física será destinada ao mercado livre. Para fazer a gestão desses contratos, a Rio Energy está em contato com comercializadoras, ao mesmo tempo em que está criando uma área nova dentro da empresa para atuar nesse segmento. Ainda não está definido se terão uma comercializadora própria ou atuarão por meio de terceiros, contou Colindres.

"O mercado inteiro de renováveis está cada vez mais olhando para soluções diferentes para contratação de projetos", disse Colindres.

Até pouco tempo atrás, os novos projetos de geração eram todos atrelados a contratos de venda de energia (PPAs, na sigla em inglês) de longo prazo no mercado regulado, por meio de leilões. Desde que houve um período sem leilões, os empreendedores passaram a fechar contratos com "mix" de regulado e livre. É o caso da Rio Energy.

Para viabilizar os projetos, as empresas precisam ser criativas na obtenção de financiamento. A Rio Energy avalia as opções "clássicas", que envolvem suporte do BNDES e do Banco do Nordeste (BNB), financiadores tradicionais do segmento de energia eólica. "Estamos inclusive testando com o BNB a possibilidade dessa estrutura híbrida de regulado com livre, deixando uma parte pequena da garantia física descontratada", disse.

Segundo o diretor da Rio Energy, o BNDES está aberto a trabalhar também com mercado livre por entender que é nessa direção que o setor caminha. "Mas podemos precisar de garantias diferentes, termos diferentes, índice de cobertura diferente para mercado livre e etc", disse Colindres.

A emissão de dívida voltada para esses projetos híbridos ainda não foi testada pela companhia, que só vendeu dívida para projetos 100% no mercado regulado. "Mas acho que também vai nessa direção, cada vez mais temos investidores de debêntures incentivadas mais sofisticados e que entendem os riscos", afirmou, completando ver espaço para emissões para "projetos bem estruturados."

"Eu acredito que daqui um ano e meio começaremos a ver mais empreendedores testando o mercado para debêntures com essa estrutura híbrida que incorpora também o mercado livre", disse.

A percepção de risco ainda é diferente, porque as contrapartes (compradores da energia) não são as distribuidoras de energia, que têm um risco de inadimplência consideravelmente baixo.

Um ponto favorável para os financiamentos desses projetos, segundo Colindres, é o fato de que as geradoras estão conseguindo cada vez mais firmar contratos de prazos mais longos de venda de energia no mercado livre. "Estamos começando a ver contratos que podem chegar a 15, 18 anos, mas isso ainda é algo atípico no mercado. Em geral, são contratos de dois a oito anos", disse.

No caso da Rio Energy, a estratégia de comercialização dessa energia ainda não foi definida. "Estamos vendo várias soluções em paralelo, não temos uma fechada neste momento. Realmente, trabalhar no mercado livre abre um grande leque de alternativas."

Uma das ideias é encontrar um consumidor apenas que compre toda a energia disponível no longo prazo por meio de um contrato bilateral. "Vemos que esse movimento exige muito mais sofisticação do lado do empreendedor. Pode ter mais riscos, mas também gera mais oportunidades", afirmou.

Valor Econômico – Após três anos da tragédia, volta da Samarco deve ocorrer só em 2020


Por Marcos de Moura e Souza | Belo Horizonte
Avener Prado/Folhapress

Ao completar três anos parada, após a tragédia que matou 19 pessoas em Minas Gerais no dia 5 de novembro de 2015, a Samarco espera concluir em meados de 2019 uma nova estrutura crucial para a retomada de suas atividades. A estrutura é uma cava onde será depositado o rejeito de minério de ferro da futura produção.

As obras começaram há um mês no complexo da empresa nos municípios de Mariana e Ouro Preto e a previsão é que sejam entregues em julho. A direção da Samarco não divulga quando será possível voltar a operar, mas espera obter as licenças restantes ao longo de 2019. Vale e BHP Billiton, controladoras da Samarco, acreditam que a retomada ocorrerá em 2020.

Há três anos a Barragem de Fundão, que continha cerca 55 milhões de metros cúbicos de lama e rejeito, desmoronou. A barragem ficava na zona rural de Mariana. Um tsunami de 32,6 milhões de metros cúbicos cobriu casas, sítios, estradas e rios. O vilarejo de Bento Rodrigues, em Mariana, foi o mais atingido e até hoje é possível ver os estragos. Além das 19 mortes, a Samarco foi responsável por danos ambientais em toda a bacia do Rio Doce, até o Espírito Santo.

Sem atividade e sem receita, a companhia demitiu boa parte dos funcionários, causando impacto na economia de Mariana e de Minas Gerais. Samarco, Vale e BHP passaram os últimos três anos às voltas com discussões e acordos com o Ministério Público de Minas e do Espírito Santo e com o Ministério Público Federal em Minas.

O processo de reativação depende atualmente de duas frentes: uma é a construção da nova cava para que a empresa deposite o rejeito. Esse local, substituto de Fundão, é a Cava Alegria Sul, em obras de adaptação. A cava terá capacidade para armazenar 16 milhões de metros cúbicos de rejeito.

O projeto é orçado em R$ 255 milhões. Segundo a assessoria da empresa, a retomada será feita em três fases. Na primeira, ela vai operar com 26% de sua capacidade.

Além da cava, a companhia depende dos licenciamentos. Em dezembro de 2017, autoridades ambientais de Minas liberaram o início às obras da cava. Mas as empresas optaram por aguardar a assinatura de um termo com o MP estadual para tocar os trabalhos.

Esse acordo, que prevê uma auditoria independente encarregada de acompanhar as obras, foi assinado no fim de setembro. Com as obras prontas, a Samarco espera obter a licença definitiva, que permitirá o uso da cava. Mas há ainda outra licença, a Licença Operacional Corretiva, que valerá para todo o complexo da Samarco. Esse pedido de licença está tramitando na Secretaria de Meio Ambiente de Minas.

Para as famílias atingidas, a expectativa maior é em relação às indenizações. A Fundação Renova, instituição custeada pela Vale e BHP e responsável pelas medidas de compensação, recuperação e indenização, informa que até agora foram destinados R$ 4,5 bilhões para ações em 44 municípios.

Entre essas ações, o pagamento de R$ 1,2 bilhão em indenizações e auxílios financeiros a mais de 7 mil famílias e R$ 500 milhões em investimento em redes de esgoto na região afetada. Em outubro, a Renova afirmou que o ciclo de indenizações nessas cidades ainda não se encerrou e que mais recursos serão pagos.

Expedição no Amapá produz dados importantes sobre os botos




05 Novembro 2018   |   1 Comment
Por Instituto Mamirauá e WWF-Brasil

Um ambiente complexo, ainda pouco estudado e extremamente desafiador. Esse foi o cenário encontrado pelos pesquisadores que foram ao norte do Amapá estudar os botos do rio Cassiporé, no município de Oiapoque, entre os dias 15 e 25 de outubro. Apesar das quase 20 pessoas envolvidas na pesquisa, que reuniu moradores de Vila Velha do Cassiporé, pesquisadores e especialistas de diversas instituições, nenhum boto foi capturado.

O projeto é uma iniciativa da SARDI (South American River Dolphin Initiative), rede sob a coordenação do WWF-Brasil que reúne pesquisadores de Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Brasil em torno do estudo dos botos sul-americanos. Além do WWF-Brasil, a expedição envolveu o Instituto Mamirauá, a Universidade de São Paulo (USP) e contou com a participação e o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Tendo Vila Velha, a 800 km de Macapá, como base de operações, o objetivo da pesquisa era instalar ‘tags’ satelitais - rastreadores via satélite – e coletar amostras para entender os deslocamentos e estudar a saúde desses animais no Parque Nacional (Parna) do Cabo Orange, unidade de conservação cortada pelo rio Cassiporé.

O parque tem a particularidade de reunir a floresta amazônica ao oceano. “É onde a Amazônia encontra o mar. Temos esse manguezal maravilhoso, uma das últimas faixas contínuas de mangues do planeta, em uma linha de costa com pouca presença humana, o que o mantém em ótimo estado. ”, explica Ricardo Pires, chefe do Parna do Cabo Orange.

Entretanto, as condições encontradas pela equipe inviabilizaram o trabalho de ‘tagueamento’. Por influência do mar, o nível da água no rio chega a variar quatro metros diariamente em alguns pontos. Uma pororoca – onda que ocorre quando a maré sobe e a água do mar invade o rio, percorrendo quilômetros de seu leito – marca a transição entre vazante, quando o curso do Cassiporé desce rumo ao oceano, abaixando o nível da água, e enchente, quando ele sobe em direção à nascente, aumentando o volume de seu leito.

“Estamos acostumados a grandes variações no nível da água, de até 11 metros, mas de forma lenta. Meses com a água alta e meses com ela baixa. Aqui, nós temos a influência da maré. O oceano entra com muita intensidade, duas vezes por dia. E há correntes muito fortes, tanto entrando quanto saindo. Lidar com as redes foi bastante desafiador. ”, Miriam Marmontel, pesquisadora do Instituto Mamirauá que há mais de 30 anos estuda mamíferos aquáticos.

Pedras, galhos e muita lama
Além do desafio para se adaptar às alterações na água, a equipe, com a experiência somada de centenas de capturas em condições mais favoráveis, encontrou uma enorme dificuldade para manipular as redes que cercariam os animais. Mesmo com o auxílio de pescadores contratados para o estudo, o trabalho foi dificultado pela grande quantidade de galhos boiando e pedras no fundo irregular do rio. Além da lama, que chegava a preencher boa parte do rio, a pororoca trazia consigo muita ‘sujeira’ para a água.

Para o cerco, encurralavam-se os botos entre duas redes, inicialmente distantes, e reduzia-se seu espaço gradativamente, com a colocação de uma terceira. Por diversas vezes, os botos foram confinados, mas em todas as tentativas de finalmente pegá-los, a rede inevitavelmente se prendia em diversos objetos e abria espaços para que os animais passassem. Um filhote chegou a ser capturado, mas foi imediatamente libertado por ser ainda muito sensível aos processos necessários para o estudo.

Também se notou que os botos, extremamente inteligentes, rapidamente entenderam a estratégia da equipe, evitando cada vez mais o cerco. Na última tentativa, realizada no dia 23, uma das redes rompeu-se, em função da quantidade de galhos presos a ela e da intensidade da corrente. Preocupados com a segurança dos animais e das pessoas, cansadas após uma semana intensa de trabalho, foi decidido cancelar as atividades do último dia (24) para se discutir novas estratégias para uma próxima expedição.

Raimundo Benedito Almeida Miranda, agricultor e morador de Vila Velha que pilota barcos para o ICMBio desde 1993, participante da pesquisa, afirma que já suspeitava que seria difícil lidar com o Cassiporé. “O rio corre muito e o fundo é muito acidentado, tem muito buraco e pau. Sabíamos que não ia ser fácil“, conta.

“Foi um longo processo de aprendizado, tanto para nós, quanto para os pescadores, que nunca haviam capturado botos. Eles tiveram que aprender como manejar a rede e nos ensinar como o rio funciona. ”, revela Miriam.

A expectativa pelo ‘tagueamento’ continua
Uma das dificuldades com as quais os pesquisadores se depararam foi decifrar a rotina dos animais. Os pescadores e moradores da Vila tinham ideias diversas sobre o comportamento dos botos. Alguns afirmavam que eles subiam o Cassiporé com a pororoca; que se alimentavam à noite em uma parte mais rasa do rio; que podiam ser encontrados próximos ao mar; que não ultrapassariam a região mais rasa, próxima à Cachoeira do Cassiporé; que haveria de 50 a 100 animais no rio. As histórias variavam, nem sempre concordavam entre si e nem sempre correspondiam à realidade encontrada. Em alguns dias, os relatos ajudavam, em outros, era difícil encontrar um boto.

Entre as razões que motivaram a pesquisa no Amapá está o fato de o rio Cassiporé representar o limite a nordeste da distribuição geográfica do boto rosa, ou seja, o último local onde a espécie pode ser encontrada nesse canto da Amazônia. Considera-se também a possibilidade d o uso de uma faixa fluvio-marinha por essa população. A instalação dos ‘tags’ satelitais ajudará a esclarecer a movimentação dos botos do Parque Nacional do Cabo Orange.

Todos esses desafios observados servem como aprendizado para uma futura expedição, com equipamentos mais apropriados, para finalmente compreender a biologia dos botos do Cassiporé e sua relação com o mar.

“Agora vamos digerir tudo o que vimos e sentimos, elaborar todas essas hipóteses que temos pensado, dividir isso com os parceiros da SARDI e tomar uma decisão em conjunto para voltar preparados para aquela condição de captura. Temos plena consciência de que, melhorando os equipamentos e com mais tempo, as chances de sucesso são bem maiores. E aí a gente começa a entender, de fato, o que acontece com aquela população”, afirma Marcelo Oliveira, especialista em conservação do WWF-Brasil.   
© WWF-Brasil/ André Dib Enlarge
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Relatório da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos é apresentado na Câmara

Relatório da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos é apresentado na Câmara



07 Novembro 2018   |  
 
 
Seminário contou com a presença de parlamentares, pesquisadores e representantes da sociedade civil e discutiu o texto do PL 6670/2016

Por Bruno Taitson

O Brasil pode ganhar, ainda este ano uma Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara). A proposição está em análise por uma comissão especial na Câmara, presidida pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e sob relatoria do deputado Nilto Tatto (PT-SP). Nesta terça (6/11), foi realizado um seminário na Câmara dos Deputados para a apresentação e discussão do relatório pela sociedade. Participaram do evento, além de parlamentares, pesquisadores, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, juristas e estudantes.

A proposta estabelece uma série de mecanismos que estimulam alternativas ao modelo de uso intensivo de agrotóxicos, como a agricultura orgânica e a agroecologia. Também prevê instrumentos mais rigorosos de controle da aplicação e do registro de defensivos agrícolas, buscando ampliar as proteções ao meio ambiente e à saúde da população. “Defendemos uma transição agroecológica, que inclui, por exemplo, incentivos aos bioinsumos”, exemplificou Nilto Tatto.

O relator afirmou que o texto ainda está aberto a contribuições por parte da sociedade civil organizada, bem como por parlamentares que integram a comissão que analisa o projeto. A ideia, de acordo com Nilto Tatto, é criar um arcabouço legal que contribua para a segurança alimentar do povo brasileiro e para o protagonismo do Brasil na agricultura mundial. “Sabemos que não se reconstrói e nem se remodela o sistema agrícola do dia para a noite, estamos diante de um importante desafio”, afirmou o parlamentar.

Segundo Vinícius Pereira, analista de conservação do WWF-Brasil, a discussão da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos é uma oportunidade fundamental para a sociedade brasileira definir os rumos de uma importante lei. “A Pnara representa uma legislação clara, que promove saúde, segurança alimentar e, principalmente, que dá aos brasileiros a oportunidade de ter comida de verdade na mesa, sem veneno”, opinou.

Vinícius Pereira apresentou, no seminário, uma série de comunidades – apoiadas pelo WWF-Brasil – que conseguem gerar emprego, renda e alimentos saudáveis a partir da produção agroflorestal. “O Brasil assumiu metas internacionais de restaurar 12 milhões de hectares de terras degradadas. A agrofloresta é uma excelente alternativa também para essa restauração”, acrescentou. 

A pesquisadora Ada Cristina Pontes Aguiar, da Universidade Federal do Cariri, citou estudos que apontam uma clara relação entre a exposição a pesticidas e intoxicações agudas, aumentos de casos de câncer, alzheimer, parkinson, esclerose lateral amiotrófica, asma, bronquite, inferitilidade, déficits de atenção e hiperatividade, autismo, diabetes, malformações fetais e obesidade. “O atual modelo produtivo é adoecedor, precisamos reconhecer os agrotóxicos como grave problema de saúde pública”, analisou a docente.

Francisco Dal Chiavon, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), lembrou que os assentados do movimento, no Rio Grande do Sul, produziram na última safra 500 mil sacas de arroz orgânico. “Não se pode dizer que agroecologia é atraso e só produz em pequena escala. Atraso é tudo aquilo que leva a humanidade ao envenenamento e à autodestruição”, afirmou.

Elias Borges, secretário de política agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), defendeu a aprovação da Pnara. “É preciso haver investimento em pesquisa e estudos para produção sustentável, agroecológica, bem como assistência técnica adequada ao produtor rural e o texto prevê esses e outros pontos fundamentais para a transição agroecológica no país”, avaliou.

Também participaram do seminário representantes da Defensoria Pública da União, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (DSAST), Greenpeace, Human Rights Watch, Ministério Público Federal do Amazonas, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e outros parlamentares que integram a Comissão Especial do PL 6670/2016.

Cérebro de verme para estacionar carro--Inteligência artificial estaciona carro usando 12 neurônios

Inteligência artificial estaciona carro usando 12 neurônios

Inteligência artificial estaciona carro usando 12 neurônios
O robô estaciona sozinho usando apenas 12 neurônios de uma lombriga simulados em computador. [Imagem: Mathias Lechner et al. (2018)]
Cérebro de verme para estacionar carro
Pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, e do MIT, nos EUA, criaram uma nova abordagem para programar as redes neurais usadas nos sistemas de inteligência artificial usando a evolução temporal dos sinais nervosos nos neurônios de uma maneira completamente diferente.
Mathias Lechner e seus colegas se inspiraram em uma criatura particularmente simples e muito usada pelos cientistas em pesquisas de neurociências, o verme C. elegans. Circuitos neurais do sistema nervoso da lombriga foram simulados em computador e, em seguida, o modelo foi adaptado com algoritmos de aprendizado de máquina.
Desta forma, foi possível resolver tarefas complexas com um número extremamente pequeno de neurônios simulados - por exemplo, estacionar um carro.
Embora a rede inspirada no verme consista de apenas 12 neurônios, ela foi treinada para direcionar um robô móvel para um determinado local, fazendo-o estacionar seguindo os mesmos princípios de uma baliza feita com um carro.
Outra vantagem é que, pela sua simplicidade, a dinâmica interna da rede neural pode ser razoavelmente compreendida - ao contrário das redes neurais artificiais comuns, que são frequentemente consideradas como uma útil "caixa preta" inescrutável porque usam milhões de nós de rede.
Inteligência artificial estaciona carro usando 12 neurônios
A rede neural recorrente é mais simples de compreender porque é formada por poucos nós. [Imagem: Mathias Lechner et al. (2018)]
Rede neural recorrente
A equipe criou um novo tipo de rede neural recorrente (RNR), uma arquitetura baseada em um modelo biofísico de neurônios e sinapses que permite dinâmicas variáveis no tempo.
"Em um modelo RNR padrão, há uma ligação constante entre o neurônio um e o neurônio dois, definindo o quão fortemente a atividade do neurônio um influencia a atividade do neurônio dois. Em nossa nova arquitetura RNR, esse link é uma função não-linear do tempo.
"A saída da rede neural, que na natureza pode controlar o movimento dos vermes nematoides, é usada no nosso caso para guiar e acelerar um veículo. Demonstramos teórica e experimentalmente que nossas novas redes neurais podem resolver tarefas complexas na vida real e em ambientes físicos simulados," explicou o pesquisador Ramin Hasani.
É claro que isso não significa que os carros serão estacionados por vermes artificiais no futuro, mas mostra que a inteligência artificial com uma arquitetura mais cerebral pode ser muito mais poderosa do que se pensava.
Bibliografia:

Neuronal Circuit Policies
Mathias Lechner, Ramin M. Hasani, Radu Grosu
arXiv
https://arxiv.org/abs/1803.08554

Programa Cidades Inovadoras: R$ 1 bilhão para inovação em municípios

Programa Cidades Inovadoras: R$ 1 bilhão para inovação em municípios

Cidades Inovadoras
O governo federal disponibilizará para
O financiamento de projetos de inovação visando ao desenvolvimento das cidades brasileiras receberá um aporte de R$ 1 bilhão por meio do programa Cidades Inovadoras.
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o programa tem o objetivo de descentralizar, por meio de parceria com bancos de desenvolvimento, agências de fomento e outras instituições financeiras, os financiamentos de atividades de inovação e, dessa forma, expandir a atuação da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep).
Quatro setores receberão apoio de forma prioritária: saneamento e recursos hídricos (tratamento, compostagem, aproveitamento de água de chuva); mobilidade urbana (sistemas de transporte e circulação visando à eficiência e redução de emissões); eficiência energética; e energias renováveis (tecnologias e sistemas para energias fotovoltaica, eólica e de biomassa).
O foco do programa serão os agentes financeiros, que repassarão os recursos a prefeituras, governos estaduais e empresas de economia mista ou empresas privadas interessadas em desenvolver projetos de inovação que beneficiem suas áreas de influência, seja local ou regional.
Investimento em inovação
O presidente da Finep, Ronaldo Camargo, explicou que o financiamento de infraestruturas em geral é feito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que à Finep cabe financiar projetos que tragam inovação a essas infraestruturas e aos serviços fornecidos por elas.
"O que a Finep faz é inovação", disse ele. "Por exemplo, há um projeto no Pará que busca controlar a perda de água. Com uma tecnologia inovadora será possível reduzir em 50% a água perdida. É esse tipo de projeto que a Finep tem condições de financiar."
"São recursos grandes [volumosos], com baixo custo e carência de 2 a 5 anos, para serem pagos em um prazo que vai de 8 a 10 anos. O importante é que esse dinheiro estará disponível já no início da operação", detalhou Camargo.
Ele disse que financiamentos desse tipo levavam até mais de 300 dias para ser aprovados. "Agora durará entre 90 e 120 dias," informou. A perspectiva da Finep é de que, no primeiro ano, sejam apresentados entre 200 e 300 projetos para análise.