| 23 Junho 2016
Artigos - Ciência
Um
livro de grande importância para os estudiosos da biopolítica, com
interessantes descrições que podem auxiliar numa interpretação de nossa
realidade brasileira.
Yuval Levin é membro do Centro de Ética e Políticas Públicas, onde atua como diretor do Programa de Bioética e Democracia Americana. É o editor sênior do Periódico New Atlantis, que trata de biotecnologia e bioética. Serviu como diretor-associado da Casa Branca para o Conselho de Política Interna e diretor executivo do Comitê Presidencial de Bioética. Escreve para diversas publicações de grande porte como o New York Times, o Wall Street Journal, Commentary, National Review e outros.
Em
seu livro, Yuval trata da pretensão baconiana de controlar a natureza e
de como tal anseio subsiste dentro do espectro político dos Estados
Unidos. Mostra que a classificação desejada pelos liberais (esquerda),
na qual progressistas apoiam a ciência e conservadores caminham contra
seu desenvolvimento é uma simplificação grosseira.
Seu
argumento revela algumas realidades que negam a pretensão de aliar
determinado espectro político com o atraso ou o progresso da ciência, e
exibe alguns problemas que tanto a direita quanto a esquerda deverão
resolver.
No
primeiro capítulo o autor fala do desafio moral representado pela
ciência e da responsabilidade que temos diante do passado, do presente e
do futuro em avançarmos com cautela.
No
segundo capítulo, o autor trata de como essas tecnologias se inserem e
dizem respeito à vida cotidiana de todos nós, e mostra questões de
grande importância que definirão toda a civilização e direcionarão nosso
futuro, como a clonagem e a manipulação genética de nossos filhos.
No
terceiro capítulo, o autor reflete sobre a divisão entre as humanidades
e a ciência, e de como essas duas culturas não podem ser vistas em
separado, mas devem colaborar uma com a outra a permitir um progresso
seguro e, portanto, responsável.
No
quarto capítulo, Yuval fala de algumas visões de como nosso futuro
poderá ser, abordando os temas relacionados ao transumanismo e ao
progresso imprevisível perante o qual avançamos.
No
quinto e sexto capítulos o autor trata de como a direita e a esquerda
enxergam e lidam com a ciência nos Estados Unidos, traçando um cenário
muito mais complexo do que a maioria das pessoas ousa pensar.
A
esquerda americana, sempre defendendo ocupar a posição de promotora da
ciência e do projeto baconiano de controle sobre a natureza para
aumentar a liberdade do ser humano, agora está em um embate interno ao
querer abraçar um ambientalismo que, de regra, busca limitar a ação do
homem sobre a natureza.
A
direita americana, defensora dos costumes e do decoro, vê-se numa
posição de crítica à ciência baseada no exercício de uma agressiva
análise do discurso e dos pressupostos dos cientistas, trazendo à tona
os mais desconfortáveis e escandalosos assuntos com uma metodologia
desenvolvida e aplicada inúmeras vezes pela mais questionadora e
agressiva parte da esquerda.
Este
é um livro de grande importância para os estudiosos da biopolítica, com
interessantes descrições que podem auxiliar numa interpretação de nossa
realidade brasileira.
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