Publicado: 18, agosto 2016 ás 12:47
Foto: Welington Pedro de Oliveira / Fotos Públicas
Repórter Ana Kruger, da CBN Curitiba
A Fundação SOS Mata Atlântica enviou ao
governador Beto Richa um pedido de suspensão das emissões de licenças
para desmatamento até 2018 e a revisão das que foram concedidas nos
últimos 24 meses. A organização quer frear o avanço do desmatamento no
estado, apontado como líder em desmate nos últimos trinta anos.
Em maio, a fundação divulgou um
levantamento em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe). O Paraná é o estado que mais desmatou nos últimos trinta anos,
segundo a pesquisa. Entre 1985 e 2015, foram desmatados mais de 456 mil
hectares, área equivalente a mais de dez cidades de Curitiba. Só entre
2014 e 2015, o estado desmatou 1.988 hectares.
> Paraná é o estado que mais destruiu a Mata Atlântica nos últimos 30 anos
> IAP encontra desmatamento em áreas equivalentes a 514 campos de futebol
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A diretora executiva da Fundação SOS
Mata Atlântica, Márcia Hirota, é uma das autoras do pedido de moratória.
Segundo ela, os desmates ficaram concentrados na região centro-sul do
Paraná. “Nesse período, o desmatamento estiveram concentrados na região
da formação das araucárias. Quando lançamos os dados em maio, nós
fizemos esse alerta à sociedade. Agora, nosso objetivo é verificar as
licenças e como foram emitidas e os desmatamentos ilegais da região”,
diz.
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O pedido de moratória também foi enviado
ao Ministério Público do Paraná (MPPR) e é analisado pelo promotor
Alexandre Gaio, da promotoria de proteção ao meio ambiente. Segundo o
órgão, a medida coincide com uma recomendação já feita ao governo do
estado.
A Mata Atlântica é o único bioma que
possui uma legislação específica. A lei autoriza o desmate de mata
nativa apenas em casos de utilidade pública e de interesse social. O
pedido feito ao governo do estado busca identificar se todo o desmate do
estado é autorizado ou se parte é ilegal.
“Nós não sabemos como está sendo feito a
emissão de licença para autorização de desmatamento, para qualquer
finalidade. Então tem um trabalho que o órgão ambiental, no caso o IAP
[Instituto Ambiental do Paraná], que vem emitindo as licenças, para
checar como que isso vem sendo feito em todo o estado. A partir dai, dá
pra saber se esses desmatamentos são autorizados ou não”, afirma Hirota.
Em maio do ano passado, secretarias
estaduais de meio ambiente de vários estados brasileiros, inclusive do
Paraná, assinaram a “Carta nova história para a mata atlântica”. Desde
então, o Paraná se comprometeu a zerar o desmate ilegal até 2018.
“Nós já temos estados importantes, como
São Paulo e Rio de Janeiro, que estão com desmatamento zero há alguns
anos. Então isso é algo realmente possível. Esse é o compromisso que a
Secretaria do Meio Ambiente também estabeleceu e a gente espera que eles
consigam atuar de forma a evitar que novos desmatamentos aconteçam no
futuro”, diz a diretora da fundação.
O órgão informou ainda que combate o
desmatamento ilegal com uma força tarefa de fiscalização. No primeiro
semestre deste ano, o IAP identificou cerca de 514 hectares desmatados
de forma irregular. Também foram achadas 1373 araucárias derrubadas sem a
devida autorização ambiental. No mesmo período, as multas aplicadas
somam cerca de R$ 6 milhões.
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