quarta-feira, 1 de março de 2017

Tcheco, tcheco, tcheco

julianna sofia
É secretária de Redação da Sucursal Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. É vencedora dos prêmios SIP de Excelência Jornalística, Grande Prêmio CNT e Prêmio CNH.



Sérgio Lima - 16.mai.2005/Folhapress
ORG XMIT: 514601_0.tif BRASÍLIA, DF, BRASIL, 16-05-2005: Vista aérea da Esplanada dos Ministérios e do Congresso Nacional. (Foto: Sérgio Lima/Folhapress) ***EXCLUSIVO***
Vista aérea da Esplanada dos Ministérios e do Congresso Nacional

BRASÍLIA - Tcheco, tcheco, tcheco. É banho de bacia. Tcheco, tcheco, tcheco. Falta água noite e dia." A marchinha desabusada de tradicional bloco de rua de Brasília satiriza a realidade hoje da população do Distrito Federal.


A crise hídrica local, cantada e decantada diante da falta de chuvas e de investimentos públicos, desaguou em um racionamento que atingirá o Plano Piloto (centro da capital federal) a partir desta segunda-feira carnavalesca. O que se sabe por enquanto é que o rodízio de torneiras secas e água barrenta não tem prazo para acabar.


A Esplanada dos Ministérios será poupada e continuará com abastecimento garantido todos os dias da semana. O mesmo valerá para os setores hospitalares da cidade.


O palácio do governador Rodrigo Rollemberg ficará a ver navios –a seco. Representações diplomáticas, como embaixadas e consulados, também sofrerão com o corte. Mais uma oportunidade de mostrar ao mundo o espetáculo do Brasil previdente.


Outras regiões do Distrito Federal começaram a enfrentar o racionamento a partir de janeiro.
Além disso, desde outubro, a companhia de água e esgoto cobra das residências tarifa extra pelo consumo. Foram arrecadados desde então mais de R$ 9 milhões. O dinheiro está parado nos cofres do GDF. Nenhum centavo vertido até agora em obras para contornar a crise. A explicação é prosaica: ainda está sob audiência pública a minuta de resolução para definir a destinação dos recursos da sobretaxa.


Sem água, o brasiliense reage com algum humor e toma as ruas. Espera-se até quarta-feira o maior Carnaval da história da cidade, com participação de 2 milhões de pessoas. São principalmente blocos alternativos, sem financiamento estatal, que desfilam pelas quadras e monumentos.


E continua a marchinha: "Tcheco, tcheco, tcheco. O Pacotão que vai falar. A falta de gestão faz o DF afundar".

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