Trump finaliza planos para permitir exploração de petróleo e gás em reserva de vida selvagem no Alaska
Há 60 anos o Arctic National Wildlife Refuge é uma área protegida de mais de 7 milhões de hectares na região nordeste do Alaska. Por décadas, representantes do partido democrata têm conseguido manter esse enorme refúgio de vida selvagem preservado. Mas desde que assumiu o governo dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump expressou publicamente sua intenção de permitir a exploração de gás e petróleo no Ártico.
Esta semana, seu governo anunciou que finalizou os planos para a abertura de parte da área para ser explorada por companhias do setor.
Esse refúgio natural é uma das últimas áreas de vida selvagem intocada dos Estados Unidos e é importante rota migratória de diversas espécies. É habitat de lobos, ursos polares e de caribus (renas), entre outros tantos animais.
Segundo comunicado do Departamento de Estado de Trump, até o final de ano devem ser realizados os primeiros leilões para exploração e perfuração na busca de petróleo e gás.
Organizações de proteção ambiental afirmaram que entrarão na justiça contra a decisão.
“Nosso clima está em crise, os preços do petróleo despencaram e os principais bancos estão retirando financiamento do Ártico. E ainda assim a administração Trump continua sua corrida para acabar com o último grande refúgio de natureza selvagem, colocando em risco os povos indígenas e a fauna icônica que dela dependem”, afirmou Adam Kolton, diretor executivo da Alaska Wilderness League Action.
“Cientistas têm sido silenciados e marginalizados. Leis ambientais estão sendo pisoteadas. E comunidades indígenas desrespeitadas, ignoradas e informadas que sua cultura e segurança alimentar são irrelevantes. Continuaremos a lutar contra isso nos tribunais, no Congresso, nas empresas e em salas de reuniões. Qualquer empresa de petróleo que busque perfurar no Refúgio Ártico enfrentará enormes riscos reputacionais, jurídicos e financeiros”, ameaçou Kolton.
Dois ursos polares descansando no Arctic National Wildlife Refuge
Desde que assumiu o cargo, Donald Trump assinou uma série de decretos
que derrubaram leis de preservação ambiental e de combate às mudanças climáticas criadas
por seu antecessor, Barack Obama, entre elas, a retirada dos Estados
Unidos do Acordo de Paris, compromisso assinado por quase 200 países em
2015, que se comprometiam a reduzir suas emissões de carbono.No ano passado, um estudo internacional apontou que Brasil e Estados Unidos lideravam um ranking de retrocesso ambiental. O levantamento analisou a extinção, a redução de tamanho e a diminuição de restrições de áreas protegidas em 73 países.
A torcida agora é para que Trump perca as eleições presidenciais americanas, que serão realizadas em novembro. O presidente concorre à reeleição contra o candidato do partido democrata, Joe Biden, que já anunciou um plano de U$ 2 trilhões contra a crise climática e garantiu que o refúgio selvagem do Alaska continuará preservado.
*Com informações do The New York Times
Leia também:
“Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito”, diz cientista a Trump, sobre ações contra coronavírus e crise climática
Governo Trump volta a autorizar uso de bombas de cianureto para matar animais silvestres
Campanha para reeleição de Trump vende canudos plásticos para arrecadar dinheiro
Trump quer “flexibilizar” lei de 100 anos de proteção a aves migratórias
Fotos: D. Brigida (caribu) e A. Zuelke (ursos polares/USFWS
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e
2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras,
entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta
Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas,
energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em
Londres, vive agora em Washington D.C.
Nenhum comentário:
Postar um comentário