05/01/2023
Descoberto primeiro organismo que se alimenta apenas de
vírus
Redação do Diário da Saúde
Ciliados podem se alimentar de vírus que vivem na água -
eles prosperam e aumentam a população com uma dieta apenas de vírus.
[Imagem: Proyecto Agua]
Viróvoro
Cientistas descobriram o primeiro animal viróvoro, um animal
que se alimenta de vírus.
Durante três anos, John DeLong e seus colegas da
Universidade Nebraska-Lincoln (EUA) se debruçaram sobre um organismo unicelular
observando como milhões de partículas de vírus entravam no pequeno ser similar
a uma bactéria, que nada graças aos pequenos pelos em seu corpo, ou cília.
Só depois de muito estudar é que eles se deram conta que os
vírus não eram uma fonte de infecção, mas de nutrição.
Pertencente a uma espécie de Halteria -
ciliados planctônicos microscópicos que povoam a água doce em todo o mundo - o
animal ingere um grande número de clorovírus infecciosos que compartilham seu
habitat aquático.
Pela primeira vez, os experimentos de laboratório
comprovaram que o animal pode viver com uma dieta composta apenas por vírus.
É o primeiro caso de uma dieta virogênica, mostrando que ela
é suficiente para alimentar o crescimento fisiológico e até mesmo o crescimento
populacional de um organismo.
Partículas de clorovírus infectando algas verdes
microscópicas.
[Imagem: Kit Lee/Angie Fox]
Vírus como alimento
Os clorovírus são conhecidos por infectar algas verdes
microscópicas. Eventualmente, os clorovírus invasores estouram seus hospedeiros
unicelulares como balões, derramando carbono e outros elementos que sustentam a
vida no mar aberto. Esse carbono, que iria para os predadores das algas, passa
então a ser aspirado por outros microrganismos, um programa de reciclagem em
miniatura e, aparentemente, perpétuo.
"Isso está de fato apenas mantendo o carbono baixo
neste tipo de camada de sopa microbiana, evitando que os herbívoros levem
energia para cima na cadeia alimentar," disse DeLong.
Mas se os ciliados estão comendo esses mesmos vírus, então a
virivoria pode estar contrabalançando a reciclagem de carbono que os vírus
perpetuam. A equipe levanta a hipótese de que a virivoria esteja ajudando e
estimulando a fuga do carbono da escória da cadeia alimentar, concedendo-lhe
uma mobilidade ascendente que os vírus de outra forma suprimiriam.
Balanço de carbono
"Se você multiplicar uma estimativa grosseira de
quantos vírus existem, quantos ciliados existem e quanta água existe, vai
chegar a uma quantidade enorme de movimento de energia (na cadeia
alimentar)," disse DeLong, que estima que os ciliados em um pequeno lago
podem comer 10 trilhões de vírus por dia.
"Se isso está acontecendo na escala que pensamos, deve
mudar completamente nossa visão sobre o ciclo global de carbono,"
completou ele.
Além disso, tão logo se deram conta de que ciliados poderiam
comer vírus, eles já começaram a estudar outros organismos, que também parecem
apresentar o mesmo comportamento e a mesma dieta, mostrando que animais
viróvoros estão por toda parte e comendo quantidades imensas de vírus. Isso
deverá mudar por completo os cálculos de toda a cadeia alimentar terrestre.
Checagem com artigo científico:
Artigo: The consumption of viruses returns energy to food chains
Autores: John P. DeLong, James L. Van Etten, Zeina Al-Ameeli, Irina V.
Agarkova, David D. Dunigan
Publicação: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 120 (1) e2215000120
DOI: 10.1073/pnas.2215000120
Nenhum comentário:
Postar um comentário