Bióloga e mestranda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trabalhando junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF) da mesma instituição
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Interessados em determinar as causas de mortalidade da fauna de vertebrados terrestres, um grupo de pesquisadores da universidade estadual de Nova York fez uma revisão bibliográfica compilando estudos de todo o mundo que usaram telemetria (equipamentos anexados ou ancorados nos animais que rastreiam seus movimentos) para determinar a causa-morte dos animais.
Foto: Lucas Dagostin e Marcos Moreira/Carnívoros do Iguaçu
Os pesquisadores buscaram por estudos de 1970 a 2018 referentes a todos os grupos taxonômicos de vertebrados. O resultado foi 1.114 trabalhos. Desses, foram documentadas 42.755 mortes com causas conhecidas, das quais 28% eram relativas a atividades humanas e 72% a causas naturais. A maior causa de mortalidade foi a predação com 55% dos animais, seguido pela caça legal com 17%. As outras causas, como atropelamento, caça ilegal, fome, doenças e acidentes, somaram menos de 10% do total da mortalidade.
De todos os grupos taxonômicos de vertebrados, o que apresentou maior morte por atropelamento foram os répteis adultos. Isso demonstra claramente a intenção do motorista em atropelar esses animais quando identificados na rodovia. O estudo também demonstrou que aves e mamíferos maiores são mais propensos a serem atropelados do que espécies menores ou indivíduos juvenis. Outra constatação foi a de que aves carnívoras são mais propensas a serem atropeladas do que aves onívoras.
Os resultados encontrados pelos pesquisadores não parecem ser alarmantes em relação ao atropelamento de fauna. Mas considerando que a maioria dos estudos ocorre no Estados Unidos e que tem como foco animais de grande porte, principalmente mamíferos, podemos imaginar que a magnitude de mortalidade causada por ações antrópicas e principalmente pelas rodovias é muito maior do que a relatada – ainda mais quando falamos em animais pequenos. No Brasil, por exemplo, a maior parte da fauna é de pequeno porte e há poucos estudos que usam telemetria para determinar a causa-morte dos animais, apesar de a carnificina nas estradas brasileiras ser bem relatada.
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