quarta-feira, 14 de junho de 2017

Neurônios impedem queima de gordura quando fazemos dieta




Neurônios impedem queima de gordura quando fazemos dieta
Células-chave do cérebro agem como um gatilho para evitar queimar calorias quando o alimento é escasso.
[Imagem: Luke K. Burke et al. - 10.7554/eLife.22848]

Minando a estratégia
Neurocientistas acreditam ter uma explicação para o porquê de as dietas não serem uma maneira eficiente para perder peso: células-chave do cérebro agem como um gatilho para evitar queimar calorias quando o alimento é escasso.

"As estratégias de perda de peso são frequentemente ineficientes porque o corpo trabalha como um termostato e associa a quantidade de calorias que nós queimamos com a quantidade de calorias que nós comemos," explica a Dra. Clemence Blouet, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).

"Quando comemos menos, nosso corpo compensa e queima menos calorias, o que torna a perda de peso mais difícil. Nós sabemos que o cérebro deve regular esse termostato calórico, mas como ele ajusta a queima de calorias para a quantidade de alimentos que comemos vinha sendo um mistério," complementou.

Agora, a equipe identificou um mecanismo através do qual o corpo se adapta à baixa ingestão calórica e limita a perda de peso.


Neurônios AGRP
Os pesquisadores demonstraram que os neurônios AGRP são os principais atores no termostato calórico que regula o nosso peso, regulando quantas calorias queimamos - os AGRPs (neurônios neuropeptídeos relacionados ao gene agouti) já eram conhecidos por seu papel na regulação do apetite; quando ativados, eles nos fazem comer, mas quando totalmente inibidos eles podem levar a uma anorexia quase completa.


Os novos resultados indicam que, quando ativados, esses neurônios nos deixam com fome e nos levam a comer, mas quando não há comida disponível, eles agem para poupar energia, limitando o número de calorias que queimamos e, portanto, nossa perda de peso.
Assim que os alimentos se tornam disponíveis e começamos a comer, a ação dos neurônios AGRP é interrompida e nosso gasto de energia volta novamente aos níveis normais.


"Embora este mecanismo possa ter evoluído para nos ajudar a lidar com a fome, hoje em dia a maioria das pessoas só encontra tal situação quando elas estão deliberadamente fazendo dieta para perder peso. Nosso trabalho ajuda a explicar por que, para essas pessoas, a dieta durante um longo período tem pouco efeito. Nossos corpos compensam a redução de calorias," resumiu Blouet.


Os resultados foram publicados na revista científica eLife.

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