quarta-feira, 27 de março de 2019

EM VEZ DE RESOLVER O PROBLEMA DO HVEP, O GOVERNO TENTA DESQUALIFICAR O TRABALHO DA SOCIEDADE CIVIL

EM VEZ DE RESOLVER O PROBLEMA DO HVEP, O GOVERNO TENTA DESQUALIFICAR O TRABALHO DA SOCIEDADE CIVIL 
A ProAnima esclarece que a notícia do possível fechamento do Hospital Veterinário Público não é FALSA. Até ontem (26/03/2019) os recursos do orçamento não haviam sido repassados da Secretaria da Fazenda para o IBRAM, fato que pode ser facilmente verificado por meio de documentação no Sistema Eletrônico de Informações - SEI. O Plano de Trabalho (disponível no portal do IBRAM), entre o IBRAM e a ANCLIVEPA (gestora do HVEP), encerrará dia 31/03/2019. Sem recursos e sem um novo plano de trabalho o HVEP corre o risco de parar, pois não haverá recursos para os materiais e pagamento de pessoal.
A ProAnima é uma associação legalmente constituída, com 16 anos de atuação, comprometida com a causa e atua na elaboração de políticas públicas para os animais. É parceira do GDF e desenvolve ações integradas com seus órgãos. Desde 2013 faz parte do Comitê Interinstitucional da Política Distrital para os Animais – CIPDA (Decretos n. 34.664/2013, 36.477/2015 e 38.087/2017), presidido pela Secretaria do Meio Ambiente. Em toda a sua história nunca inventou “boatos” muito menos “notícias falsas”, as campanhas são elaboradas com muita responsabilidade, respeito e seguindo princípios éticos.
A nossa campanha teve como único objetivo dar visibilidade ao risco de paralisação das atividades do HVEP. Sabemos da sua importância para a sociedade, atende animais provenientes de apreensão das polícias – Militar e Civil, da Zoonoses, de protetores animais e de pessoas de baixa renda. Em NENHUM MOMENTO AGREDIMOS o Governo do Distrito Federal, seus órgãos ou seus servidores. Nossa intenção foi chamar atenção para o problema e dar celeridade aos trâmites desse processo, entre os órgãos de governo.
Nossa campanha surtiu efeito, MOBILIZOU a sociedade que fez MILHARES de compartilhamentos e toda a Imprensa, que fez AMPLA COBERTURA, obrigando o GDF se comprometer e garantir o repasse dos recursos.
O GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL deveria ter postura de ESTADO, assumir suas FALHAS e suas DEFICIÊNCIAS e não tentar retirar o foco do problema, divulgando que a ProAnima publica “FAKE NEWS”, que VERGONHA!
SOMOS CIDADÃOS E TEMOS O DEVER E O DIREITO DE NOS MANIFESTAR.
NÃO VAMOS NOS CALAR!

terça-feira, 26 de março de 2019

As mudanças climáticas estão acontecendo agora e não precisamos esperar o futuro para ver os efeitos



As mudanças climáticas estão acontecendo agora e não precisamos esperar o futuro para ver os efeitos

https://www.youtube.com/watch?v=OX_yPn58Zzw#action=share

“Diálogos na USP” discute as mudanças climáticas e possíveis soluções – Especialistas garantem que a solução passaria por medidas de Estado

Por Andre Arias, Rádio USP

A Organização das Nações Unidas vem alertando que a meta do Acordo de Paris, assinado em 2015, de limitar o aumento da temperatura média global “abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais”, corre o sério risco de não ser alcançada. Isso porque as principais economias, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, estão aquém de suas promessas.


O planeta está agora quase um grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os 20 anos mais quentes da história foram registrados nos últimos 22 anos, sendo que os anos de 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ranking, diz a OMM. O ano passado, por exemplo, bateu todos os recordes. Se essa tendência continuar, as temperaturas poderão subir de 3 a 5 graus até 2100.


Mas, afinal, o quão quente o planeta ficou e o que podemos fazer em relação a isso?


Para falar sobre mudanças climáticas e as possíveis soluções, o Diálogos na USP recebeu os professores Emerson Galvani, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, presidente da Associação Brasileira de Climatologia entre 2008 e 2010, e Marcelo Marini Pereira de Souza, titular da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e presidente da Associação Brasileira de Avaliação de Impacto.
Marcelo Marini alerta para o fato de que as mudanças climáticas já estão ocorrendo, não é algo que ocorrerá no futuro. “Não é um clique para daqui a pouco, esse clique já aconteceu”, comenta.


Segundo o professor, os problemas não têm apenas viés econômico, mas também um grande impacto ambiental, sendo que “o grande problema ambiental hoje é a perda de biodiversidade”, causada principalmente pela ação humana e por essas mudanças no clima. “O ser humano insiste em contribuir com esse processo e não atender às questões globais, atendendo apenas aos interesses econômicos”, afirma.


Emerson Galvani destaca que não há mais dúvidas de que o planeta está esquentando: “Hoje já é consenso que a temperatura está aumentando, tanto em áreas urbanizadas quanto não urbanizadas”. De acordo com o professor, a causa seria “uma força natural, associada aos ciclos geológicos, e uma força humana”. Ele cita como exemplo de força humana os veículos que utilizamos no dia a dia e que liberam gases estufa.


A solução passaria por medidas de Estado, não apenas de um governo, comenta Galvani. “Uma política pública, continuada, independentemente do partido que esteja no poder”, complementa. O professor destaca mudanças ocorridas no Brasil nos últimos governos, apontando para a mudança no Ministério do Meio Ambiente, “que perdeu grande parte das suas funções e está atrelado aos grandes latifúndios”. Isso tudo pode ser prejudicial para ambos os lados, “gerando uma desorganização das atividades do agronegócio e das atividades de preservação e conservação ambiental”.


Já Marini atenta para o fato de a sustentabilidade só ter entrado em pauta por ter se tornado algo importante para a economia mundial: “O mercado internacional passou a considerar o meio ambiente, porque senão o investidor perde reputação”. Porém, o professor acredita que “a questão ambiental não pode estar a reboque das questões econômicas, ela tem a sua roupagem”. Essa sobreposição dos interesses financeiros estaria contribuindo para a perda das questões da área ambiental.


Emerson Galvani e Marcelo Marini Pereira de Souza
Emerson Galvani e Marcelo Marini Pereira de Souza – 
Foto: Cecília Bastos/USP Imagens



Da Rádio USP, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019

"As mudanças climáticas estão acontecendo agora e não precisamos esperar o futuro para ver os efeitos," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/25/as-mudancas-climaticas-estao-acontecendo-agora-e-nao-precisamos-esperar-o-futuro-para-ver-os-efeitos/.

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Crescimento populacional e mudanças climáticas vão aumentar o estresse hídrico

Crescimento populacional e mudanças climáticas vão aumentar o estresse hídrico, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


70% do corpo humano é feito de água e 70% da superfície da Terra é coberta pela água”
The Economist (28/02/2019)

estresse hídrico

[EcoDebate] A Terra possui muita água (pelo menos quando comparado com outros planetas). Mas os oceanos salgados respondem por 97,5% de todos os recursos hídricos. Outros 1,75% estão congelados, nos polos, nas geleiras, nos glaciares e no permafrost. Assim, a humanidade e as demais espécies vivas da Terra contam com apenas um montante de 0,75% de água potável para o consumo global.


A água potável era suficiente para manter a vida florescendo e prosperando no Planeta, durante milhões de anos. Mas o crescimento da população humana (de cerca de 1 bilhão de habitantes em 1800 para 8 bilhões de habitantes em 2023), aliado ao crescimento da economia e do padrão de consumo transformaram a água potável em uma commodity e em uma mercadoria comercializada ao sabor do mercado, ignorando o direito à água por parte de todos os seres vivos e o direito da própria água. Os problemas, que já são graves hoje em dia, serão agravados em decorrência das mudanças climáticas. 


O relatório, “Climate change and population growth are making the world’s water woes more urgent”, da revista britânica, The Economist (28/01/2019), mostra que o mundo já está passando por uma situação de estresse hídrico desesperadora. Um quarto da humanidade – 1,9 bilhão de pessoas, sendo 73% delas na Ásia – vivem em áreas onde a água é potencialmente escassa. O número de pessoas que enfrenta escassez quase duplica se contar aqueles em risco pelo menos um mês por ano. Enquanto isso, o uso global da água é seis vezes maior do que há um século – e estima-se que aumente de 20 a 50% até 2050. 


O mundo atual já oferece amplos exemplos de devastação ambiental que servem como um aviso de que o uso da água tem seus limites naturais. Por exemplo, barcos estão encalhados no meio do nada, em meio às águas desaparecidas do que já foi o quarto maior lago salino do mundo, o Mar de Aral, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. No ano passado, a Cidade do Cabo, na África do Sul, evitou apenas por pouco o prêmio indesejado de ser a primeira das grandes cidades do mundo a ficar sem água. Quando a chuva finalmente quebrou o ciclo de uma seca de três anos, os níveis de água nos reservatórios que abasteciam a cidade haviam caído para menos de 20%, e autoridades estavam discutindo a possibilidade de rebocar um iceberg da Antártida para fornecer água para beber. Quatro anos antes, São Paulo também ficou à beira do abismo, com reservatórios reduzidos a 5% da capacidade.


O volume de água utilizado globalmente – cerca de 4.600 quilômetros cúbicos por ano – já está próximo do máximo que pode ser sustentado sem o encolhimento perigoso dos suprimentos. Um terço dos maiores sistemas de águas subterrâneas do mundo correm o risco de secar. Portanto, estima-se que o número de pessoas que vão viver sob forte estresse hídrico suba para 3,2 bilhões até 2050, ou 5,7 bilhões considerando a variação sazonal. E eles não estarão apenas em países pobres, conforme mostra o mapa acima. A Austrália, a Itália, a Espanha e até mesmo boa parte dos EUA sofrerão severa escassez de água. China e Índia – os dois países mais populosos do mundo vão sofrer com a falta d’água e, também, com o derretimento dos glaciares do Himalaia.


Outro exemplo: o Nilo, o maior rio da África, não consegue mais atender a demanda populacional e econômica do continente. A bacia hidrográfica do rio Nilo, abrange uma área de 3.349.000 km² e não dá conta de abastecer as populações dos 10 países que, em maior ou menor proporção, dependem de suas águas. A população conjunta de Uganda, Tanzânia, Ruanda, Quênia, República Democrática do Congo, Burundi, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Egito era de 84,7 milhões de habitantes em 1950, passou para 411,4 milhões em 2010, devendo chegar a 877,2 milhões em 2050 e 1,3 bilhão de habitantes em 2100, segundo dados da divisão de população das Nações Unidas. 


Os problemas de fome, perda de biodiversidade e pobreza humana e ambiental são, cada vez mais, graves na região. A capacidade de carga da bacia hidrográfica do rio Nilo já não suporta o consumo da população atual e suas necessidades econômicas. Já existem diversos conflitos pela disputa da água entre os povos e os países e até uma ameaça de guerra entre o Egito e a Etiópia por conta da construção da barragem do Renascimento Etíope, no Nilo azul.


No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água. Esta data foi criada com o objetivo de alertar a população mundial sobre a importância da preservação da água para a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta. O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), através de resolução em 21 de fevereiro de 1993, determinando que o dia 22 de março seria a data oficial para comemorar e realizar atividades de reflexão sobre o significado da água para a vida na Terra.


Neste mesmo dia, a ONU lançou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que apresenta entre as principais normas:
  • A água faz parte do patrimônio do planeta;
  • A água é a seiva do nosso planeta;
  • Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;
  • O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;
  • A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;
  • A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;
  • A água não deve ser desperdiçada nem poluída, nem envenenada;
  • A utilização da água implica respeito à lei;
  • A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social;
  • O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Na ilustração abaixo, a esfera à esquerda representa a Terra com toda a água removida. A esfera azul à direita mostra o volume aproximado de toda a água da Terra. O minúsculo ponto azul na extrema direita representa a água doce disponível no mundo. Ainda segundo o Serviço Geológicos dos EUA, outra maneira de visualizar é representando o tamanho da Terra com uma bola de basquete, toda a água do planeta como uma bola de pingue-pongue e toda a água doce disponível seria menor do que um milho de pipoca.
terra sem água

Como se diz: “As guerras do passado foram por terra, as guerras do presente são por petróleo e as guerras do futuro serão por água”. Mas com ou sem guerras, o fato é que os recursos hídricos estão ficando cada vez mais escassos para a humanidade e ainda mais escassos para a biodiversidade. 


Principalmente, falta políticas adequadas de gestão dos aquíferos e das bacias hidrográficas. Falta também questionar o crescimento econômico pelo crescimento que aumenta a demanda mundial pela água e agrava os problemas de poluição. O que o mundo precisa é mudar o modelo de desenvolvimento marrom e dar início a uma Revolução Azul, para preservar as águas e a vida na água, reduzindo a acidez e ampliando a biodiversidade aquática. O mundo precisa oxigenar a vida política e oxigenar biologicamente a Terra, o Planeta Azul.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/03/2019
"Crescimento populacional e mudanças climáticas vão aumentar o estresse hídrico, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/22/crescimento-populacional-e-mudancas-climaticas-vao-aumentar-o-estresse-hidrico-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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Estudo publicado pelo Imazon mostra que mais de 400 municípios da Amazônia estão com índices de proteção da floresta abaixo de 17%

Estudo publicado pelo Imazon mostra que mais de 400 municípios da Amazônia estão com índices de proteção da floresta abaixo de 17%


Amazônia
Foto: Imazon

Por Stefânia Costa , Imazon
Mais de 400 municípios da Amazônia estão com índices de proteção da floresta abaixo de 17%, meta estipulada pela Convenção sobre Diversidade Biológica, acordo internacional que o Brasil é signatário. Os resultados são de um estudo do Imazon que mostra ainda que, somente 240 municípios estão com índices de preservação acima de 30% da área de floresta, taxa mínima de preservação definida pelo Ministério do Meio Ambiente para Áreas de Proteção.

Os estados com o maior número de municípios com Áreas de Proteção são Amazonas, Roraima, Acre e Amapá. A cidade de Oriximiná, no Pará, é um exemplo de preservação. A área do município é de 88.655 km² e grande parte é protegida. Em contrapartida, cidades como Anamã, no Amazonas, têm praticamente todo o seu território sem proteção, ficando mais vulneráveis ao avanço do desmatamento.

O relatório apresenta ainda dados dos municípios por tipo de Áreas Protegidas, entre elas Terras Indígenas, Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Unidades de Conservação de Proteção Integral. A pesquisa do Imazon aponta que as Terras Indígenas estão presentes em 254 municípios, compreendendo um total de 1.151 km² de extensão. Três municípios de Roraima se destacam nesse tipo de preservação, Uiramutã, Pacaraima e Normandia, seguidos por municípios do Pará e do Amazonas.

A UC de Uso Sustentável, aquelas destinadas tanto à conservação da biodiversidade como à extração racional dos recursos naturais, estão presentes em 263 municípios e somam 719 mil km² de extensão. Existem municípios cuja totalidade do território é destinada para áreas de preservação desse tipo, por exemplo, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras, Muaná, Anajás, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Curralinho, todos localizados na Ilha do Marajó, no Pará.

Já as UCs de Proteção Integral estão em 133 municípios e ocupam 393 mil km² de extensão. Essa categoria abrange as UCs para destinadas à preservação da biodiversidade, sendo permitida somente a pesquisa científica e, em alguns casos, o turismo e atividades de educação ambiental, desde que haja prévia autorização do órgão responsável. Os municípios de Laranjal do Jari (AP), Novo Airão (AM) e Oiapoque (AP). Serra do Navio (AP), Mirador (MA) e Mateiros (TO) lideram o ranking de áreas de preservação integral.

O estudo demonstra que, apesar da região amazônica já ter sua meta de conservação atendida em uma escala global, vários municípios ainda apresentam pouco ou quase nenhuma área de seus biomas protegidos por Áreas de Preservação. Algumas medidas podem ser implementadas para aumentar os índices de preservação florestal nos municípios. Uma deles é priorizar a criação de novas áreas protegidas em cidades com pouca ou nenhuma AP e garantir a proteção de no mínimo 17% das florestas nos limites dos municípios. Além disso, é possível transformar fragmentos florestais em APs voltadas à proteção e restauração florestal e ainda criar incentivos fiscais que premiam os municípios que possuem APs.

O Brasil já alcançou 51% de proteção da Amazônia por meio do sistema de APs. Esse número equivale a 41% da Amazônia Legal. As Áreas Protegidas são um dos principais instrumentos de conservação da biodiversidade e de biomas ameaçados, além de serem fundamentais no combate às mudanças climáticas, uma vez que protegem cerca de 15% do estoque de carbono terrestre mundial. O objetivo dessas medidas é continuar garantindo a preservação da Amazônia.

ImazonO Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, é uma organização brasileira, composta por pesquisadores brasileiros que estão entre os mais respeitados no mundo. Com mais de 700 publicações, o instituto desenvolve estudos técnicos e atua junto aos órgãos do governo, inclusive, na implementação de Unidades de Conservação na Amazônia.
Confira o estudo completo aqui.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019

"Estudo mostra que 60% dos municípios da Amazônia estão com índices de proteção ambiental abaixo da meta," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/25/estudo-mostra-que-60-dos-municipios-da-amazonia-estao-com-indices-de-protecao-ambiental-abaixo-da-meta/.

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Imperiosa a participação ativa de Arquitetos e Urbanistas para o correto equacionamento da tragédia urbana associada a áreas de risco,



Imperiosa a participação ativa de Arquitetos e Urbanistas para o correto equacionamento da tragédia urbana associada a áreas de risco, artigo de Álvaro Rodrigues dos Santos




área de risco
Bairro do Lobato Divulgação/Manu Dias/Governo da Bahia/EBC

[EcoDebate] Os graves e recorrentes problemas de ordem geológico-geotécnica-hidrológica que têm vitimado milhares de brasileiros, como processos de enchentes, deslizamentos de taludes e encostas, solapamentos de margens de curso d’água e orlas litorâneas, têm tido sua principal origem na incompatibilidade entre as técnicas de ocupação urbana e as características geológicas e geotécnicas dos terrenos onde são implantadas.

No caso dos deslizamentos, ou são ocupados terrenos que por sua alta instabilidade geológica natural não deveriam nunca ser ocupados – é o caso comum das expansões urbanas sobre a Serra do Mar e outras regiões serranas tropicais, ou são ocupadas áreas de até baixo risco natural, perfeitamente passíveis de receber a ocupação urbana, mas com tal inadequação técnica que, mesmo nessas condições naturais mais favoráveis, são geradas situações de alto risco geotécnico – é o caso de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e tantas outras cidades brasileiras.

No caso das enchentes prevalece a cultura técnica da impermeabilização, das avenidas de fundo de vale com extensiva retificação/canalização de córregos, do espraiamento urbano horizontal, fatores causais básicos dos crescentes volumes de águas pluviais cada vez mais rapidamente aportados ao sobrecarregado sistema de drenagem.

No caso de solapamentos de margens de rios e orlas litorâneas revela-se a indevida e inconsequente ocupação de locais nitidamente sujeitos a processos naturais cíclicos de alto poder destrutivo.
O fato é que, ao lado das deficiências crônicas de nossas políticas habitacionais, o que acaba obrigando a população mais pobre a buscar solução própria de moradia em áreas geotecnicamente e hidrologicamente problemáticas, não possuímos no país uma cultura técnica arquitetônica e urbanística especialmente dirigida à ocupação de terrenos de acentuada declividade, à redução dos coeficientes de escoamento hidrológico superficial e a outros atributos naturais críticos. Isso se verifica tanto nas formas espontâneas utilizadas pela própria população de baixa renda na autoconstrução de suas moradias, como também em projetos privados ou públicos de maior porte e perfeitamente regulares que contam com o suporte técnico de arquitetos e urbanistas. 

Em ambos os casos, ou seja, no empirismo popular e nos projetos mais elaborados, prevalece infelizmente uma cultura técnica urbanística e arquitetônica em que não se nota a devida preocupação com as características geológicas naturais dos terrenos ocupados. Esse tem sido o cacoete técnico que está invariavelmente presente na maciça produção de áreas de risco no país. 

Alguns exemplos práticos são esclarecedores. Ao insistentemente exigir a produção de áreas planas através de procedimentos generalizados de terraplenagem, os projetos arquitetônicos associados à expansão urbana, seja habitacional, seja empresarial, instalados em áreas de relevo mais acentuado trabalham com uma cultura de terra arrasada, pela qual obsessivamente utilizam-se de serviços intensivos de terraplenagem para a produção de platôs planos. 

Resultado, instalação de áreas de risco a deslizamentos, exposição dos solos mais profundos extremamente susceptíveis á erosão a intensos processos erosivos em cortes, aterros e bota-foras, com destruição da infraestrutura instalada, assoreamento de drenagens, favorecimento de enchentes, etc. Sem dúvida, uma concepção urbanística e arquitetônica orientada conceitualmente para relevos mais acentuados evitaria, de início, todos esses problemas.

Ou seja, em que pese a excelência e indispensabilidade dos instrumentos técnicos de boa gestão do meio físico pela Geologia de Engenharia e pela Engenharia Geotécnica, esses não serão unilateralmente suficientes para a solução dos graves problemas urbanos associados ao meio físico geológico. A complexa essência causal desses problemas exige uma abordagem multidisplinar, com papel destacado para a participação da Arquitetura e do Urbanismo. Enfim, é imperativa a necessidade da arquitetura e do urbanismo brasileiro incorporarem em sua teoria e sua prática os cuidados com as características geológicas dos terrenos afetados. Essa nova cultura automaticamente levaria a uma mais estreita colaboração entre Arquitetura, Urbanismo, Geologia e Engenharia Geotécnica.

Como concisa diretriz, podemos entender que está colocado o seguinte desafio à arquitetura brasileira: usar a ousadia e a criatividade para adequar seus projetos à Natureza, em vez de, burocraticamente, pretender adequar a Natureza a seus projetos.
Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
  • Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
  • Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual Básico para elaboração e uso da Carta Geotécnica”, “Cidades e Geologia”, “Cidades e Geologia”
  • Consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia
  • Articulista e colaborador do EcoDebate.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019
"Imperiosa a participação ativa de Arquitetos e Urbanistas para o correto equacionamento da tragédia urbana associada a áreas de risco, artigo de Álvaro Rodrigues dos Santos," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/25/imperiosa-a-participacao-ativa-de-arquitetos-e-urbanistas-para-o-correto-equacionamento-da-tragedia-urbana-associada-a-areas-de-risco-artigo-de-alvaro-rodrigues-dos-santos/.

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O conflito intergeracional, as mudanças climáticas e a Terra inabitável,

O conflito intergeracional, as mudanças climáticas e a Terra inabitável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


“Não peçam aos seus filhos respostas para a bagunça que vocês fizeram”
Greta Thunberg

crescimento populacional através da história

[EcoDebate] A população humana vem crescendo de geração em geração. Calcula-se que no início do Holoceno (há cerca de 12 mil anos) o número de pessoas no mundo não ultrapassava 5 milhões de habitantes, mas cresceu e chegou em torno de 250 milhões no ano 1 da Era Cristã, saltou para 1 bilhão de pessoas em 1800 e deve atingir 8 bilhões de habitantes em 2023. Segundo estimativas do Population Reference Bureau (PRB), já nasceram no Planeta, desde o surgimento do Homo sapiens, algo em torno de 108 bilhões de pessoas.

Em geral, as gerações mais velhas deixaram uma herança positiva para as gerações mais novas, tanto em termos materiais, quanto em termos espirituais. Nos últimos 200 anos, houve uma expressiva redução da mortalidade infantil, um aumento significativo da esperança de vida ao nascer e uma melhoria das condições de vida da população mundial, com avanços na educação, saúde, moradia, etc. Isto é o que se chama de mobilidade social ascendente ou ciclo intergeracional ascendente, já que, na média, a vida dos filhos melhora em relação à vida dos pais.

Contudo, a ascensão das gerações humanas ocorreu às custas da involução da biodiversidade, da diminuição da riqueza natural e da degradação dos ecossistemas. Enquanto a humanidade enriquecia o meio ambiente empobrecia. A ECOnomia avançou degradando a ECOlogia, mas é a primeira que depende da segunda e não o contrário. Ou seja, o ser humano depende da natureza e a natureza floresce melhor com mais abelhas e insetos e com menos seres humanos.

O fato é que o Planeta caminha para um colapso ambiental que pode se transformar em um colapso civilizacional. Como diz o jornalista David Wallace-Wells, caminhamos para uma “Terra inabitável”, pois além dos diversos elementos de degradação (como a acidificação dos solos, águas e oceanos, a precarização dos ecossistemas e os desastres climáticos extremos: secas, chuvas, furacões e inundações de grandes proporções), o aquecimento global vai ser abrangente, terá um impacto muito rápido e vai durar muito tempo. Isto quer dizer que os efeitos danosos das mudanças climáticas vão se agravar no futuro e, embora todas as gerações já estejam sendo atingidas, são as crianças e jovens que nasceram no século XXI que vão sentir as maiores consequências do colapso ambiental.

O padrão de vida adotado nos últimos 200 anos (desde o início do uso generalizado dos combustíveis fósseis e do consumismo extremo) está provocando a 6ª extinção em massa das espécies, reduzindo a biocapacidade da Terra, aquecendo o Planeta e levando a humanidade para o rumo do abismo. Evidentemente, são as novas e a futuras gerações que irão pagar o maior preço pelo irresponsável estilo de vida das antigas e atuais gerações de humanos.

Desta forma, torna-se impactante quando uma estudante sueca de 16 anos, Greta Thunberg, lidera um movimento global contra as mudanças climáticas e chama a atenção dos adultos para o caos climático que já provoca tantas destruições e que deve se agravar nos tempos vindouros. O evento de caráter revolucionário ficou conhecido como: “Greve Global pelo Futuro: um movimento de estudantes contra a inércia dos adultos”

As manifestações da sexta-feira, dia 15 de março de 2019, foram as maiores mobilizações globais contra as mudanças climáticas antropogênicas de todos os tempos. Ao todo, aconteceram pelo menos 2 mil eventos, em mais de 1.300 cidades, ocorridos em 123 países, envolvendo milhões de estudantes.

Greta Thunberg (que foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz) disse: “Precisamos urgentemente de uma visão holística para lidar com a crise de sustentabilidade total e o desastre ecológico em curso. E é por isso que eu sempre digo que precisamos começar a tratar a crise pelo que ela é. Porque só assim – e só guiados pela melhor ciência disponível (como está claramente afirmado em todo o Acordo de Paris) – é que podemos começar a criar juntos uma saída global”. Mas ela reclama dos críticos que dizem que os jovens não oferecem soluções para a crise ecológica: “Como vocês podem jogar esse fardo sobre nós?”.

Mas o que ecoa mais forte por parte de todo este movimento da juventude mundial contra o desastre ecológico é a frase de Greta direcionada às gerações ascendentes: “Não peçam aos seus filhos respostas para a bagunça que vocês fizeram”.

Este alerta vem modificar a relação existente entre as gerações, base de um relacionamento que prevaleceu nos últimos 12 mil anos (quando havia estabilidade homeostática do clima durante o Holoceno). No passado, os filhos agradeciam aos pais por terem nascidos e davam crédito e reconhecimento por receberem um herança positiva.

Mas atualmente, os filhos questionam os pais pela bagunça onde eles nasceram. As crianças e adolescentes estão começando a perceber que estão recebendo uma “herança maldita” e que vão ter que pagar pelo passivo ambiental deixado pelas gerações mais velhas. A crise ecológica e climática está acirrando o conflito intergeracional e agravando o mal-estar civilizacional.

Os 108 bilhões de humanos que já passaram pela Terra – onde quer que estejam – vão ter que pedir desculpas para as futuras gerações. E algumas pessoas já estão fazendo cobranças. O indiano Raphael Samiel, de 27 anos, decidiu entrar na justiça contra os próprios pais, que o conceberam sem o seu consentimento. Ele disse: “É errado trazer crianças ao mundo porque elas têm que tolerar o sofrimento ao longo da vida”. Os movimentos GINK (Green Inclination, No Kids) e “BirthStrike” (greve de nascimento por causa do aquecimento global) já compreenderam que o ambiente não é favorável às gerações descendentes.

É complicado e embaraçoso os país sentirem culpa pela geração de filhos. Mas esta é a tristonha realidade global. Por isto, a esperança contra o apocalipse climático está depositada nas “Sextas-feiras pelo futuro”.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Referências:
David Wallace-Wells. The Uninhabitable Earth: Life After Warming, 2019
https://www.amazon.com/Uninhabitable-Earth-Life-After-Warming/dp/0525576703
Redação. Indiano de 27 anos processa os pais por ter nascido, Galileu, 13/02/2019
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2019/02/indiano-de-27-anos-processa-os-pais-por-ter-nascido.html
Lisa Hymas. The GINK (Green Inclinations, No Kids) manifesto. Say it loud: I’m childfree and I’m proud. 30/03/2010. http://www.grist.org/article/2010-03-30-gink-manifesto-say-it-loud-im-childfree-and-im-proud
Elle Hunt. BirthStrikers: meet the women who refuse to have children until climate change ends, The Guardian, 12/03/2019
https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2019/mar/12/birthstrikers-meet-the-women-who-refuse-to-have-children-until-climate-change-ends
Greta Thunberg https://www.facebook.com/gretathunbergsweden/

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019
"O conflito intergeracional, as mudanças climáticas e a Terra inabitável, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/25/o-conflito-intergeracional-as-mudancas-climaticas-e-a-terra-inabitavel-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

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segunda-feira, 25 de março de 2019

A ética e o urubu

A ética e o urubu

Na forma tradicional de se pensar a ética, os animais não humanos não são considerados dignos de respeito, a menos que sirvam a algum propósito, interesse ou necessidade humana. Naquele...


22/09/2010 às 06:00 

Por Redação 
 
Na forma tradicional de se pensar a ética, os animais não humanos não são considerados dignos de respeito, a menos que sirvam a algum propósito, interesse ou necessidade humana. Naquele modo de pensar, só são dignos de respeito os seres humanos, e a razão pela qual o são é o fato de serem dotados de razão. O cuidado ético destina-se somente àqueles que podem retribuir a ação boa com outra boa, ou ainda melhor. O fim para o qual a ética existe é apenas atender mais uma necessidade considerada genuinamente humana: dar e receber na mesma medida, a da justiça.


Fora do círculo da racionalidade capaz de retribuir o bem com o bem ou com algo ainda melhor, ninguém está contemplado na ética antropocêntrica. Assim, os filósofos tradicionais trouxeram ao longo dos séculos, para não dizer, dos milênios, uma concepção na qual animais não humanos e ecossistemas naturais não são objeto de consideração ou respeito moral.


No último quartel do século XX, influenciados pelos argumentos do teólogo britânico defensor dos animais, Humphry Primatt, o filósofo australiano Peter Singer, o cientista britânico Richard Ryder e o teólogo britânico Andrew Linzey rompem com a ética antropocêntrica racionalista e colocam na pauta do debate a questão da capacidade para sentir dor, sofrer e ter a integridade física e psíquica violada pela ação de agentes morais, como critério para se julgar se um ser merece, ou não, consideração moral.


Com essa virada, a ética deixa de seguir o eixo da racionalidade ou capacidade de retribuir o bem com o bem, e passa a considerar que nenhum agente moral tem direito de fazer o que quer que seja, caso sua ação implique causar dor, dano, sofrimento ou morte a qualquer ser dotado de sensibilidade e consciência. Os filósofos tradicionais não saíram de sua posição antropocêntrica, mas os críticos passaram a adotar o argumento da senciência para definir o limite da liberdade humana na interação com outros animais destituídos da forma humana da razão.


O conceito de dano e o de sofrimento abrem o círculo da comunidade dos seres capazes de serem afetados pelas ações dos agentes morais. Com esses dois conceitos cai a barreira que separa os humanos dos demais animais. Entre as ações mais capazes de causar dor, dano ou sofrimento a um animal, seja lá de qual espécie for, inclusive da humana, está o confinamento forçado. O animal é um ser vivo que se define pela liberdade física, no sentido de que provê seu corpo dos meios de subsistência através da capacidade de mover-se no ambiente natural e social próprio de sua espécie.


Em cada animal se forma a mente capaz de mantê-lo em vida às próprias custas. Sem essa liberdade, a de prover-se a si mesmo com os meios que sua espécie lhe dá, o animal sofre. Se tal privação se prolonga, não apenas o corpo do animal sofre alterações, mas também seu espírito passa a enfraquecer, como se fosse gradativamente privado da mente que se formou desde o dia do seu nascimento para mantê-lo vivo e preservar o bem próprio que isso representa para si.


Os seres humanos, ao longo dos dois milênios nos quais prevaleceu a ética antropocêntrica e hierárquica, pela qual se nega aos animais o estatuto de seres dignos de consideração e respeito moral, consideram que seres vivos podem ser aprisionados, usados, explorados e até mesmo mortos para atender quaisquer propósitos humanos, porque são destituídos de finalidade própria, dado que não possuem a racionalidade típica dos humanos.


Com esse pretexto faz-se de tudo com os animais, tratados como objetos dos quais nos apropriamos sem mais nem menos, como se não fossem seres vivos sensíveis, não tivessem uma mente própria de sua espécie, não vivessem para realizar os propósitos de sua espécie de vida. Os humanos chegaram a pensar com tal lógica, por muitos séculos, que isso também valia, mesmo em relação a outros humanos, considerados destituídos de alma: índios, negros e mulheres, por exemplo.


Tal lógica formata a mente da quase totalidade dos humanos, ainda em nossos dias. Animais são forçados ao nascimento sem que haja um ser humano interessado em suas vidas, apenas nos restos mortos de suas carcaças. Outros são forçados ao nascimento sem que haja um ser humano sequer interessado em que permaneçam em vida depois de serem exauridos por experimentos ditos científicos e médicos. Há animais que são forçados ao nascimento apenas porque humanos querem vendê-los como mercadorias, e com a mesma leviandade os descartam assim que apresentam algum “defeito”.


Mas a lista das coisas que podemos fazer injustamente aos animais não para por aí. Alimentação, experimentação, estimação e diversão não esgotam o leque de maus costumes adotados e seguidos por muitos humanos quando se trata da vida animal.


Como se não houvesse matéria suficiente nesse mundo para ser plasticizada, humanos que se dizem artistas passam a usar animais vivos para montarem suas “criações”. O animal é usado com a mesma naturalidade com a qual se usa matéria inerte, como objeto. Para isso, é preciso ser levado do seu ambiente natural, confinado num espaço artificial que emite estímulos olfativos, sonoros, visuais e táteis não apropriados ao bem-estar da ave transformada em personagem numa montagem tirânica, pois o único ser beneficiado com o sequestro do animal de seu ambiente natural e social específico é o próprio artista, cujo nome passa a ser estampado nos jornais, na internet e vira alvo da crítica dos defensores dos direitos animais.


A ciência, do mesmo modo que a arte, tem costume de se autoqualificar de neutra. Na arte, como na ciência, não há espaço para qualquer juízo de valor, a não ser que o cientista ou o artista tenham seus projetos recusados pelas agências financiadoras. Daí, sim, eles passam a emitir juízos de valor sobre os pareceristas que lhes negaram o financiamento de suas performances “criativas”.


Um urubu tem direitos? Um humano tem direito de usar um urubu para fazer montagens performáticas numa exposição de arte? O que dá ao urubu o direito de não ser atormentado pelo artista? O que tira do artista o direito de atormentar o urubu?

Toda ação criativa implica uma intervenção humana na matéria fonte a partir da qual a mente criativa projeta ou inventa uma nova dimensão para aquilo que até então se julgava ser o “mesmo”. Novas formas nada mais são do que espaços novos, abertos para que a mente humana possa prosseguir com seus sonhos, escapando da imobilidade à qual sua materialidade parece lhe condenar (agradeço aqui ao arquiteto Américo Ishida a leitura de Mafesoli sobre o nomadismo…).


Mas, que sentido tem usar um ser vivo de outra espécie para plasmar uma realidade que, mesmo servindo à imaginação criativa ou à crítica criativa, possíveis à mente humana, de nada adianta ao animal sequestrado e confinado no espaço da mostra internacional de arte? Quando usamos outro ser senciente, que tem um bem próprio segundo o alcance e os limites de sua realidade biológica e, portanto, mental, sem que esse ser tenha qualquer proveito disso, estamos simplesmente, mais uma vez, explorando um animal para atender propósitos nossos, bastante triviais.


Uma coisa é interagir com seres vivos de outras espécies; outra, intervir em suas vidas de modo tal que sejam impedidos de gozar o que seu espírito ou mente lhe propicia. Nesse caso, nossa interação deixa de ser ética, pois implica uma inter-ferência, essa forma negativa de intervir na vida alheia ferindo-a ou trazendo-lhe prejuízos em vez de benefícios, ferindo, em vez de defender.


Não adianta alegar que o animal está sendo bem tratado, porque cada espécie animal só é bem tratada se não for privada da liberdade de buscar por si mesma os meios de que necessita para assegurar seu próprio bem a seu próprio modo. Isso vale para todas as interações humanas com todos os tipos de animais. Lutamos, no Brasil, para que nenhum circo volte a usar animais em suas apresentações. É preciso que nenhuma mostra de arte seja autorizada a fazer uso de animais para criar realidades absolutamente desnecessárias ao espírito dos animais.


Deixamos de ser éticos quando fazemos aos animais algo de que eles não precisam, pois isso significa que o único interesse buscado é o daquele que teve a ideia de usar um ser vivo em sua montagem, como se esse ser fosse um vivo-vazio. Descartes afirmou isso, que os animais são vivos-vazios ou autômatas, há quase quatrocentos anos. Mas nos últimos vinte anos se publicou imensamente sobre a mente, os sentimentos, as emoções, a linguagem, a consciência e a racionalidade específicas de cada animal. Por que o artista não lê nenhum desses livros?


Sua ação não está além do bem e do mal (Nietzsche). Se seu propósito, ao expor uma ave catartídea, é chamar a atenção dos visitantes para o fato de que esse animal se alimenta de cadáveres, por que o artista não se pôs ele mesmo na cena a comer cadáveres? Afinal, comer cadáveres lhe é algo bastante corriqueiro, habitual. Chamaria bastante a atenção dos passantes. Seu gesto seria olhado de forma indagativa.


 Poderia ter deixado o urubu em paz. Na natureza, o urubu faz uma faxina ao comer carnes em decomposição. Ao contrário, os humanos, em sua necrorexia, alastram lixo e sujeira pelo planeta afora, ao produzirem e abaterem animais para extrair matéria morta e ingeri-la como alimento. Um humano necroréxico bastaria para compor a montagem carnivorista. Urubus não podem escolher não comer carne decomposta. Humanos podem escolher não comer o que implica assassinato.

Liberte os urubu!” da Bienal do espetáculo

Liberte os urubu!” da Bienal do espetáculo


A 29ª Bienal de Artes de São Paulo foi inaugurada no último dia 25/09, com mais de 800 trabalhos de 148 participantes. Dias antes de sua abertura, já freqüentava as páginas dos jornais e os noticiários televisivos, transformando-se no que gosta de ser: um espetáculo.

Antes de qualquer coisa, vamos narrar três fatos ocorridos nestes últimos quinze dias, cujo centro é a Bienal:

1 - a OAB-SP oficiou um parecer junto ao Ministério Público solicitando que as obras do artista Gil Vicente fossem retiradas da exposição por incitação ao crime. São desenhos realizados entre 2005 e 2010, onde o autor aparece com um revólver ameaçando figuras políticas nacionais e internacionais, incluindo o papa. Curadores e autor protestaram.

2 - o argentino Roberto Jacoby teve suas duas obras retiradas da mostra, por solicitação do Tribunal Regional Eleitoral, por serem consideradas propaganda eleitoral. Ocorre que o argentino colocou duas fotos gigantescas de um carrancudo Serra e uma empolgante Dilma vestida com trajes coloridos. Autor protestou, curadores apoiaram o TRE.

3 - No dia da inauguração, um garoto com um spray, ao final do dia, sorrateiramente rasgou a tela protetora de uma instalação de Nuno Ramos, que mantém três urubus vivos dentro de um viveiro no vão central do prédio. O rapaz invadiu aquele espaço e escreveu simplesmente: “Liberte os urubu!” (sic) 


Logo em seguida uma confusão se armou e algumas pessoas, entre elas o pichador, foram parar na delegacia. 

A Bienal encerrou a visita do dia antes da hora, e a curadoria da Fundação Bienal emitiu uma “nota de repúdio” contra o ato de Rafael Pixobom, nome do rapaz.

O que significa tudo isso? Vamos recordar um pouco da história da Bienal.

Em 1951, o Museu de Arte Moderna de São Paulo lança a I Bienal Internacional de Arte da América Latina com 1.800 obras de 20 países. 

A ideia, presente nas artes desde o começo do século em Paris e em Moscou, era modernizar as artes plásticas, ideia esta que se multiplicou em todos os ismos dos movimentos modernistas mundo a fora. 


Nas primeiras bienais de arte de São Paulo, artistas de renome internacional foram apresentados ao público brasileiro: Pablo Picasso (trazendo em 1953 a sua obra “Guernica”), René Magritte, George Groz, Paul Klee, Mondrian, Jackson Pollock, os expressionistas alemães, e mesmo artistas como Van Gogh. 


Dos artistas nacionais destacaram-se Portinari, Alfredo Volpi, Di Cavalcanti, Lívio Abramo, Tarsila do Amaral, etc. Impossível citar todos os grandes artistas que expuseram suas obras nas Bienais do passado.

Pulando rapidamente para o momento presente. Ontem fui visitar a 29a Bienal de São Paulo no pavilhão do Ibirapuera. Os curadores tinham anunciado a participação de artistas de vários outros países e que o tema deste ano seria “Arte e Política”. Fui, com minha câmera fotográfica, para ver o que vinha por aí. 


Fazia muito tempo – uns 10 anos – que eu tinha desistido de ir às bienais. Pela mesmice das obras, pela repetição cansativa, e pela ausência de obras representativas das belas artes, nacionais e internacionais. 


A bienal se transformou em mais um apêndice do sistema monopolista das artes atuais, onde predomina quase absoluta a chamada arte conceitual.

Foi o que vi por lá ontem. Instalações que repetem padrões que vêm desde as primeiras instalações de cem anos atrás, ou seja, já não há mais novidades, apenas “releituras” nauseantes (arte contemporânea?); vídeos extremamente chatos (imagine colocar uma câmera num ponto estratégico da avenida Paulista e deixá-la lá por horas filmando o trânsito chato de São Paulo – e isso é apresentado como arte!); fotografias, fotografias espalhadas por todos os vãos do prédio, confundindo o público, que pode se perguntar: isto é uma Bienal de fotografia? 


E eu acrescento: será que já não se sente uma espécie de saudade da pintura figurativa e por isso a chamada arte contemporânea está repleta de fotografias? (fotografias figurativas, diga-se de passagem!)


Mas não é só e apenas isso. Falta o elemento principal presente no sistema de arte hoje, que inclui a Bienal de São Paulo: há o ESPETÁCULO! 


Sim, senhores, numa sociedade pós-moderna como a nossa que espetaculariza tudo, nada mais coerente do que a espetacularização atingir as artes visuais. 


"Liberte os urubu!" - a "arte" de Rafael Pixobom
É aqui que chegamos para tentar explicar o que aconteceu com os três fatos acima citados. 

Gil Vicente somente conseguiu expor seus agora famosos desenhos não porque eles tivessem qualidade técnica (que os têm – mas isso não é mais importante para a curadoria de arte atual), mas exatamente porque eles iriam “causar” polêmica, quando propõem a morte do papa, do Lula e do Ahmadinejad. 

O argentino, que não se sabe se sabe desenhar ou pintar, expertamente copiou e colou fotos de Serra e Dilma da internet, ampliou-as para os quatro metros de altura e aí está: conseguiu se sobressair, pois o TRE e os curadores disseram um NÃO, não às fotografias, mas à tentativa dele de apoiar Dilma. 


E o terceiro acontecimento, o do garoto com o spray na mão atacando a obra de Nuno Ramos, nada mais é do que uma reação de violência natural à violência da instalação que apresenta peças enormemente marrons, escuras e feias, em cujo topo das quais ele resolveu colocar três pobres urubus vivos. 

Por que? Será que não seria melhor, já que quer falar da violência na cidade, pintar um quadro que também contivesse três urubus pintados?

Para concluir, digo que realmente Afonso Romano de Sant’Anna, poeta e crítico de arte, tem razão: a instituição Bienal já era! 


Ela está dando seus últimos suspiros na Bienal de Berlim (que visitei em julho deste ano, completamente sem público, porque os alemães estavam mesmo é formando fila para ver obras de qualidade nos museus), e resiste ainda na Bienal de Veneza. 

Aqui em São Paulo, já deu sinais de exaustão, de morte ainda não anunciada, porque os técnicos que administram a Fundação Bienal querem de fato tornar a instituição uma grande fonte de renda! Fonte de inspiração, de beleza, de reflexão, de contemplação, de enlevamento da alma humana, sentimentos produzidos pela Arte verdadeira, já não são valores que interessam ao sistema da arte atual. 


Os valores são outros: os das Bolsas de Valores.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Livro infantil digital ensina tudo sobre alimentação

 

Livro infantil digital ensina tudo sobre alimentação

Época de férias é sinônimo de criançada em casa querendo brincar o tempo todo. Para ajudar nessa tarefa, órgãos ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolveram livros digitais para que as crianças aprendam se divertindo. Separamos um deles para você baixar gratuitamente.


A Codeagro traz ótimas informações para as crianças aprenderem a se alimentar, em seu livro “Brinque e Aprenda”. Na publicação são abordados temas como: Pirâmide dos Alimentos; Grupo dos Alimentos; Escolhendo os Alimentos; Aprenda Brincando e Cozinhe com Diversão. O intuito do livro é apresentar a elas uma alimentação saudável, que pode ser muito saborosa e divertida.


O livro é indicado para crianças a partir dos quatro anos, pois é a idade na qual tornam-se muito seletivas, querendo comer apenas doces, salgados, lanches entre outras guloseimas. Além de ensinar os pais a formarem bons hábitos alimentares nos pequeninos, sem que tenham de obrigá-los a comer verduras, legumes e frutas.


“Conhecer os alimentos e saber distingui-los é muito importante. Por fim, é melhor educar a criança, para sentir prazer e apreciar o gosto dos alimentos saudáveis”, segundo a publicação. Clique aqui para baixar o livro gratuitamente.

Infância sem estresse: 4 atitudes em prol do bem estar infantil

Ser criança hoje em dia não está fácil. 


Crianças têm sofrido com a violência urbana e suas consequências – vivem em espaços reduzidos, em ambientes fechados, e na maioria das vezes conectadas à algum aparelho tecnológico, distante do ritmo orgânico do mundo natural.  

São submetidas cada vez mais cedo à pressão escolar e ainda arcam com agendas lotadas de atividades extracurriculares. Elas estão sendo enquadradas às demandas da sociedade contemporânea que está  preocupada com a formação acadêmica das crianças para o mercado de trabalho.

O resultado de tudo isso está nos consultórios médicos onde as queixas dos pais e filhos  aumentam a cada dia. Tornou-se comum crianças diagnosticadas com ansiedade, depressão, medo, etc. Nunca a infância foi tão medicada por males psíquicos.

Diante desse novo cenário, é preciso criar na rotina da criança pausas para respirar ao ar livre e vivenciar o lúdico. É preciso dar espaço para a alma se expressar, e a imaginação voar.

4 atitudes em prol do bem estar infantil 

 

1.Assegure todos os dias um tempo para a criança brincar livre, longe das telas
Brincar proporciona à criança o desenvolvimento de importantes habilidades – destreza corporal, escuta, interações sociais, equilíbrio emocional, etc. O brincar é um treino para amadurecimento e conquista dessas competências.


2.Reserve diariamente um período de contato com a natureza
Pesquisas pelo mundo afora revelam que mais tempo em contato com a natureza, regula hormônios, reduz a agressividade, hiperatividade e obesidade, entre muitos outros benefícios. Saiba mais, leia.


3.Garanta momentos de ócio, em que a criança fique sem fazer nada
Essa é a oportunidade que a criança tem de entrar em contato com seu mundo interior, exercitar a fantasia, a criatividade e desenvolver a concentração. A conexão consigo mesma promove a autoregulação e equilíbrio emocional.


4.Selecione uma horinha para a expressão do mundo interior da criança
Dê à ela papel, giz de cera, tinta guache, massinha ou argila para modelar, etc.
Nietzsche, dizia que “a arte existe para que a realidade não nos destrua”. A criança encontra na arte, uma forma de expressão do seu mundo interior, além de um exercício da força da imaginação.


Atitudes simples que não custam nada. Aproveite e desestresse também. Sente ao lado da criança e brinque um pouquinho.

Saiba como falar sobre diversidade com as crianças

Por Ana Lúcia Machado

Esse é um tema bem presente nos dias de hoje. Para estimular essa discussão com as crianças podemos começar olhando para o mundo natural. A diversidade é uma característica preponderante na natureza, onde a variação entre semelhantes é imensa. Ao observar por exemplo as folhas, vemos cores, tamanhos, texturas e espessuras diferenciadas numa mesma espécie.

Entre nós seres humanos também encontramos as mais variadas constituições e características físicas –  em relação a peso, altura, formato de rosto, tipo e cor de cabelo, de olho e ainda de pele. Todas essas variações fazem com que ninguém seja igual a ninguém. Somos semelhantes, porém diferentes uns dos outros.

A diversidade torna a vida surpreendente e revela a beleza existente em cada ser humano. Ser diferente é absolutamente natural. Reconhecer e valorizar as diferenças nos enriquece enquanto sociedade. Estar na roda da diversidade, lado à lado com as diferenças, é viver de maneira ética, e ser ético é nosso dever enquanto seres humanos.

Selecionamos algumas ideias  para abordar esse tema com a criançada:

1. Um simples passeio para observação da natureza é suficiente para aguçar a percepção das crianças em relação às diferenças existentes numa mesma espécie mineral, vegetal ou animal.

2.  Há muitas publicações infantis que apresentam a diversidade étnica de maneira lúdica, como por exemplo o livro  A cor de Coraline (Editora Rocco), do escritor e  ilustrador paulistano Alexandre Rampazzo.  O livro conta a história de uma menina que é surpreendida pelo amiguinho da escola que lhe pede emprestado o lápis cor de pele. Isso deixa a menina intrigada. Ela olha para sua caixa de lápis de cor e pensa:  Cor de qual pele?”.  A história se desenrola com muita imaginação permitindo importantes questionamentos sobre identidade, representatividade e a capacidade de se colocar no lugar do outro.

3. O projeto Humanae criado pela fotógrafa e artista brasileira Angélica Dass, é uma tentativa de mostrar e ampliar a paleta de cores de pele da espécie humana. Esse trabalho teve início em 2012 na Espanha, onde mora a artista, e já retratou mais de 3.000 voluntários em 15 países.


Outras iniciativas reforçam o trabalho de conscientização que precisamos fazer desde cedo com as crianças, saiba aqui.

A esta altura do contexto histórico-cultural, é  inadmissível enxergar o mundo de forma estigmatizada, não é mesmo?

Curso de Agrofloresta ensina a plantar alimentos sem desmatar

Que tal aprender a transformar uma área degradada em uma floresta cheia de vida, capaz de produzir diversos tipos de alimentos? Mais do que isso: que tal olhar para uma área verde e aprender a comunicação que existe entre as plantas? O permacultor Bento Cruz vai ensinar sobre o ciclo de abundância que existe na Natureza no Curso de Agrofloresta Sintrópica, no Sítio Pau d’Água, em Piracaia, a apenas 90 Km de São Paulo, no feriado de 19 a 21 de abril. “É possível plantar alimentos sem veneno e sem destruir a Natureza”, afirma Cruz. O foco desta edição será no cultivo de árvores de ciclo longo, como nozes e castanhas.

A Agrofloresta Sintrópica (ou Agricultura Sintrópica) é um conjunto de princípios e técnicas que integram em uma mesma área, a produção de hortaliças, frutas e madeira  nobre.

 A Agrofloresta Sintrópica é a prova da generosidade da terra, pois é capaz de curar um solo degradado, praticamente sem vida, e transformá-lo em uma floresta que produz alimentos de forma eficiente e otimizada.

Como é o curso de Agrofloresta Sintrópica?

Os participantes vão criar uma Agrofloresta Sintrópica do zero em um canteiro com foco em árvores perenes. Para isso, aprendem a fazer a leitura da paisagem. A presença de braquiária pode ser uma indicação do solo ácido, por exemplo. Usam, na prática, os princípios da agrofloresta, como sucessão natural (sequência de espécies que são plantadas para revigorar o solo até virar uma floresta), estratificação (quais plantas ocupam determinado espaço para melhor aproveitamento da luz solar) e senescência (manter a floresta sempre jovem com podas).

Em seguida, prepararam o solo com compostos e desenham os canteiros, de acordo com os princípios da agrofloresta. Neste curso, o foco será no cultivo de hortaliças e plantio e multiplicação de sementes crioulas, que correm risco de extinção. Haverá aula de poda e manejo de três safs criados nos cursos anteriores.

Um novo tema vai ser apresentado neste curso: a Inteligência Agroflorestal, que significa compreender a dinâmica e funcionamento das espécies e da floresta e, com isso, fazer uma leitura dos elementos que compõem o fazer agroflorestal. “É um exercício de observação e intuição”, afirma Bento.


Que tal aprender a comunicação que existe entre as plantas?

Vantagens da Agrofloresta

O método permite a recuperação de áreas degradadas, protege o meio ambiente e ainda gera renda ao pequeno produtor. O sistema promete ser uma alternativa à monocultura do agronegócio, que depende de agrotóxicos e desmatamentos para produzir.

Os sistemas agroflorestais podem auxiliar na conservação dos solos, das microbacias e áreas florestais. Dessa maneira o homem consegue se inserir no ambiente e passa a aprender com a natureza em vez de entrar em conflito ou destruindo-a. “É uma grande oportunidade do homem voltar a ser querido pela natureza e ter uma função importante para o planeta”, diz Bento. “Ela promove o despertar de um novo olhar, um novo entendimento da prática agrícola.”

Quem é Bento Cruz?

O permacultor Bento Cruz é discípulo de mestre Tupinambá, permacultor indígena, pioneiro em Agrofloresta ao lado do suíço Ernst Gotsch. Ele tem percorrido o Brasil, auxiliando as pessoas que querem deixar as cidades para morar de forma sustentável na roça. A Agrofloresta é um dos caminhos mais viáveis, pois começa a produzir alimentos já no segundo mês.

Sobre o Sítio Pau d’Água

O Sítio Pau d’Água é um Centro Coletivo de Cultura que tem o objetivo de colaborar com a construção de um novo Imaginário Social. São 3 alqueires, sendo que quase metade está sendo reflorestado. Conta com duas nascentes  e mais de 3 mil árvores foram plantadas nos últimos 2 anos. Saiba mais sobre a história do sítio clicando aqui.


SERVIÇO

Curso de Agrofloresta Sintrópica
19 a 21 de abril Com o permacultor Bento Cruz
Inscrições: cursos@kaminaricomunicacao.com.br
Whatsapp: (11) 97130-3335
Informações sobre valores, acomodações e inscrições, clique aqui.