Publicado em janeiro 11, 2016 por
Redação
“É então este o triste destino que nos espera?”, questiona
Carlo Petrini, chef italiano e fundador do movimento Slow Food, em artigo publicado por
Il Manifesto, 31-12.2015. A tradução é de
Ivan Pedro Lazzarotto.
Eis o artigo.
Como está a saúde do planeta? Essa pergunta certamente não é fácil de
responder, acima de tudo porque depende de uma infinidade de aspectos e
fatores que não são simples de se avaliar sob um mesmo ponto de vista.
Questionar-se sobre qual é a qualidade no nosso lar comum, todavia, não é
somente um dever como habitantes, mas uma necessidade cada vez mais
urgente dado que, evidentemente, do estado em que se encontra nosso
planeta dependem todas as nossas possibilidades de sobrevivência como
espécie humana.
Talvez aqui esteja o primeiro ponto de reflexão: o que
está em risco, devido às
mudanças climáticas, a
destruição dos recursos naturais, a utilização desenfreada do ambiente
para fins produtivos e erosão dos frágeis habitats devido à pressão
demográfica, não é o planeta e sim o futuro da
espécie humana.
A própria convicção de que 7 bilhões de pessoas podem colocar fim na
vida de um planeta que tem 5 bilhões de anos é, de fato, no mínimo um
pouco excêntrica, se não verdadeiramente megalomaníaca. E é a mesma
premissa cultural que faz com que a relação que temos com a Terra seja
tão predatória e de dominação ao invés que de equilíbrio e adaptação.
Ao contrário, a realidade é bem diferente porque é possível que
outras espécies no planeta tomem o lugar daquelas que estamos destruindo
com nossas produções aceleradas, os
recursos naturais
se reconstituirão quando nós não seremos mais capazes de destruí-los,
mas neste meio tempo, esperamos que não, a única coisa que será perdida
verdadeiramente é a espécie humana, com toda a sua potência produtiva e
toda a sua gloriosa civilidade.
É então este o triste destino que nos espera? Acho que não, porque
estou convicto de que a nossa inteligência, a nossa capacidade de
cooperar e o nosso espírito de sobrevivência farão com que saibamos
retomar o contato com a realidade e inverter este processo
autodestrutivo que se enraíza nas revoluções industriais e que no último
século cresceu de uma forma absurda e sem precedentes.
O ponto é que nós, como sociedade humana, alcançamos de forma
hegemônica um modelo de relações e de interações fundamentado numa
economia capitalista
que identifica falsamente o acúmulo de dinheiro com o progresso, mas
que na verdade gera a concorrência desenfreada, a dominação, a
injustiça, a desigualdade, o desperdício, a destruição, a exploração, a
pobreza. Uma economia que mata, como seguidamente tem dito o
Papa Francisco que deixou claro na
Encíclica Laudato Sì.
Não apenas, mas somos também capazes de concordar que este seja o
modelo “natural”, que não exista outra forma de habitar a casa comum e
de conviver com os nossos semelhantes e com o ambiente que nos abriga.
Por sorte, ao invés, se pode mudar de direção, mas são necessários novos
paradigmas que nos permitam reconstruir a fibra da nossa convivência
sobre novas bases, de cooperação, de auxílio mútuo, de igualdade. É
preciso um caminho comum, onde os países do norte do planeta (que são os
maiores responsáveis pela degradação ambiental e pela exploração
abusiva dos recursos) tenham força e dignidade de assumir a direção para
a
mudança.
Mesmo porque serão as populações e as áreas
do planeta mais frágeis, devido a pobreza ou a instabilidade histórica,
a sofrerem as consequências catastróficas das mudanças climáticas.
Neste percurso de
renovação, a produção de alimentos
pode ser um bom exemplo da força propulsiva que têm os novos
comportamentos virtuosos.
Hoje, 70% dos recursos hídricos são utilizados
para a agricultura e pecuária, fertilizantes e pesticidas representam
uma fonte relevante de emissão de gases de efeito estufa, a criação de
animais em escala industrial com os dejetos como grandes poluentes dos
lençóis freáticos, para não falar das enormes áreas de terra utilizadas
para a produção de ração animal, desmatando seguidamente áreas verdes e
utilizando culturas geneticamente modificadas que destroem o patrimônio
da biodiversidade.
Ao mesmo tempo, porém, na
produção de alimentos
existem sinais de resgate, de novidade, de cura e de atenção,
exatamente aqueles novos paradigmas, dos quais temos extrema necessidade
e que seguidamente não sabemos onde procurar.
Basta pensar nas experiências dos milhões de
agricultores
que em cada canto do mundo estão andando na direção da conservação dos
recursos naturais, utilizando métodos agrícolas em harmonia com a região
e com as condições ambientais, que não somente não impactem nos
ecossistemas aos quais estão inseridos, mas do contrário, aumentam a
resiliência e durabilidade.
Não somente, mas ao lado destes produtores
existem massas enormes de habitantes das cidades que escolheram
sustentar este esforço, cortando os intermediários e pagando um preço
alto aos produtores, remunerando de forma justa o trabalho pagando
antecipadamente o produto de maneira a não os forçar a contrair
empréstimos desvantajosos, valorizando o trabalho limpo e promovendo o
desenvolvimento.
Este novo mundo já está presente, já está difundido,
funciona e gera dignidade, desenvolvimento e satisfação em todos os
envolvidos.
E ainda, na conferência mundial sobre o clima, na recente
Conferência de Paris
que tinha o objetivo de fixar práticas e objetivos concretos para
conter o aquecimento global abaixo dos 2 graus célsius, o setor da
agricultura tem sido desprezado ao extremo. Como já evidenciado diversas
vezes, no texto extraído das negociações não aparece nenhuma vez os
termos “agricultura”, “biodiversidade” e “cultivo”.
Este é um sinal
ainda mais desencorajador porque exemplifica como não nos damos conta
que, para sair da crise ambiental na qual estamos inseridos, não se pode
não atribuir um papel importante às atividades necessárias para a
sobrevivência de cada ser humano: o ato de se alimentar.
Toda a atenção é voltada aos setores de energia, da indústria, dos
transportes; é fato que se fala também de solo e de segurança alimentar,
mas não se reconhece de forma explícita o papel central da relação
direta entre clima,
cultivo da terra e alimento.
Voltando então a pergunta inicial, provavelmente a reflexão sobre a
saúde do planeta
não pode ser mensurada se não nos questionarmos também qual é o estado
da comunidade humana que o habita. Que mundo queremos deixar para os
nossos filhos, quais ideias de felicidade queremos buscar e como
pensamos em alcança-la?
Eu realmente acredito na nossa capacidade de
mudar, de cooperar e de superar as dificuldades e isso me deixa
otimista. É preciso, porém, continuar a lutar para favorecer a
conscientização
mundial de que o fetiche a competição não é compatível com uma vida
digna e feliz. Neste sentido, 2016 que está por começar será um ano de
mudanças, e estou convencido que será em termos positivos.
(
EcoDebate, 11/01/2016) publicado pela
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[
IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU,
da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo,
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Armando Corvéia
É fantástico que a Republiqueta dependa das vertentes "democráticas" do "eminente" ministro da Firma Toffoli & Telesca Advogados Associados SC foram condenados, no dia 8, pela 2ª Vara Cível do Amapá a devolver R$ 420 mil ao Estado.
A sentença contra Toffoli, o juiz recorreu a expressões como "má-fé", "contrato ilegal" e "imoralidade administrativa".
Toffoli é acusado de "conluio" com o então governador do Amapá, João Capiberibe (PSB), para firmar o contrato ilegal e receber, mensalmente, R$ 35 mil p representar o Estado nos tribunais superiores.
toffoli é tão bonzinho...
Terra
Toffoli disse que “sempre” teve “posição de total independência” ou seja, o menino fica de quatro pra quem ele quiser .
Que piada. Se não fosse Tóffoli a dona Dilma nem teria ganho a última eleição. Somente os antagonistas e o Aécio acreditam que ela ganhou sem fraude nas urnas. E agora acreditam nessa notícia. Ao menos a gente dá risada lendo notícias como essa.
patricia batista
Fico enfastiada com os papéis que esta turma poderosa desempenha no cenário político/econômico/social.
E o pior é que não vejo uma liderança séria e consistente se opor a tudo isso.
Quanta lambança!