Parece ser consenso entre as pessoas que a criação de gado ou de
outros animais de pasto, como ovelhas e cabras, são danosas para o meio
ambiente. Porém, Allan Savory, produtor rural e doutor em ecologia do
Zimbábue, desenvolveu uma técnica capaz de não apenas preservar estes
ambientes, como também dar vida nova a eles.
A resposta para essa descoberta foi a observação da natureza. Savory
notou que na África, por exemplo, grandes rebanhos amontoados de animais
migram de uma região à outra, pastando, comendo as gramíneas,
pisoteando o local, defecando e urinando no solo.
O pesquisador percebeu que o pastoreio feito pelo animal durante sua
estadia transformavam, em alguns meses, o solo antes árido e seco, em um
solo fértil, com maior retenção de água e de gás carbônico, renovando
completamente a paisagem.
Segundo Eurico Vianna, educador e consultor em agricultura
regenerativa, um terreno árido não se recupera sozinho. “Existem vários
exemplos de terrenos degradados abandonados por mais de vinte anos no
Cerrado que não se regeneraram sem algum manejo”, exemplifica Vianna. O
consultor, que atua na Austrália, explica que isso ocorre porque quando
as gramíneas perenes típicas de regiões áridas crescem sem pastoreio de
herbívoros: elas acabam secando e oxidando. Este processo faz com que
elas liberem gás carbônico na atmosfera, deixando de enriquecer o solo
durante sua decomposição.
A técnica chamada Manejo Holístico de Pastagens já foi aplicada em
mais de cinco mil propriedades ao redor do mundo -, mudando paisagens
desérticas e até mesmo de um antigo terreno usado para mineração.
As fotos do antes e depois são impressionantes.
“O sistema pode ser uma das soluções para combater o aquecimento
global, uma vez que a interação dos animais herbívoros com as gramíneas
faz com que o solo seja melhorado, capturando muito mais CO2 e
aumentando a capacidade do solo de armazenar água”, diz Vianna.
De acordo com o consultor, os produtores rurais também se beneficiam
com o método. “A resiliência da propriedade aumenta porque o gado, ou
qualquer outra criação, passa a ser um recurso manejado de forma a
melhorar os processos ecossistêmicos. A rentabilidade do empreendimento
aumenta em função da melhoria da ecologia local e do uso de uma
abordagem que não depende de insumos”.
Eurico Vianna está em turnê pelo Brasil e trouxe com ele Graeme Hand,
educador e consultor australiano com mais de 20 anos de experiência
sobre como ter produtividade e qualidade de vida na pecuária, enquanto
restaura áreas degradadas.
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