sexta-feira, 24 de maio de 2019

Governo aprova mais 14 agrotóxicos e chega a 166 no ano; 47% têm grau elevado de toxicidade

Governo aprova mais 14 agrotóxicos e chega a 166 no ano; 47% têm grau elevado de toxicidade

Dentre os pesticidas aprovados em 2019, 49 foram classificados como “extremamente tóxicos” e outros 24 como “altamente tóxicos”; multinacional Adama do Brasil lidera a lista, com 13 produtos aprovados no ano

Por Bruno Stankevicius Bassi, de Brasília


Foi publicado hoje (30/04) no Diário Oficial um novo ato do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberando os registros de catorze novos pesticidas no mercado brasileiro. Por meio do Ato nº 29, o governo do presidente Jair Bolsonaro amplia sua vantagem como recordista no número de agrotóxicos aprovados: são 166 produtos autorizados em 120 dias. Uma média de três a cada dois dias. 
À frente do Mapa, Tereza Cristina (DEM-MS) bate recorde em registros de agrotóxicos. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Dentre os catorze rótulos que receberam concessão de uso, cinco são classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “extremamente tóxicos”. Com isso, entre janeiro e abril, foram aprovados 49 agrotóxicos classe I, a mais elevada na escala toxicológica estabelecida pela Anvisa.

Somando os 24 rótulos classificados como “altamente tóxicos”, os produtos com grau elevado de toxicidade correspondem a 47% de todos os registros concedidos em 2019.
E os números devem aumentar. Também foi publicado hoje o Ato nº 27, de 17 de abril, que inclui 43 novos pedidos na fila de registro do Mapa.

ADAMA BRASIL LIDERA RANKING DE REGISTROS EM 2019

Entre as empresas que receberam autorização para comercializar produtos “extremamente perigosos” estão velhas conhecidas. Com a aprovação do herbicida Picloram (também conhecido como Tordon), a israelo-chinesa Adama Brasil S.A. se tornou a empresa com maior número de agrotóxicos aprovados em 2019: treze no total, sendo cinco correspondentes à classe I.
Enquanto Brasil concede novos registros para o glifosato, produto é questionado no exterior. (Foto: Greenpeace)
Sétima maior produtora de químicos agrícolas do mundo, com faturamento anual no Brasil estimado em US$ 600 milhões, a Adama protagonizou conflito com camponeses em 2015. Em março, De Olho nos Ruralistas contou essa e outras histórias de empresas beneficiadas pelas liberações recentes de pesticidas: “Conheça as empresas que pediram os novos pesticidas ‘extremamente tóxicos’“.

Com sede em Hong Kong, a Rotam do Brasil foi outra multinacional a ganhar novo registro de agrotóxicos classe I. A empresa recebeu autorização para comercializar o herbicida Cletodim, utilizado para combater o capim-amargoso no plantio de soja, milho, trigo e algodão, além dos cultivos de café, feijão, fumo, melancia, tomate e tubérculos.

Foram aprovados ainda os registros de outros dois herbicidas: o Douro 750 WG da Albaugh Agro Brasil Ltda, elaborado a partir do ingrediente ativo Hexazinona; e o Diquat 200SL da Companhia das Cooperativas Agrícolas do Brasil (CCAB Agro S.A), associada ao grupo francês InVivo Agrosciences.

Única estreante na lista, a chinesa Xingfa & Wenda do Brasil Ltda registrou a marca Glifosal. uma variação do polêmico glifosato que, em fevereiro, teve sua revalidação autorizada pela Anvisa. A agência considerou que o produto não causa câncer, apesar de sua principal fabricante, a Monsanto, enfrentar mais de 13 mil ações judiciais nos Estados Unidos ligadas aos danos causados pelo herbicida.

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