CESAR BAIMA
Uso de recursos naturais atinge hoje limite da capacidade do planeta
A partir de hoje a Humanidade está, mais uma vez, “em dívida” com o planeta. De acordo com cálculos da organização internacional de pesquisas ambientais Global Footprint Network, é neste 2 de agosto que nosso uso dos recursos da Terra e seus ecossistemas atinge o limite da sua capacidade de renovação. Ou, em uma conta inversa, isto significa que seria preciso ter 1,7 vezes o nosso planeta para sustentar o atual nível de produção e consumo médio da população global.
Mesmo com os avanços nas questões relativas ao meio ambiente nas últimas décadas — tanto nas discussões multilaterais que levaram, por exemplo, ao recente Acordo do Clima de Paris, quanto na conscientização de empresas e indivíduos sobre a importância de atitudes como maior eficiência na produção e reciclagem —, esta data a cada ano chega mais cedo. Diante disso, especialistas dizem que é preciso fazer ainda mais para inverter esta tendência e, no lugar de adiantar, adiar a entrada da Humanidade neste apelidado “cheque especial ambiental”. A nosso favor, porém, é que muito do que pode ser feito para isso está ao alcance de boa parte da população mundial atualmente, destacam.
COMBATE AO DESPERDÍCIO
— É extremamente importante agirmos em diferentes frentes, na cadeia produtiva, na redução do desperdício, na contenção do desmatamento — considera Fabrício de Campos, especialista do Programa de Agricultura e Alimentos do WWF-Brasil. — É preciso atuar dentro das cadeias de valor, com o engajamento de governos, empresas, mas também do consumidor final, pois estamos “comendo” o planeta.
Segundo Campos, ao tomar atitudes como consumir apenas o necessário, ir ao supermercado com mais frequência no lugar de fazer grandes compras mensais, priorizar alimentos frescos e com produção local e dar preferência a frutas e vegetais que estão “na época” já é possível diminuir em muito a chamada “pegada ecológica” individual.
— A maneira que a gente monta nosso prato influencia nossa paisagem — lembra. — Um prato com mais vegetais se traduz em mais vegetais também na natureza, o que, além de benéfico para a saúde, é benéfico para o planeta.
Estas mudanças de atitude, no entanto, são urgentes, aponta Pedro Telles, especialista em mudanças climáticas da organização ambientalista Greenpeace:
— Sem dúvida temos hoje uma conscientização ambiental maior que há 30 anos, mas a velocidade de ação não está acompanhando o ritmo da degradação ambiental. O papel do indivíduo é importante, todos podemos fazer diferença, mas isso não é suficiente. Precisamos também pressionar governos e empresas a fazer mudanças nas políticas públicas e nos processos de produção em grande escala no curto prazo se quisermos adiar esta data.
Opinião parecida tem Eduardo Carvalho, editor de conteúdo do Museu do Amanhã, no Rio, que promove hoje seminário sobre este que é conhecido como o Dia da Sobrecarga da Terra.
— Hoje é o lugar da ação, pois, sem isso, não teremos amanhã — diz. — O que vai ditar a situação do mundo nas próximas cinco décadas é o que fizermos agora, já que os “juros” deste “cheque especial ambiental” são a intensificação do aquecimento global e das mudanças climáticas, a redução da biodiversidade e a aceleração da extinção em massa que vão afetar toda a vida na Terra e farão a Humanidade sofrer.
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