Reciclagem de algodão transforma roupas velhas em açúcar
Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/03/2021
A solução de açúcar tem coloração dependente do algodão que é reciclado. [Imagem: Lund University]
Reciclagem de roupas velhas
Doar roupas ou vendê-las a um brechó parecem ser saídas ambientalmente corretas para suas roupas.
Mas, quem quer que seja que as use, um dias elas chegarão ao final de
sua vida útil - e provavelmente acabarão em um lixão ou sendo
incineradas.
E que tal pegar toda essa roupa velha, mais especificamente as roupas
de algodão, e produzir um açúcar que pode ser usado como matéria-prima
para produzir etanol ou até mesmo náilon?
Esta é a ideia de Miguel Sebastiá e uma equipe da Universidade de Lund, na Suécia.
Sebastiá desenvolveu um processo para quebrar a fibra vegetal do
algodão - a celulose - em componentes menores, sem precisar usar nenhum
microrganismo ou enzima. Em vez disso, o processo envolve embeber os
tecidos em ácido sulfúrico. O resultado é uma solução de açúcar, ou
glucose.
O rendimento do processo, em termos de aproveitamento do material contido no algodão, chega a 90%.
"O segredo está em encontrar a combinação certa de temperatura e
concentração de ácido sulfúrico," explicou Edvin Ruuth, membro da
equipe. "Nosso plano é produzir produtos químicos que, por sua vez,
podem se tornar vários tipos de tecidos, incluindo spandex e náilon. Um
uso alternativo poderia ser a produção de etanol."
Agora a equipe deverá trabalhar na purificação do açúcar, para que
não reste nada de ácido sulfúrico, o que poderia atrapalhar sua
utilização como matéria-prima.
Artigo: Novel sustainable alternatives for the fashion industry: A method of chemically recycling waste textiles via acid hydrolysis Autores: Miguel Sanchis-Sebastiá, Edvin Ruuth, Lars Stigsson, Mats Galbe, Ola Wallberg Revista: Waste Management Vol.: 121, Pages 248-254 DOI: 10.1016/j.wasman.2020.12.024
Os eletrodos fixam-se em diversas texturas de caules e folhas. [Imagem: Yifei Luo et al. - 10.1002/adma.202007848]
Comunicação com as plantas
A biologia, e a botânica em particular, estão vivendo uma verdadeira
revolução neste início de século, conforme se constata que as plantas comunicam-se entre si e emitem sinais detectáveis em resposta a mudanças no ambiente, como seca ou ataque de pragas.
Para que esses estudos possam avançar, os biólogos precisam de
mecanismos para monitorar os sinais bioelétricos das plantas da forma
menos invasiva possível, para detectar seus sinais de funcionamento
normal, e não de respostas ao "ataque" que representa a inserção dos
tradicionais eletrodos.
Uma equipe da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, acaba de conseguir um avanço significativo nesta área.
Detalhes da fixação de um eletrodo simples - um único fio. [Imagem: Yifei Luo et al. - 10.1002/adma.202007848]
Termogel
A equipe desenvolveu uma nova classe de eletrodos usando um tipo de
hidrogel, chamado termogel - que gradualmente se transforma de líquido
em um gel extensível em temperatura ambiente -, que permite conectar um
eletrodo de comunicação em uma ampla variedade de plantas (com várias
texturas de superfície) e ainda obter uma detecção de sinal de maior
qualidade, mesmo considerando que as plantas se movem e crescem em
resposta ao meio ambiente.
"O material à base de termogel se comporta como água em seu estado
líquido, o que significa que a camada adesiva pode se adaptar ao formato
da planta antes de se transformar em um gel. Quando testado em hastes
peludas de girassol, por exemplo, esta versão melhorada do dispositivo
de 'comunicação' da planta alcançou quatro a cinco vezes a força adesiva
do hidrogel comum e registrou sinais significativamente mais fortes e
menos ruído de fundo," contou o professor Chen Xiaodong.
Para demonstrar o funcionamento do dispositivo de comunicação com as
plantas, os pesquisadores escolheram a planta carnívora Dioneia (Dionaea muscipula),
que possui um mecanismo de detecção de insetos em suas folhas e um
sistema atuador, que faz as folhas fecharam-se rapidamente quando o
inseto é detectado.
A planta foi controlada pelo celular, abrindo e fechando sob demanda. [Imagem: Wenlong Li et al. - 10.1038/s41928-020-00530-4]
Garra biológica
Os pesquisadores fixaram seu eletrodo adaptável na superfície da
folha da dioneia e conseguiram dois avanços consideráveis: Primeiro,
eles capturaram os sinais elétricos conforme a planta respondia à
detecção de um inseto em sua armadilha; conhecendo o sinal de detecção,
eles o reproduziram, transmitindo sinais elétricos para a planta,
fazendo com que ela fechasse as folhas em 1,3 segundo, mesmo quando não
havia inseto nenhum.
Para tornar tudo "mais tecnológico", os pesquisadores fizeram a
dioneia funcionar como uma garra robótica biológica. Um braço robótico
pegava planta e a levava até onde estava o objeto a ser coletado. Por
meio de um aplicativo no celular, os pesquisadores então estimulavam
suas folhas a se fechar - ela conseguiu pegar até mesmo um pedaço de fio
de meio milímetro de diâmetro.
A equipe espera que sua nova tecnologia de comunicação com as plantas
permita o avanço das pesquisas básicas em botânica e também estudos
mais práticos, como o desenvolvimento de cultivares que possam responder
mais rapidamente ao ataque de pragas e "sistemas tecnológicos baseados
em plantas".
Bibliografia:
Artigo: A Morphable Ionic Electrode Based on Thermogel for Non-Invasive Hairy Plant Electrophysiology Autores: Yifei Luo, Wenlong Li, Qianyu Lin, Feilong Zhang, Ke He, Dapeng Yang, Xian Jun Loh, Xiaodong Chen Revista: Advanced Materials Vol.: 2007848 DOI: 10.1002/adma.202007848
Rios e lagos são os ecossistemas mais degradados do planeta. Será possível salvá-los?
A HUMANIDADE DEPENDE DE ÁGUA DOCE PARA SEU CONSUMO, ALIMENTAÇÃO E SANEAMENTO, MAS SUAS FONTES ESTÃO AMEAÇADAS. AGORA, A PAUTA DA ÁGUA DOCE ESTÁ SE TORNANDO PRIORIDADE A CONSERVACIONISTAS.
Quando o Parque Nacional do Grand Canyon foi inaugurado há um século, o rio Colorado que o atravessa foi tratado como algo secundário. Nas décadas seguintes, os estados buscaram extrair cada gota de água do Colorado para a agricultura e o consumo pela população, e uma infinidade de barragens enormes foi construída ao longo de seu curso.
Peixes nativos como cascudos e os peixes da espécie Squalius cephalus, não encontrados em nenhum outro lugar do mundo, foram substituídos por bagres e achigãs invasores, mais atraentes aos pescadores. Com o tempo, o rio volumoso que outrora esculpiu uma das paisagens mais emblemáticas dos Estados Unidos foi reduzido a um filete de água, incapaz de cumprir seu destino de desaguar no mar.
O que aconteceu com o Colorado é um exemplo típico do declínio de um rio, mas está longe de ser exceção. Em todo o mundo, rios, lagos e pântanos vêm sendo deteriorados cada vez mais de maneiras semelhantes por barragens mal planejadas, poluição, destruição de habitats, extração de areia, mudanças climáticas e pela introdução de espécies invasoras.
O resultado, apresentado nesta semana em um relatório de 16 organizações conservacionistas, é que os ecossistemas de água doce se tornaram os mais degradados do mundo e suas populações de peixes estão à beira do colapso. Existem mais espécies de peixes de água doce — mais de 18 mil catalogadas até o momento — do que de peixes que vivem nos mares e oceanos. As populações de vertebrados de água doce reduziram 86% desde 1970 — o dobro do ritmo observado em ecossistemas terrestres ou marinhos — e quase um terço das espécies de peixes de água doce estão atualmente ameaçadas de extinção.
No entanto é uma crise que recebe muito menos atenção do que as demais emergências ambientais — como o desmatamento ou a poluição por plásticos — apesar da dependência humana de sistemas de água doce para consumo hídrico, alimentação e saneamento. Quanto à proteção de rios, há muito tempo é considerada como um elemento da proteção terrestre; o raciocínio tem sido “proteja a terra e o rio que a corta também será protegido”, embora evidências convincentes insinuem que essa abordagem geralmente não é eficaz.
Mas agora há sinais de mudança: a pauta da água doce vem ganhando notoriedade nas políticas de preservação. Segundo os cientistas, embora sucessivas publicações de estudos continuem a expor a situação lastimável atual, as vantagens ecológicas e econômicas de se manter rios saudáveis estão cada vez mais evidentes, assim como as soluções para alcançar essa meta. Eles advertem, no entanto, que é preciso tomar medidas enérgicas para salvar ecossistemas cruciais à sobrevivência de animais e humanos.
“A humanidade está intimamente ligada à saúde dos ecossistemas de água doce”, afirma Kathy Hughes, especialista em água doce da organização não governamental internacional World Wildlife Fund no Reino Unido e principal autora do novo relatório. “A biodiversidade de água doce serve de indicativo para nós e, se os ecossistemas de água doce não puderem mais sustentar uma biodiversidade próspera, será um sinal nítido de que também não servem mais à humanidade.”
O ano dos rios
Historicamente, reservas de proteção são estabelecidas para ecossistemas terrestres e suas espécies, com pouca ou nenhuma consideração a seus habitats de água doce nelas existentes. Um dos motivos disso é a complexidade dos rios, que podem atravessar áreas de proteção ou manejo, passar por diferentes paisagens e, às vezes, até por diferentes países.
“É muito mais fácil traçar uma linha em torno de um terreno ou no oceano do que em um rio”, afirma John Zablocki, especialista em biodiversidade da organização sem fins lucrativos Nature Conservancy, que lidera uma rede internacional de cientistas de água doce em busca de promover novas reflexões sobre a proteção dos rios.
Ele ressalta que os rios que correm através de áreas de proteção terrestres muitas vezes não são protegidos de impactos acima deles, algo que foi claramente ilustrado em um estudo publicado no periódico científico Conservation Letters no ano passado. O estudo indica que existem mais de 1,2 mil grandes barragens localizadas dentro de áreas de proteção e mais de 500 barragens planejadas ou em construção dentro de áreas de proteção em todo o mundo.
“É preciso parar de relegar os rios a um segundo plano”, afirma Zablocki, cuja organização colabora com vários municípios de Montenegro, país dos Balcãs Ocidentais, onde o governo recentemente designou como parque natural o curso inferior do Rio Zeta, rico em biodiversidade.
Outra iniciativa é a proteção legal dos rios. Em 2017, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a conceder a um rio específico direitos legais iguais aos de pessoas, permitindo que sejam tratados como entidades vivas na justiça. Desde então, Bangladesh tomou a mesma iniciativa com relação a todos os seus rios, ao passo que a cidade de Toledo, em Ohio, aprovou o que é conhecido como a Declaração de Direitos do Lago Erie para proteger suas margens, tornando-a uma das inúmeras cidades dos Estados Unidos a aprovar legislação reconhecendo os direitos da natureza.
“É necessária uma abordagem multifacetada para manter a integridade dos rios e seu curso livre”, afirma Michele Thieme, cientista-chefe de água doce da World Wildlife Fund nos Estados Unidos. “Não existe uma solução universal.”
Se 2021 for o ano dos rios como esperado pelos cientistas de água doce, alguns conservacionistas influentes que anteriormente não se concentraram na pauta da água doce podem passar a se interessar mais, incluindo a Campanha pela Natureza, a iniciativa de US$ 1 bilhão financiada pela Fundação Wyss da Suíça e apoiada pela National Geographic Society, cujo objetivo é conservar 30% do planeta em estado natural até 2030.
A campanha aborda especificamente terras e oceanos, sem citar os rios. Mas essa perspectiva pode mudar em breve, segundo seu diretor, Brian O’Donnell. “Todos os relatórios que descrevem a crise da biodiversidade de água doce serviram de alerta para nós e deixaram claro que é preciso haver uma representação expressa de áreas de água doce daqui para frente”, explica O’Donnell.
Perda devastadora
Embora a água doce represente menos de 1% da água corrente da Terra, ela abriga 10% de todas as espécies conhecidas, incluindo um terço de todos os vertebrados.
Entre as variedades de água doce mais incomuns estão os tubarões-elefantes da África, que se comunicam por meio de sinais elétricos, e os peixes-lápis da Amazônia, que botam seus ovos na terra. Os ecossistemas de água doce também abrigam cerca de 270 espécies de tartarugas, mais de 1,3 mil espécies de caranguejos e cerca de 5,7 mil espécies de libélulas.
Os conservacionistas afirmam que ao menos 80 espécies de peixes de água doce foram extintas desde que as primeiras contagens, das quais 16 espécies foram extintas somente no ano passado. O número exato de extinções, entretanto, certamente é muito maior, já que há cada vez mais ameaças aos peixes e o monitoramento de muitas espécies é precário.
Talvez o mais chocante seja o desaparecimento dos “megapeixes” — chamados assim devido a seu tamanho enorme — cujas populações sofreram um declínio de 94% desde 1970, incluindo muitas espécies de esturjão atualmente criticamente ameaçado de extinção.
Também são citados no relatório estudos recentes que indicam que apenas um terço dos grandes rios do mundo continuam com seu curso livre — o que significa que não foram represados ou interrompidos por humanos — e que os pântanos sofreram uma redução global de quase 70% desde 1900, três vezes a redução das florestas.
“Grande parte dessa perda quase inconcebível ocorreu ao longo de nossa geração”, afirma Hughes.
Um estudo publicado na revista científica Science na semana passada mostrou que os rios nos quais as populações de peixes escaparam da grave destruição causada por atividades humanas atualmente representam apenas 14% das bacias hidrográficas mundiais e a pior situação encontra-se na Europa Ocidental e na América do Norte.
Guohuan Su, autor principal desse estudo, da Universidade de Toulouse, na França, observa que quase todas as pessoas vivem em bacias hidrográficas, pois toda a superfície terrestre — à exceção dos polos e de alguns desertos onde nunca chove — faz parte de bacias hidrográficas. “Pode-se dizer que vivemos nos braços dos rios que estamos destruindo”, lamenta ele.
Muitos conservacionistas argumentam que motivações político-econômicas geralmente prevalecem sobre preocupações com a biodiversidade quando se trata de tomar decisões sobre os rios. “Muito raramente o valor total dos ecossistemas é levado em consideração no planejamento de barragens, por exemplo”, explica Ian Harrison, especialista em água doce da organização não governamental Conservação Internacional e colaborador do relatório divulgado nesta semana.
Pesquisas revelam cada vez mais que considerar a pesca e a saúde ecológica dos rios é um bom negócio, conta Denielle Perry, geógrafa de recursos hídricos da Universidade do Norte do Arizona em Flagstaff. “A proteção dos sistemas fluviais é um investimento de baixo custo e alto retorno, sobretudo se considerados os serviços prestados aos ecossistemas gratuitamente pelos rios.”
Peixe monstro
Uma razão pela qual a pesca de água doce recebe menos importância do que a pesca marinha pode ser o fato de estar concentrada em países de baixa renda considerados secundários porque não possuem uma exportação expressiva de peixes. Apenas 16 nações, localizadas principalmente na Ásia e na África, são responsáveis por 80% da pesca de água doce declarada de 12 milhões de toneladas por ano, embora esse total provavelmente esteja bastante subestimado, pois a pesca de subsistência em países como o Congo e o Camboja não é documentada.
Para ao menos 200 milhões de pessoas em todo o mundo, os peixes de água doce são a principal fonte de proteína animal, segundo o novo relatório.
Esses peixes também enfrentam um problema de imagem: enquanto grandes animais carismáticos na terra e nos oceanos atraem recursos de conservação, poucos peixes de água doce recebem a mesma atenção.
“Podemos observar e apreciar os cuidados de um gorila com os filhotes ou tartarugas marinhas ao botar seus ovos na praia, mas não temos essa conexão com peixes de água doce, que muitas vezes vivem em rios turvos, longe de nossas vistas”, explica Zeb Hogan, biólogo de peixes da Universidade de Nevada, em Reno, e explorador da National Geographic.
Hogan, que lidera o projeto de pesquisa Maravilhas do Mekong, patrocinado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, trabalha na região do Mekong, no sudeste da Ásia, há mais de 20 anos. Ele testemunhou o desaparecimento quase completo de alguns dos maiores peixes de água doce do mundo, incluindo o bagre-gigante-do-mekong e o barbo-gigante, simultaneamente à deterioração contínua do rio, que nasce no Planalto Tibetano e atravessa seis países antes de desembocar no Mar da China Meridional.
Nos últimos anos, o declínio parece ter acelerado, já que os níveis da água do Mekong caíram a patamares históricos, ameaçando peixes e a subsistência de muitas das 60 milhões de pessoas que vivem ao longo do rio. A situação, segundo observadores, foi causada em grande parte pelas barragens chinesas construídas na bacia hidrográfica acima, que algumas vezes retêm a água essencial para que os peixes completem seu ciclo de vida rio abaixo, bem como pela estiagem exacerbada pelas mudanças climáticas.
Esses acontecimentos forçaram ao menos alguns responsáveis pela tomada de decisões a reformular seus planos de construção. No fim do ano passado, o Camboja, por exemplo, anunciou uma moratória de 10 anos à construção de novas barragens na parte principal do Mekong.
Cientistas de água doce afirmam que a conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, agendada para o segundo semestre deste ano em Kunming, China, deve produzir um novo acordo global de biodiversidade que dê tanta importância à proteção e recuperação dos rios, lagos e pântanos do mundo quanto à proteção e recuperação de suas florestas e oceanos.
“Este momento é decisivo”, afirma Harrison, da Conservação Internacional. “Se não forem feitos os investimentos necessários em nossos ecossistemas de água doce, será tarde demais. Não será possível voltar atrás nem mudar de ideia.”
A Embraer apresentou pela primeira vez em voo o seu novo carro voador elétrico. O protótipo em tamanho reduzido decolou da sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP) na última quarta-feira (24).
O projeto faz parte da Eve Urban Air Mobility Solutions, empresa dedicada a desenvolver o ecossistema de mobilidade aérea urbana.
A companhia vem criando um portfólio de soluções para preparar o
mercado, incluindo a certificação do veículo elétrico de decolagem e
pouso vertical (eVTOL) e a criação de soluções de gestão de tráfego
aéreo urbano.
O
projeto de eVTOL da Embraer conta com dez hélices, sendo oito na
horizontal e duas na vertical e se parece com um drone grande, porém,
com o objetivo de transportar passageiros.
No início, o veículo deverá ter no comando um piloto, mas a intenção
do projeto é que, no futuro, o voo seja totalmente autônomo.
Proprietária diz que é difícil desencalhar navio que paralisa Canal de Suez
EGITO ANUNCIA SUSPENSÃO DA NAVEGAÇÃO ENQUANTO TENTA LIBERAR UMA DAS ROTAS COMERCIAIS MAIS MOVIMENTADAS DO MUNDO. PORTA-CONTÊINERES GIGANTE ESTÁ ATRAVESSADO NO CANAL, E DEZENAS DE EMBARCAÇÕES AGUARDAM PARA SEGUIR VIAGEM.
OEgitoanunciou nesta quinta-feira (25/03) a suspensão total da navegação no Canal de Suez, onde esforços estão em andamento para liberar um navio porta-contêineres gigante que encalhou há dois dias e restringiu o tráfego numa das rotas comerciais mais movimentadas do mundo.
OnavioEver Given, com bandeira do Panamá, ficou atravessado no canal artificial na terça-feira devido a uma fortetempestade de areia, deixando dezenas de outros navios de carga impedidos de passar pela hidrovia. Pelo menos 150 embarcações estão aguardando a desobstrução do canal, de acordo com as autoridades, que usam dragas e escavações.
O navio de 400 metros de comprimento se atravessou e encalhou devido a umatempestade de areiaquando navegava através da hidrovia vindo da China, com destino a Rotterdã.
O acidente provocou um aumento do preço do petróleo Brent no mercado de futuros de Londres, devido aos receios em relação ao abastecimento internacional, ultrapassando os 53 dólares por barril.
Nesta quinta-feira, o chefe da estatal Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês), almirante Osama Rabae, disse que a navegação seria temporariamente suspensa durante os esforços finais para libertar o Ever Given, que incluem o emprego de oito grandes rebocadores. Ele não deu previsão de conclusão dos esforços de desobstrução. Treze navios passaram pelo canal na quarta-feira, apesar do acidente, segundo Rabae.
“Trabalhos podem levar semanas”
“Não podemos descartar que isso leve semanas, dependendo da situação”, ponderou em entrevista à TV holandesa Peter Berdowski, presidente da companhia holandesa Boskalis, que está ajudando a desencalhar o navio.
A empresa proprietária donavioadmitiu que está enfrentando dificuldades para desencalhá-lo e até ofereceu um pedido de desculpas por escrito nesta quinta-feira. “Estamos determinados a continuar trabalhando duro para resolver essa situação o mais rapidamente possível”, comunicou o grupo japonês Shoei Kisen Kaisha. “Gostaríamos de pedir desculpas a todas as partes afetadas por esse incidente, incluindo os navios que viajam e planejam viajar pelo Canal de Suez.”
O Canal de Suez fornece uma das principais fontes de renda do Egito, ao lado do turismo e remessas de expatriados. Em 2015, oEgitoinaugurou uma extensão de 35 quilômetros paralela ao canal histórico, inaugurado em 1869.
A expansão ampliou o tráfego de um para dois sentidos e foi feita para reduzir o tempo de espera dosnaviospara atravessar a hidrovia. A passagem conecta os mares Mediterrâneo e Vermelho, fornecendo a rota de transporte mais curta entre a Ásia e a Europa.
Nesta quarta-feira (24), foi aprovada em primeiro turno na Câmara
Legislativa a proposta que cria o Parque Ecológico do Mangueiral, no
Distrito Federal. A área protegida proposta possui cerca de 400 hectares
e está localizada na região administrativa do Jardim Botânico, próxima
ao córrego Borá Manso e ao setor habitacional Mangueiral. De acordo com o projeto de lei,
apresentado pelo deputado distrital João Cardoso (Avante), um dos
objetivos do parque é funcionar como corredor ecológico entre as bacias
do Lago Paranoá e do rio São Bartolomeu. A proposta voltará à casa, em
segundo turno, para nova votação e, caso novamente aprovada, segue para
sanção do governador.
Em sua justificativa, o parlamentar acrescenta que a área proposta
para a implantação do Parque Ecológico Mangueiral apresenta uma
vegetação típica de Cerrado regenerado, ainda incipiente, e que o local
já é usado como corredor por animais que se deslocam entre o Jardim
Botânico de Brasília e as nascentes do córrego Borá Manso. O texto
reforça a importância hídrica da área, sendo “imprescindível que a área
em questão seja mantida preservada e livre da impermeabilização uma vez
que poderá comprometer a recarga do aquífero da cidade de São
Sebastião”.
João Cardoso afirma que além da importância ambiental, a criação do
parque se faz necessária pelas possibilidades de lazer, pesquisa e
educação ambiental que pode promover.
De acordo com o Sistema Distrital de Unidades de Conservação da Natureza (SDUC, 2010),
parque ecológico é uma UC de uso sustentável com objetivo de conservar
amostras dos ecossistemas naturais, da vegetação exótica e paisagens de
grande beleza cênica; propiciar a recuperação dos recursos hídricos,
edáficos e genéticos; recuperar áreas degradadas, promovendo sua
revegetação com espécies nativas; incentivar atividades de pesquisa e
monitoramento ambiental e estimular a educação ambiental e as atividades
de lazer e recreação em contato harmônico com a natureza. Ainda
conforme o SDUC, um parque ecológico deve possuir, no mínimo, 30% de
área nativa de Cerrado ou de áreas de preservação permanente.
Ao mesmo tempo em que o governo baiano articula um programa de
concessão para unidades de conservação estaduais, servidores denunciam a
situação de abandono das áreas protegidas no estado. Das 45 unidades de
conservação geridas pelo estado, doze estão à deriva, sem um gestor
responsável para realizar as atividades básicas. Outras 29, quase dois
terços, não possuem um plano de manejo – o documento pilar de toda
unidade de conservação – e mais da metade não possuem um conselho gestor
indicado, instrumento que garante a participação social na gestão. Os
números foram divulgados em carta da Associação Pré-Sindical dos
Servidores do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ascra) publicada no
último mês, na qual apontam o descaso com as áreas protegidas e os
retrocessos na política ambiental do estado.
Entre as 12 unidades de conservação (UCs) sem gestor (confira a
tabela abaixo) estão nove Áreas de Proteção Ambiental (APAs), um parque,
uma estação ecológica e uma Área de Relevante Interesse Ecológica
(ARIE). Juntas, estas áreas protegidas representam um território de
cerca de 540 mil hectares, a maior parte dele (99,2%) dentro de UCs de
uso sustentável, categoria que permite o uso dos recursos naturais e uma
interlocução maior entre a gestão pública e a comunidade.
Em meados de março, o Instituto Meio Ambiente e Recursos Hídricos do
Estado da Bahia (Inema), órgão responsável pelas UCs estaduais, publicou
a Portaria nº 22.501,
onde indica os servidores responsáveis pela gestão das unidades de
conservação baianas. Na lista estão apenas 33 unidades de conservação
estaduais – as outras 12 denunciadas pela ausência de gestor nem
aparecem – e somente 23 nomes de servidores, com quatro ocasiões em que
um único nome é relacionado para gestão de três UCs.
Uma única servidora, por exemplo, é responsável pela gestão de três
APAs no litoral norte da Bahia que juntas somam cerca de 365 mil
hectares. No outro extremo da costa baiana, uma servidora sozinha é a
gestora de outras três APAs, uma delas no cordão de proteção do
arquipélago e parque nacional de Abrolhos, num território total que soma
mais de 370 mil hectares de áreas terrestres e marítimas, distribuídas
ao longo de quase 300 quilômetros do litoral baiano.
Nem mesmo as áreas na mira do governo para concessão de serviços à iniciativa privada
estão livres do sucateamento. A parceria do estado com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a concessão dos
parques estaduais da Serra do Conduru e das Sete Passagens. Ambos os
parques possuem gestores designados, de acordo com a portaria do Inema,
mas no caso do Parque Estadual das Sete Passagens, o gestor em questão
está encarregado de outras duas UCs, o Parque Estadual Morro do Chapéu e
o Monumento Natural Cachoeira do Ferro Doido. Juntas, as áreas
equivalem a aproximadamente 50 mil hectares. Os parques estão a cerca de
150 quilômetros um do outro, e o monumento natural está entre os dois.
De acordo com o quadro de servidores disponibilizado no portal do instituto,
o Inema possui um total de 283 servidores, sendo 245 com atuação na
área de meio ambiente e recursos hídricos (203 especialistas e 42
técnicos). A relação de servidores por unidade de conservação,
entretanto, não está disponível.
De acordo com uma fonte do Inema ouvida por ((o))eco, que preferiu
não se identificar, os gestores “multifuncionais” são comuns. “Porque
eles não se dedicam somente à gestão da UC, eles fazem atividades de
licenciamento e fiscalização. E mesmo as que têm [um gestor], estão
enfrentando esse problema, porque o gestor não consegue se dedicar
exclusivamente à unidade. E a precariedade é tanto na parte de recursos
humanos, quanto na parte de recursos financeiros e até na parte
gerencial dessas unidades”, conta.
((o))eco procurou o Inema para esclarecer quantos servidores de fato
atuam nas unidades de conservação, qual o orçamento previsto para o
instituto e para as UCs em 2021 e para se posicionar sobre a falta de
gestores e a atual situação das áreas protegidas do estado. A assessoria
de imprensa do instituto confirmou o recebimento da demanda, enviada
por e-mail na última terça-feira (23), e mesmo com insistência por
telefone sobre a importância das respostas do instituto, não retornou
até a publicação desta matéria, quase uma semana depois do primeiro
contato.
De acordo com a carta aberta da Ascra, publicada em fevereiro de 2021,
a gestão das 45 unidades de conservação estaduais não consegue
prosperar “pela inexistência de uma visão institucional estratégica para
as áreas especialmente protegidas, levando a uma atuação mal planejada,
desintegrada e sem diretrizes claras. Desta forma, perpetua-se uma
gestão de unidades de conservação no Estado que produz resultados
insuficientes para a efetiva conservação e proteção do meio ambiente e
para o fortalecimento do Sistema Estadual de Unidades de Conservação”.
“Com isso, muitas dessas UCs não estão cumprindo os objetivos de sua
criação dentro de um estado com uma imensa biodiversidade, possuidor de
quatro Biomas – Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Costeiro/Marinho”,
acrescenta.
Além da falta de servidores, outro grande gargalo para a efetiva
implementação das unidades de conservação são os planos de manejo,
documento que constituem o pilar da gestão, com zoneamento, regras e
diretrizes. Das 45 UCs baianas, 29 não possuem o plano, com seis delas
em processo de elaboração e outras cinco na fila para começarem o
processo.
Em julho de 2019, uma mudança estrutural travou todos os processos: a
atribuição pela elaboração dos planos de manejo saiu das mãos do Inema e
foi para a Secretaria de Meio Ambiente (Sema). “Ou seja, o órgão
executor da gestão não atua na elaboração do principal instrumento de
gestão da unidade. Nós [servidores] fomos terminantemente contra essa
mudança”, ressalta um servidor ao ((o))eco. O Decreto nº 19.129/2019
também passou para a Sema a responsabilidade pela criação de UCs e
extinguiu a Diretoria de Unidades de Conservação da estrutura do Inema,
pasta que foi reduzida a uma coordenação.
O servidor ouvido por ((o))eco aponta ainda que a reestruturação
paralisou os processos de planos de manejo por mais de um ano. “Voltou a
caminhar de fato no final do ano passado para o início desse. Ficou um
ano tudo parado enquanto a Sema e o Inema se ajustavam ao novo modelo. E
ainda está uma coisa nebulosa sobre como vai funcionar”, alerta.
Outro ponto destacado na carta da Ascra é a ausência de Conselho Gestor em 24 unidades de conservação. Os conselhos
são instrumentos de participação social que acompanham a gestão da UC e
atuam para compatibilizar os interesses dos diversos segmentos da
sociedade com a unidade, além de serem espaços democráticos onde os
conselheiros podem se manifestar sobre intervenções dentro da área
protegida ou propor diretrizes e ações. Sem este colegiado, a
interlocução entre a sociedade e a área protegida é esvaziada e perde a
transparência.
“Além da carência de material humano e dos dois instrumentos
essenciais de gestão (Plano de Manejo e Conselho Gestor), há também
grandes limitações de infraestrutura com exemplos de UC que não possuem
sede, nem veículos disponíveis, criando enormes dificuldades para a
efetiva gestão dessas áreas especialmente protegidas. Ademais, algumas
dessas UCs estão há anos sem nenhum gestor, sem infraestrutura e com
instrumentos de gestão defasados ou inexistentes, ou seja, abandonadas”,
aponta a carta dos servidores.
Para além da precariedade das unidades de conservação do estado, os servidores alertam também, desde 2016,
para o colapso do Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA) e Sistema
Estadual de Recursos Hídricos (SEGREH), “em decorrência das constantes
alterações da legislação, com transferências de atribuições entre a Sema
e o Inema, sem os instrumentos normativos complementares, contribuindo
para a falta de interação institucional entre os servidores na
realização das suas atribuições. Esse conjunto de fatores dificulta a
operacionalização da política e leva ao enfraquecimento do SISEMA, uma
vez que as alterações nefastas são realizadas sem ampla discussão entre
todos os órgãos do Sistema, e sem acompanhamento do seu impacto na
qualidade ambiental e das águas no Estado. A ausência de capacidade de
gestão administrativa e a falta de compreensão das políticas públicas de
meio ambiente e recursos hídricos, de forma integral, aliada à ausência
de planejamento estratégico e avaliação de resultados tem contribuído
para baixa execução das políticas e para a desmotivação e adoecimento
dos servidores do Sistema”.
Flexibilização da legislação ambiental
A carta dos servidores baianos denuncia outro cenário preocupante: a
flexibilização do licenciamento ambiental no estado. As mudanças não são
de hoje. Em 2012, o então governador da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA),
publicou o Decreto nº 14.024,
que instituiu a Política de Meio Ambiente e de Proteção à
Biodiversidade e estabeleceu as diretrizes do licenciamento; e dois anos
depois, um segundo decreto (nº 15.682/2014),
que trouxe novas regras. O resultado dos dois decretos foi a criação de
modalidades simplificadas de licença e a mudança nos critérios de porte
e potencial poluidor considerados para definir o rito de licenciamento
ao qual os empreendimentos estarão submetidos.
A principal – e mais polêmica – novidade foi a criação da Licença
Ambiental por Adesão e Compromisso, a LAC. Esta categoria, na prática um
processo auto declaratório de licença, seria concedida às atividades ou
empreendimentos de baixo e médio potencial poluidor em que “se conheçam
previamente seus impactos ambientais ou se conheçam com detalhamento
suficiente as características de uma dada região e seja possível
estabelecer os requisitos de instalação e funcionamento de atividades ou
empreendimentos, sem necessidade de novos estudos”.
“Houve uma flexibilização muito grande do licenciamento na Bahia nos
últimos anos, mesmo em empreendimentos dentro de unidades de
conservação. São poucos os processos de licenciamento ambiental onde a
gente [gestão da unidade de conservação] tem esse poder de anuência. Na
maior parte, a pessoa dá ciência, através de um documento da diretoria
com as informações básicas sobre o processo, as coordenadas… Só isso”,
explica um servidor do Inema que prefere não se identificar. “O que a
Bahia fez, estão querendo passar pro Brasil todo com esses projetos de
mudanças no licenciamento ambiental”, alerta.
Atualmente, a LAC está sendo julgada através de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 5014) em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2016, outro decreto estadual – hoje anulado pela Justiça Federal
– aumentou ainda mais a flexibilização para obtenção de licença de
atividades agrossilvipastoris, que passavam a contar com um
“procedimento especial” que se limitava à realização de um cadastro
online, sem necessidade de estudo ambiental ou mesmo vistoria prévia,
independentemente do porte, natureza ou localização do empreendimento.
A medida está suspensa por decisão judicial desde novembro de 2020,
depois de processo movido conjuntamente pelo Ministério Público Federal
(MPF) e o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA). Com isso, a
Justiça determinou ao Inema que volte a realizar o licenciamento
ambiental das atividades agrossilvipastoris no estado, com multa de
R$100 mil para cada caso de negativa constatado.
“Esta Associação já se manifestou contrária a algumas dessas
modalidades autorizativas, como a Autorização por Procedimento Especial
(APE) para as atividades agrossilvopastoris e a Licença por Adesão e
Compromisso (LAC) para postos de combustível, estações rádio-base e
transportadoras de produtos perigosos, tendo em vista que são
procedimentos meramente cadastrais e auto-declaratórios, sem qualquer
análise técnica de impactos ambientais, e tendo como agravante a
ausência de instrumento de controle ou participação social. Já
denunciamos a necessidade de transparência nos dados de fiscalização das
LAC. E apesar de estarem sendo questionadas judicialmente, e da Justiça
Federal ter suspendido a APE, não há até o momento nenhum documento
oficial do Inema que oriente a retomada do licenciamento ambiental
padrão para os empreendimentos agrossilvopastoris e/ou qualquer
discussão institucional técnica sobre a LAC”, descreve o texto da Ascra.
A carta aberta da Ascra destaca ainda que as mudanças legislativas
sobre a classificação dos empreendimentos transformaram os Estudos de
Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) e as
audiências públicas em exceção e não regra; e que “alguns
empreendimentos pequenos ficam isentos do licenciamento, mesmo que
possam causar impactos significativos em ambientes complexos”.
“Além da ausência de implementação de outros instrumentos de
consulta, além das audiências públicas, as comunidades têm denunciado
sistematicamente a dificuldade de acesso à informação e falta de
transparência no monitoramento de passivos ambientais e cumprimento de
condicionantes pelos empreendimentos licenciados pelo Estado”.
Os servidores apontam ainda o aumento de conflitos socioambientais no
estado em resposta às mudanças legislativas. De acordo com levantamento
feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de conflitos
cresceu 1.022% em nove anos. Em 2011, ano em que o Instituto do Meio
Ambiente e o Instituto de Gestão de Águas e Climas foram extintos para
dar lugar ao atual Inema, que centralizou os assuntos anteriormente
tocados individualmente pelos dois institutos, foram registrados apenas 9
conflitos. Em 2019, foram 101.
E no ano seguinte à publicação do decreto que criou o procedimento
especial de licenciamento para atividades agrossilvopastoris, o número
de conflitos mais que dobrou e saltou de 24 em 2016 para 56 em 2017.
Sem contratação para UCs à vista
Em fevereiro de 2021, o governo da Bahia abriu edital de um processo
seletivo simplificado (Reda), para contratação temporária de
profissionais. Na área ambiental, os servidores ouvidos por ((o))eco
reclamam que na área ambiental o foco é apenas o licenciamento, mesmo
com o cenário de abandono nas UCs. “Ao passo em que se caminha com um, o
licenciamento, aparelhando e contratando novos Redas, se destitui a
figura do gestor de UC para que as demandas das Unidades sejam
respondidas através de processos respondidos por qualquer técnico nas
Unidades Regionais. Todas as vagas [do edital] são direcionadas para o
licenciamento, sendo que a gestão de UC está precisando muito. Liberar
licenças ambientais é a prioridade do Inema”, lamenta um servidor.
Uma das perguntas enviadas ao Inema por ((o))eco era sobre a
perspectiva de contratação e concurso para vagas nas unidades de
conservação do estado, mas como mencionado anteriormente, não recebemos
nenhuma resposta do instituto.
Proteger o oceano tem um efeito de golpe triplo, salvaguardando o clima, os alimentos e a biodiversidade, de acordo com novas pesquisas.
Um mapa global compilado por cientistas internacionais aponta os
locais prioritários de ação para maximizar os benefícios para as pessoas
e a natureza.
A promessa de proteger pelo menos 30% até 2030 está ganhando impulso antes da cúpula da ONU sobre biodiversidade deste ano.
O estudo, publicado na revista científica Nature, estabelece uma estrutura para priorizar áreas do oceano para proteção.
O oceano cobre 70% da Terra, mas sua importância para resolver os
desafios de nosso tempo foi negligenciada, disse o pesquisador Prof
Boris Worm da Universidade Dalhousie em Halifax, Nova Escócia.
“Os benefícios são claros”, disse
ele. “Se quisermos resolver os três desafios mais urgentes de nosso
século – perda de biodiversidade, mudança climática e escassez de
alimentos – devemos proteger nosso oceano.”
O que o estudo analisou?
O oceano sustenta uma teia única de vida e abriga valiosos recursos alimentares, enquanto atua como um sumidouro de gases de efeito estufa.
Os pesquisadores desenvolveram um algoritmo para identificar onde no
mundo as proteções dos oceanos, como áreas marinhas protegidas e gestão
responsável da pesca, poderiam proporcionar os maiores benefícios em
três objetivos de proteção da biodiversidade, produção de frutos do mar e mitigação do clima.
Os locais foram mapeados para criar um “plano” que os governos possam usar no planejamento e na implementação de compromissos para proteger o oceano da pesca predatória e da destruição do habitat.
Em vez de um único mapa para a conservação dos oceanos, os
pesquisadores criaram uma estrutura para os países decidirem quais áreas
proteger, dependendo de suas prioridades nacionais.
Quanta proteção o oceano precisa?
A análise sugere que 30% é a quantidade mínima de oceano que o mundo deve proteger, a fim de fornecer vários benefícios à humanidade.
Isso se encaixa com a promessa de proteger 30% do mundo e da terra
até 2030, à qual um número crescente de países se inscreveram, incluindo
os EUA, Reino Unido, Canadá e a Comissão Europeia.
Muitos dos locais prioritários identificados na pesquisa estão sob a
jurisdição de países que podem implementar políticas oceânicas proativas
e sustentáveis, disse Jennifer McGowan, do Centro para Biodiversidade e
Mudança Global da Universidade de Yale e da The Nature Conservancy
(Conservação da natureza).
“Muitas vezes pensamos em proteção apenas como uma forma de salvar as baleias,
mas os oceanos fornecem muito mais para nós – eles estão fornecendo
alimentos para o planeta, fornecendo refúgios para espécies
influenciadas pela mudança climática, além de ser um enorme reservatório
de carbono, o que realmente importa para nosso clima “, disse ela à BBC
News.
“O que esta pesquisa está
sugerindo é que com um de nossos mecanismos mais fortes, que é a
proteção do oceano, podemos ajudar a entregar bons resultados para todas
essas coisas.”
As áreas prioritárias para proteção da biodiversidade incluem a
Península Antártica, a Cadeia do Atlântico Médio, o Planalto de
Mascarenhas e a Cadeia sudoeste do oceano índico.
O que o oceano faz pelo clima?
O estudo revelou pela primeira vez números sobre a quantidade de carbono liberado no oceano através da pesca de arrasto no fundo do oceano.
Esse método de pesca, que arrasta redes pesadas pelo fundo do oceano,
está lançando um gigatonelada de emissões de carbono no oceano a cada
ano, o equivalente a todas as emissões da aviação global, disseram os cientistas.
Se quisermos deter o aquecimento global, devemos deixar o leito
marinho rico em carbono intocado, disse a Dra. Trisha Atwood, da
Universidade Estadual de Utah.
“Nossas descobertas sobre os
impactos climáticos da pesca de arrasto de fundo tornarão as atividades
nas profundidades dos oceanos difíceis de ignorar nos planos climáticos
futuros”, acrescentou ela.
O estudo constatou que a eliminação de 90% do risco atual de liberação de gases de efeito estufa, devido à pesca de arrasto de fundo, exigiria a proteção de apenas cerca de 4% do oceano, principalmente nas águas nacionais.
O estudo é financiado pela National Geographic Society e pela Fundação Leonardo DiCaprio.