Dentre os pesticidas
aprovados em 2019, 49 foram classificados como “extremamente tóxicos” e
outros 24 como “altamente tóxicos”; multinacional Adama do Brasil lidera
a lista, com 13 produtos aprovados no ano
Por Bruno Stankevicius Bassi, de Brasília
Foi publicado hoje
(30/04) no Diário Oficial um novo ato do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberando os registros de catorze novos
pesticidas no mercado brasileiro. Por meio do Ato nº 29,
o governo do presidente Jair Bolsonaro amplia sua vantagem como
recordista no número de agrotóxicos aprovados: são 166 produtos
autorizados em 120 dias. Uma média de três a cada dois dias. À frente do Mapa, Tereza Cristina (DEM-MS) bate recorde em registros de agrotóxicos. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Dentre os catorze rótulos que receberam concessão de uso, cinco são
classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
como “extremamente tóxicos”. Com isso, entre janeiro e abril, foram
aprovados 49 agrotóxicos classe I, a mais elevada na escala toxicológica
estabelecida pela Anvisa.
Somando os 24 rótulos classificados como “altamente tóxicos”, os
produtos com grau elevado de toxicidade correspondem a 47% de todos os
registros concedidos em 2019.
E os números devem aumentar. Também foi publicado hoje o Ato nº 27, de 17 de abril, que inclui 43 novos pedidos na fila de registro do Mapa.
ADAMA BRASIL LIDERA RANKING DE REGISTROS EM 2019
Entre as empresas que receberam autorização para comercializar
produtos “extremamente perigosos” estão velhas conhecidas. Com a
aprovação do herbicida Picloram (também conhecido como Tordon), a
israelo-chinesa Adama Brasil S.A. se tornou a empresa com maior número
de agrotóxicos aprovados em 2019: treze no total, sendo cinco
correspondentes à classe I. Enquanto Brasil concede novos registros para o glifosato, produto é questionado no exterior. (Foto: Greenpeace)
Sétima maior produtora de químicos agrícolas do mundo, com
faturamento anual no Brasil estimado em US$ 600 milhões, a Adama
protagonizou conflito com camponeses em 2015. Em março, De Olho nos
Ruralistas contou essa e outras histórias de empresas beneficiadas pelas
liberações recentes de pesticidas: “Conheça as empresas que pediram os novos pesticidas ‘extremamente tóxicos’“.
Com sede em Hong Kong, a Rotam do Brasil foi outra multinacional a
ganhar novo registro de agrotóxicos classe I. A empresa recebeu
autorização para comercializar o herbicida Cletodim, utilizado para
combater o capim-amargoso no plantio de soja, milho, trigo e algodão,
além dos cultivos de café, feijão, fumo, melancia, tomate e tubérculos.
Foram aprovados ainda os registros de outros dois herbicidas: o Douro
750 WG da Albaugh Agro Brasil Ltda, elaborado a partir do ingrediente
ativo Hexazinona; e o Diquat 200SL da Companhia das Cooperativas
Agrícolas do Brasil (CCAB Agro S.A), associada ao grupo francês InVivo
Agrosciences.
Única estreante na lista, a chinesa Xingfa & Wenda do Brasil Ltda
registrou a marca Glifosal. uma variação do polêmico glifosato que, em
fevereiro, teve sua revalidação autorizada pela Anvisa. A agência
considerou que o produto não causa câncer, apesar de sua principal fabricante, a Monsanto, enfrentar mais de 13 mil ações judiciais nos Estados Unidos ligadas aos danos causados pelo herbicida.
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