quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Novo estudo da organização The Nature Conservancy (TNC) revela que um
investimento de apenas US$ 4 por habitante para plantio de árvores em
algumas das maiores cidades do mundo beneficiaria a saúde de dezenas de
milhões de pessoas, devido à redução da poluição do ar, das ilhas de
calor e do aquecimento global.
Um investimento global de US$ 100 milhões ao ano em plantio de árvores
pode oferecer cidades mais frescas a 77 milhões de pessoas, além de
decréscimos mensuráveis da poluição por material particulado a 68
milhões de habitantes.
As árvores são a única solução com a dupla função de limpar e resfriar o
ar, ao mesmo tempo em que oferecem outras vantagens: espaços verdes
para os cidadãos, habitat para a fauna selvagem e sequestro de carbono.
Obviamente, não basta só plantar – é preciso cuidar para que as árvores
cresçam e se mantenham saudáveis, com espaço para o desenvolvimento de
raízes e galhos e com amplo acesso a nutrientes e água. Dessa forma,
estarão mais resistentes ao ataque de doenças e também terão menor risco
de queda durante as tempestades.
Publicado no dia 31 de outubro na conferência anual da Associação
Americana de Saúde Pública, o estudo Plantando Ar Puro (Planting Healthy
Air) apontou os lugares nos quais um investimento em árvores pode
trazer maior impacto à vida das pessoas. Os centros urbanos com alta
densidade demográfica, níveis elevados de poluição e calor e baixo custo
no plantio de árvores apresentaram as maiores taxas de retorno sobre o
investimento. Países como a Índia, Paquistão e Bangladesh seriam os mais
beneficiados, mas cidades latino-americanas também possuem grande
potencial de se beneficiar do plantio.
O estudo, que calcula o retorno sobre investimento (ROI), aponta que
Salvador, Recife, Fortaleza e São Paulo estão entre as 10 cidades com
maior ROI para material particulado da América Latina, ou seja,
encontram-se entre as cidades com a melhor relação custo-benefício para
redução de material particulado. São Paulo e Salvador também estão entre
as 10 cidades com maior ROI para redução de calor.
Saúde pública
A TNC desenvolveu o estudo em parceria com o Grupo C40 de Grandes
Cidades na Liderança Climática, com o objetivo de fornecer às lideranças
nas cidades os dados necessários para demonstrar que os investimentos
em plantio de árvores podem melhorar a saúde pública.
“Árvores em zonas urbanas salvam vidas e são tão economicamente
eficientes quanto as soluções mais tradicionais, como instalar
depuradores de chaminés ou pintar os telhados de branco”, declarou Rob
McDonald, cientista responsável pelas cidades do mundo na TNC e
principal autor do estudo. A seguir, alguns destaques:
Anualmente, mais de 3 milhões de pessoas morrem em decorrência dos
efeitos do material particulado fino – uma forma de poluição tão
diminuta que pode entrar no fluxo sanguíneo e nos pulmões, acarretando
doenças respiratórias, cardíacas e derrame. Nas cidades, uma grande
parcela dessa poluição resulta da queima de combustíveis fósseis,
inclusive pelos motores de automóveis. Árvores podem remover até um
quarto do material particulado no raio de algumas centenas de metros e,
plantadas no lugar correto, constituem uma barreira eficaz que filtra o
ar sujo e protege a população local.
O aquecimento urbano já é o desastre climático mais letal que
enfrentamos, e os impactos devem aumentar conforme o clima continua
mudando. No verão de 2003, na França, uma onda de calor matou cerca de
11.000 pessoas em uma semana. Os mais vulneráveis às ondas de calor são
os idosos sem acesso a ar condicionado. Uma árvore pode diminuir a
temperatura à sua volta em até 2º C, oferecendo uma proteção contra os
impactos da mudança climática.
Fonte: Envolverde
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