Enquanto Paul Watson, o maior ativista pelas baleias do mundo, seguia preso na Dinamarca, com pedido de extradição para o Japão (ele foi solto finalmente hoje), 1,4 toneladas de carne de baleia-fin eram leiloadas, pela primeira vez, após mais de 50 anos, no país, na quinta-feira (12/12). O valor do quilo foi cotado em mais de US$ 1.300 (cerca de R$ 7.800). O leilão aconteceu em mercados de pesca da ilha de Hokkaido, ao norte do país. A carne da cauda, conhecida como onomi e considerada uma "iguaria" por alguns, foi a que obteve os mais altos preços.
Em maio deste ano, a Agência de Pesca do Japão anunciou que pretendia incluir mais uma espécie de baleia na lista daquelas que podem ser caçadas pela indústria baleeira do país. Até então, dentro da cota estabelecida pelo governo, apareciam as baleias-sei (Balaenoptera borealis), bryde (Balaenoptera brydei) e minke (Balaenoptera acutorostrata). A intenção era adicionar as baleias-fin, também chamada de baleia-comum (Balaenoptera physalus) à lista. A espécie é a segunda maior existente nos oceanos, mas as autoridades japonesas alegam que ainda há uma grande população delas no Oceano Pacífico Norte.
Três meses depois, veio a confirmação de que a primeira baleia-fin tinha sido caçada na costa da província de Iwate, um macho de quase 20 metros e pesando 55 toneladas. Segundo informações divulgadas pela agência de pesca do Japão, 30 delas já foram mortas, metade da cota permitida de 60 dessas, além daquelas estipuladas para as demais espécies, que totalizam 379 indivíduos.
Em 2019, o governo do Japão voltou a liberar a caça comercial de baleias. Durante 30 anos a atividade tinha sido suspensa num compromisso com o resto do mundo. Na época, o país anunciou ainda que deixaria de fazer parte da Comissão Internacional de Baleias (IWC, na sigla em inglês), que em 1986, tinha imposto uma moratória global à caça comercial.
No século passado, quase 3 milhões delas foram mortas no mundo todo. Por esta razão, a maioria das espécies estava ameaçada de extinção – umas mais do que outras -, mas todas corriam o risco de desaparecer dos oceanos do planeta.
Vale lembrar também que o país asiático defende a morte de baleias para “fins científicos”. Em 2018, mais de 300 foram mortas para “pesquisas”. 122 delas eram fêmeas grávidas. Outras dezenas eram jovens demais ainda para se reproduzir. Ano após ano, a alegação é que os animais são “amostras biológicas” que servirão para investigar a estrutura e a dinâmica dos ecossistemas marinhos.
O método utilizado pelos japoneses para capturar as baleias é cruel. Segundo organizações ambientais, elas são mortas com granadas explosivas, colocadas na ponta de arpões. Mas apenas entre 50% e 80% delas morrem instantaneamente, deixando as demais em sofrimento profundo.
Segundo críticos da caça à baleia no Japão, no passado a carne desses animais era uma fonte de proteína mais barata para a população, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Todavia, isso mudou e em pouquíssimos lugares do país ainda se come esse tipo de carne, que se tornou, inclusive, muito cara.
*Com informações da Agência de Notícias Associated Press
--------------------
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Caça a golfinhos no Japão atende demanda de aquários e atrações turísticas no mundo todo
Experimento científico com baleias na Noruega gera protestos e denúncia de crueldade contra animais
Governo de Ilhas Faroé promove novo abate cruel de baleias, apesar de protestos mundiais
Foto de abertura: Aqqa Rosing-Asvid – Visit Greenland, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons
Nenhum comentário:
Postar um comentário