Tratar
do que acontece no meio rural é chave para meta climática
Desmatamento
ilegal, legal e pouco aproveitamento de áreas já abertas: o combate ao primeiro
fator, o desestímulo ao segundo e a inversão do terceiro são os três passos
fundamentais para o Brasil cumprir sua meta de controle de emissão de gases do
efeito estufa. O tema foi debatido hoje numa audiência pública no Senado, na
Comissão Mista Permanente de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.
A diretora
de Ciência do IPAM, Ane Alencar, abriu sua participação destacando que 73% das
emissões nacionais vêm da área rural, seja pelo desmatamento, seja pelas atividade
agropecuárias.
“O setor
agropecuário é superimportante para o país, e queremos que esse seja um setor
para a gente se orgulhar, mas hoje não é bem assim”, disse a diretora de
Ciência do IPAM, Ane Alencar. “Temos a missão de nos modernizar e separar o joio
do trigo, buscar o produtor rural que está a fim de levar para a frente uma
agenda do século 21, e acabar com o jogo de acusações. A floresta precisa
existir para fornecer os serviços ambientais, como chuva e clima ameno, que
garantem a produção. Essa visão sistêmica é fundamental e moderna, e a ela o
setor agropecuário precisa se agarrar.”
A fala dela
fez eco à do pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Celso Manzatto, que
relacionou iniciativas de produção agropecuária de baixo carbono e de
reaproveitamento de terras pelo setor, com investimento e principalmente
tecnologia. “Temos de transformar o agricultor em um aliado na preservação das
florestas e na implementação de um agenda positiva”, disse.
Essa
mudança no comportamento, contudo, ainda está distante da prática de boa parte
do setor. O
assessor técnico da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e
Pecuária), João Carlos de Carli, justificou o desmatamento ilegal em
propriedades rurais com a ineficiência de secretarias estaduais para a
concessão de licença para supressão vegetal. Ao mesmo tempo, reforçou o volume
das florestas em áreas rurais privadas.
Nesse
sentido, Alencar lembra que a vegetação que poderia ser cortada legalmente
precisa de incentivos para que permaneçam em pé, algo que o representante do
WWF-Brasil, André Nahur, também ressaltou. “Pagamento por serviços ambientais,
REDD… As alternativas para transformar floresta em ativo econômico precisam
avançar, inclusive nessa casa”, disse. Se a gente não olha a floresta como
importante para manter a produção agropecuária e a geração de energia
hidrelétrica, a economia do Brasil perde.”
Outro fator
importante para o cumprimento das metas climáticas brasileiras é o combate ao
desmatamento ilegal. O Brasil ter assumido o compromisso de zerar a prática
criminosa até 2030, sendo que é o perfil principal do que é registrado na
Amazônia, de acordo com o coordenador geral de fiscalização do IBAMA, René
Oliveira. “Temos intensificado as ações remotas de comando e controle, já que
temos tecnologia disponível, e que isso vem responder à redução no quadro de
servidores do IBAMA.”
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