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O mesmo pode ser feito com espécies de árvores nativas do país. O desenvolvimento e a aplicação de tecnologias criarão a base para uma nova economia florestal tropical, que por sua vez abrirá caminhos para o reflorestamento em larga escala. Entre os muitos modelos de plantio possíveis, há aqueles com fins econômicos, que permitirão reflorestar com espécies nativas, mas ao mesmo tempo fazer uso comercial delas.
Então, o que impede que se invista mais em florestas? Uma das principais barreiras, constatadas em discussões internacionais — bem como em uma série de workhops promovida no país pelo projeto Verena (Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas) —, é a falta de incentivo a P&D para nativas. O Verena identificou que é preciso implementar um programa pré-competitivo nesse sentido — um programa que responda às perguntas básicas de quem quer investir.
Por exemplo: por que espécies nativas ainda não são usadas em escala comercial? Quais espécies já foram domesticadas (estão dentro de um sistema de produção, com algum grau de melhoramento)? Como estimular/adotar plantios com modelos biodiversos (várias espécies cultivadas dentro de mesmo sistema)? Onde e em que estado de conservação estão os bancos de pesquisa e material genético dessas espécies (germoplasma)? Por que o eucalipto se tornou um caso de sucesso? A partir daí, será possível identificar quais espécies nativas podem ter sua produtividade aumentada, quais darão retorno financeiro mais rapidamente, quais serão mais valiosas no mercado e assim por diante. Isso inserirá as florestas na visão de futuro de investidores.
Programas de P&D levam décadas para mostrar grandes resultados, o que implica grandes investimentos por um período maior de tempo. Mas a boa notícia vem novamente do Acordo de Paris. O artigo 10 do tratado do clima estabelece uma visão de longo prazo sobre a importância do desenvolvimento e da transferência de tecnologias para reduzir emissões de gases do efeito estufa. Isso significa que países em desenvolvimento poderão captar recursos por meio de fundos bilateriais e multilaterais com o propósito de financiar tecnologias, como a de desenvolvimento de espécies arbóreas.
Não há dúvida de que a implantação de um programa pré-competitivo e robusto promoverá, no curto prazo, a melhoria no ambiente de negócios para o reflorestamento com nativas (menos risco ao investidor, com perspectivas de aumento de produtividade e, consequentemente, maior retorno econômico). Em suma, o acelerador para a implementação do que foi acordado em Paris passará pelo desenvolvimento de espécies nativas. Que tal investir nessa área?
Alan Batista é analista de investimentos do WRI Brasil
Miguel Calmon é diretor de Florestas do WRI Brasil
O WRI Brasil é membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Os autores participam do Grupo de Trabalho de Restauração e Reflorestamento da Coalizão e atuam no projeto Verena.
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