A boa notícia para a presidente Dilma que a pesquisa do Ibope
Inteligência, feita a pedido da TV Globo e do Jornal O Estado de São
Paulo, traz é a estabilidade da corrida presidencial, embora sua
tendência de queda tenha sido registrada, assim como o crescimento da
candidatura oposicionista de Aécio Neves, ambas dentro da margem de
erro.
Os indícios de que o futuro não guarda boas notícias para a incumbente estão, porém, registrados na pesquisa, assim como o noticiário econômico reforça a idéia de que ela não tem boas notícias daqui até a eleição. O fato de o próprio governo já estar admitindo uma inflação mais alta, próxima do teto da meta de 6,5% no ano, e o crescimento mais baixo, de 1,9%, já indica que dificilmente a situação econômica ajudará o projeto de reeleição.
A perspectiva de que entremos em uma recessão técnica, com dois trimestres negativos, é uma realidade que o governo terá que enfrentar. Esses dados têm como consequência a má avaliação do governo Dilma, com apenas 31% dos eleitores considerando-o bom ou ótimo, quando as pesquisas mostram que dificilmente um candidato à reeleição consegue êxito se tem avaliação de ótimo e bom abaixo de 35%.
A situação para um eventual segundo turno, que a pesquisa do Ibope indica ser provável, mostra a presidente Dilma com uma distância pequena, mas consistente, contra seu principal adversário, o candidato tucano Aécio Neves.
Melhor situação que o empate técnico apontado pelas pesquisas do Datafolha e do Sensus, mas sendo reduzida ao longo da campanha. Todos os gráficos mostram um crescimento dos oposicionistas e um decréscimo da presidente Dilma. Ela é escolhida por 41% dos eleitores brasileiros, enquanto o candidato do PSDB recebe 33%.
É sintomático que a presidente Dilma cresça apenas três pontos em relação ao primeiro turno, e que Aécio acrescente 11 pontos percentuais à sua escolha. Até o candidato do PSB Eduardo Campos, que não cresce na pesquisa do primeiro turno, na simulação de um segundo turno contra Dilma aumenta incríveis 20 pontos percentuais, enquanto Dilma fica nos mesmos 41%.
A resiliência da presidente Dilma, no entanto, é uma força de sua candidatura. Independentemente de em quem irão votar, o Ibope constatou que mais da metade dos eleitores brasileiros (54%) acredita na sua reeleição. Isso não impede, no entanto, que Dilma continue sendo a candidata mais rejeitada de todos os que concorrem à presidência da República. Tem 36% de rejeição, contra 16% de Aécio Neves e 8% do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
A maneira como a presidente Dilma está governando o país é desaprovada por metade (50%) dos eleitores brasileiros, e aprovada por 44%. São números que mostram uma estabilidade enganosa, mas destacam também a dificuldade que os candidatos de oposição estão tendo para convencer que são capazes de realizar as mudanças desejadas por nada menos que 70% dos eleitores.
O tal mercado
A propósito da coluna que escrevi recentemente sobre a influência dos mercados na política e vice-versa, recebi do cientista político Nelson Paes Leme interessantes comentários que podem esclarecer melhor os leitores. “Mercado e democracia sempre andaram juntos desde os primórdios da civilização. Era no Ágora grego, no Século de Péricles, onde se discutiam as grandes questões econômicas, filosóficas e sociais. É tão forte essa relação entre democracia e mercado que esse fenômeno se intensifica depois nas praças medievais florentinas, genovesas e venezianas e avança pela Renascença.
Quem viaja a Bruges, no antigo condado de Flandres, atual Bélgica, ou a Fribourg, na Suíça, por exemplo, pode ainda visitar sempre a "praça do mercado", precursora das bolsas de valores e das assembléias legislativas, como em inúmeras outras cidades medievais da Europa.
Era lá, na praça, onde se discutia política, economia e finanças, simultaneamente com o pregão que depois vai, comportadamente, para dentro das bolsas de valores. Até hoje, no cantão de Appenzell, na Suíça, vota-se na praça as grandes questões administrativas, financeiras e econômicas cantonais.
Os termos "cheque desta praça" e "quebrar a banca" vêm desse momento muito rico.
Neste último caso, o conjunto dos comerciantes e mercadores, com o placet popular, literalmente "quebravam", em público, a banca do comerciante que não cumpria com seus compromissos, como emblema de que ali, naquela praça, não mais poderia vender suas mercadorias. Daí vem o termo "quebrar" para designar "falir", utilizado até os nossos dias.
Os indícios de que o futuro não guarda boas notícias para a incumbente estão, porém, registrados na pesquisa, assim como o noticiário econômico reforça a idéia de que ela não tem boas notícias daqui até a eleição. O fato de o próprio governo já estar admitindo uma inflação mais alta, próxima do teto da meta de 6,5% no ano, e o crescimento mais baixo, de 1,9%, já indica que dificilmente a situação econômica ajudará o projeto de reeleição.
A perspectiva de que entremos em uma recessão técnica, com dois trimestres negativos, é uma realidade que o governo terá que enfrentar. Esses dados têm como consequência a má avaliação do governo Dilma, com apenas 31% dos eleitores considerando-o bom ou ótimo, quando as pesquisas mostram que dificilmente um candidato à reeleição consegue êxito se tem avaliação de ótimo e bom abaixo de 35%.
A situação para um eventual segundo turno, que a pesquisa do Ibope indica ser provável, mostra a presidente Dilma com uma distância pequena, mas consistente, contra seu principal adversário, o candidato tucano Aécio Neves.
Melhor situação que o empate técnico apontado pelas pesquisas do Datafolha e do Sensus, mas sendo reduzida ao longo da campanha. Todos os gráficos mostram um crescimento dos oposicionistas e um decréscimo da presidente Dilma. Ela é escolhida por 41% dos eleitores brasileiros, enquanto o candidato do PSDB recebe 33%.
É sintomático que a presidente Dilma cresça apenas três pontos em relação ao primeiro turno, e que Aécio acrescente 11 pontos percentuais à sua escolha. Até o candidato do PSB Eduardo Campos, que não cresce na pesquisa do primeiro turno, na simulação de um segundo turno contra Dilma aumenta incríveis 20 pontos percentuais, enquanto Dilma fica nos mesmos 41%.
A resiliência da presidente Dilma, no entanto, é uma força de sua candidatura. Independentemente de em quem irão votar, o Ibope constatou que mais da metade dos eleitores brasileiros (54%) acredita na sua reeleição. Isso não impede, no entanto, que Dilma continue sendo a candidata mais rejeitada de todos os que concorrem à presidência da República. Tem 36% de rejeição, contra 16% de Aécio Neves e 8% do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
A maneira como a presidente Dilma está governando o país é desaprovada por metade (50%) dos eleitores brasileiros, e aprovada por 44%. São números que mostram uma estabilidade enganosa, mas destacam também a dificuldade que os candidatos de oposição estão tendo para convencer que são capazes de realizar as mudanças desejadas por nada menos que 70% dos eleitores.
O tal mercado
A propósito da coluna que escrevi recentemente sobre a influência dos mercados na política e vice-versa, recebi do cientista político Nelson Paes Leme interessantes comentários que podem esclarecer melhor os leitores. “Mercado e democracia sempre andaram juntos desde os primórdios da civilização. Era no Ágora grego, no Século de Péricles, onde se discutiam as grandes questões econômicas, filosóficas e sociais. É tão forte essa relação entre democracia e mercado que esse fenômeno se intensifica depois nas praças medievais florentinas, genovesas e venezianas e avança pela Renascença.
Quem viaja a Bruges, no antigo condado de Flandres, atual Bélgica, ou a Fribourg, na Suíça, por exemplo, pode ainda visitar sempre a "praça do mercado", precursora das bolsas de valores e das assembléias legislativas, como em inúmeras outras cidades medievais da Europa.
Era lá, na praça, onde se discutia política, economia e finanças, simultaneamente com o pregão que depois vai, comportadamente, para dentro das bolsas de valores. Até hoje, no cantão de Appenzell, na Suíça, vota-se na praça as grandes questões administrativas, financeiras e econômicas cantonais.
Os termos "cheque desta praça" e "quebrar a banca" vêm desse momento muito rico.
Neste último caso, o conjunto dos comerciantes e mercadores, com o placet popular, literalmente "quebravam", em público, a banca do comerciante que não cumpria com seus compromissos, como emblema de que ali, naquela praça, não mais poderia vender suas mercadorias. Daí vem o termo "quebrar" para designar "falir", utilizado até os nossos dias.
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