Preservar
grandes áreas naturais é uma oportunidade única para impulsionar a economia
regional. Além disso, os patrimônios cultural e histórico dessas regiões também
são ativos importantes para fomentar o turismo e despertar o interesse em
proteger áreas naturais. É isso que tem sido provado em duas iniciativas em
andamento em dois biomas brasileiros – Mata Atlântica e Pantanal.
A Grande
Reserva Mata Atlântica e o Alto Pantanal têm como base o conceito criado pelo
biólogo espanhol Ignácio Jiménez-Pérez, apresentada no livro Produção de Natureza: Parques, Rewilding
e Desenvolvimento Local. A proposta defende que a produção da
natureza seja a base para o desenvolvimento econômico e social de áreas que
preservam importantes patrimônios naturais.
Dessa forma, a natureza passa a oferecer produtos e atrativos que
podem ser aproveitados de forma sustentável pelo turismo. Nesse sentido,
a gestão adequada de áreas naturais protegidas com a finalidade de uso
público – como parques nacionais, estaduais e municipais – pode trazer
oportunidades permanentes de renda, principalmente às comunidades
locais, a partir do investimento na proteção da área e em infraestrutura
adequada para receber os visitantes.
A força
da biodiversidade
O Brasil
abriga a maior biodiversidade mundial, cerca de 20% das espécies do planeta.
Dessas, a Mata Atlântica – bioma cujo território foi reduzido a 7% da sua
cobertura original, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente – concentra
35% da biodiversidade vegetal nacional, além de cerca de 850 espécies de aves,
370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes.
A área da
Grande Reserva abriga o maior remanescente de Mata Atlântica, formada por 2
milhões de hectares localizados nos estados do Paraná, São Paulo e Santa
Catarina e conectados por um mosaico de áreas naturais protegidas públicas
estaduais e federais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
A região
conta com espécies endêmicas, como o mico-leão-da-cara-preta e o papagaio-de-cara-roxa,
e animais ‘topo de cadeia’, como a onça-pintada, que indicam a qualidade
ecológica do local. O objetivo da iniciativa é tornar a região um destino
turístico de natureza como mecanismo para o desenvolvimento regional,
envolvendo uma grande rede de atores do empresariado local, poder público,
academia, gestores de unidades de conservação, ONGs e pessoas sensibilizadas,
“O patrimônio natural que temos é um importante ativo para o
desenvolvimento econômico e social. É preciso fortalecer a imagem da
Mata Atlântica como destino turístico e estimular a visitação para que
todos compreendam a importância da conservação e que a comunidade local
aprimore cada vez mais os serviços oferecidos”, afirma Malu Nunes,
diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
que também está à frente da iniciativa.
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