Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
O governo usou todas as armas para barrar os trabalhos da CPI da Petrobras nesta terça-feira. Inicialmente, a base aliada esvaziou a primeira parte da reunião, na qual seriam votados os requerimentos de convocação de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.
Depois, os parlamentares assistiram ao depoimento de uma testemunha que nada tinha a dizer e que havia sido convocada a pedido do PT: o gerente de contratos da empresa, Edmar Figueiredo. Por fim, quando o quórum estava completo e a oposição se preparava para a abertura de uma reunião extraordinária na qual seriam votados requerimentos de convocação de petistas, a Ordem do Dia do Senado teve início surpreendentemente cedo e o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou os trabalhos de forma incomum – a oposição pedia que a sessão fosse apenas suspensa, o que tornaria possível a votação dos requerimentos ainda nesta terça-feira.
O governo usou todas as armas para barrar os trabalhos da CPI da Petrobras nesta terça-feira. Inicialmente, a base aliada esvaziou a primeira parte da reunião, na qual seriam votados os requerimentos de convocação de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal.
Depois, os parlamentares assistiram ao depoimento de uma testemunha que nada tinha a dizer e que havia sido convocada a pedido do PT: o gerente de contratos da empresa, Edmar Figueiredo. Por fim, quando o quórum estava completo e a oposição se preparava para a abertura de uma reunião extraordinária na qual seriam votados requerimentos de convocação de petistas, a Ordem do Dia do Senado teve início surpreendentemente cedo e o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou os trabalhos de forma incomum – a oposição pedia que a sessão fosse apenas suspensa, o que tornaria possível a votação dos requerimentos ainda nesta terça-feira.
A
articulação governista ficou clara desde o início dos trabalhos. A
programação era a de que a reunião seria aberta com a votação de
requerimentos, e que depois os parlamentares ouviriam Edmar Figueiredo.
Mas os aliados esvaziaram o quórum para impedir as deliberações. Não
havia parlamentares do PT – à exceção de Afonso Florence (PT-BA),
encarregado de fazer as perguntas ao depoente do dia por conta da
ausência do relator Marco Maia (PT-RS). Por causa do baixo quórum, o
presidente da CPI deu início à oitiva de Figueiredo.
A oposição
criticou a manobra e o deputado Enio Bacci (PDT-RS) fez uma revelação:
ele contou ter recebido “sete ou oito” pedidos de integrantes de seu
partido e de outros parlamentares governistas para que não comparecesse à
CPI – com a ameaça de que seria destituído de seu lugar na comissão. “É
revoltante a forma como isso ocorreu. Em vinte anos, é a primeira vez
em que houve uma pressão tão escancarada para que eu não comparecesse a
uma CPI”, disse ele. O deputado não quis dar os nomes dos seus
interlocutores: “Quem fez essa pressão não fez por vontade própria, mas
vez pressionado por forças maiores, que são as forças do governo”,
afirmou.
Depoimento vazio
O depoimento de Edmar Figueiredo não trouxe qualquer novidade. Ele reconheceu que está apenas na quarta linha decisória da estatal e afirmou que não poderia responder a qualquer pergunta sobre as denúncias envolvendo a SBM Offshore, que é investigada por pagar propina a funcionários da Petrobras.
O depoimento de Edmar Figueiredo não trouxe qualquer novidade. Ele reconheceu que está apenas na quarta linha decisória da estatal e afirmou que não poderia responder a qualquer pergunta sobre as denúncias envolvendo a SBM Offshore, que é investigada por pagar propina a funcionários da Petrobras.
“O nobre
depoente não consta no organograma da Petrobras. É óbvio que não sabe de
nada e veio aqui cumprir tabela”, disse o deputado Onyx Lorenzoni
(DEM-RS). Após a morosa e improdutiva sequência de perguntas de Afonso
Florence, a oposição anunciou que abriria mão de indagar Edmar
Figueiredo e, já que o quórum havia sido formado, cobrou a abertura de
uma sessão extraordinária – o que o regimento permite. O deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP) pretendia que a CPI votasse a convocação do
tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, da senadora Gleisi Hoffmann e do
ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Os três são citados pelo
doleiro Alberto Yousseff como beneficiários do esquema de desvios na
estatal.
Encerramento
A possibilidade de uma sessão extraordinária passou a ficar distante quando o plenário do Senado deu início à ordem do dia. O líder do governo, Humberto Costa (PT-PE), chegou à CPI e informou a Vital que a chamada para votação em plenário havia se iniciado. O peemedebista encerrou os trabalhos da CPI sem ouvir os oposicionistas, que pediam uma simples suspensão da sessão. Isso permitiria a retomada da reunião ainda nesta terça-feira.
A possibilidade de uma sessão extraordinária passou a ficar distante quando o plenário do Senado deu início à ordem do dia. O líder do governo, Humberto Costa (PT-PE), chegou à CPI e informou a Vital que a chamada para votação em plenário havia se iniciado. O peemedebista encerrou os trabalhos da CPI sem ouvir os oposicionistas, que pediam uma simples suspensão da sessão. Isso permitiria a retomada da reunião ainda nesta terça-feira.
Vital, que
é cotado para um cargo no Tribunal de Contas da União, deixou a sala
rapidamente e apresentou uma explicação confusa quando interpelado pela
imprensa: “A mim não podem imaginar que está ou não com manobra.
Eu tenho é
que conduzir os trabalhos e eu conduzo com a extrema rigidez do
regimento interno”. O peemedebista deixou o local quando três deputados
oposicionistas se aproximaram para protestar.
“Não pode
fugir, não, tem que responder sobre esta farsa montada pelo senador
Vital do Rêgo e pela base do governo”, dizia Rubens Bueno (PPS-PR). “Ele
lamentavelmente abriu mão de uma biografia positiva para servir ao
governo numa manobra menor”, afirmou Lorenzoni.
A próxima
reunião da CPI será na terça-feira. A oposição promete brigar para
aprovar novas convocações apesar do prazo exíguo. A comissão vai
funcionar até o dia 22 de dezembro. Com a troca na legislatura, será
preciso abrir outra CPI para continuar as investigações a partir de
2015.