terça-feira, 6 de novembro de 2018

Iniciativa quer minimizar o impacto da pesca fantasma nos oceanos




Iniciativa quer minimizar o impacto da pesca fantasma nos oceanos

Atualmente, a Iniciativa Global Ghost Gear conta com 91 organizações em todo o mundo.
411No último dia 30 de outubro, durante a Conferência Our Ocean realizada em Bali, a Nestlé, maior companhia de alimentos do mundo, e a Tesco, maior rede supermercadista do Reino Unido, aderiram à Iniciativa Global Ghost Gear (GGGI). A GGGI foi estabelecida em 2015 pela Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) com o objetivo de minimizar o impacto causado mundialmente pelas 640 mil toneladas de equipamentos de pesca perdidos ou abandonados todos os anos nos oceanos, que promovem a prática conhecida como pesca fantasma.

“São grandes parcerias como essa que nos ajudam a chegar próximo do nosso objetivo: coibir a prática de pesca fantasma, só vamos conseguir preservar importantes espécies marinhas e limpar nossos oceanos com engajamento intersetorial”, declara João Almeida, gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial Brasil.
Estima-se que 5 a 30% do declínio de algumas espécies marinhas pode ser atribuído a esse fenômeno.  Espécies importantes da fauna brasileira, como baleia-jubarte, baleia franca austral, golfinhos e tartarugas, são capturadas de forma fantasma, algumas redes abandonadas são maiores que os campos de futebol. 80% das mortes de tartarugas marinhas no Brasil, por exemplo, são ocasionadas por essa fatalidade. Os animais sofrem com uma morte prolongada e dolorosa, geralmente ocasionada por sufocamento ou fome. Sete em cada dez (71%) animais capturados por esses petrechos acabam morrendo nos oceanos.
Além do intenso sofrimento animal, estes equipamentos fantasmas geram alto impacto ambiental pela demora em sua decomposição, de até 600 anos – no geral são feitos de plástico –, agravando a poluição nos oceanos. “Outro ponto crítico, que deve ser alertado, é relacionado à decomposição das redes, pois estas transformam-se em microplásticos e podem entrar na alimentação das pessoas por meio do consumo de peixes”, explica João Almeida.

Compromissos da GGGI

Durante a Conferência, o GGGI anuncia ainda uma série de compromissos para proteger os animais marinhos dos equipamentos fantasmas:
  • O GGGI apoiará 30 projetos que monitoram equipamentos fantasmas em 15 países até 2025, onde a necessidade é maior.
  • O GGGI compromete-se a dobrar o compromisso financeiro de seus membros, apoiando organizações e governos com US$ 2 milhões em 2019, a verba visa garantir a ampliação efetiva de projetos destinados a monitorar e prevenir o problema de equipamentos fantasmas, especialmente em países em desenvolvimento. O governo do Reino Unido, por exemplo, compromete-se com mais de £ 100 mil para trabalhar em Vanuatu e nas Ilhas Salomão e fornecer treinamento sobre a gestão de melhores práticas de redes de pesca em outros países da Commonwealth. Já os governos holandeses estão se comprometendo com € 100 mil para continuar o projeto na Indonésia
  • O GGGI também trabalhará com três esquemas de certificação líderes de mercado, os 13 países signatários da Iniciativa e a FAO das Nações Unidas para implementar a gestão de melhores práticas de equipamentos de pesca até 2021, incluindo a adoção das recentemente adotadas Diretrizes da FAO para Marcação de Equipamento de Pesca. No geral, o GGGI se compromete a ajudar a estabelecer linhas de base e contribuir para alcançar uma redução de equipamentos fantasma nos oceanos em uma base anual até 2030.


Atualmente, o GGGI conta com 91 organizações em todo o mundo. A partir de janeiro de 2019, a Ocean Conservancy (OC) se tornará a nova organização parceira da Iniciativa.

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