- quinta-feira, 15 dezembro 2016 21:16
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Abertura
de estrada catalisa uma pressão sobre a floresta que vai de
desmatamento
à chegada de espécies invasoras. Foto: Divulgação.
“Estradas são um dos maiores promotores de degradação ambiental (e por vezes também de degradação da qualidade de vida de populações tradicionais) e uma vez construídas é praticamente impossível frear esse processo”, afirma a bióloga brasileira Mariana Vale, que colaborou com o estudo.
De acordo com a publicação, 80% da superfície não inundada da Terra estão livres dos impactos diretos, ou seja, estão a mais de 1 quilômetro de distância de rodovias. Porém, as estradas provocam uma grande fragmentação. Em todo o mundo, a malha rodoviária resultou em aproximadamente 600 mil polígonos de áreas. Metade delas com menos de 5 quilômetros quadrados.
Atropelamentos, chegada de espécies invasoras, fragmentação do ambiente -- com a segregação de populações de plantas e animais --, e poluição são impactos negativos associados diretamente às rodovias. Mas a pesquisadora brasileira destaca que os efeitos indiretos podem ser mais devastadores do que os diretos. Ela cita, como exemplo, que 95% do desmatamento na Amazônia ocorre em uma faixa de 5 quilômetros da estrada.
“A abertura de estradas, sobretudo em florestas tropicais, catalisa um processo de colonização espontânea e desordenada, aumentando enormemente a pressão de caça e dando início a um intenso processo de desmatamento, afetando negativamente uma quantidade infinitamente maior de espécies e processos ecossistêmicos do que os afetados pelo efeito direto de estradas”, afirma a pesquisadora.
Em nível global, os biomas menos afetados pelas estradas são justamente aqueles com menor biodiversidade, como a tundra. As exceções são as florestas tropicais da Amazônia, Congo e Sudeste Asiático, que possuem grandes áreas livres de rodovias.
Atropelamento de fauna é um dos efeitos colaterais da abertura de estradas em área de floresta. Foto: Divulgação.
Mariana Vale lembra que a Amazônia, que ainda possuem extensas áreas contínuas de floresta, é cortada por grandes rodovias, que estão entre as mais destrutivas ambientalmente do mundo. “A primeira recomendação é sem dúvida limitar drasticamente a abertura de novas estradas na Amazônia, assim como a pavimentação de estradas já abandonadas”, afirma. “Os investimentos devem focar em estradas e regiões já bem estabelecidas, que precisam de investimentos para melhorar seus baixos índices de desenvolvimento humano.”
Saiba Mais
Artigo: A global map of roadless areas and their conservation status
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