As alterações climáticas que actualmente se fazem sentir no continente africano têm sérias possibilidades de interferir no equilíbrio de algumas espécies animais, muitas delas seriamente ameaçadas de extinção.
Por Roger Godwin
De acordo com um estudo recentemente divulgado por uma revista especializada, uma das principais espécies que está sob ameaça é o antílope, animal muito sensível às mudanças de clima.
De acordo com esse estudo, que está a ser devidamente analisado pelas Nações Unidas para a apresentação de propostas de solução, um terço das 87 espécies de antílope existentes no continente africano encontram-se “seriamente ameaçadas” em virtude do esperado aumento das temperaturas globais para os próximos dez anos.
Para fazer frente a esta situação, os especialistas aconselham à tomada imediata de medidas através de uma acção urgente de preservação, de modo a que a extinção possa ser evitada.
O mesmo estudo refere que as espécies mais restritas são, habitualmente, as que são mais exigentes no que toca à combinação de condições de temperatura e de precipitação e as que também correm mais sérios riscos de extinção.
Uma certeza que o estudo sublinha é a de que as alterações climáticas serão as grandes responsáveis pelo desaparecimentos de muitas das espécies que fazem parte da chamada “vida selvagem”.
No meio desta inevitabilidade, teme-se que as espécies já ameaçadas de extinção sejam aquelas que tendem a perder uma maior parte da sua actual percentagem, em comparação com as outras, o que deixa transparecer a certeza de que pouco ou nada está a ser feito para garantir a sua defesa.
Para fazer frente a esta situação, alguns especialistas avançam com a necessidade de serem criados e mantidos solos mais amigáveis para determinadas espécies, como os antílopes, através de uma política ambiental mais virada para a defesa da vida animal, sobretudo a selvagem.
Nos últimos meses tem-se assistido, em todo o continente, à adopção de medidas sérias no sentido de punir acções criminosas que visam algumas das suas mais preciosas espécies.
No Zimbabwe foi reforçada a legislação de combate a caçadores furtivos, sobretudo de leões e de elefantes, de modo a melhor defender estas duas espécies que são um dos seus mais valiosos cartazes de atracção turística.
Esta legislação viria depois a ser também adoptada pelo vizinho Botswana, onde o Governo levou muito a sério a actividade furtiva de numerosos grupos de caçadores provenientes de várias partes do mundo, em especial dos Estados Unidos.
Na África do Sul e na Namíbia as atenções dos respectivos governos viraram-se para o combate aos caçadores e traficantes de chifres de rinocerontes que estavam já a colocar em causa algumas das principais reservas de caça.
Tratam-se, todas elas, de acções de legitimidade nacional assumidas para defender a sua fauna animal e, também, para preservar os seus valores culturais de grande impacto na própria indústria turística. Outros países, como o Quénia, ainda estão hesitantes quanto à tomada de medidas legais para a defesa das suas espécies animais, sabendo-se das dificuldades que têm para colocar alguma ordem no sector do turismo, porta por onde entram grande parte dos caçadores furtivos que deixam importantes divisas nos cofres do Estado.
Esses caçadores furtivos, nalguns países, são os grandes alimentadores da indústria do turismo, beneficiando, em virtude disso, de bem consolidadas cumplicidades internas que facilitam todo o seu trabalho.
Há um ano ficou por demais famoso o caso que envolveu a morte de um leão zimbabweano, “Cecil”de seu nome, que rapidamente se tornou num ícone nacional e mesmo continental.
A morte desse leão pelo disparo certeiro de um dentista norte-americano só foi possível devido, precisamente, às cumplicidades internas encontradas por esse caçador furtivo que lhe prepararam todo o caminho para que o trabalho fosse feito sem grandes dificuldades.
No início, as autoridades zimbabweanas chegaram a envolver o Governo norte-americano para a exigência de processar o caçador, mas rapidamente perceberam que o grande problema estava dentro das suas fronteiras e era representado por uma vasta rede de pessoas ligadas ao sector do turismo e que se deixavam subornar, de modo constante, para permitir aquela actividade ilegal.
Tal como noutros sectores, a caça ilegal só é possível porque existem agentes internos que lhe dão cobertura, não fazendo por isso sentido que os governos aprovem legislações que depois não consigam fazer cumprir.
Cientes desta realidade, os governos do Zimbabwe e do Botswana decidiram dar as mãos para adoptarem legislação conjunta que os apetrecha para melhor poderem defender as suas espécies animais.
É que, além das alterações climáticas, também a permissividade que muitos países usam em relação à caça furtiva também coloca seriamente em risco a preservação de algumas espécies que ficam claramente indefesas e expostas à cobiça humana.
Fonte: Jornal de Angola / mantida a grafia lusitana original
Nota do Olhar Animal:
"Espécies" não sofrem. Indivíduos animais, estes sim, sofrem. Os danos
importantes provocados por alterações climática é o imposto a estes
segundos.
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