Finalmente uma alternativa verde para as garrafas PET
Redação do Site Inovação Tecnológica -
25/02/2019
O "PET verde" superou as especificações do PET à base de petróleo. [Imagem: ChemSusChem/University of Groningen]
Poder econômico
O PET (sigla em inglês para tereftalato de polietileno) é um dos plásticos de maior sucesso comercial.
Ele é usado para fazer garrafas de bebidas gasosas porque ele tem
excelentes propriedades de barreira, o que significa manter o gás lá
dentro.
Contudo, sua pegada ambiental é enorme - o PET é feito à base de
petróleo e é muito pouco reciclado. Infelizmente, ele é usado por
indústrias poderosas - você já deve ter ouvido falar muito sobre o
banimento de sacolas plásticas de supermercado, mas provavelmente não
ouviu nada sobre banimento das garrafas PET.
Já é possível fabricar uma alternativa ao PET a partir de moléculas
de furano de origem biológica. Mas, para polimerizar esses furanos, você
precisa de catalisadores tóxicos e altas temperaturas, o que não
melhora muito o balanço.
Agora, químicos da Universidade de Groningen, na Holanda,
desenvolveram uma rota de polimerização baseada em enzimas, que torna
essa alternativa ao PET realmente verde.
Bio-PET
O curioso é que a equipe não precisou desenvolver um novo catalisador
enzimático: Eles encontraram um disponível no comércio que funcionou
perfeitamente.
Os polímeros são feitos combinando furanos com monômeros lineares,
sejam dióis alifáticos ou ésteres etílicos diacídicos. A enzima CALB (Candida antarctica lipase B)
é uma lipase que quebra as ligações éster, mas a polimerização requer a
criação dessas ligações. Isso pode parecer contra-intuitivo, mas não é:
"Enzimas catalisam reações de equilíbrio, e nós simplesmente empurramos
o equilíbrio para a formação de ligações éster," explicou a
pesquisadora Katja Loos.
Ela conseguiu aumentar o teor de unidades aromáticas no poliéster a
um ponto que excede as propriedades do PET à base de petróleo. A
polimerização enzimática, portanto, parece ser uma alternativa viável à
atual polimerização catalítica.
Os furanos, caracterizados por um anel aromático com quatro átomos de
carbono e um átomo de oxigênio, podem ser produzidos a partir de
açúcares derivados da biomassa e polimerizados para criar não um PET,
mas um PEF (2,5-furanodicarboxilato de polietileno).
"Em nossos experimentos, usamos o éter como solvente, o que você não
quer em um ambiente de fábrica. Mas, como o ponto de fusão dos furanos é
bastante baixo, estamos confiantes de que a polimerização enzimática
funcionará também em monômeros líquidos," disse Loos.
Alternativas verdes ao PET
Como a enzima CALB está comercialmente disponível, é surpreendente
que ninguém tenha pensado em usá-la antes para criar um "bio-PET". A
única explicação que Loos encontrou para isso foi que a maioria das
linhas de produção de poliéster é voltada para o uso dessas reações
clássicas, em vez da alternativa enzimática. E mudar uma linha de
produção é caro.
"No entanto, nosso processo de polimerização enzimática seria ideal
para novas empresas que trabalham com alternativas verdes ao PET,"
concluiu. Bibliografia:
Furan-Based Copolyesters from Renewable Resources: Enzymatic Synthesis and Properties Dina Maniar, Yi Jiang, Albert J.J. Woortman, Jur van Dijken, Katja Loos ChemSusChem
Na folha artificial bioinspirada, o CO2 (bolas vermelhas e pretas) entra
na folha quando a água (bolas brancas e vermelhas) evapora do fundo da
folha. Um fotossistema artificial (círculo roxo no centro da folha),
feito de um absorvedor de luz revestido com catalisadores, converte CO2
em CO e quebra as moléculas de água (mostradas como bolas vermelhas
duplas) usando a luz solar. [Imagem: Meenesh Singh]
Folhas artificiais na natureza
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, propuseram uma
solução que pode trazer as folhas artificiais para fora dos
laboratórios.
Eles criaram uma folha artificial biomimética que absorve o dióxido
de carbono (CO2) do ar com uma eficiência pelo menos 10 vezes maior do
que as folhas naturais, e então converte o gás de efeito estufa em
combustível.
Folhas artificiais
são dispositivos projetados para imitar a fotossíntese, o processo pelo
qual as plantas usam a água e o dióxido de carbono do ar para produzir
carboidratos usando a energia solar.
Contudo, mesmo as folhas artificiais de última geração, que prometem
reduzir o dióxido de carbono da atmosfera, só funcionam em laboratório
porque só conseguem absorver dióxido de carbono ultrapuro, obtido em
tanques pressurizados, mas não no ar ambiente.
Funcionamento da folha artificial
Meenesh Singh e Aditya Prajapati propuseram resolver esse problema
encapsulando uma folha artificial tradicional dentro de uma cápsula
transparente feita de uma membrana semipermeável de resina de amônia
quaternária preenchida com água.
A membrana permite que a água do interior evapore quando aquecida
pela luz solar. À medida que a água passa pela membrana, ela retira
seletivamente o dióxido de carbono do ar.
A unidade fotossintética artificial dentro da cápsula é composta por
um absorvedor de luz revestido com catalisadores, que convertem o
dióxido de carbono em monóxido de carbono, que pode então ser coletado e
usado como base para a criação de vários combustíveis sintéticos.
Também se produz oxigênio, que pode ser coletado ou liberado no meio
ambiente.
"Envelopando a tecnologia tradicional de folhas artificiais dentro
dessa membrana especializada, a unidade inteira é capaz de funcionar do
lado de fora, como uma folha natural," disse Singh.
Estrutura da folha artificial. [Imagem: Aditya Prajapati/Meenesh R. Singh]
Árvore artificial
De acordo com os cálculos da dupla, 360 folhas artificiais, cada uma
com 1,7 metro de comprimento e 0,2 metro de largura, produziriam cerca
de meia tonelada de monóxido de carbono por dia, que poderia ser usado
como base para combustíveis sintéticos. Cobrindo uma área de 500 metros
quadrados, em um dia essas 360 folhas artificiais seriam capazes de
reduzir os níveis de dióxido de carbono em 10% no ar circundante em um
raio de 100 metros da "árvore artificial".
"Nosso projeto conceitual utiliza materiais e tecnologia prontamente
disponíveis que, quando combinados, podem produzir uma folha artificial
pronta para ser implantada fora do laboratório, onde pode desempenhar um
papel significativo na redução de gases de efeito estufa na atmosfera,"
disse Singh.
Um inconveniente do projeto é o uso da amônia quaternária, que é um
composto altamente tóxico, embora seja largamente utilizado pela
indústria como desinfetante.
Bibliografia:
Assessment of Artificial Photosynthetic Systems for Integrated Carbon Capture and Conversion Aditya Prajapati, Meenesh R. Singh Sustainable Chemistry & Engineering DOI: 10.1021/acssuschemeng.8b04969
A nova espécie, que existe apenas no município de Alta Floresta (MT),
foi descrita em pesquisa lançada em janeiro e está ameaçada pela perda
de habitat
Coloração amarela clara no cabelo das bochechas, contrastando com o
cabelo castanho avermelhado brilhante nas laterais do rosto, coroa cinza
e barriga vermelho-marrom brilhante. Assim é descrita a nova espécie de
macaco da família Callicebinae, popularmente conhecida como Titi, no artigo científico publicado na revista Science Direct em janeiro deste ano.
A espécie, batizada de Plecturocebus Byrne, é encontrada
apenas no município de Alta Floresta, no Mato Grosso, e, infelizmente,
já foi classificada como criticamente ameaçada. A classificação é a
última na escala da lista vermelha de espécies ameaçadas da
International Union for Conservation of Nature’s (IUCN) antes que uma
espécie seja definitivamente considerada extinta na natureza.
De acordo com o artigo, a principal ameaça para a espécie é a perda
de seu habitat. Os pesquisadores estimam que em 24 anos 86% de seu
habitat natural terá sido destruído, caso o desmatamento não pare de
avançar na região
A cidade de Alta Floresta fica no norte do Mato Grosso e é famosa por
dois motivos: por ser a porta de entrada de um dos mais cobiçados
destinos de pesca esportiva do país e por sua produção pecuarista.
Ao invés de aproveitar todo o potencial turístico da região, a cidade
foi crescendo baseada no agronegócio e, hoje, tem literalmente mais
bois do que habitantes – são 15 cabeças de gado para cada habitante da
cidade, segundo dados do SIDRA – IBGE.
O desmatamento tem um impacto brutal e imediato na vida das espécies
que dependem diretamente das florestas para viver. Mas também impacta o
futuro de espécies mundo afora, devido ao agravamento dos efeitos das
mudanças climáticas, já que, no Brasil, o desmatamento é a principal
fonte de emissões de gases do efeito estufa. Uma pequena cidade da
Rússia, por exemplo, foi invadida por ursos polaresfamintos que perderam seus locais de sobrevivência graças a diminuição do gelo polar.
A forma como a Amazônia vem sendo desmatada coloca todos em risco,
até nós mesmos. Isso precisa mudar. Por isso, pedimos que o novo governo
brasileiro se comprometa com o que consideramos o mínimo para garantir
que o desmatamento não volte a avançar no Brasil.
(#Envolverde)
Ter uma horta caseira é algo muito prazeroso e que traz inúmeros
benefícios. No entanto, o pacote também inclui alguns percalços, como os
insetos, atraídos por alguns tipos de cultivos. Para ajudar a minimizar
este problema, o CicloVivo separou uma lista com cinco plantas que
ajudam a manter os insetos longe de casa:
Citronela
Esta planta medicinal é um dos repelentes naturais mais famosos.
Mesmo quando está no jardim, ela ajuda a manter moscas, mosquitos e
formigas distantes. O ideal é que ela esteja plantada no caminho do
vento, para espalhar o cheiro e aumentar a eficácia.
Outro jeito interessante de usar essa planta é criar uma solução com
água. Basta usar as folhas como se fosse fazer um chá. O líquido pode
ser passado no corpo ou usado para limpar chão e janelas. O cheiro é
agradável aos humanos e odiado pelos insetos.
Crisântemo
O crisântemo possui piretrina, uma espécie de inseticida natural. A
substância repele os mosquitos e outros insetos, como: baratas, besouros
e moscas. Para usá-lo como repelente natural é possível até mesmo
esfregar as flores na pele e assim evitar as picadas.
Alecrim
O alecrim é ótimo para ter em casa. Além de dar um toque especial às
receitas culinárias, ele espanta mosquitos e ajuda a manter os gatos
longe das hortas, jardins e quintais. Uma boa sugestão é colocar folhas
de alecrim também nas caixas de areia de crianças, para evitar a
presença de gatos.
A bióloga Fernanda Abra é uma das vencedoras do Prêmio Future for
Nature 2019, pelo seu trabalho com Ecologia de Estradas. Fernanda atua
como voluntária na INCAB-IPÊ – Iniciativa Nacional para a Conservação da
Anta Brasileira, do Instituto de Pesquisas Ecológicas.
A premiação é da
organização holandesa Future for Nature (FFN), que apoia jovens
conservacionistas comprometidos com a conservação de espécies animais e
vegetais. O reconhecimento exalta o compromisso desses indivíduos com o
futuro da conservação da natureza em nosso planeta. “Por meio de sua
liderança, esses indivíduos inspiram e mobilizam comunidades,
organizações, governos, investidores e o público em geral”, segundo a
FFN.
Oito conservacionistas de vários países do mundo foram selecionados
para a final e três deles levaram o prêmio: Fernanda (Brasil), Divya
Karnad (Índia) e Olivier Nsengimana (Ruanda).
O prêmio oferece aos vencedores reconhecimento internacional, um
apoio financeiro de 50 mil euros para realizar um projeto que faça parte
de seu trabalho e os apresenta a uma rede internacional de
conservacionistas e oportunidades adicionais de financiamento. A
cerimônia de entrega acontecerá em maio, em Arnhem, na Holanda.
“Eu me sinto muito feliz em trabalhar pela conservação de espécies
incríveis, como a anta, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a
onça-pintada e outros canídeos e felídeos brasileiros, e ser orientada e
apoiada por pesquisadores e conservacionistas tão respeitados. Estou
muito emocionada e honrada em receber o Prêmio Future for Nature. Isso
ajudará muito a expandir meus esforços e fazer a diferença na
conservação da incrível biodiversidade brasileira”, agradece Fernanda.
Trabalho público e privado
A bióloga, de 32 anos, se interessa pela área de Ecologia de Estradas
desde 2009. Reduzir os impactos das rodovias nas espécies de mamíferos
brasileiros é seu principal objetivo de vida. Fernanda também é
co-fundadora da empresa ViaFAUNA, uma empresa de consultoria ambiental
especializada no manejo da fauna silvestre em rodovias, ferrovias e
aeroportos. Fernanda está na fase final de terminar seu doutorado na
Universidade de São Paulo. Sua pesquisa é focada na problemática dos
atropelamentos de fauna nas rodovias do estado de São Paulo e suas
implicações para a conservação biológica, a segurança humana e a
economia.
Além de seu trabalho acadêmico e de consultoria, Fernanda também é
voluntária como especialista em Ecologia de Estradas em alguns projetos
de conservação como a INCAB-IPÊ e o Projeto Bandeiras e Rodovias (IPÊ e
ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres), bem como também é
responsável pela coordenação de Grupos de Trabalhos ligados ao impacto
de transportes nos Planos de Ação Nacionais do ICMBIO para canídeos,
felinos e ungulados ameaçados de extinção, incluindo espécies icônicas
como o lobo-guará, raposa-do-campo, onça-pintada, onça-parda e anta
brasileira.
“Fernanda desempenha um papel fundamental na conservação das espécies
brasileiras de mamíferos, pois sabe medir a extensão do impacto dos
atropelamentos e, mais importante, sabe como criar estratégias para a
mitigação desses impactos. Fernanda realiza trabalhos de campo em
condições adversas ao longo das rodovias e também participa de reuniões
técnicas e políticas com profissionais e autoridades de agências
ambientais e de transporte. Ela é extremamente versátil e sabe manter
essa ligação entre o mundo lá fora e as salas de reuniões”, afirma
Patrícia Medici, coordenadora da INCAB-IPÊ, Presidente do Grupo de
Especialistas em Anta da IUCN/SSC e uma das primeiras vencedoras do
Prêmio FFN, em 2008.
Na INCAB, Patrícia e Fernanda trabalham em parceria para a mitigação
dos impactos dos atropelamentos de anta nos biomas Pantanal e Cerrado no
estado do Mato Grosso do Sul. Desde 2015, vêm compilando informações
sobre os atropelamentos de antas no estado e desenvolvendo Planos de
Mitigação para rodovias nos âmbitos estadual e federal. Fernanda também
prestou assessoria à equipe em Inquérito Civil e Ação Civil Pública
requerendo ao Estado a urgente implementação de medidas de mitigação ao
longo da rodovia MS-040.
Um estudo conduzido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) comprovou que os corais do Parque Nacional dos Abrolhos, na
Bahia, sofreram impactos significativos decorrentes da contaminação por
rejeitos da Samarco. Após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana
(MG) em 2015, os resíduos do beneficiamento de minério se espalharam
rapidamente pelo Rio Doce e, em seguida, começam a atingir a região
costeira.
Em um relatório de quase 50 páginas, os pesquisadores apresentaram
análises detalhadas sobre a presença de metais nestas estruturas,
demonstrando notória incorporação de zinco e cobre, entre outros
elementos.
A pesquisa envolveu seis laboratórios da UERJ e também contou com a
colaboração da UFF e da PUC-Rio. O coordenador do trabalho, Heitor
Evangelista, do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais
(LARAMG), criou uma página no facebook, a Abrolhos Sky Watch,
para observar a dispersão da lama do Rio Doce até o mar. “Eu e meus
alunos checávamos diariamente as imagens de satélite e colocávamos na
internet para o público ir acompanhando o desenrolar do problema”.
O monitoramento acendeu o alerta de que os rejeitos poderiam chegar
ao parque marinho, localizado a cerca de 250 km da foz. “A gente já
desenvolvia um trabalho em Abrolhos com corais. Então entrei em contato
com o ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade),
em Brasília, e programei uma coleta de duas colônias no arquipélago.
Através de técnicas químicas, constatamos que, no meio do crescimento
dos corais, houve um pico enorme de metais pesados, que coincide
exatamente com a cronologia da chegada da pluma de sedimentos da
Samarco”, explicou o professor.
Evangelista afirma que o dano é irreparável, devido à extensão
atingida. “Nosso papel é saber em que medida aquela área foi impactada. E
a partir daí deflagrar mecanismos de monitoramento para descobrir qual
vai ser a resposta biológica diante desse fato. Não há como remediar,
mas nós precisamos aprender com esse processo”.
O professor acrescenta
que a preservação já vinha sendo ameaçada pela temperatura mais alta da
água dos oceanos. “Agora, precisamos monitorar levando em conta este
novo fator, para antever o que pode acontecer”.
O relatório foi encaminhado ao ICMBIO, órgão do Ministério do Meio
Ambiente, e vai integrar os autos da multa ambiental aplicada à Samarco.
“Até agora não havia nada provando um sinal claro da pluma da
mineradora em Abrolhos. Esse trabalho é conclusivo nesse sentido”,
finalizou o pesquisador.
[EcoDebate] Há menos de três anos, a cidade de Mariana
e o Distrito de Bento Rodrigues, ambos em Minas Gerais (MG), agonizavam
na tragédia que seria uma das maiores que o Brasil teria vivenciado: o
rompimento de uma barragem de rejeitos da Samarco.
Muitas vidas ceifadas, muitas pessoas sem ter onde morar e o meio
ambiente, mais uma vez, sofrendo com a inércia do poder público e os
desmandos de gananciosos pelo lucro a qualquer preço.
E a tragédia logo se repete, com as vidas perdidas, os danos patrimoniais, ambientais e sociais com a tragédia de Brumadinho
(MG). Tudo isso deixa mais distante do Brasil o alcance dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável – ODS, cujas metas buscam concretizar os
direitos humanos de todos e equilibram as três dimensões do
desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.
Desde que o ser humano surgiu no planeta, entre 350 a 500 mil anos
atrás, a relação com o ambiente tem se transformado a partir do
desenvolvimento das civilizações. A dependência da nossa espécie pelos
recursos naturais estava inicialmente clara, pois os primeiros
agrupamentos humanos migravam em busca de disponibilidade de alimentos,
água e abrigo. O desenvolvimento da agricultura e de outras tecnologias
permitiu que fixássemos residência, já que as nossas necessidades
começaram a ser atendidas com a produção de alimentos e a oferta de bens
de consumo e serviços.
Conforme caminhamos para condições mais confortáveis de vida, a nossa
dependência pelos recursos naturais fica menos evidente, demandando a
reflexão a respeito do quanto somos vulneráveis. Atraídos pelas
tentações do consumo e de padrões de vida que exigem a substituição e o
descarte de materiais, já não enxergamos o quanto estamos impactando o
ambiente. Poucas pessoas compreendem, por exemplo, que os meios de
transporte e os eletrodomésticos que utilizam diariamente são o
resultado de processos produtivos como a mineração, que extraem os
recursos naturais e geram resíduos perigosos.
Os processos produtivos ganharam dimensões inimagináveis, para
atender um maior número de pessoas no planeta e o consequente aumento na
demanda por bens e serviços. Além disso, a questão da lucratividade tem
grande influência para o quadro atual de degradação.
Em busca de
maiores ganhos, algumas empresas inclusive colocam em risco a vida de
muitos seres vivos ao “economizarem” com estruturas de segurança e por
não investirem o suficiente em gestão de resíduos. Ressalta-se que o
desenvolvimento sustentável somente será alcançado com os princípios da
Agenda ODS para 2030, que prevê um plano de ação para as pessoas, para o
planeta e para a prosperidade.
Todo esse cenário torna ainda mais graves as questões expostas com o
rompimento da barragem de rejeitos na cidade de Brumadinho, que tirou a
vida de centenas de pessoas e causou impactos ambientais incalculáveis. A
busca pelo lucro a qualquer custo fica evidente quando nos encontramos
em um contexto no qual há três anos a cidade de Mariana esteve inserida:
quando foi atingida por rejeitos produzidos pela empresa pertencente ao
mesmo grupo que contaminou Brumadinho. Por que não investir em um
processo mais seguro para a destinação dos resíduos de mineração? A
resposta é simples: investir em destinação de resíduos resulta em menor
lucratividade. Entretanto, a tragédia nos mostra o quanto essa afirmação
está equivocada.
Esse contexto só reforça o imperativo do comprometimento global com a
conservação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável.
Iniciativas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
contribuem para repensar o modelo de desenvolvimento vigente, que
negligencia as questões ambientais e não reflete sobre a igualdade
social, saúde e bem-estar da população.
Acidentes como os observados em
Mariana e Brumadinho seguramente não ocorreriam se as metas,
estabelecidas nos ODS, estivessem de fato fazendo parte da agenda dos
países signatários, como o Brasil, e houvesse um real comprometimento
com essas causas. A nossa comodidade frente ao atual sistema produtivo é
outro fator que dificulta ainda mais atingir as metas propostas nos
ODS.
Fica cada vez mais evidente a necessidade de dialogar com a sociedade
sobre a complexidade dessas questões, pois o modelo de consumo, de
descarte e de lucro a qualquer custo já mostrou que não tem
sustentabilidade. Temos a opção de repensar as nossas escolhas diárias
ou sofrer as consequências pela falta de água segura, de solo fértil e
do ar limpo para respirar. Os recursos naturais pertencem a toda
humanidade, e a cada crime ambiental, a cada nova contaminação, a cada
nova espécie extinta, a cada ser humano que morre para outro lucrar,
toda a humanidade perde. Não se olvidem, se tantas outras, passarem por
tragédias semelhantes, pois o dever de casa e o aprendizado se tornou
algo secundário para esses empreendedores.
Augusto Lima da Silveira – coordenador do Curso Superior
Tecnologia em Saneamento Ambiental na modalidade a distância do Centro
Universitário Internacional Uninter. Atualmente é doutorando em Ecologia
e Conservação.
Ivana Maria Saes Busato – coordenadora dos Cursos Superiores de
Tecnologia em Gestão Hospitalar e Gestão de Saúde Pública do Centro
Universitário Internacional Uninter, ambos na modalidade a distância.
Tem atuado na área de Saúde Pública, Gestão Pública e possui doutorado
em Odontologia.
Rodrigo Berté – diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências,
Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional
Uninter. Atua na área de Meio Ambiente e Sustentabilidade. É Pós-Doutor
em Educação e Ciências Ambientais pela Universidade Nacional de Ensino à
Distância – Madrid (Espanha).
Colaboração de Giulia El Halabi, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/02/2019
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La exposición al glifosato, el herbicida de amplio espectro más utilizado del mundo y el ingrediente principal en el herbicida Roundup, aumenta el riesgo de algunos tipos de cáncer en más del 40 por ciento, según una nueva investigación de la Universidad de Washington.
Varias revisiones y evaluaciones internacionales han llegado a
diferentes conclusiones sobre si el glifosato conduce al cáncer en los
seres humanos.
El equipo de investigación realizó un metanálisis actualizado, una
revisión exhaustiva de la literatura existente, y se centró en los
grupos más expuestos en cada estudio. Encontraron que el vínculo entre
el glifosato y el linfoma no Hodgkin es más fuerte de lo que se informó
anteriormente. Sus hallazgos fueron publicados este mes en la revista en
línea Mutation Research / Reviews in Mutation Research .
“Nuestro análisis se centró en proporcionar la mejor respuesta
posible a la pregunta de si el glifosato es carcinógeno o no”, dijo la
autora principal Lianne Sheppard
, profesora de los departamentos de Ciencias Ambientales y Ciencias de
la Salud Ocupacional y Bioestadística de la UW. “Como resultado de esta
investigación, estoy aún más convencido de que lo es”.
Al examinar los estudios epidemiológicos publicados entre 2001 y
2018, el equipo determinó que la exposición al glifosato puede aumentar
el riesgo de linfoma no Hodgkin hasta en un 41 por ciento. Los autores
centraron su revisión en la investigación epidemiológica en humanos,
pero también consideraron la evidencia de animales de laboratorio.
“Esta investigación proporciona el análisis más actualizado del
glifosato y su relación con el linfoma no Hodgkin, incorporando un
estudio de 2018 a más de 54,000 personas que trabajan como aplicadores
de pesticidas con licencia”, dijo la coautora Rachel Shaffer, doctora de
la Universidad de Washington. Estudiante en el Departamento de Ciencias
Ambientales y de Salud Ocupacional.
“Estos hallazgos están alineados con una evaluación previa de la
Agencia Internacional para la Investigación del Cáncer, que clasificó al
glifosato como un” probable carcinógeno humano “en 2015”, dijo Shaffer.
El glifosato se introdujo por primera vez como herbicida en 1974. El
uso en la industria agrícola se ha disparado, especialmente desde
mediados de la década de 2000, cuando se introdujo la práctica de la
“quema verde”, en la que se aplican herbicidas a base de glifosato a los
cultivos poco antes de la cosecha. Como consecuencia, es probable que
los cultivos ahora tengan residuos más altos de glifosato.
Los investigadores dicen que se necesitan más estudios para explicar
los efectos del aumento de la exposición a causa de la quema verde, que
puede que no esté totalmente plasmada en los estudios existentes
revisados en esta nueva publicación.
Los coautores incluyen a Luoping
Zhang e Iemaan Rana en la División de Ciencias de la Salud Ambiental de
la Universidad de California, Berkeley, y Emanuela Taioli en la Escuela
de Medicina de Icahn en Mount Sinai, Nueva York.
Los fondos fueron proporcionados por el premio T32ES015459 de los
Institutos Nacionales de Ciencias de la Salud Ambiental y la Beca para
el Envejecimiento de la Asociación de Retiro de la Universidad de
Washington.-
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Carbono Negro – Uma equipe internacional conduziu o estudo em locais
na Rússia, Canadá, Suécia e Noruega, com pesquisadores da Universidade
de Baylor contribuindo com medições para o Alasca.
Por Terry Goodrich*, Baylor University
Combustão de combustíveis fósseis é o principal contribuinte para o
carbono negro coletado em cinco locais ao redor do Ártico, o que tem
implicações para o aquecimento global, de acordo com um estudo de um
grupo internacional de cientistas que incluiu uma equipe da Baylor
University.
O estudo de cinco anos, para descobrir fontes de carbono negro, foi
feito em cinco locais remotos ao redor do Ártico e foi publicado na
revista Science Advances , uma publicação da Associação Americana para o
Avanço da Ciência.
A equipe de Baylor usou radiocarbono para determinar as contribuições
de queima de fósseis e biomassa para o carbono negro em Barrow, no
Alasca, enquanto seus colaboradores usaram a mesma técnica para locais
na Rússia, Canadá, Suécia e Noruega.
A pesquisa de Baylor foi liderada por Rebecca Sheesley, Ph.D.,
professora associada de ciência ambiental na Faculdade de Artes e
Ciências, e Tate Barrett, Ph.D., ex-aluna de Sheesley e agora
pesquisadora de pós-doutorado na Universidade do Norte do Texas. Seu
interesse pela pesquisa resultou de um desejo de entender por que o
Ártico está mudando e quais poluentes devem ser controlados para mitigar
essa mudança.
“O Ártico está aquecendo a uma taxa muito maior do que o resto do
globo”, disse Sheesley. “Essa mudança climática está sendo impulsionada
por poluentes atmosféricos, como gases de efeito estufa e partículas na
atmosfera. Um dos componentes mais importantes deste material
particulado atmosférico é o carbono preto, ou fuligem. O carbono negro
absorve diretamente a luz do sol e aquece a atmosfera. Em locais
nevados, também pode se depositar na superfície, onde aquece a
superfície e aumenta a taxa de derretimento ”.
Os resultados mostraram que a combustão de combustíveis fósseis
(carvão, gasolina ou diesel) é responsável pela maior parte do carbono
negro no Ártico (cerca de 60% ao ano), mas que a queima de biomassa
(incluindo incêndios florestais e madeira) se torna mais importante no
verão.
O local, em Barrow, no Alasca, que era o foco da equipe de Baylor,
diferia de outros locais, pois tinha maior contribuição de combustível
fóssil para o carbono negro e era mais impactado pelas fontes
norte-americanas de carbono negro do que o resto do Ártico.
Desde 2012, Sheesley vem expandindo este trabalho para investigar
como as fontes de combustão e não-combustão impactam diferentes tipos de
partículas atmosféricas em todo o Ártico do Alasca.
Referência: Source apportionment of circum-Arctic atmospheric black carbon from isotopes and modeling
BY P. WINIGER, T. E. BARRETT, R. J. SHEESLEY, L. HUANG, S. SHARMA, L. A.
BARRIE, K. E. YTTRI, N. EVANGELIOU, S. ECKHARDT, A. STOHL, Z. KLIMONT,
C. HEYES, I. P. SEMILETOV, O. V. DUDAREV, A. CHARKIN, N. SHAKHOVA, H.
HOLMSTRAND, A. ANDERSSON, Ö. GUSTAFSSON
Science Advances 13 Feb 2019: Vol. 5, no. 2, eaau8052
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Mudança climática em curso pode alterar interação ecológica entre espécies
Por Peter Moon | Agência FAPESP
Herbívoros, onívoros, carnívoros, insetívoros, frugívoros,
carniceiros e decompositores. Os ecossistemas da Terra funcionam em uma
formidável teia de interações entre plantas, animais, insetos, fungos e
microrganismos. Uma parte fundamental dessas interações reside no
equilíbrio da cadeia alimentar entre predadores e herbívoros, que regula
a produção vegetal do planeta.
Esse equilíbrio entre predadores e presas que se alimentam de plantas
pode ser alterado em decorrência das futuras mudanças climáticas. A
conclusão é de uma pesquisa apoiada pela FAPESP e publicada na revista Nature Climate Change.
“No estudo, traçamos as causas dessas mudanças e demonstramos que
elas são explicadas por componentes do clima, especialmente da
temperatura, que serão alterados no futuro”, disse Gustavo Quevedo Romero, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor principal do artigo.
Segundo pesquisador, as mudanças climáticas podem redistribuir a
força das interações ecológicas entre as espécies de presas e
predadores. Os resultados mostram que temperaturas mais altas e um clima
mais estável e menos sazonal levam a uma maior pressão de predação.
Porém, a maior instabilidade no clima que acompanha as mudanças
climáticas em curso, especialmente nas regiões tropicais, levará a uma
diminuição geral na pressão de predação nos trópicos. Em contraste,
algumas regiões de zonas temperadas sofrerão aumento da pressão de
predação.
“Essa reorganização das forças de interação entre espécies poderá ter
consequências desastrosas para o funcionamento dos ecossistemas
terrestres e afetar os serviços ecossistêmicos que eles oferecem, como o
controle biológico e o ciclo de nutrientes”, disse Romero.
Os agricultores orgânicos nos trópicos, por exemplo, dependem do
controle biológico exercido pelos inimigos naturais das pragas de
lavoura. No entanto, as mudanças climáticas previstas poderão diminuir a
efetividade desses predadores no controle de pragas.
O novo estudo se baseou em dados previamente coletados em uma pesquisa publicada na revista Science em
2017, sob a coordenação de Tomas Roslin, da Universidade Sueca de
Ciências da Agricultura, de Uppsala, na Suécia, e também da Universidade
de Helsinque, na Finlândia.
Nesse trabalho anterior, os pesquisadores avaliaram a impressão de
mordidas em lagartas artificiais para mostrar que, quanto mais aumenta o
gradiente latitudinal dos ecossistemas (em direção às regiões
temperadas e polares), a probabilidade de um herbívoro ser comido por um
predador é apenas uma fração do que ocorre nas regiões equatoriais.
O estudo foi feito a partir da mensuração do risco de predação de
2.879 lagartas artificiais moldadas com massa de modelar verde. Elas
foram monitoradas em 31 locais do planeta ao longo de um gradiente
latitudinal que se estendeu desde o paralelo 30,4° sul, na altura do Rio
Grande do Sul, da África do Sul e do centro da Austrália, até o
paralelo 74,3° norte, na altura do Ártico canadense, da Groenlândia e do
extremo norte da Sibéria.
Os 31 locais estavam distribuídos em um
gradiente de elevação que ia desde o nível do mar até 2.100 metros de
altitude, ou seja, pouco abaixo da altitude da Cidade do México (2.240
metros).
As lagartas artificiais foram coladas na parte superior de folhas
inteiras em plântulas ou arbustos com no máximo 1 metro de altura. Com
base na análise das marcas de dentadas e bicadas preservadas na massa de
modelar, os pesquisadores avaliaram que seis grupos de predadores foram
afetados: aves, lagartos, mamíferos, artrópodes e gastrópodes (caracóis
ou lesmas).
Ajuste climático
No artigo da Science, os autores confirmaram a hipótese de que
a pressão de interação biótica aumenta em direção ao Equador e diminui
em direção aos polos. No trabalho agora publicado na Nature Climate Change,
o que se fez foi confrontar os dados de predação das lagartas e suas
localizações com dados bioclimáticos do presente e do futuro, com base
em diversos modelos climáticos que preveem as alterações no clima a
partir das emissões de dióxido de carbono.
“Utilizamos modelagem de nicho para estudar interações bióticas,
método originalmente desenvolvido para prever a distribuição espacial de
espécies”, disse.
Para o novo estudo, os autores usaram a WorldClim 2, uma base de
dados de 19 variáveis bioclimáticas aplicadas globalmente em uma grade
com resolução espacial de 1 quilômetro quadrado.
Em seguida, foi aplicado o método de modelagem de equações
estruturais para determinar a importância relativa dos efeitos diretos e
indiretos da latitude absoluta, elevação e do clima local subjacente
(incluindo componentes climáticos da precipitação e temperatura) na
pressão de predação.
Segundo Romero, esses modelos revelaram que os
dados de predação foram mais explicados pelas variações nos componentes
da temperatura.
Projeções futuras
Os pesquisadores foram capazes de prever a redistribuição da pressão
de predação em todo o globo, projetada para o cenário climático de 2070.
“De maneira geral, o que pudemos constatar foi que, para 2070, a
pressão de predação poderá ser sensivelmente afetada pela variação de
temperatura, mas possivelmente não será afetada pelas mudanças na
precipitação”, disse Romero.
Segundo ele, a pressão de predação será afetada tanto pelo aumento
quanto pela instabilidade da temperatura (elevações e reduções bruscas)
em determinados ecossistemas.
“A instabilidade de temperatura, mais do que o seu aumento, diminuirá
a pressão de predação. E esse impacto será exacerbado em regiões
tropicais, onde se prevê que o clima se tornará mais instável”, disse
Romero.
Os dados sugerem que, com a elevação das temperaturas, o nível de
pressão de predação se elevará moderadamente nas regiões temperadas, que
se espalham por América do Norte e Ásia. Nos países escandinavos, no
Reino Unido e no Alasca, o aumento da pressão de predação entre
artrópodes será maior.
A pressão de predação será reduzida justamente nas regiões
equatoriais, que concentram os ecossistemas mais biodiversos do planeta,
ou seja, a África equatorial, o Sudeste Asiático, a Indonésia e as
regiões tropicais da América do Sul, América Central e Caribe.
Os dados sugerem que, juntamente com a Colômbia, o Brasil será
particularmente afetado. Talvez o Brasil seja o país mais afetado,
devido à sua posição nos trópicos e à grande extensão da Floresta
Amazônica.
“A mudança climática não se reflete apenas nas mudanças de
distribuição das espécies, mas também nas mudanças de interação entre
elas”, disse Romero. “Nos trópicos poderá surtir efeitos sobre o
rendimento da agricultura tropical, com o consequente aumento das
ameaças à segurança alimentar, devido a uma diminuição na eficiência do
controle biológico em áreas mais vulneráveis às mudanças climáticas”,
disse.
Além de Romero e de Roslin, também participaram do trabalho o biólogo
Thadeu Sobral-Souza, do Instituto de Biociências da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro; Thiago Gonçalves-Souza, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco; Nicholas Marino, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro; Pavel Kratina, da Queen Mary
University of London, no Reino Unido, e William Petry, do Institute of
Integrative Biology, na Suíça.
O estudo também contou com apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de
Inovação e Pesquisa (Finep).
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reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à
EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
[EcoDebate]
O problema são os interesses….é a forma como algumas pessoas envolvidas na cadeia
do licenciamento atuam (desde o responsável técnico, consultor, empreendedor,
servidor, advogados, políticos, cidadãos, etc.): desde a omissão até à
ganância…o problema é a FALTA DE ÉTICA!
De forma
muitíssimo simplificada, desde o responsável técnico que omite informações,
atende dezenas de empresas sem ao menos conhecer e visitar seus processos;
consultor que ingenuamente preenche os dados com “algum errinho”; empreendedor
que “justificadamente” quer diminuir custos, e que nunca sabe das implicações
socioambientais – mas, das tributárias sabe bem; servidor que está
sobrecarregado com centenas de processos e acaba não podendo investir o tempo e
dedicação devidos; fiscais que nem sempre têm viaturas e autonomia e/ou vontade
para efetivamente exercerem seu poder de polícia; advogados que usam do direito
ambiental para que seus representados não cumpram a legislação ambiental e não
assumam as multas de suas infrações; políticos, etc.)……as enumerações não
acabariam.
O
LICENCIAMENTO É SIM A FERRAMENTA QUE MAIS ASSEGURA ALGUM NÍVEL DE PROTEÇÃO E
CONTROLE AMBIENTAL DENTRO DA NOSSA TÃO DESRESPEITADA POLÍTICA AMBIENTAL!
Será que
adianta mudar o nome do instrumento, criar uma “nova modalidade de
autorização”, copiar protocolos europeus de controle e concessão de uso de
recursos ambientais?
Não é
enfraquecendo essa importante conquista das ultimas décadas que iremos avançar:
há sim que se atuar no fluxo envolvido!
A expedição
de uma licença não é um simples ato burocrático/documental!
Não pode
simplesmente ser apressada e simplificada: avaliar a complexidade do ambiente
requer sim estudos qualificados e pode implicar em tempo maior, em
complementação de dados – entregues muitas vezes propositalmente incompletos e
falhos!
Não há que
se falar em celeridade quando implica ignorar potenciais custos ambientais e
sociais!
Sim, nem
todas as atividades podem ser realizadas em quaisquer lugares: uma licença pode
e deverá ser negada quando não houver viabilidade ambiental para realização da
atividade!
Sim, não é o
mercado e suas pressões políticas que deve regular essas decisões: QUALQUER
MOTIVAÇÃO PARA EMISSÃO DE UMA LICENÇA AMBIENTAL REQUER PARECER TÉCNICO
QUALIFICADO E IMPARCIAL! E que deverá ser respeitado – não desqualificado.
E o
LICENCIAMENTO há que ser sustentado pelo MONITORAMENTO das condições de
operação dos empreendimentos e a FISCALIZAÇÃO periódica.
Esse ciclo
tem que ser mantido – mesmo que implicando em eventuais suspensão de
atividades, embargos, etc.
Temos todo o
aporte jurídico necessário, falta que se cumpram suas implicações, que todos
órgãos assumam efetivamente suas responsabilidades, que as administrações
públicas não descredibilizem seus órgãos ambientais, mas, sim, INVISTAM NA SUA
ESTRUTURA e QUEIRAM QUE AS FISCALIZAÇÕES, EXIGÊNCIAS E APLICAÇÃO de MULTAS
SEJAM DE FATO REALIZADAS, e que ALGUMAS EMPRESAS ACEITEM QUE SIM OS CUSTOS
AMBIENTAIS DEVEM SER INCORPORADOS POR ELAS, SIM PRECISAM REDUZIR SUAS MARGENS
DE LUCROS!]
Sim, isso
pode ir contra toda perspectiva de modelo econômico que existe! E ESTE É O
PONTO: HÁ QUE SE ASSUMIR QUE O ATUAL MODELO ECONÔMICO NÃO SE SUSTENTA!
Sim, muitos
podem dizer que é discurso de ambientalista…não importa.
Sim, isso
tudo é óbvio! Sim, muitos podem não gostar disso.
Não se trata
de gostar disso ou não, de concordar ou não: tecnicamente e termodinamicamente
é um fato.
Nada muda o
fato de que explorar recursos neste planeta não pode seguir uma ótica capitalista,
predatória, egoísta e mercantilista. Precisamos aprender a produzir, a
sobreviver com uma nova perspectiva.
Temos que
assumir a centralidade das questões ambientais em todas decisões atuais, e
treinar o olhar e os punhos para exigir a implementação de políticas públicas
que promovam proteção ambiental e qualidade de vida:
Qual valor de todas vidas
perdidas? De todo sofrimento e desespero das famílias?
Qual o preço de um rio inteiro
morto? De todos animais e plantas morrendo aos poucos?
Como compensar os danos de toda
uma bacia hidrográfica multidiversa?
Como afrouxar as leis do
licenciamento ambiental?
Como permitir
auto-licenciamento?
Como aceitar a impunidade diante
de tantos crimes ambientais?
Como aceitar que todos esses
danos ambientais não sejam evitados nem reparados?
Como conviver com todos os
passivos ambientais pós-exploração sem garantia de segurança nenhuma?
Como liberar mais agrotóxicos
perigosos em nosso território?
Como ignorar a gravidade do
aquecimento global?
Como cogitar liberar a caça?
Como desrespeitar direitos
adquiridos de todas as minorias?
O LUCRO
NÃO PODE CONTINUAR DITANDO AS REGRAS.
Flexibilizar
as regulações envolvidas nas temáticas ambientais atenta contra a vida de
todos.
É PRECISO
REVER, FREAR, PROCURAR CONVERGÊNCIAS, COOPERAR.
Há limites
pra se respeitar!! E já deveríamos estar fazendo isso há séculos.
ÉTICA E
RESPEITO, é simples.
Roberta
Pohren
Professora
universitária federal – Dra. em Ecologia
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