Venezuela 2: PT tenta iniciar um golpe de estado ao lançar rotulagem desonesta e antecipada sobre o PSDB
As evidências começam a aparecer em grande quantidade de que o PT de
fato está usando o mesmo truque contra o PSDB que o partido de Nicolas
Maduro iniciou contra o partido de Henrique Capriles na Venezuela.
Por exemplo, temos o texto
Pedido tucano de recontagem de votos venezueliza a política brasileira, de Eduardo Guimarães, e
A nova direita brasileira lembra cada vez mais a velha direita venezuelana, de Paulo Nogueira.
Observe então, em detalhes, a afirmação deles: “Aécio Neves é como
Henrique Capriles, o PSDB é como o Primeiro Justicia. Logo, o PSDB e
Aécio são tão golpistas como Capriles e o Primeiro Justicia”.
Era disso que eu precisava! Que eles reconhecessem, em público, a tal
equiparação. Assim, finalmente podemos estudar o caso brasileiro para
entender os eventos ocorridos na Venezuela em 2002, quando Chavez venceu
Capriles por 55% a 45%. Após a morte de Chavez, em 2013, seu sucessor
Maduro teve 50,66% dos votos, contra 49,44% de Capriles.
Como se nota, o pedido de recontagem de votos gerou extrema irritação
nos chavistas. Tudo isso enquanto o governo ia destruindo cada vez mais
a liberdade de expressão e devastando a economia do país.
Hoje,
Venezuela já é uma ditadura, onde as eleições são apenas uma fachada
para um governo totalitário e bárbaro que só sobrevive no poder por ter
controlado a mídia. Os chavistas efetivamente deram um golpe de estado,
enquanto Capriles agiu dentro dos parâmetros democráticos o tempo todo.
A coisa fica pior ainda quando vemos, pelas palavras dos próprios
bolivarianos (e eu citei dois exemplos de textos de bolivarianos do
Brasil), que Capriles é exatamente igual a Aécio, e que o Primeiro
Justicia agiu exatamente igual ao PSDB.
Assim, ao estudarmos o
comportamento de Aécio e do PSDB, estudamos também como funcionaram as
falsas acusações de “golpismo” usadas pelos chavistas na Venezuela
contra Capriles. Guimarães e Nogueira, obrigado por facilitarem meu
trabalho!
O que é, então, que os bolivarianos chamam de “golpismo”? Exemplos:
- pedir imprensa livre
- criticar o aparelhamento estatal
- lutar para impedir que o governo crie um quarto poder a partir de coletivos não-eleitos
- evitar que o governo possa meter sua mão boba na Constituição, via assembleia constituinte
- pedir democraticamente auditoria nas eleições, especialmente quando surgem diversas denúncias de eleitores
Na página do Facebook
Queremos oposição de verdade, vemos algo muito coerente e lúcido:
O PT tem a cara-de-pau de acusar o PSDB de golpista por
pedir uma auditoria especial na eleição presidencial, o que não tem nada
de ilegal.
O PT sim age de forma antidemocrática e golpista:
-O PT já tentou varias vezes criar uma nova assembléia constituinte, o
que é na pratica um golpe de estado, pois uma nova constituinte
significa jogar a atual constituição no lixo e começar outra do zero,
sem nenhum dos direitos garantidos.
– O PT se submete à uma organização internacional chamada Foro de São
Paulo. Não é atoa que nos cumprimentos que Dilma recebeu pela vitória,
vindos de outros partidos bolivarianos da América Latina, se falou em
consolidação de uma coisa chamada Pátria Grande. É golpe contra a
soberania nacional.
– O PT já criou dois mega-esquemas de corrupção com o objetivo de
COMPRAR votos de parlamentares do Congresso Nacional -Petrolão e
Mensalão, o que é um golpe contra a democracia.
Golpista e antidemocrático é o Partido dos Trabalhadores!
Corretíssimo!
O que podemos entender é que, no léxico dos bolivarianos, golpistas
são todos aqueles que se opõem às suas tentativas reais de golpe de
estado.
Enfim, o mito de que havia uma elite “golpista” na Venezuela se
desfaz, principalmente depois do reconhecimento público de dois
colunistas bolivarianos (e os demais estão seguindo pelo mesmo caminho)
de que a oposição brasileira é igual a da Venezuela.
Não. Os partidos que estão no poder é que são iguais em seu golpismo.
Mesmo assim, é inacreditável que muita gente não tenha percebido o truque do PT ao rotular o adversário de golpista.
O que o PT tem praticado é guerra política, pura e simplesmente.
Lembremos que política é guerra de posição, na qual o agressor
geralmente prevalece.
Como o PT quer dar um golpe de estado, chama o adversário de “golpista” e “antidemocrático” para tentar
marcar essa posição. Cabe agora, de novo, que o PSDB recupere as posições ocupadas.
Já não vimos isso em toda a eleição?
Aliás, o PSDB fez o pedido de auditoria por pressão das redes
sociais. Agora é essencial que o partido seja pressionado a entrar na
guerra política. É um absurdo total entrar com um pedido desses e não
estar preparado para todas as artimanhas golpistas que o PT tentaria em
seguida.
Nunca, nunca, nunca (sob hipótese alguma) pensem apenas nos
argumentos quando tratarem questões políticas, especialmente diante de
um partido especialista em guerra política como o PT.
Algumas pessoas tem afirmado o seguinte: “se eles [do PT] não
tivessem nada a temer, não estariam tão incomodados”. É uma constatação
lógica, mas ainda não se converteu em um míssil teleguiado.
É preciso
urgentemente começar a entender como funciona a comunicação petista.
Ela não é só baseada em argumentação (no caso deles, péssimos), mas principalmente em conquista de posições.
Como vimos antes, o jogo que eles estão tentando fazer sobre o PSDB é
exatamente o mesmo jogo que Maduro fez contra Capriles, chamando-o de
“golpista”
de forma antecipada para justificar atrocidades e reduzir o potencial de
percepção do povo sobre suas próprias atitudes totalitárias futuras.
Ou seja, enquanto o pessoal do lado de cá está pensando ainda com
foco na argumentação, o pessoal do lado de lá está planejando uma
conquista totalitária de poder. A linguagem para nós tem sido uma
ferramenta, para eles é uma arma.
Já passou da hora de que nós percebamos isso. Não é possível que o
golpe de Chavez e Maduro na Venezuela não nos tenha ensinado nada…
Muitos me pedem dicas sobre guerra política, achando que existe um
livro dizendo “como fazer”. Bem, estou compilando um material e terei
novidades em breve. Pode ser um curso, um ensaio, uma cartilha online,
etc… Algo vai sair de forma be
m mastigada.
Essencialmente, o
framework que uso vem de diversas fontes,
muitas delas não relacionadas diretamente à política. Algumas fontes vem
da psicologia social e do marketing, por exemplo. O termo “guerra
política” foi definido por David Horowitz, mas ali temos apenas o começo
da coisa.
Sobre “guerra de posição” uma dica é o livro
“Positioning, the Battle for Your Mind”, de Al Ries e Jack Trout, uma obra-prima do marketing.
Vamos repetir para que tudo fique mais didático e internalizado em
nosso conhecimento político: o PT quer reduzir a percepção do eleitorado
em relação às suas tentativas de golpe. O partido encontrou no pedido
de auditoria das eleições do PSDB um pretexto para chamar seus
oponentes de “golpistas” e “antidemocráticos”.
Basicamente, eles estão marcando posição, associando os dois frames
ao PSDB, de forma que quando investirem mais esforços para dar o
verdadeiro golpe, a população fique “travada”, pois haverá uma
simbologia de golpe/antidemocracia associada aos tucanos.
Os venezuelanos não perceberam o que estava acontecendo. Agora vocês já sabem…
Já vi pessoas dizendo que o PSDB está errado ao dizer que pediu
auditoria “por causa da manifestações das redes sociais” e “que acha que
o processo é bom, mas por causa das denúncias, quer ter certeza”.
Eu discordo. O erro não é esse, pois essa posição do PSDB os coloca como “mais moderados”.
O problema é outro: é como o PSDB vai se portar diante dos ataques que o PT fez de forma antecipada
chamando-os de “golpistas”.
O PSDB, de novo, tem munição de sobra, especialmente por ter adotado a
posição mais moderada de início. Mas já vimos nas eleições o partido
ter munição infinita e não usá-la. Cabe a nós pressionarmos para que
eles comecem a disparar.
Como pode um partido (o PT) que tenta dar o golpe estar rotulando o
adversário de “golpista” apenas por agir democraticamente ao pedir
auditoria das eleições?
De novo: lembrem-se do erro fatal que foi abaixar a cabeça quando o
PT usou a histeria artificial ao rotular Aécio de “agressivo” pelo uso
do termo leviana…
Como já disse antes, atuei com auditoria um bom tempo. Sempre uma
auditoria é apresentada de forma positiva, dizendo que o objetivo é
“confirmar a validade dos controles”, por exemplo.
Isso dá maior autoridade moral para a área de gestão que solicitou a
auditoria. Ninguém pode te acusar de “ser contra equipe X, Y ou Z”, pois
você mesmo se posicionou como alguém querendo usar a auditoria para
“confirmar a lisura”.
Fazendo isso, quem se posiciona contra a auditoria é facilmente
rotulado de forma negativa. Mais um exemplo mostrando como o PSDB tem
munição de sobra.
Me perguntaram como o PSDB poderia se reposicionar. Um outro leitor
já deu o exemplo de como poderia ser. Veja: “Como assim um partido é
contra auditorias em serviços públicos?”. Ele está certo!
A partir daí devemos tratar todas as declarações petistas nessa questão com assombro. Outros exemplos:
- O PT ofende todos os auditores do Brasil.
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- O PT despreza todos os eleitores que se manifestaram sobre
irregularidades nas redes sociais, trazendo provas (que devem ser
investigadas).
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- O PT é um partido golpista e ditatorial, por não admitir o direito à
auditoria de serviços públicos essenciais, e por não admitir o direito
de questionamento.
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- No dia em que um pedido de auditoria se tornar polêmico (como quer o
PT), teremos nos transformado em uma ditadura. Não vamos deixar isso
acontecer.
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- O PT não pode tratar os eleitores que questionam os resultados como cidadãos de segunda classe. Isso é moralmente criminoso.