quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Velhacaria do governo Dilma deixa os diplomatas na rua


Itamaraty: depois de Lula, sempre no escuro.
Destroçado pela estupidez ideológica do lulopetismo, o Itamaraty agora passa vergonha no exterior: embaixadores são ameaçados de despejo porque o governo Dilma não paga os aluguéis. Este é o Brasil-potência de Lula e Dilma. Artigo de Helena Celestino no jornal O Globo:


O embaixador brasileiro na Organização Mundial do Comércio, em Genebra, já recebeu um aviso de despejo depois de dois meses sem pagar aluguel. O proprietário da residência oficial do representante do Brasil é um banqueiro e, pela lei das probabilidades, não vai aconselhar clientes a investirem no país onde diplomatas atrasam pagamentos. O embaixador está longe de ser um caso isolado: daqui a 12 dias completarão quatro meses sem que os funcionários do Itamaraty no exterior recebam o auxílio-moradia, algo que representa de 70% a 90% dos salários. Não é mordomia, mas questão de sobrevivência em cidades onde um quarto e sala custa R$ 20 mil por mês. Resultado? “A política externa brasileira hoje se resume a negociar contas de luz e a escrever cartas explicando razões para o atraso”, resume um diplomata.

É melancólico para um país com ambições de ocupar espaços crescentes no cenário internacional e orgulho da tradição de independência nas suas relações com o mundo. Crise política aliada ao desmoronamento da economia e ao mau humor da presidente Dilma com as firulas diplomáticas acabaram com as veleidades brasileiras na política externa. “Nós temos uma certa capacidade de fingir que as coisas vão bem, mas a situação é dramática”, diz um embaixador. “Tenho 35 anos de Itamaraty, nunca vivi momento pior”, diz outro.

Não existe política externa sem dinheiro. A um mês de a presidente Dilma fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Brasil deve cerca de US$ 258 milhões ao sistema ONU. Nos anos Lula, a expansão internacional do país levou o Itamaraty a assumir compromissos para aumentar a presença nos organismos multilaterais. E, como sabemos, nada é de graça: as contribuições para a ONU aumentaram de US$ 36 milhões em 2010 para US$ 77 milhões em 2014, um reflexo do peso na época da potência emergente no cenário internacional. Só que não pagamos nada desde o início de 2014, acumulando uma dívida de pouco menos de R$ 1 bilhão — R$ 928 milhões.

A lista dos constrangimentos por falta de dinheiro em consulados e embaixadas brasileiras no exterior também é extensa. Nos Estados Unidos, vários carros oficiais não podem circular pelas cidades por que não há dinheiro para pagar o seguro obrigatório — em situação irregular, um deles está retido numa garagem. Deu na CNN terça-feira — e em todos os jornais e televisões brasileiros — a conta não paga de US$ 100 mil pelo aluguel de carros para a presidente e sua comitiva em São Francisco, uma das escalas da viagem oficial aos EUA, aquela em que se apostou todas as fichas para reaproximar Brasília e Washington, após a crise criada com a revelação do grampo no celular de Dilma pela National Security Agency. Mais uma dívida está espetada no consulado de Nova York : tem provavelmente o mesmo valor, é relativa ao aluguel do mesmo número de carros, contratados durante a mesma viagem, mas a empresa fornece serviços para a representação brasileira em Manhattan há muito tempo e, por isto, prefere não tocar no assunto publicamente.

A conta não fecha por motivos óbvios. A maior parte dos gastos do Itamaraty é com o pagamento e a o aperfeiçoamento dos diplomatas, sendo que 70% são despesas pagas em moeda estrangeira. Só que o orçamento teve um corte de R$ 40 milhões e foi fechado com previsão de um dólar a R$ 2,60 — a moeda, como sabemos, já está em torno de R$3,60. Para evitar a debacle, o secretário-geral, Sérgio Danese, concentra-se na reorganização interna do ministério, e o ministro Mauro Vieira multiplica as viagens para manter a presença brasileira no exterior. Enquanto isso, ninguém está falando de política externa.

“À voltas com uma grave crise de governabilidade, nós brasileiros estamos tendendo ainda mais para a introspecção. É como se o mundo começasse e terminasse no nosso país. Deixamos de lado os temas internacionais”, escreveu no “El País” o embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa.

Falta agenda. Hoje chega ao Brasil a chanceler Angela Merkel, a verdadeira presidente da União Europeia, e não temos nada a negociar. O tema das conversas será meio ambiente, mas a pauta é de interesse da Alemanha. A prisão do coronel Othon, presidente da Eletronuclear, cria constrangimento, já que era ele o homem a tocar Angra III, resultado de acordo com a Alemanha. Merkel também não vive bom momento: o Parlamento vota hoje o terceiro pacote de empréstimos concedido à Grécia pela União Europeia, em meio ao ceticismo dos alemães às acusações dos vizinhos de que a Alemanha humilhou os gregos — obrigando-os a aceitar o inaceitável— e às tensões com a chegada em massa de imigrantes. Aparentemente, o Brasil não tem nada a dizer, como também não teve palavras para condenar o espancamento e a prisão da jornalista Manuela Picq no Equador. 
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