A floresta Amazônica abriga cerca de 30.000 espécies de
plantas ou 30% de todas as espécies vegetais da América do Sul.
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5 de setembro de 2019
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As queimadas das últimas semanas estão elevando o risco das
265 espécies ameaçadas de extinção que existem hoje na Amazônia, alerta o
WWF-Brasil. São 180 espécies da fauna, das quais 124 ocorrem
apenas no bioma, e 85 da flora.
O risco é maior para as espécies que estão sendo atingidas
pelo fogo e não estão sob nenhum mecanismo de proteção. Este é o
caso, por exemplo, da cuíca-de colete (Caluromysiops irrupta) que
teve registro em 1964 em Rondônia, um dos estados com maior índice de
desmatamento. Além dela, cerca de mais 60 espécies da Amazônia estão
nessa situação de vulnerabilidade. Para as espécies em risco que contam
com algum mecanismo de proteção, como o tatu-canastra, a queixada e o
tamanduá-bandeira, as queimadas são um dos principais fatores de risco a sua
sobrevivência.
Embora Unidades de Conservação (UCs) ou Planos de Ação
Nacional (PAN) protejam 76% das espécies em risco do bioma Amazônia,
nenhum deles pode proteger a fauna e flora das queimadas. No caso das UCs, o
fogo atingiu principalmente aquelas que têm maior índice de desmatamento.
Tatu canastra (Priodontes maximus) | foto: flickr/agenciabrasilia
Estima-se que dentro dessas UCs ocorram pelo menos 55
espécies ameaçadas (44 da fauna e 11 da flora), sendo que 24 são
endêmicas do Brasil. Para 5 espécies, a queimada é
uma das principais ameaças:
Queixada (Tayassu
Pecari) | foto: WikimidiaAzulona (Tinamus Tao) |
foto: Wikimidia
O papel das florestas
A floresta Amazônica abriga cerca de 30.000 espécies de
plantas ou 30% de todas as espécies vegetais da América do Sul. As
florestas são vitais para a saúde do planeta, uma vez que abrigam bem mais da
metade das espécies terrestres do mundo e são um dos agentes responsáveis pela
maior quantidade de captura de carbono, o que mitiga a crise climática.
E a fauna silvestre, por sua vez, é vital para manter as florestas
saudáveis e produtivas, cumprindo funções como a polinização e a dispersão de
sementes, além de outros papéis essenciais para sua própria regeneração e o
armazenamento de carbono.
Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, afirma
que precisamos defender florestas saudáveis e produtivas. “É preciso haver um
sinal claro por parte do governo e da sociedade que o Brasil não aceita mais a
destruição de seu principal patrimônio biológico. O governo federal precisa
garantir que Unidades de Conservação e Terras Indígenas sejam efetivamente
protegidas de ocupações e atividades ilegais. O setor corporativo também tem um
importante papel a desempenhar, monitorando suas cadeias de suprimentos para
garantir a compra de produtos livres de desmatamento. Todos nós podemos ajudar,
e a hora é agora: não há mais tempo a perder”, ressalta Voivodic.
Marcelo Oliveira, biólogo e especialista em conservação do
WWF-Brasil, explica que a fauna silvestre é vital para cumprir funções como a
polinização e a dispersão de sementes, além de outros papéis essenciais para a
regeneração das florestas. “O desmatamento e as queimadas destroem os habitats
das espécies causando prejuízos de muitos anos, para muito além do fogo dos
meses de agosto até outubro”, afirma Oliveira.
Apesar do impacto das queimadas ser mais evidente para as
espécies terrestres, as espécies aquáticas também sofrem enormes consequências.
Isso porque a qualidade da água em que elas vivem é diretamente dependente das
matas ciliares presentes nas margens dos rios e de outros corpos d’água, que
podem ser completa ou parcialmente destruídas nos incêndios, além do impacto da
poluição causada pelas próprias cinzas. A longo prazo, a remoção da mata ciliar
causa problemas ainda maiores como a erosão do solo e o assoreamento do rio.
Com a maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônia possui
uma enorme diversidade de peixes, que são a base alimentar e fonte de renda
para inúmeras comunidades ribeirinhas. “O impacto nos ecossistemas aquáticos da
região afeta não só o equilíbrio do bioma como um todo, mas pode ter grandes
consequências para a economia local”, afirma Oliveira.
As queimadas acontecem em um cenário de declínio nas
populações de animais nas florestas, como comprovou recente estudo da rede WWF
(Fundo Mundial para a Natureza) com a primeira avaliação global da
biodiversidade florestal de 1970 até 2014. Ela mostrou que as populações
monitoradas de aves, mamíferos, anfíbios e répteis que vivem em florestas
diminuíram, em média, 53% no período estudado. A perda e a degradação de
habitats causada principalmente pela atividade humana, como o desmatamento, é a
causa de 60% das ameaças a florestas e espécies florestais. Os
declínios foram maiores em florestas tropicais, como a floresta amazônica.
Por isso, o WWF tem pedido aos líderes mundiais que declarem
emergência planetária e assegurem um “Novo Acordo para a Natureza e para as
Pessoas” até 2020, que barre a emergência climática, proteja a natureza
remanescente e torne o nosso modelo de consumo e produção mais
sustentável. Proteger e restaurar florestas deve estar no centro deste
acordo.
Um comentário:
Ainda não foi feita menção ao risco que os agrotoxicos a serem empregados na agricultura na Amazonia acarretará para a sobrevivência das aves e dos rios amazónicos.Rios contaminados, poluidos, aves mortas.Que absurdo!
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