Temas como a demanda global de alimentos, a epidemia de obesidade e as novas tendências de mercado foram abordados pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, durante congresso promovido pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na terça-feira (31). 


“O maior problema do mundo já não é mais a fome, a fome hoje é algo bem equacionado, a gente sabe onde está, e sabe por que. Ela está basicamente nas regiões de conflito e seca”, declarou.
“Uma epidemia que afeta tantos países desenvolvidos, como os em desenvolvimento, é a obesidade, que é uma questão ainda não equacionada e que vai afetar o futuro da alimentação de uma maneira que nós ainda não conseguimos dizer”, alertou.
Extinguir a fome no mundo; alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável são ações que sintetizam o Objetivo 2 do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Foto: ONU Meio Ambiente
Extinguir a fome no mundo; alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover 
a agricultura sustentável são ações que sintetizam o Objetivo 2 do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS). Foto: ONU Meio Ambiente

Temas como a demanda global de alimentos, a epidemia de obesidade e as novas tendências de mercado foram abordados pelo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, durante a 56º edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER), promovido pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na terça-feira (31).

Na ocasião, Graziano citou prognóstico lançado pela FAO em relatório conjunto com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em julho deste ano, em Paris, no qual se preveem desafios impostos pelo crescimento populacional em todos os níveis da segurança alimentar – não apenas aqueles relacionados à fome, mas também às outras formas de má nutrição.

“O maior problema do mundo já não é mais a fome, a fome hoje é algo bem equacionado, a gente sabe onde está, e sabe por que. Ela está basicamente nas regiões de conflito e seca”, declarou.

“Uma epidemia que afeta tantos países desenvolvidos, como os em desenvolvimento, é a obesidade, que é uma questão ainda não equacionada e que vai afetar o futuro da alimentação de uma maneira que nós ainda não conseguimos dizer. Hoje, projetar o consumo da demanda de commodities ao passo do crescimento da população parece um erro”, alertou.
Dentro desse contexto, o diretor-geral da FAO destacou a importância de se olhar para novas visões de logística, transporte e armazenamento que podem ter efeitos sobre a demanda por alimentos e o combate a má nutrição.

Ainda segundo Graziano, as tendências da “gourmetização” da alimentação caseira, com pessoas querendo cozinhar cada vez mais e melhor em casa, cultivando seus próprios temperos e atentos para a qualidade e para o preço do que consomem, devem mudar, cada vez mais, as formas de produção e a dinâmica do mercado.

Tais mudanças também podem trazer, aos poucos, impactos positivos na epidemia da obesidade. Nesse contexto, ele citou a popularização da quinoa. “O produto fresco, legumes, verduras, carnes, são fundamentais em uma dieta para prevenir a obesidade. Na Europa, ninguém come mais para matar a fome, come por prazer. É o gourmet que influencia”.

“A FAO atuou maciçamente para colocar a quinoa no mercado internacional. Hoje, é parte desse mercado gourmet. Quinoa que aqui você compra por menos de um dólar, na Europa não compra por menos de 10. Essa logística, essa transformação da marca, esse lado gourmet do prazer da alimentação, conectado à questão da obesidade, pode transformar completamente a forma da produção da alimentação do futuro”, concluiu.

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