Como o plantio de 8 bilhões de árvores todos os anos durante 20 anos afetaria o clima da Terra?
Políticos, líderes empresariais, YouTubers e celebridades estão pedindo o plantio de milhões, bilhões ou até trilhões de árvores para desacelerar as mudanças climáticas.
Existem atualmente quase 8 bilhões de pessoas na Terra. Se cada pessoa plantasse uma árvore a cada ano durante os próximos 20 anos, isso significaria cerca de 160 bilhões de novas árvores.
Será que o plantio de árvores em massa pode realmente desacelerar a mudança climática?
Árvores e carbono
O dióxido de carbono é o principal gás que causa o aquecimento global. Por meio da fotossíntese, as árvores e outras plantas transformam o dióxido de carbono da atmosfera em carboidratos, que usam para fazer caules, folhas e raízes.
A quantidade de carbono que uma árvore pode armazenar varia muito. Depende da espécie de árvore, onde está crescendo e quantos anos tem.
Digamos que uma árvore média consuma cerca de 22 kg de dióxido de carbono por ano. Se uma pessoa plantasse uma árvore todos os anos durante 20 anos – e cada uma sobrevivesse, o que é altamente improvável – essas 20 árvores consumiriam cerca de 453 kg, ou quase meia tonelada, de dióxido de carbono por ano.
A pessoa comum nos Estados Unidos produz 15,5 toneladas de dióxido de carbono por ano, em comparação com 1,9 toneladas na Índia. Isso significa que se cada pessoa nos EUA plantasse uma árvore por ano, isso compensaria apenas cerca de 3% do dióxido de carbono que elas produzem a cada ano, depois que todas as 20 árvores tivessem amadurecido. Mas, compensaria 26% para alguém na Índia.
Plantar árvores certamente é parte da solução para as mudanças climáticas, mas existem outras mais importantes.
Protegendo as árvores que temos
Existem cerca de 3 trilhões de árvores na Terra, o que é apenas a metade de 12.000 anos atrás, no início da civilização humana.
As pessoas cortam cerca de 15 bilhões de árvores a cada ano. Muitas dessas árvores estão em florestas tropicais, mas o desmatamento está acontecendo em todo o planeta.
Proteger as florestas existentes faz sentido. Elas não apenas absorvem dióxido de carbono nas árvores e no solo, mas também fornecem habitat para os animais. As árvores podem fornecer lenha e frutas para as pessoas. Nas cidades, elas podem oferecer sombra e espaços recreativos.
Mas as árvores não devem ser plantadas onde não cresciam antes, como em pastagens nativas ou savanas. Esses ecossistemas fornecem habitat importante para seus próprios animais e plantas – e já armazenam carbono se não forem perturbados.
Fazendo mais
Para desacelerar a mudança climática, as pessoas precisam fazer muito mais do que plantar árvores. Os humanos precisam reduzir seu dióxido de carbono e outras emissões de gases de efeito estufa rapidamente, fazendo a transição para fontes de energia renováveis, como solar e eólica. As pessoas também devem reduzir a quantidade de veículos que dirigem e voam – e comer menos carne, pois a carne tem uma pegada de carbono muito maior por caloria do que grãos e vegetais.
É importante que todos – empresas, políticos, governos, adultos e até crianças – façam o que puderem para reduzir as emissões de combustíveis fósseis. Eu sei que pode parecer muito difícil pensar sobre o que você, como uma pessoa, pode fazer para ajudar o planeta. Felizmente, existem muitas opções.
Seja voluntário em uma organização de conservação local, onde você pode ajudar a proteger e restaurar os habitats locais. Discuta com sua família novas escolhas de estilo de vida, como andar de bicicleta, caminhar ou usar o transporte público em vez de dirigir.
E não tenha medo de liderar um esforço para proteger as árvores, local ou globalmente. Duas escoteiras de 11 anos, preocupadas com a destruição das florestas tropicais para as plantações de óleo de palma, lideraram um esforço para eliminar o óleo de palma dos biscoitos das escoteiras.
Às vezes, a mudança é lenta, mas, juntas, as pessoas podem fazer isso acontecer.
Fonte: The Conversation / Karen D. Holl
Tradução: Redação Ambientebrasil / Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em inglês acesse:
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