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Brasil vai estar entre mais afetados por mortes em ondas de calor
Pesquisa sugere que Brasil, Colômbia e Filipinas terão mais mortes por fenômeno que crescerá com mudança climática
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Os modelos construídos pelos pesquisadores consideram projeções que podem variar entre baixa, média e alta ocorrência de ondas de calor. No caso do Brasil, o estudo aponta para um aumento de até 25% nas mortes relacionadas com esses eventos climáticos em um cenário de baixa ocorrência. Se a ocorrência das ondas de calor for alta, as mortes podem aumentar em até 75%.
“Todos os modelos mostram que no Brasil aumentarão a frequência e intensidade de ondas de calor e, por sua vez, aumentará o número de mortes”, afirma a meteorologista Micheline Coelho, uma das coautoras do estudo. Pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, ela foi a responsável pelas análises que se referem ao País.
O estudo indica que, entre as regiões analisadas (Américas do Norte, Central e do Sul, Europa setentrional, central e meridional, Leste da Ásia, Sudeste Asiático e Oceania), as áreas próximas da linha do Equador correm mais riscos do que as áreas temperadas. Para se ter uma ideia, no pior cenário projetado – que inclui variáveis demográficas, de emissões de gases estufa e de adaptação ao clima – o número de mortes relacionadas às ondas de calor subiria 2000% na Colômbia e 150% na Moldávia.

Não existe um conceito aceito universalmente pela comunidade científica para definir o que é onda de calor. Em geral, diz-se que uma onda de calor é um fenômeno no qual faz mais calor do que o comum ao longo de vários dias. Representa um problema de saúde na medida em que afeta a termorregulação dos organismos.
A termorregulação é um mecanismo de equilíbrio da temperatura que, em humanos, age para manter nosso organismo sempre em torno de 37°C. Quando o tempo do lado de fora vira e a temperatura do ambiente oscila, o sistema de termorregulação entra em ação para dissipar ou reter o calor do corpo.
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“Quando o ambiente está muito quente, o organismo não consegue fazer essa troca e a regulação do nosso corpo perde o equilíbrio, podendo levar a graves problemas ou à morte. O desequilíbrio da temperatura corporal promove mudanças em hormônios e enzimas, atingindo os mais diversos órgãos”, explica Micheline Coelho.
O artigo oferece, ainda, sugestões para mitigação e adaptação à mudança climática, como a implementação de políticas mais rigorosas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, a criação de sistemas de alerta e de centros urbanos de resfriamento e o desenvolvimento de tecnologias de casas inteligentes.
A pesquisa foi desenvolvida por um grupo colaborativo formado por pesquisadores de vários países, do qual fazem parte Micheline Coelho e o médico patologista Paulo Saldiva, atual diretor do IEA.
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