Brasil é o terceiro entre os grandes emissores de gases de efeito estufa
e maiores economias do mundo a ratificar o documento, mas as metas
ainda são insuficientes.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
O Acordo de Paris, documento da ONU que pretende barrar o aquecimento
global, agora é lei no Brasil. Nesta segunda-feira (12 de setembro), foi
ratificado o texto, que é fruto da COP 21 e já havia sido aprovado em
tempo recorde pelo Congresso Nacional Brasileiro.
O documento prevê que países do mundo todo se comprometam em evitar as
emissões de gases que agravam o efeito estufa. A meta é não deixar que o
aquecimento da Terra chegue perto 2 °C – e que, preferencialmente, nem
chegue aos 1,5 °C. Superar esse 1,5 °C significaria trazer riscos graves
para as populações e para a biodiversidade do planeta. E o Brasil,
agora, começa a fazer a sua parte.
China e Estados Unidos já haviam ratificado o Acordo no começo do mês. O
acontecimento era esperado com ansiedade, afinal, são justamente os
dois maiores emissores, com 20% e 18% do total global anual,
respectivamente.
Com a atitude, o Brasil se torna o terceiro entre os dez maiores
emissores e as dez maiores economias do mundo a se comprometer de forma
definitiva com o documento criado na COP 21. Somos o sexto país que mais
emite gases de efeito estufa no mundo – responsáveis por cerca de 2,5%
do total anual de emissões.
“Há muito tempo o país não apresenta iniciativas concretas de liderança
na discussão de clima. Esperamos que a ratificação do Acordo de Paris
seja sinal de novos tempos. E que inspire o novo governo a assumir o
protagonismo neste assunto também na prática, não só no papel”, diz
Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.
Apesar de ser importante, a validação do documento não é suficiente para
garantir que o Brasil realmente faça um bom trabalho pelo planeta,
afinal não basta ter leis se elas não são cumpridas. Os compromissos
firmados ainda são frágeis. Na meta para o setor de energia, o objetivo
do governo é ter até 2030 entre 28% e 33% de fontes renováveis, além da
hídrica, na matriz energética – só que hoje, já estamos em um patamar de
28%.
“O Brasil assumiu compromissos sob o Acordo de Paris que podem soar
positivos frente ao deserto de ações sobre o clima que vemos mundo
afora, mas ainda deixa a desejar. A meta para energias renováveis
praticamente já nasce atingida. E, no que diz respeito a florestas, o
governo diz que tolerará o desmatamento ilegal por mais 14 anos.
Precisamos elevar a ambição com urgência, rumo ao fim dos combustíveis
fósseis e ao desmatamento zero”, afirma Pedro Telles, da Campanha de
Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Enquanto o governo segue com pouca ambição, o Greenpeace Brasil lançou
em agosto o [R]evolução Energética 2016. O estudo mostra que o país tem
plenas condições de chegar a 2050 com 100% de sua matriz energética
baseada em fontes renováveis, sem emissões de gases de efeito estufa. O
documento propõe o caminho alternativo para que possamos dar adeus às
fontes fósseis de energia, e para que os investimentos em fontes
renováveis de verdade sejam a saída para o desenvolvimento e o futuro
limpo do Brasil.
A proposta oficial do país também deixa a desejar na área de florestas.
“O objetivo se limita a alcançar acabar com o desmatamento ilegal na
Amazônia apenas em 2030. Ou seja, o governo pretende tolerar a
destruição ilegal da Amazônia por mais 14 anos, e de outras florestas
por tempo indeterminado”, destaca Telles. Vale lembrar que, nas últimas
semanas, graves e extensas queimadas foram registradas na Amazônia. E
levantamentos indicam que estamos prestes a presenciar a maior e pior
temporada de queimadas e incêndios florestais da história do país.
“A ambição de compromissos nacionais pode ser elevada a qualquer
momento. Para fazer a sua parte, o Brasil precisa se comprometer o
quanto antes com o Desmatamento Zero e com 100% energias renováveis”,
completa Telles.
Fonte: Envolverde