Propriedades privadas registram maior número de focos de
fogo na Amazônia
04.09.2019 • Notícias
As propriedades privadas responderam por 33% dos focos de
calor registrados na Amazônia até agora. Em segundo lugar, vieram as áreas sem
destinação fundiária específica, que somam 30% dos focos de calor – 20% apenas
em florestas públicas não destinadas, um forte indicativo de grilagem de
terras.
Os números fazem parte de uma nova análise sobre a atual
temporada de fogo na Amazônia, separada agora por categoria fundiária, feita
pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com base em dados do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de 1º de janeiro a 29 de agosto de
2019.
Terras indígenas e unidades de conservação são as categorias
com menor incidência no ano, registrando 6% e 7% dos focos, respectivamente.
Essa análise de áreas protegidas exclui as áreas de proteção ambiental, ou
APAs: apesar de serem categorizadas como unidades de conservação, elas
apresentam um comportamento similar ao de propriedades privadas, e sozinhas
responderam por 6% dos focos no período.
Os assentamentos de reforma agrária responderam por 18% dos
casos; contudo, análises preliminares indicaram grande concentração de casos em
poucos projetos.
O estudo reforça outra nota técnica sobre o tema lançado em agosto pelo IPAM,
estabelecendo a relação entre derrubada da floresta e queimadas. “O principal
gatilho desta temporada de fogo na Amazônia não é a seca, mas o pico de
desmatamento”, explica a diretora de Ciência do instituto, Ane Alencar, que
estuda o tema há mais de duas décadas. “Este ano não é especialmente mais seco
do que anteriores.”
Ao comparar 2019 com a média de focos de calor registrada
entre 2011 e 2018, todas as categorias fundiárias apresentaram crescimento nos
casos, com destaque para as APAs (aumento de 141% em relação à média dos oito
anos anteriores) e as florestas públicas não destinadas (126% de aumento).
“Existem 67 milhões de hectares de florestas públicas sem
destinação na Amazônia que são patrimônio dos brasileiros, mas que por falta de
governança estão hoje à mercê de grileiros e especuladores irregulares de
terra. O desmatamento e o fogo que acontece nessas regiões é totalmente ilegal,
e devem ser alvo de investigação e ações de comando e controle”, diz o
pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho.
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