sábado, 30 de dezembro de 2017

Nesse verão, dispense o canudinho

Nesse verão, dispense o canudinho



21 Dezembro 2017   |   0 Comments
Por Taís Meireles

Hoje começa oficialmente o verão e o WWF-Brasil te convida a fazer uma reflexão: o que cada um de nós pode fazer para reduzir o plástico nos oceanos?

A poluição marinha é um problema global, que afeta pelo menos 267 espécies marinhas em todo o mundo. Empresas e Governo têm suas responsabilidades, mas nós, a sociedade civil, também podemos - e devemos - fazer algo para mudar esse cenário.

O WWF-Brasil atua com o tema desde 2016, através do projeto Plástico Vale Ouro, que busca reduzir a chegada de plástico na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, promovendo desenvolvimento social para comunidades locais.

E você? Que tal ajudar também com um simples gesto: diga não aos canudinhos!

Se você é dono de um negócio, também pode diminuir a geração de resíduos plásticos no seu estabelecimento ou zerar completamente a geração deste tipo de lixo, juntando-se ao projeto Straw Wars (Guerra aos Canudos, em tradução livre).

Fontes:
Relatório de 2016 do Fórum Econômico Mundial de Davos + Fundação Ellen MacArthur
Livro Plastiki, Across the Pacific on Plastic: An Adventure to Save Our Oceans, de David de Rothschild
Matéria de 2015 do Daily Mail entrevistando o pesquisador Richard Thompsom da Universidade de Plymout

Funrural, desmatamento e trabalho escravo: Por que 2017 foi o ano da bancada ruralista


POLÍTICA

Funrural, desmatamento e trabalho escravo: Por que 2017 foi o ano da bancada ruralista

'É uma correlação de forças desigual que favorece os interesse em temas como recursos hídricos e biodiversidade', alerta especialista da WWF-Brasil.

26/12/2017 09:43 -02 | Atualizado 26/12/2017 

Montagem / Reuters / Getty / Agência Brasil

Apoio a Temer foi moeda de troca para conquistas da bancada ruralista, presidida pelo deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).

Eles são 200 dos 513 deputados federais e têm unidade de 140 a 160 votos. Oficialmente Frente Parlamentar Agropecuária, a bancada ruralista representou dois terços dos parlamentares que votaram para engavetar a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer em agosto. O apoio se repetiu na votação da segunda denúncia em outubro.


Se o peso no plenário da Câmara é grande, a fatura também. A fatia das emendas parlamentares destinadas ao fomento do setor agropecuário soma R$ 532 milhões empenhados só de junho a 1º de dezembro.


De acordo com a estimativa da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), por sua vez, agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do País em 2017, a maior participação em 13 anos.

Na cerimônia de posse da diretoria executiva da CNA, em 12 de dezembro, Temer afirmou que "para fazer o que o Brasil precisa, é preciso passar pela agricultura, pelo agronegócio, pela pecuária, que têm sido sustentáculo da economia nacional".

No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), programa de financiamento de dívidas de produtores que prevê renúncia fiscal de R$ 15 bilhões em 15 anos, de acordo com a Receita Federal. A proposta original veio na forma de uma medida provisória (MP) editada pelo governo, às vésperas da votação da primeira denúncia de Temer.

Moeda de troca com bancada ruralista

Na avaliação de Michel de Souza, coordenador de políticas públicas da WWF-Brasil, a formulação de políticas públicas no Brasil acaba beneficiando o agronegócio. "Trata-se de uma correlação de forças desigual, que via de regra favorece os interesse defendidos pela bancada ruralista em diversas esferas, em temas como demarcação de terras indígenas, questões quilombolas, agrotóxicos, recursos hídricos, biodiversidade, entre outras", afirmou ao HuffPost Brasil.


Esse apoio do governo federal ao setor pode ser observado nos financiamentos públicos à produção, nos perdões de dívidas e de multas e no próprio orçamento maior do Ministério da Agricultura, em comparação, por exemplo, com o Ministério do Meio Ambiente.
Esse apoio traz inúmeros prejuízos à sociedade brasileira. Uma das questões principais é o fato de as questões ambientais virarem moeda de troca para a aprovação de assuntos prioritários para o governo. Assim, em troca de votos em questões caras ao Executivo, como o arquivamento de processos contra o presidente, ou reformas estruturais, a flexibilização da legislação ambiental é levada adiante sem muita resistência.
Sobre o projeto de lei pronto para ser votado no plenário da Câmara que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental, uma das prioridades da bancada, Souza alerta que a "aprovação seria catastrófica" e significaria aumentar o risco de crimes como o que aconteceu em Mariana (MG).


O especialista cita como propostas em discussão no Congresso que implicam riscos para o meio ambiente a desregulação do uso de agrotóxicos, os ataques aos processos de criação, implementação e definição de área de amortecimento em unidades de conservação, a precarização do processo de demarcação de terras indígenas em territórios quilombolas e o afrouxamento das regulações sobre a atividade mineradora, dentre outros.


Marcos Corrêa/PR
Presidente Michel Temer (esq), deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ao centro, e ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em reunião da Frente Parlamentar da Agricultura.

Bancada ruralista nega favorecimento

O presidente da frente parlamentar agropecuária, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), nega que a MP do Funrural beneficiaria a bancada. "O setor produtivo não se sentiu confortável de votar. Não foi beneficiado em nada. Zero", afirmou ao HuffPost Brasil. O projeto de lei surgiu porque o prazo para votação da medida provisória venceu. Sobre o PL, o parlamentar afirma que regularizar a dívida é fundamental para que o setor continue a produzir.

Defensor da terceirização e da reforma trabalhista, Leitão vê as mudanças como fundamentais para recuperação da economia. "Tudo isso fez uma diferença enorme para o setor produtivo", afirmou. Para ele, o apoio da frente a Temer é natural porque o grupo foi a favor da saída da ex-presidente Dilma Rousseff.
A frente se posicionou quase na totalidade em favor do impeachment. Automaticamente migra isso com o apoio do governo que vem com uma mensagem daquilo que a gente queria ouvir, do avanço do setor produtivo, de acabar com essa ideologia dentro do setor, então uma coisa acaba somando com a outra.
Leitão nega que a bancada tenha sido consultada pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, antes da publicação da portaria que limitou a fiscalização de situações degradantes laborais. "Nós não concordamos com a portaria, não do ponto de vista do objeto dela, mas do tempo. A portaria vem justamente quando nós pregávamos que não queríamos que esse assunto fosse regido por portarias e decretos, mas sim por lei", afirmou.

Entre as prioridades da frente citadas pelo parlamentar, está aprovar a regulamentação do licenciamento ambiental e uma nova definição sobre trabalho escravo.
Conheça as conquistas da bancada ruralista em 2017.

Funrural

O programa de refinanciamento estabelece que a dívida dos produtores rurais pessoa física deve ser paga com entrada de 2,5% do valor e terá desconto de 100% das multas e encargos sobre as dívidas do Funrural assumidas até 30 de agosto de 2017.
O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, em abril, pela constitucionalidade da Contribuição Social Rural, cobrada dos produtores do setor para custear a aposentadoria.
De acordo com o projeto de lei aprovado na Câmara, os produtores rurais pessoa física pagarão 1,2% sobre seu faturamento. Já os produtores pessoa jurídica terão alíquota de 1,7% a partir de fevereiro.

Renca

Em setembro, o decreto que abria a Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados), para a exploração das mineradoras na Floresta Amazônica, foi revogado após a reação de ambientalistas e da comunidade internacional.

No Rock in Rio, a modelo e ativista Gisele Bündchen chegou a discursar, emocionada, sobre o assunto. "Sonho com o dia em que encontraremos o equilíbrio entre o ter e o ser... o desfrutar e o preservar. Sonho com o dia em que viveremos em harmonia, em total harmonia, com a mãe terra... Cada um tem um impacto nesse mundo, só temos de decidir qual impacto queremos ter", afirmou.

A área de 47 mil quilômetros quadrados entre o Pará e o Amapá contempla nove reservas ambientais e indígenas, que seriam impactadas caso o governo federal liberasse a área para a entrada de empresas privadas.


CARL DE SOUZA via Getty Images
Vista aérea do desmatamento da Amazônia em setembro de 2017.

Reservas ambientais

A mobilização de Gisele Bündchen e de diversas entidades ambientais, como o WWF, o Greenpeace e o Instituto Socioambiental (ISA), também contribuíram para o veto a duas medidas provisórias com impacto ambiental. O presidente Michel Temer vetou os textos em junho, após a repercussão negativa.

Aprovada em maio pelo plenário da Câmara dos Deputados, a MP 756/2016 criou a Área de Proteção Ambiental (APA) Jamanxim, com área aproximada de 542 mil hectares. Para isso, a Flona do Jamanxim foi reduzida de 1,3 milhão de hectares para aproximadamente 557 mil hectares.

Já a MP 758/2016 alterou os limites da APA do Tapajós e do Parna do Jamanxim, desafetando, no último, duas áreas que totalizam 862 hectares e, concomitantemente, agregando a ele outra área de 51 mil hectares.

As mudanças colocariam em risco a preservação da área onde vivem espécies nativas da Amazônia. Isso porque uma APA tem critérios de uso mais flexíveis, como pecuária e mineração.

Dinheiro para combate ao desmatamento

Também em junho, na esteira da discussão das MPs, a Noruega, maior doador do Fundo Amazônia, anunciou o corte de pelo menos 50% no valor enviado para o Brasil em projetos de combate ao desmatamento, cerca de R$ 196 milhões.

O acordo que regulamenta o fundo prevê redução dos recursos se houver aumento do desmatamento. Entre 2009 e 2016, foram cerca de R$ 2,8 bilhões.

Segundo estudo da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve um aumento de 58% no desmatamento em 2016. Na época do corte do fundo, ao ser questionado, em viagem à Noruega, se poderia garantir que a taxa seria reduzida, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que "apenas Deus poderia garantir isso".

Trabalho escravo

O enfrentamento ao trabalho escravo foi outra área que sofreu um revés em 2017. No início de dezembro, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) apresentou à Justiça ação de improbidade administrativa contra o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, por ações da pasta que enfraqueceram o combate a irregularidades.

Em outubro, uma portaria assinada por Nogueira foi alvo de críticas por restringir a definição de trabalho análogo à escravidão. O documento, suspenso em liminar pelo STF posteriormente, também criava entraves à fiscalização, de acordo com auditores da área, que alegaram não terem sido consultados sobre a mudança. A portaria também previa que a lista suja do trabalho escravo só seria divulgada após aval do ministro.

Outro ponto criticado pelo MPF foi a redução de recursos para o Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM). De acordo com a ação, o ministro, "de forma omissa e deliberada", deixou de repassar os recursos orçamentários necessários para o desempenho das operações do GEFM, apesar do compromisso de incrementar em 20% as ações planejadas de inspeção previsto no Plano Plurianual da União. Em 2015, foram 155 operações. O número passou para 106 em 2016 e para 18 neste ano.

Na época, o ministério afirmou que "em nenhum momento houve ou há descaso do Ministério do Trabalho em relação ao combate ao trabalho escravo" e que a portaria daria garantias à fiscalização.


Getty Images
Mineração no distrito de Bom Futuro, em região desmatada da Amazônia, em junho de 2017.

Congresso libera vaquejada

Com forte apoio da bancada ruralista e dos parlamentares do Nordeste, em junho, foi promulgada a emenda à Constituição que libera a vaquejada, prática na qual dois vaqueiros montados a cavalo têm de derrubar um boi, puxando-o pelo rabo.
A questão, contudo, enfrenta entraves jurídicos. Em outubro de 2016, o STF havia considerado a prática inconstitucional por submeter os animais à crueldade.
Após a emenda à Constituição, um novo processo questiona o tema no Supremo. Autor da ação, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal alega que o texto viola as cláusulas pétreas do "meio ambiente equilibrado" e das vedações de tortura, tratamento degradante e penas cruéis, além de ir contra uma decisão anterior do Supremo sobre o tema. Ainda não há previsão para o julgamento.

Porte rural de arma

Em uma vitória da bancada ruralista junto à bancada da bala, avançaram propostas que permitem o porte de armas em propriedades rurais. Em outubro, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou o projeto de lei 6717/16, que permite o porte nesses casos para maiores de 21 anos. A licença terá validade de dez anos.
Conforme a proposta, a licença será concedida mediante requerimento, com a apresentação de comprovante de residência ou de trabalho em área rural e nada consta criminal. O comprovante de residência poderá ser substituído pela declaração de duas testemunhas e o nada consta criminal, pela declaração da autoridade policial local.
Atualmente, o Estatuto do Desarmamento prevê idade mínima de 25 anos para a compra de armas e exige que o interessado comprove a efetiva necessidade da arma.

Enfraquecimento da Funai

Ao longo de 2017, ambientalistas e indígenas criticaram ações de enfraquecimento da Funai ( Fundação Nacional do Índio). Após deixar a presidência da instituição, Antônio Fernandes Costa criticou a "ingerência política" no órgão e relatou pressão do líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE).

Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, Costa atribuiu sua exoneração à pressão do ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio. O ex-presidente da Funai disse que Serraglio não entende "nada" das políticas para os indígenas e é ligado a ruralistas.

Em maio, o então ministro reduziu o orçamento da Funai para este ano em 44%. Funcionários da autarquia relataram dificuldades até no pagamento da conta de luz.
Em comunicado divulgado em junho, relatores da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos criticaram a situação dos povos indígenas no Brasil — o que classificam como "ataques aos direitos ambientais" no País. Em maio, a CPI da Funai aprovou relatório de Nilson Leitão com pedido de indiciamento de lideranças indígenas.


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Ótima reportagem da TV Brasil/EBC sobre "a maior queimada da história da Chapada dos Veadeiros"

http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2017/11/do-fogo-vida



Gente, boa tarde.

    Compartilho link http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2017/11/do-fogo-vida para quase 56 minutos de ótima reportagem da TV Brasil/EBC sobre "a maior queimada da história da Chapada dos Veadeiros", onde aquele Parque Nacional e seu entorno fazem parte da Reserva da Biosfera do Cerrado.




-- 
Aldem Bourscheit
+55 61 981 149 319
Jornalista DRT/RS 9781
Conect@ - Comunicação com Propósito
Mestrando em Desenvolvimento Sustentável (Flacam)
Membro da Comissão sobre Educação e Comunicação da UICN 
Especialista em Meio Ambiente, Economia e Sociedade (Flacso)

Guia de Adaptação às Mudanças do Clima para entes federativos

RB AMBIENTAL <noreply+feedproxy@google.com>
Para:parkwayresidencial@yahoo.com.br
29 de nov às 13:42

RB AMBIENTAL



Posted: 28 Nov 2017 02:34 PM PST
A mudança do clima é um fenômeno real e crescente, que tem impacto severo em todo o mundo, tanto em zonas rurais quanto em centros urbanos. Variações nas temperaturas, no regime de chuvas e no escoamento de água dos rios são exemplos de suas consequências e afetam imediatamente as cidades, a agricultura, a produção de alimentos e a sociedade como um todo. No meio urbano, considerando que metade da população mundial vive em cidades, a preocupação com a adaptação é prioritária.

Diante desse contexto, esta publicação busca trazer mais visibilidade para a agenda de adaptação, uma vez que a mitigação vem sendo discutida há mais tempo. Aqui se destacam os principais desafios para o planejamento municipal e estadual. O modo de fazê-lo, com um passo a passo para gestores, além da intenção de envolver cidadãos.

Acesse o Guia de Adaptação às Mudanças do Clima para entes federativos - 2017 clique aqui

Fonte: WWF Brasil
 
 
Comentário
 
Mais um trabalho de mitigação do calor pago por um governo que continua desmatando, loteando e fracionando o solo e incentivando e regularizando invasões.Haja cinismo!!!
 
 

Lei nº 6.043/2017 - Política de Incentivo à Geração de Energia Limpa em prédios no DF

Lei nº 6.043/2017 - Política de Incentivo à Geração de Energia Limpa em prédios no DF

LEI Nº 6.043, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2017 
(Autoria do Projeto: Deputado Cristiano Araújo) 

Institui a Política de Incentivo à Geração de 
Energia Limpa em prédios residenciais 
ou não no Distrito Federal. 

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, FAÇO SABER QUE A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI: 

Art. 1º Fica instituída a Política de Incentivo à Geração de Energia Limpa em prédios residenciais ou não no Distrito Federal. 

Art. 2º O Poder Público pode promover campanha educativa de forma a esclarecer a população do Distrito Federal sobre os benefícios da utilização de energia limpa, os meios de sua utilização e a possibilidade da compensação da energia produzida com créditos a serem recebidos da companhia distribuidora de energia, nos termos definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. 

Art. 3º O Poder Público pode subsidiar e promover incentivos fiscais para a aquisição de equipamentos de captação e distribuição de energia limpa em unidades consumidoras do Distrito Federal. 

Art. 4º As companhias distribuidoras de energia elétrica do Distrito Federal devem disponibilizar, em suas páginas oficiais, as normas técnicas para utilização de equipamentos de captação de energia limpa, bem como para utilização de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica, de forma clara e transparente. 

Art. 5º Os prédios a serem construídos, reformados ou alugados pelo Poder Executivo, se tecnicamente viável, devem utilizar energia limpa, bem como microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica. 

Art. 6º Na medida do possível, podem ser implantados sistemas para captação de energia solar com a utilização de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica nos projetos de edificações residenciais ou não no Distrito Federal.
Art. 7º As novas edificações voltadas para programas de habitação de interesse social devem, preferencialmente, ter sistemas de captação de energia solar com utilização de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica. 
Art. 8º (V E T A D O). 
Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 10. Revogam-se as disposições em contrário. 
Brasília, 22 de dezembro de 2017 
130º da República e 58º de Brasília 
RODRIGO ROLLEMBERG
Fonte: DODF




(Mais um parcelamento do solo disfarçado sob a criação de um novo parque!) Decreto nº 38.718/2017 - Cria o Parque Urbano Internacional da Paz


Posted: 20 Dec 2017 03:58 AM PST
DECRETO Nº 38.718, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2017



Aprova o projeto de parcelamento que cria a 
2ª etapa do Setor de Embaixadas Norte, 
na Região Administrativa do Plano Piloto - RA I, 
cria a Praça e o Parque Urbano 
Internacional da Paz e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, tendo em vista a Decisão nº 26/2017 do Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal - CONPLAN e o que consta do Processo Administrativo nº 390.000.145/2009, DECRETA :

Art. 1º Fica aprovado o projeto urbanístico de parcelamento do solo, que cria a 2ª etapa do Setor de Embaixadas Norte, na Região Administrativa do Plano Piloto - RA I, consubstanciado no Projeto de Urbanismo - URB 098/2009, no Memorial Descritivo - MDE 098/2009 e nas Normas de Edificação, Uso e Gabarito - NGB 098/2009.

Art. 2º Ficam criadas como parte integrante do projeto de parcelamento a Praça e o Parque Urbano Internacional da Paz, com o objetivo de manter as questões paisagísticas fundamentais do tombamento, de viabilizar o lazer, o intercâmbio cultural e a promoção das relações internacionais e de garantir as condições da drenagem no escopo do Programa Drenar-DF.

Parágrafo único. Os limites do Parque Urbano Internacional da Paz estão descritos no MDE 098/2009.

Art. 3º Os documentos urbanísticos referentes à aprovação do projeto encontram-se disponíveis no endereço eletrônico http://www.sisduc.segeth.df.gov.br/, conforme determinação da Portaria nº 06, de 08 de fevereiro de 2017, que dispõe sobre os procedimentos para divulgação de documentos urbanísticos e sua disponibilização no Sistema de Documentação Urbanística e Cartográfica - SISDUC, da Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal - SEGETH.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 18 de dezembro de 2017.

130º da República e 58º de Brasília

RODRIGO ROLLEMBERG

Fonte: SINJ-DF

Tomada de Preços nº 07/2017 - Estudos Ambientais para a Cidade de Águas Claras/DF

Posted: 20 Dec 2017 05:04 AM PST


TOMADA DE PREÇOS Nº 07/2017

Contratação de Serviços Técnicos para a elaboração de Relatório de Controle Ambiental – RCA e de Plano de Controle Ambiental – PCA e para a Cidade de Águas Claras – RA XX.

Valor: R$ 181.686,27 

Prazo para execução: 100 dias

Data da licitação: 19/01/2018

Acesse o Edital completo clique aqui

Fonte: Terracap

O pico dos nascimentos no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves




número de nascimentos no mundo: 1950-2100

[EcoDebate] Dezembro é considerado o mês da natalidade tanto na estória de Jesus de Nazaré, como na estória de Hórus, no Egito (1.400 anos antes de Cristo). Na maior parte da história humana a alta natalidade era muito valorizada para se contrapor às taxas de mortalidade infantil.

O número de nascimentos no mundo veio crescendo ao longo da história, estava em torno de 100 milhões de bebês por ano em 1950 e chegou a 140 milhões por ano no quinquênio 2010-15. O pico dos nascimentos (máximo de bebês nascidos por ano) deve atingir 143 milhões por ano, no quinquênio 2045-50 e deve declinar ligeiramente para abaixo de 140 milhões no final do século XXI, segundo a Divisão de População da ONU (Revisão 2017).

Se o número de nascimentos permanecer aproximadamente em torno de 140 milhões por ano, o tamanho da população vai depender do nível da esperança de vida ao nascer (Eo). Para uma Eo de 75 anos a população chegaria a 10,5 bilhões de habitantes (140 milhões vezes 75). Se a Eo for 80 anos a população mundial chegaria a 11,2 bilhões de habitantes no final do século. Se a Eo alcançar 90 anos então a população mundial poderia chegar a 12,6 bilhões de pessoas em 2100 (140 milhões vezes 90).
Embora deva haver uma certa estabilidade no número global de nascimentos ao longo do século XXI, o quadro varia segundo os diferentes grupos de países.

O número de nascimentos nos países desenvolvidos (os mais ricos e com maior IDH) está em 13,7 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve cair para pouco abaixo de 13 milhões no quinquênio 2095-2100. O número de nascimentos nos países em desenvolvidos (os países de renda média) está em 95 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve cair fortemente até ficar próximo de 70 milhões no quinquênio 2095-2100. Já o número de nascimentos nos países muito menos desenvolvidos (os países de baixa renda) está em 32,1 milhões por ano, no quinquênio 2015-2020 e deve subir para quase 50 milhões no final do século.

número de nascimentos no mundo, por grupo de países: 1950-2100

Portanto, os dados da Divisão de População da ONU mostram que o nascimento de bebês do mundo não é homogêneo. Nos países de renda média e alta, o número de nascimentos já está em declínio. Mas este declínio é compensado pelo aumento dos nascimentos nos países mais pobres e com menores níveis de cidadania.

O relatório Situação da População Mundial 2017, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), alerta para o aumento das desigualdades e falhas na proteção dos direitos reprodutivos das mulheres, em especial as mais pobres. O relatório diz: “A menos que as desigualdades recebam atenção urgente e que as mulheres, em especial as mais pobres, sejam empoderadas para tomar decisões sobre suas próprias vidas, os países podem ter que enfrentar ameaças à paz e ao cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

A falta de garantia dos direitos sexuais e reprodutivos pode se estender a todos os objetivos globais, ressalta o relatório intitulado “Mundos Distantes: Saúde e direitos reprodutivos em uma era de desigualdade”. A demanda não atendida por serviços de saúde, incluindo o planejamento reprodutivo, pode enfraquecer as economias e sabotar o progresso já alcançado em direção ao cumprimento do primeiro ODS, de eliminação da pobreza.

Na maioria dos países pobres e muito menos desenvolvimentos, as mulheres em situação de exclusão social têm menos opção de planejamento reprodutivo, menos acesso a atendimento pré-natal e são mais propensas a terem partos sem a assistência de um profissional de saúde. Isto aumenta a gravidez indesejada e prejudica a saúde das mulheres e dos bebês. A falta de acesso a serviços como creches também limitam as mulheres na busca por empregos. Para as mulheres que estão no mercado de trabalho, a ausência de licença maternidade remunerada e a discriminação que muitas enfrentam no trabalho quando engravidam acabam sendo uma “penalidade pela maternidade”. O alto número de gravidez indesejada e não planejada na adolescência é um problema particularmente grave para as meninas pobres que tendem a reproduzir o ciclo de pobreza e de falta de alternativa de mobilidade social ascendente.

A cidadania é o melhor contraceptivo. Sem dúvida, a redução do número de nascimentos nos países muito menos desenvolvidos (os mais pobres) ajudaria a criar um bônus demográfico que seria bom para o avanço das condições de vida da população e para a proteção do meio ambiente. O importante não é a quantidade de nascimentos, mas sim a qualidade de vida que se quer dar aos bebês e jovens de todo o mundo.


Referências:
ALVES, J. E. D. CORREA, S. Demografia e ideologia: trajetos históricos e os desafios do Cairo + 10. R. bras. Est. Pop., Campinas, v. 20, n. 2, p. 129-156, jul./dez. 2003.
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/rev_inf/vol20_n2_2003/vol20_n2_2003_3artigo_p129a156.pdf
ALVES, J. E. D. Políticas populacionais e direitos reprodutivos: o Choque de civilizações versus progressos civilizatórios. In: CAETANO, Andre J., ALVES, Jose. E. D., CORRÊA, Sonia. (Org.). Dez anos do Cairo: tendências da fecundidade e direitos reprodutivos no Brasil. 1 ed. Campinas: ABEP/UNFPA, 2004, v. 1, p. 21-47.
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/outraspub/cario10/cairo10alves21a48.pdf
ALVES, J. E. D. As políticas populacionais e o planejamento familiar na América Latina e no Brasil. Textos para Discussão. Escola Nacional de Ciências Estatísticas, v. 21, p. 1-50, 2006. http://www.ence.ibge.gov.br/publicacoes/textos_para_discussao/textos/texto_21.pdf
ALVES, J. E. D. O Planejamento familiar no Brasil. Ecodebate, Rio de Janeiro, 01/06/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/06/01/o-planejamento-familiar-no-brasil-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
UN Population Division (2017). World Population Prospects: The 2017 Revision
https://esa.un.org/unpd/wpp/
UNFPA. Mundos Distantes: Saúde e direitos reprodutivos em uma era de desigualdade, 2017
http://www.unfpa.org.br/novo/index.php/situacao-da-populacao-mundial

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/12/2017
"O pico dos nascimentos no mundo, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/12/2017, https://www.ecodebate.com.br/2017/12/22/o-pico-dos-nascimentos-no-mundo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Preservação e conservação da natureza, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Preservação e conservação da natureza, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve”
Victor Hugo (1802-1885)

ego x eco

[EcoDebate] Preservar e conservar o meio ambiente são tarefas essenciais, pois a humanidade depende da natureza e não o contrário. As atividades econômicas necessárias para a sobrevivência do ser humano e a expansão do bem-estar das pessoas dependem da saúde dos ecossistemas. Sem ECOlogia não há ECOnomia.


Preservação e conservação são termos diferentes, mas que podem ser equacionados em uma visão holística de sustentabilidade ecocêntrica. Preservação quer dizer proteção integral, ou seja, manter um determinado ecossistema intacto e sem interferência da ação humana (áreas anecúmenas). Conservação significa exploração das riquezas naturais, com avaliação de custos e benefícios, garantindo a sustentabilidade para as atuais e futuras gerações (áreas ecúmenas).


O grande problema do mundo atual não é a diferença entre preservação e conservação, mas sim a predominância generalizada da degradação ambiental. O crescimento das atividades antrópicas aumentou muito desde o início do capitalismo industrial, energizado pelos combustíveis fósseis. Segundo o site Our World in Data, em 1820, cerca de 94% da população mundial vivia abaixo da linha da extrema pobreza, contra menos de 10% atualmente.


Mas o crescimento exponencial ganhou momento depois da “grande aceleração” que aconteceu após a 2ª Guerra Mundial. A população mundial passou de 2,5 bilhões de habitantes em 1950 para 7,5 bilhões em 2017. Enquanto a população mundial triplicou de tamanho, a economia internacional foi multiplicada por 12 vezes. A renda per capita subiu 4 vezes. Ou seja, em 2016 havia 3 vezes mais gente no mundo, do que em 1950, e cada pessoa ganhava e consumia, em média, 4 vezes mais bens e serviços. Isto significa mais exploração e extração de recursos da natureza e mais poluição e descarte de resíduos tóxicos, sólidos e líquidos.


A humanidade ultrapassou a capacidade de carga do Planeta. A Global Footprint Network mostra que em 1961 havia superávit ambiental no mundo e as atividades antrópicas ocupavam apenas 73% da biocapacidade da Terra. Mas, com a “grande aceleração” do Antropoceno, a reserva ecológica foi sendo reduzida e, a partir de 1970, o superávit se transformou em déficit ambiental. Em 2013, a pegada ecológica per capita do mundo subiu para 2,87 gha e a biocapacidade caiu para 1,71 gha. As atividades antrópicas passaram a utilizar 168% da biocapacidade, ou seja, o déficit ambiental chegou a 68%, em 2013, e continua crescendo.


Segundo o Stockholm Resilience Centre a humanidade já ultrapassou 4 das nove fronteiras planetárias. Duas delas, a Mudança climática e a Integridade da biosfera, são o que os cientistas chamam de “limites fundamentais” e tem o potencial para conduzir o equilíbrio homeostático do Sistema Terra ao colapso.


Assim, o rumo atual da economia internacional é insustentável, pois o progresso humano ocorre às custas do retrocesso ambiental e sem os serviços ecossistêmicos e as contribuições da biodiversidade é impossível manter o alto padrão de vida humana. Portanto, é preciso preservar as áreas anecúmenas e conservar as áreas ecúmenas. Além disto, é preciso ampliar as áreas anecúmenas (aumentar as áreas preservadas e sem a presença humana) e decrescer as áreas ecúmenas (conservando da melhor maneira possível o meio ambiente nas áreas com exploração antrópica sobre o meio ambiente).


Por exemplo, não faz sentido, do ponto de vista da sustentabilidade, liberar a exploração de minério e de petróleo no Ártico, na Antártica e nos parques nacionais. Assim como não faz sentido aumentar a presença humana em territórios selvagens, quando o mundo caminha para a 6ª extinção em massa das espécies.


As correntes que defendem a conservação ambiental são aquelas acreditam ser possível conciliar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) se encaixam nesta perspectiva. Porém, está cada vez mais difícil conciliar desenvolvimento com sustentabilidade, pois:


– A concentração de CO2 já ultrapassou 400 ppm em 2014 e ultrapassou 410 ppm em abril de 2017. O nível seguro é 350 ppm;
– A temperatura média global do Planeta já ultrapassou 1,1 graus em relação ao período pré-industrial e o mundo caminha para a maior temperatura dos últimos 5 milhões de anos;
– A última vez que a temperatura ultrapassou 2 graus o nível do mar subiu 6 metros. Existem 2 bilhões de pessoas que vivem em áreas até 2 metros do nível do mar;
– O degelo conjunto do Ártico e da Antártica bateu todos os recordes de baixa em março de 2017;
– A acidificação dos oceanos está matando a vida marinha e um exemplo é a Grande Barreira de Corais da Austrália. Há sobrepesca e depleção dos estoques de peixe;
– Os oceanos terão mais plásticos do que peixes em 2050;
– Houve queda de 58% na população de animais selvagens no mundo entre 1970 e 2012. Até 2020, a perda pode alcançar a impressionante cifra de dois terços. Ou seja, 2 em cada 3 animais estarão extintos num período de 50 anos;
– A degradação do permafrost pode liberar metano e CO2 capaz de gerar uma situação apocalíptica.


Diante deste quatro de degradação ambiental fica difícil acreditar na possibilidade de manter o rumo do desenvolvimento com a conservação ambiental. O atual impasse que o mundo passa hoje poderia ter sido evitado se tivesse os autores do século XIX que alertaram para os perigos da racionalidade instrumental que via a natureza apenas como meio de enriquecimento humano, sem se importar com os direitos intrínsecos da natureza. O enriquecimento humano não pode se dar em função do empobrecimento ecológico.


O ser humano não tem uma relação simbiótica com a natureza. As abelhas, por exemplo, sugam a seiva das flores, mas não as destroem. Ao contrário, elas são polinizadoras. Quanto mais abelhas sugarem o néctar das flores, mais flores nascerão do processo de polinização. Mas o ser humano tem uma relação parasitária com a natureza, pois para se multiplicar causa prejuízo a outras espécies e aos ecossistemas hospedeiros. A espécie humana é do gênero ectoparasita. Um ectoparasita que está matando o seu próprio hospedeiro. A humanidade vive do parasitismo ecológico e está provocando um holocausto biológico.


Autores como Alexander von Humboldt (1769-1859), Henry David Thoreau (1817-1862) e John Muir (1838-1914) foram grandes defensores da natureza, da preservação ambiental e de uma relação mais simbiótica entre todos os seres vivos da Terra. Estes autores também foram inspiradores da Ecologia Profunda (Deep Ecology), que é uma corrente preservacionista.


A Ecologia Profunda é um conceito filosófico que considera que todos os elementos vivos da natureza devem ser respeitados, assim como deve ser garantido o equilíbrio da biosfera. O termo surgiu quando, em 1972, foi publicado o artigo “The shallow and the deep, long range ecology movement. A summary”, do filósofo e ambientalista norueguês Arne Naess (1912-2009). Ele distinguiu as correntes ambientais entre movimentos superficiais ou rasos (com tendência antropocêntrica e egocêntrica) e movimentos profundos (não antropocêntricos, mas ecocêntricos). Os movimentos rasos (ou maquiagem verde) limitam-se a tentar minimizar os problemas ambientais e garantir o enriquecimento das sucessivas gerações humanas (a despeito do empobrecimento da natureza), enquanto a Ecologia Profunda vai na raiz dos problemas ambientais e defende os direitos de toda a comunidade biótica.


Na definição do físico, ambientalista e escritor Fritjof Capra (nascido em 1939): “A ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Ela vê os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui apenas um valor instrumental, ou de ‘uso’, à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos – ou qualquer outra coisa – do meio ambiente natural. Ela vê o mundo, não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida”.


Há 10.000 anos os seres humanos e seus animais representavam menos de um décimo de um por cento da biomassa dos vertebrados da terra. Agora, eles são 97 por cento. O biólogo da Universidade de Harvard, Edward Osborne Wilson acredita que o ser humano está provocando um “holocausto biológico” e para evitar a “extinção em massa de espécies”, ele propõe uma estratégia para destinar METADE DO PLANETA exclusivamente para a proteção dos animais. Isto significa preservar metade da área do planeta e conservar a outra metade. É preciso reselvagerizar o mundo.


Desta forma, preservação ambiental não é “mito moderno da natureza intocada”, mas sim uma postura ética de respeito à natureza e a favor da sustentabilidade ecocêntrica. A conservação é importante na perspectiva de diminuição das áreas ecúmenas, por meio do decrescimento demoeconômico.


Preservar a natureza e conter a expansão humana sobre os ecossistemas visa não só evitar o ecocídio, mas também evitar o suicídio, pois a humanidade não pode viver sem a natureza e sem respeitar o equilíbrio homeostático do clima.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/12/2017
"Preservação e conservação da natureza, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/12/2017, https://www.ecodebate.com.br/2017/12/20/preservacao-e-conservacao-da-natureza-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Firmado acordo internacional para criar mais 3 milhões de hectares em unidades de conservação na Amazônia





floresta amazônica

O Ministério do Meio Ambiente assinou ontem (19) uma parceira com o Banco Mundial, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FunBio) e a Conservação Internacional (CI) com o objetivo de transformar mais 3 milhões de hectares na Amazônia em unidades de conservação, no prazo de cinco anos. Ao todo, serão investidos US$ 60 milhões, oriundos do Fundo Mundial pelo Meio Ambiente (GEF, sigla em inglês).


Denominado Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, a parceria prevê ainda melhorar o gerenciamento de unidades de conservação e aumentar a área sob restauração e manejo sustentável na Amazônia brasileira. Segundo o ministério, que coordenará e definirá as ações do projeto, a parceira apoiará o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), criado há 15 anos, e que já transformou mais de 60 milhões de hectares em unidades de conservação na região.


“Considero o ato de hoje de grande importância. Tenho dito que a gente não pode continuar eternamente no comando e controle como maneira de manter a Floresta Amazônica prestando seus serviços ambientais. É preciso que a gente valorize o bem ambiental. Esses recursos vão ao encontro dessa ideia. Temos que agir, de todas as maneiras possíveis, para dar à vertente da sustentabilidade um fortalecimento adequado”, disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, durante a solenidade de assinatura.

O projeto prevê ainda a cooperação internacional entre Brasil, Colômbia e Peru na área de criação de área protegidas. Referência internacional no tema, o Brasil irá repassar aos vizinhos a sua experiência.

“Tenho o prazer de ver como esse projeto foi desenvolvido, no sentido de melhorar as condições de vida das pessoas que vivem na região amazônica e de iniciar a segunda geração de projetos de área protegidas”, disse Martin Raiser, diretor do Banco Mundial para o Brasil.

“De um lado, a sustentabilidade econômica, cada vez mais recursos do Brasil se juntando aos demais doadores; e também o aspecto regional. É o primeiro projeto na região amazônica que tem ligações muito próximas com a Colômbia, o Peru, países que querem se beneficiar das experiências do Brasil e aprender para repetir”, acrescentou Raiser.

Além do Ministério do Meio Ambiente, o projeto será coordenado também pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A definição das ações terão a participação dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Pará.

A parte operacional do projeto ficará sob responsabilidade do Banco Mundial, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e Conservação Internacional (CI).


Por Ivan Richard Esposito, da Agência Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 20/12/2017

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A trágica história de Jumbo, o elefante mais famoso do mundo, que inspirou Disney e apelidou avião



A trágica história de Jumbo, o elefante mais famoso do mundo, que inspirou Disney e apelidou avião

Equipe de cientistas analisou os restos mortais do elefante para um documentário da BBC e desvendou mistérios de uma vida marcada por sofrimento.




Por BBC
20/12/2017 15h41 Atualizado 20/12/2017 15h41 

Jumbo passeia com visitantes do zoológico de Londres; peso provocou lesões nos quadris e joelhos do elefante

Ele se tornou uma celebridade assim que chegou a Londres, onde multidões se aglomeravam para ver o "maior elefante do mundo". 

Jumbo, como era conhecido, desembarcou na capital britânica em 1865, vindo da África, onde foi capturado quando era filhote. 

O elefante era tão popular na época que até os filhos da rainha Victoria eram seus fãs. 

Ele inspirou um dos filmes mais famosos ​​da Disney: Dumbo, que conta as aventuras de um elefante voador. E foi também a origem do apelido dado ao Boeing 747, devido ao tamanho da aeronave. 

Um documentário da BBC, apresentado pelo renomado naturalista britânico David Attenborough, reuniu especialistas de diferentes áreas para examinar o esqueleto de Jumbo, que está no Museu de História Natural de Nova York. 

O naturalista David Attenborough e um grupo de cientistas examinaram o esqueleto de Jumbo para um documentário da BBC

A ideia era desvendar alguns mistérios que rondam o célebre elefante. Como ele morreu exatamente? Por que sofria ataques de fúria? Será que ele foi realmente o "maior elefante do mundo"?
Os resultados da investigação causaram tanto surpresa quanto tristeza nos especialistas.

Jumbo era muito popular entre as crianças, incluindo os filhos da rainha Victoria  (Foto: Wiki Commons)
Uísque como calmante

Fotografias e gravuras da época mostram Jumbo no zoológico de Londres, carregando diversos visitantes - de crianças a adultos - nas "costas". 
Ter a oportunidade de "andar de Jumbo" era certamente uma das aventuras mais emocionantes para as crianças londrinas. 

Mas o elefante que era manso durante o dia sofria "ataques de fúria" à noite - os acessos de raiva chegaram a danificar, em diversas ocasiões, as cercas de madeira que ficavam ao seu redor.
Alguns relatos sugerem que Matthew Scott, o fiel cuidador de Jumbo, costumava dar uísque ao animal para acalmá-lo. 

O zoológico concluiu então que Jumbo poderia se tornar uma ameaça para o público e decidiu vendê-lo, em 1882, para o circo norte-americano PT Barnum. 

O animal se recusou, no entanto, a entrar em um curral de madeira para ser levado para o navio, quebrando várias vezes as correntes que tentavam contê-lo. 

E só "concordou" em embarcar quando os donos do circo aceitaram que Scott viajasse com ele - o cuidador conseguiu acalmá-lo. 

Centenas de pessoas foram até o porto se despedir de Jumbo, que duas semanas depois desembarcaria na costa leste dos Estados Unidos. 

Em terras norte-americanas, o elefante continuou super popular - percorreu todo o país com o circo, chegando até o Canadá. Mas morreu ainda jovem, com apenas 24 anos, quando foi atropelado por um trem, em um incidente rodeado de mistério. 

Dores fortes

Attenborough e um grupo de cientistas começaram então a examinar o esqueleto de Jumbo.
Jumbo, 'o maior elefante do mundo', foi uma grande atração nos dois lados do Atlântico (Foto: Wiki Commons) 

Richard Thomas, arqueólogo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, observou que Jumbo tinha uma sobreposição incomum de camadas de ossos novos e velhos nos quadris.
"São sinais de lesões que seu organismo estava tentando reparar", disse Thomas no documentário da BBC. 

"Essas lesões devem ter sido incrivelmente dolorosas e foram resultado do peso que Jumbo teve que transportar, carregando grupos de visitantes". 

De acordo com Thomas, o excesso de peso também causou lesões no joelho do animal.
"Quando olhamos seus joelhos, vemos todos os tipos de modificações que você não esperaria encontrar em um elefante daquela idade. Não esqueçam que Jumbo tinha apenas 24 anos e ainda estava crescendo." 

"Os ossos dele parecem mais com os (ossos) de um elefante de 40 ou 50 anos", completa. 

Fúria noturna
Os ataques da fúria noturnos eram tão violentos que o animal desesperado chegou a quebrar, em algumas ocasiões, suas presas. 

Jumbo era muito popular entre as crianças, incluindo os filhos da rainha Victoria (Foto: Wiki Commons) 

E quando a presas começavam a crescer, o elefante as desgastava, esfregando-as contra as cercas.
Uma das autoridades do zoológico, Abraham Bartlett, atribui o comportamento noturno de Jumbo a um fenômeno conhecido como must - período em que elefantes do sexo masculino apresentam comportamento agressivo, acompanhado de um forte aumento nos níveis hormonais. 

Mas Vicki Fishlock, pesquisadora de elefantes baseada no Quênia, discorda. 

Segundo ela, se os hormônios tivessem sido a causa da ira de Jumbo, o elefante teria sido violento até mesmo com seus cuidadores, o que não aconteceu. 

Dentes deformados

Os cientistas encontraram no crânio do animal uma pista que também pode explicar o comportamento violento - malformações muito pronunciadas nos dentes.
O cuidador de Jumbo, Matthew Scott, foi a única pessoa que conseguiu acalmar o elefante para embarcar no navio rumo aos Estados Unidos (Foto: Wiki Commons)
"Os elefantes têm seis dentes, mas apenas um de cada lado se desgasta em determinado momento. Quando o dente cai, outro dente nasce para substituí-lo, mas se o dente velho não se desgasta o suficiente, não cai, fazendo com que o novo dente fique deformado", explica Thomas.
A dieta de Jumbo no zoológico e no circo era bem diferente da de um elefante em seu habitat natural, onde os animais comem uma variedade de vegetação que permite a eles desgastar os dentes.
A conclusão de Thomas é que Jumbo "sofria com uma dor de dente terrível", que ficava mais latente durante a noite, quando não havia distrações. E provocava os ataques. 

Tamanho
Mas Jumbo era realmente o maior elefante do mundo?
Talvez sim, dizem os pesquisadores do documentário da BBC.
Jumbo ganhou estátua em St. Thomas, em Ontário, no Canadá, onde o célebre elefante morreu (Foto: Wiki Commons)
Uma fenda na cabeça do fêmur de Jumbo indica que o elefante ainda estava crescendo quando morreu.
Ao analisar os ossos, os cientistas determinaram que ele tinha uma altura de 3,45 metros - do ombro até o chão.
Um elefante africano selvagem da mesma idade tem, em média, 2,84 metros.
E Jumbo ainda estava em fase de crescimento, então poderia ter se tornado o maior elefante africano do mundo, de acordo com Thomas. 

Pelos da cauda
Após a morte, o corpo de Jumbo foi embalsamado e preservado pela Universidade Tufts, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
Um incêndio destruiu os restos mortais do animal, com exceção do rabo, ​​que a pesquisadora Holly Miller, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, analisou para descobrir sua dieta.
A cauda embalsamada de Jumbo foi salva de um incêndio e se encontra nos arquivos da Universidade Tufts, em Massachussetts (Foto: Wiki Commons)
Miller encontrou grandes níveis de nitrogênio nos pelos da cauda de Jumbo, o que indica que ele não era saudável.
Segundo ela, o corpo do animal não recebia os nutrientes necessários - e seu organismo extraía níveis anormais de nitrogênio dos alimentos na tentativa de cicatrizar as frequentes lesões.

Morte misteriosa


A vida de Jumbo chegou ao fim quando ele e outro elefante menor embarcaram em um trem na cidade de St. Thomas, em Ontário, no Canadá.
Jumbo ganhou uma estátua na cidade - e o museu local é quase um memorial do elefante.
Matthew Scott, o cuidador de Jumbo, aparece junto às orelhas do elefante em foto tirada após a morte do animal (Foto: Wiki Commons)
Entre as muitas fotografias e gravuras do acervo, uma chamou a atenção de Attenborough.
A imagem mostra Jumbo morto após a colisão com o trem - e é possível observar marcas profundas em seu quadril.
O dono do circo disse inicialmente que ele teria se jogado na frente do trem para proteger heroicamente o elefante menor.
Mas as marcas indicam que, na realidade, o trem atropelou Jumbo por trás, quando o elefante estava sendo embarcado em um vagão.
 
O esqueleto que está no Museu de História Natural de Nova York não apresenta fraturas, o que fez os cientistas concluírem que Jumbo morreu de hemorragia interna. 

Elefantes 'aposentados'

A história de Jumbo tem contornos muito atuais. 

Attenborough visitou um santuário no Tennessee, nos Estados Unidos, para elefantes de circo "aposentados" - e muitos animais que estão ali apresentam sintomas semelhantes aos de Jumbo. 

Os elefantes do santuário têm as presas desgastadas, esfregando-as constantemente em sinal de agitação e estresse. 

Segundo Vicki Fishlock, zoológicos e circos não podem ser o lar de elefantes como Jumbo.
Eles devem viver em seu habitat natural - são animais sociais, que precisam de contato com seus pares, de acordo com a pesquisadora. 

Na foto tirada após a morte de Jumbo, Matthew Scott, seu fiel cuidador, aparece ao lado do corpo. Segundo contam, ele chorou inconsolavelmente diante da partida do amigo inseparável. 


A empatia de Scott foi certamente o grande incentivo de Jumbo ao longo de sua breve existência - tão célebre quanto trágica.