quinta-feira, 19 de março de 2020

Imigração e meio ambiente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


Imigração e meio ambiente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A floresta precede os povos. E o deserto os segue”
François-René Chateaubriand (1768-1848)
mapa das migrações humanas
[EcoDebate] O Homo sapiens surgiu na África e, aos poucos, foi se espalhando para todos os cantos do mundo. A migração humana tem uma trajetória de dezenas de milhares de anos. O número de habitantes do globo era pequeno e a disponibilidade de terras e de riquezas naturais era imensa. Por conta da abundância dos ecossistemas, a migração e o crescimento da população propiciou a grandeza das nações na maior parte da história. 


O crescimento das atividades antrópicas possibilitou o enriquecimento das diversas populações nacionais, mas provocou o empobrecimento do meio ambiente em todos os lugares. Enquanto a Pegada Ecológica global era menor do que a Biocapacidade global havia sustentabilidade ambiental. Mas desde a década de 1970, a humanidade ultrapassou a capacidade de carga do Planeta e as diversas civilizações vivem em déficit ecológico e se sustentam utilizando um “cheque especial” propiciado pela herança da Mãe Terra.

A figura abaixo, com dados da Global Footprint Network, mostra que existia superávit ambiental na década de 1960, mas a pegada ecológica global ultrapassou a biocapacidade global e o déficit ecológico vem aumentando ano a ano e chegou a 70% em 2016. Isto é, o ser humano está consumindo 1,7 Planeta. Ou seja, os humanos estão consumindo de maneira insustentável a riqueza da natureza e a continuidade deste processo pode colocar em xeque a própria existência da humanidade ao gerar um colapso ambiental sem precedente. 

O crescimento demoeconômico também já rompeu com 4 das 9 fronteiras planetárias: Mudanças climáticas; Perda da biodiversidade; Mudança no uso da terra e Fluxos biogeoquímicos (fósforo e nitrogênio). Duas delas, a Mudança climática e a Perda de biodiversidade, são o que os autores chamam de “limites fundamentais” e tem o potencial para conduzir o Sistema Terra a um novo estado que pode levar ao ecocídio e ao suicídio.
biocapacidade
Por conta disto tudo, a economia ecológica insiste em mostrar que é impossível manter o crescimento ilimitado das atividades antrópicas no fluxo metabólico entrópico. O livro Enough is Enough (2010) mostra que uma economia em constante crescimento está destinada ao fracasso. Os autores consideram que a economia é um subsistema da ecologia e o transumo (throughput) funciona a partir da extração de matérias e energias da natureza e o descarte de lixo, poluição e resíduos sólidos no meio ambiente. Uma vez que vivemos num planeta finito, com espaço e recursos limitados, não é possível que a economia e a população cresçam para sempre. O livro defende uma economia de Estado Estacionário.

Não obstante, se a economia e a população já ultrapassaram a capacidade de carga do Planeta, então deve haver decrescimento até o ponto em que o Estado Estacionário mantenha um equilíbrio sustentável. O lema do debate sobre população e desenvolvimento no século XXI deveria ser: menos gente, menos consumo, menor desigualdade social e maior qualidade de vida humana e não humana. É preciso preservar os ecossistemas e evitar a 6ª extinção em massa das espécies.

Isto significa que é preciso garantir a efetividade dos direitos sexuais e reprodutivos e apoiar as medidas que garantam a autodeterminação reprodutiva. A queda da fecundidade é fundamental para a estabilização da população mundial e a fecundidade abaixo do nível de reposição é necessária para possibilitar o decrescimento da população no longo prazo. Outro tema que sempre gera polêmica é sobre a questão da imigração. 

No texto de Philip Cafaro e Jane O’Sullivan – “How should ecological citizens think about immigration?” – publicado na revista The Ecological Citizen (2019), os autores consideram que não importa em que impactos focamos (emissões de carbono, retirada de água de rios, conversão de áreas selvagens em terras cultivadas), as sociedades humanas que sempre adicionam mais pessoas não podem limitar suas demandas, de modo a compartilhar de maneira justa os habitats e recursos limitados do mundo com outras espécies. Isto implica discutir a questão da migração, especialmente vinda daqueles países com altas taxas de fecundidade.

Cafaro e O’Sullivan entendem que os cidadãos ecológicos devem apoiar a redução da imigração sempre que o maior número de pessoas inviabilizarem a coexistência pacífica entre os indivíduos e a natureza ou dificultar os esforços para regenerar florestas, campos e pântanos e restaurar as espécies e os processos do ecossistema que existiam antes do desenvolvimento humano. Eles citam a organização “Rewilding Europe” que reconhece explicitamente o papel positivo que a diminuição da população desempenha nesse processo. Do oeste da Península Ibérica ao delta do Danúbio, a maioria de seus projetos inclui a restauração ecológica de terras agrícolas abandonadas. A redução contínua da população pode contribuir ainda mais para esses sucessos no futuro, permitindo que os países europeus cumpram ou até excedam as metas para áreas protegidas estabelecidas pela Convenção de Biodiversidade da ONU e endossadas pela União Europeia.

Este tipo de atitude não tem nada a ver com posturas xenófobas, mas com o reconhecimento de que os cidadãos têm o direito moral de limitar a imigração em seus países, como corolário necessário do direito fundamental de autogoverno. Eles dizem “Uma nação sábia e justa se esforçará para adotar medidas para garantir justiça ecológica entre as espécies e uma distribuição justa de riqueza entre seus cidadãos. Nenhum desses objetivos pode ser alcançado ao abrir a residência nacional para um número ilimitado de pessoas”.

Ainda segundo os autores, o mundo desenvolvido já está superpovoado. O crescimento da população global só termina quando um número suficiente de nações adota o pico e o declínio de suas próprias populações. Por esses motivos, a imigração líquida deve ser estabelecida em níveis que permitam a contração da população. Isso é necessário se esperamos criar sociedades ecologicamente sustentáveis ​​que compartilhem recursos de maneira justa com outras espécies. Combinadas com o consumo per capita reduzido, as populações menores também ajudarão os países desenvolvidos a deixar de consumir uma parcela desproporcional dos bens comuns ecológicos globais.

Desta forma, ao contrário das forças desenvolvimentistas que só pensam no crescimento da população e da economia – pouco se importando de fato com a saúde do meio ambiente e a gravidade do problema do aquecimento global – existe a perspectiva de tratar o tema da imigração internacional na perspectiva do decrescimento demoeconômico. Este processo necessita ser planejado ao longo do século XXI. Num futuro onde haja decrescimento populacional e sustentabilidade ambiental a livre mobilidade e o livre intercâmbio de pessoas deveria ser a regra geral.

Numa perspectiva ecocêntrica, não faz sentido, atualmente, a ideia de uma “migração de reposição”, em especial, antes de se chegar ao nível do Estado Estacionário. Se a imigração contribuiu para a grandeza econômica das nações no passado, não quer dizer que a imigração é boa em qualquer circunstância, especialmente quando o mundo vive uma emergência climática e ambiental. 

Por exemplo, a China vai ter a sua população reduzida em cerca de 400 milhões de pessoas entre 2030 e 2100, o que deve contribuir para minorar os problemas ambientais do país e parece não fazer sentido propor uma “imigração de reposição”, especialmente depois de todos os traumas da política draconiana de “filho único”. A China nas últimas décadas tem sido um país de emigração e deve passar para um país de imigração no futuro próximo, mas não na dimensão de repor o decrescimento demográfico.

A humanidade precisa ajustar a sua Pegada Ecológica à Biocapacidade da Terra e respeitar as Fronteiras Planetárias. Não dá para continuar excedendo a capacidade de carga do Planeta. Precisa também restaurar os ecossistemas e evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5o C, em relação ao período pré-industrial. Respeitado estes parâmetros, a imigração seria bem-vinda e não geraria tantas resistências como ocorre atualmente.

José Eustáquio Diniz Alves
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:
O’Neill, D.W., Dietz, R., Jones, N. (Editors), Enough is Enough: Ideas for a sustainable economy in a world of finite resources. The report of the Steady State Economy Conference. Center for the Advancement of the Steady State Economy and Economic Justice for All, UK, 2010. http://steadystate.org/wp-content/uploads/EnoughIsEnough_FullReport.pdf
Philip Cafaro , Jane O’Sullivan. How should ecological citizens think about immigration? The Ecological Citizen Vol 3 No 1: 85–92, 2019

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/03/2020
Imigração e meio ambiente, artigo de José Eustáquio Diniz Alves, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 18/03/2020, https://www.ecodebate.com.br/2020/03/18/imigracao-e-meio-ambiente-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

quarta-feira, 18 de março de 2020

O que o coronavírus tem a ver com as mudanças climáticas?

O que o coronavírus tem a ver com as mudanças climáticas?


O que o coronavírus tem a ver com as mudanças climáticas?


IHU
É verdade que a resposta global ao coronavírus levou a quedas significativas nas emissões de carbono em todo o mundo. Também é verdade que alguns especialistas estão dizendo que a resposta mostra o potencial para uma ação política radical diante de uma emergência.
A reportagem é de Jesse Remedios, publicada em National Catholic Reporter, 12-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.


No entanto, não distorça essas afirmações. O coronavírus não é uma coisa boa. Seja para enfrentar a crise climática, seja para qualquer outra coisa. Em absoluto.


Primeiro, o surto está interrompendo negociações internacionais cruciais, prejudicando potencialmente as chances de um acordo climático internacional suficiente – lembre-se, nós só temos 10 anos para limitar uma catástrofe climática.


Outras possíveis desvantagens incluem o enfraquecimento da vontade política pública para a ação climática e, na verdade, o incentivo a um eventual aumento nas emissões de gases do efeito estufa quando os governos procurarem consertar a economia global.


Em suma, é muito cedo para saber exatamente qual o impacto que o coronavírus terá sobre o clima. Mas, por enquanto, para ajudar a esclarecer todas as informações confusas que estão circulando por aí, vamos explicar por que alguns aparentes “lados positivos” podem complicar a luta contra as mudanças climáticas.

 

Podemos falar sobre a China?


Para entender o que está acontecendo, precisamos falar sobre a China – a maior emissora de gases do efeito estufa e fonte do surto de coronavírus.


Até agora, você já deve ter ouvido que as emissões de dióxido de carbono da China caíram 25% desde fevereiro. Talvez você também tenha visto esta impressionante imagem da Nasa sobre a diminuição de poluentes na China:
coronavírus e a diminuição de poluentes na China(Imagem: NASA Earth Observatory/Joshua Stevens)
 
Ou esta:

coronavírus e a diminuição de poluentes(Foto: NASA Earth Observatory/Joshua Stevens)
 
Isso é bom, não é? Emissões mais baixas não equivalem a uma desaceleração das mudanças climáticas?

Não é bem assim. Uma ligeira “queda” nas emissões não fará uma grande diferença em longo prazo. Mudar a tendência geral de aumento das emissões é o que importa.

Então, a pergunta se torna: essa redução durará?

 

Infelizmente, a história sugere que não. As emissões mundiais caíram da mesma forma durante a recessão de 2008, mas, em um ano, elas se recuperaram com uma vingança. O governo chinês já prometeu um grande estímulo, o que significa que podemos esperar um aumento das emissões quando as fábricas voltarem ao trabalho.


Além disso, como católicos, é especialmente importante ter em mente que a atual redução de emissões é causada pelo sofrimento vivido por pessoas reais. Não é assim que queremos resolver a crise climática. Veja o que o professor de Estudos Ambientais da Universidade de Nova York Gernot Wagner afirmou na MIT Technology Review: “As emissões na China diminuíram porque a economia parou e as pessoas estão morrendo, e porque as pessoas pobres não conseguem obter remédios e alimentos. Essa não é uma analogia do modo como queremos reduzir as emissões das mudanças climáticas”.


Curiosamente, a China também é um importante fornecedor global de tecnologia de energia limpa, como painéis solares e turbinas eólicas. A produção e os transportes caíram devido ao coronavírus, interrompendo a cadeia de suprimento de energia limpa em todo o mundo.

E quanto aos aviões e às viagens?

 

As viagens aéreas comerciais são um dos piores emissores do mundo. Portanto, se eu lhe dissesse que o tráfego aéreo global caiu 4,3% em fevereiro, seria justo supor que isso provavelmente é algo bom.
Não é bem assim.

Antes do surto de coronavírus, muitas companhias aéreas estavam reagindo à pressão planejando iniciativas para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Agora, as companhias aéreas estão indo rumo à crise financeira, ameaçando esses esforços de longo prazo.

No entanto, se este momento realmente criar mudanças comportamentais generalizadas – incluindo mais conforto com o trabalho remoto e as teleconferências –, isso pode levar a importantes mudanças estruturais que reduzam o nosso consumo geral de combustíveis fósseis.

Talvez o impacto mais importante da dramática queda nas viagens seja o cancelamento de reuniões internacionais sobre o clima. A ONU já cancelou uma série de reuniões que antecederiam uma grande reunião em novembro, em Glasgow, na Escócia – a mais importante desde o Acordo de Paris em 2015. O repórter climático da TimeJustin Worland, explica por que isso é ruim:

“O cancelamento das reuniões pode parecer enfadonho, mas tem o potencial de arruinar totalmente os debates sobre o clima em um momento delicado. A última grande inovação internacional sobre o clima ocorreu nas conversações sobre o clima de Paris em 2015, depois de um ano de manobras de bastidores por parte de diplomatas de todo o mundo. A China e os EUA se comprometeram a trabalhar juntos para reduzir as emissões, uma importante declaração dos maiores emissores do mundo. Países vulneráveis às mudanças climáticas se uniram para formar uma aliança formidável. E a França coordenou as inúmeras demandas dos países que se reuniriam em Paris. Essa agenda é amplamente vista como uma necessidade para grandes avanços na questão, e o fato de não poderem se encontrar face a face deixou os formuladores de políticas climáticas em dificuldades.”


Então, como o coronavírus afetará o cenário político?

 

Essa é uma enorme incerteza.

Em 2019, milhões de pessoas foram às ruas para protestar contra a inércia do governo. Três meses depois de 2020, milhões de pessoas estão sendo forçadas agora a ficar dentro de suas casas para limitar a propagação do vírus. Isso poderia impedir o progresso feito no ano passado.

“Em muitos países, as condições políticas não são propícias ao fortalecimento da ação climática”, disse um ex-negociador do clima à Time. “O coronavírus vai piorar uma situação já ruim.”

Ou o coronavírus pode mudar o cenário político, e os formuladores de políticas aproveitarão este momento para uma transição verde, aumentando os impostos sobre as emissões de carbono e ajudando a treinar novamente os trabalhadores para setores mais limpos. O The Guardian escreveu que a resposta ao coronavírus “mostrou como os líderes políticos e empresariais podem tomar medidas radicais de emergência sob o conselho de cientistas para proteger o bem-estar humano”.

Como parte de seu Acordo Verde de descarbonização até 2050, a União Europeia lançou no dia 4 de março um novo plano de imposto de carbono que tributará produtos de países que não estão trabalhando para reduzir as emissões. Esperamos que esse plano não apenas funcione, mas também sobreviva ao coronavírus, porque, se sairmos vivos disto, Deus sabe que precisaremos de um.

O que eu posso fazer?

 

Lave as mãos e fique seguro. É isso que importa agora. Mas não se esqueça da crise climática. Lute.
(EcoDebate, 17/03/2020) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

As pandemias: uma questão de política ambiental,


As pandemias: uma questão de política ambiental, artigo de André Frota



[EcoDebate] O trajeto do coronavírus (Covid-19) é ilustrativo da vulnerabilidade ambiental que se encontra a população mundial. Caso as teses sobre a origem do vírus sejam comprovadas, encontramos um rastro predatório e ilegal, que envolve redes de tráfico de animais silvestres e espécies ameaçadas de extinção. A trajetória ecológica do vírus revela essa cadeia e tem início nas populações de morcegos como seu hospedeiro original.

As pesquisas recentes mostram, no entanto, que o Manis pentadactyla ou “pangolim”, uma espécie de tatu, como o hospedeiro intermediário do vírus, o qual é consumido de forma ilegal por certos estratos da população asiática. É a partir daí que o vírus segue para o sistema digestivo e depois respiratório do homo sapiens sapiens. A cadeia ecológica do vírus, portanto, inicia em animais silvestres restritos a ambientes específicos da Ásia e termina se reproduzindo e se disseminando em escala global.

O que é notório no caso do Covid-19, não é apenas a evolução dessa pandemia, mas a forma como a caixa de pandora foi aberta. O Manis pentadactyla é um dos animais silvestres mais comercializados de forma ilegal no continente asiático. Uma espécie em extinção que, por ventura, tornou-se hospedeiro intermediário do vírus, após, à procura de pequenos insetos, ingerir ocasionalmente as fezes de uma população de morcegos, que detinha o Covid-19 de forma estacionada em sua população e habitat. No entanto, é sobretudo pela existência do tráfico ilegal desse animal silvestre nos mercados clandestinos, situados na cidade chinesa de Wuhan, que o vírus encontrou o hospedeiro mais apropriado para sua reprodução e disseminação, o homo sapiens sapiens.

A trajetória do vírus revela: i) a relação desequilibrada e disfuncional dos assentamentos humanos com o ambiente natural; ii) a demanda pelo consumo de animais silvestres; iii) e a inerente incapacidade de contenção dos impactos de uma endemia, em qualquer uma das metrópoles urbanas globais.

A existência de organismos como o Covid-19, ou mesmo de outros tipos de vírus da família dos coronavírus, como é o caso do Sars-cov de 2002, tem o morcego como hospedeiro original. Ambos vírus e suas respectivas epidemias derivadas, 2002 e 2020, revelam o potencial de disseminação de doenças contidas em animais silvestres. E, justamente, são ecossistemas naturais que mantêm esses animais reservados aos seus ambientes originais. A partir do momento em que esses animais são extraídos dos seus habitats e inseridos no ciclo alimentar humano de forma ilegal e sem qualquer controle fitossanitário, uma cadeia causal de doença, contágio e pânico se estabelece nos sistemas sociais.

Em segundo lugar, a demanda pelo consumo de animais silvestres, em geral, proibidos pelas legislações ambientais nacionais, indica como certos estratos da população ainda mantêm hábitos de consumo predatórios com o tempo presente, além de representar uma ameaça para toda população humana. Foi o tráfico ilegal do pangolim que abriu a caixa de pandora do Covid-19. E esse só existe pela demanda pelo consumo de animais silvestres.

Em terceiro lugar, a incapacidade de contenção de endemias globais dos governos nacionais, sejam quais forem. Seria injusto atribuir a responsabilidade desse combate à Organização Mundial da Saúde, um órgão de coordenação de políticas de saúde e não de combate ao tráfico internacional de animais silvestres.

Em vias de síntese, as pandemias têm menos relação de causalidade com as políticas de saúde e mais com a política ambiental global. E essa retoma a crise sistêmica pela qual passa a população mundial no século XXI, uma crise entre o homem e sua relação com o ambiente natural.

André Frota é membro do Observatório de Conjuntura e professor do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/03/2020

As pandemias: uma questão de política ambiental, artigo de André Frota, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 17/03/2020, https://www.ecodebate.com.br/2020/03/17/as-pandemias-uma-questao-de-politica-ambiental-artigo-de-andre-frota/.

terça-feira, 17 de março de 2020

Muito além do entretenimento, zoos e aquários têm função educativa e de pesquisa da vida selvagem


Muito além do entretenimento, zoos e aquários têm função educativa e de pesquisa da vida selvagem

Muitos de nós sabemos que o animal estampado na cédula de R$ 20 é o mico-leão-dourado. O que poucos conhecem, contudo, é a fabulosa história de recuperação desse pequenino primata, endêmico da Mata Atlântica.

Carismático e muito dócil, o mico-leão-dourado, Leontopithecus rosalia, já esteve criticamente ameaçado de extinção, uma das categorias mais severas de ameaças. No final dos anos 1960, restavam pouco mais de 150 animais vivendo livres em matas ao norte do estado do Rio de Janeiro. O desmatamento para retirada de madeira, agricultura e pecuária – junto da caça para o comércio ilegal – contribuíram para a drástica redução das populações do mico-leão.

O destino desse animal começou a mudar graças aos alertas do primatólogo Ademar Coimbra-Filho, que na década de 1970 atraiu a atenção da comunidade científica para a necessidade da conservação da espécie. Os esforços de Coimbra-Filho culminaram na criação da Reserva Biológica de Poço das Antas e em um bem sucedido programa de reprodução em cativeiro.

Atualmente, a população do mico-leão-dourado chega a 3.200 indivíduos, resultado do esforço de uma rede de colaboradores, liderados pela Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), que inclui parceiros como o WWF. O resultado do esforço é, hoje, modelo de conservação para o mundo todo.
No centro dessa iniciativa, está o trabalho do Smithsonian National Zoological Park . Esse zoo, localizado em Washington DC, coordena o manejo de animais nascidos em cativeiro e reintroduzidos em fragmentos de florestas. Os trabalhos de reprodução da espécie em diferentes zoológicos no mundo, combinados com animais da natureza, resultam na variabilidade genética necessária para a viabilidade das populações de mico-leão-dourado.

Esse é apenas um exemplo de como zoológicos e aquários modernos mudaram seu foco nas últimas décadas. Frequentemente, zoológicos e aquários públicos se associam a instituições de pesquisa ou conduzem seus próprios programas de investigação e, habitualmente, se especializam em ecossistemas regionais ou espécies emblemáticas.

Quando sintonizados com normas de bem-estar animal, zoos e aquários constroem recintos que buscam recriar aspectos básicos dos ambientes naturais, que geram conforto aos animais cativos. Há, evidentemente, diferenças técnicas entre manter uma baleia orca, um pequeno réptil ou uma ave. Um grande cetáceo nunca encontrará no cativeiro as condições ideais de vida como aquelas com que ele se depara nos oceanos. Entretanto, um viveiro amplo entremeado por árvores e abrigos pode prover condições adequadas para uma arara-azul viver e, até mesmo, se procriar, por exemplo.
Visando promover a qualidade de vida e o bem-estar animal, as necessidades das espécies cativas são estudadas por equipes multidisciplinares, incluindo biólogos, médicos veterinários, nutricionistas, tratadores, engenheiros e arquitetos.

Educar para a compreensão do mundo natural  

Hoje, zoológicos e aquários públicos têm funções diferentes daquelas do passado, de apenas manter os animais enclausurados para exibição pública. Essas instituições deixaram de ser “apenas” um local de lazer e entretenimento, assumindo um papel muito mais ativo na conservação da vida selvagem e na promoção do aprendizado de conservação entre seus visitantes. Têm a função de educar a sociedade, mostrando a riqueza faunística que compõe nosso planeta, nos direcionando à compreensão e reflexão sobre o mundo natural.

Ao permitir que pessoas que moram em cidades tenham “encontros reais” com a vida selvagem, zoos e aquários contribuem fortemente para o aprendizado em conservação. Isso inclui a sensibilização e a oferta de oportunidades para que mais e mais pessoas conheçam a fauna silvestre de localidades longínquas. Afinal, não são todos que podem viajar para a África – ainda mais agora, com o dólar a R$ 4,40 – para observar uma girafa ou um leão em seu habitat natural.

Além disso, pesquisas sobre a percepção e o interesse do público em zoológicos e aquários fornecem uma base de extremo valor para o campo emergente do turismo da vida selvagem. Lições valiosas sobre o possível impacto dos encontros de humanos com os animais silvestres, incluindo atitudes e comportamento dos visitantes, podem ser extraídas de pesquisas em zoológicos e aquários. Revertido para o ecoturismo, esse conhecimento reduz os eventuais impactos da visitação em áreas naturais e ajuda a promover a conservação da biodiversidade.

Por isso, refuto o Projeto de Lei que tramita na Câmara dos Vereadores de São Paulo, que restringe fortemente a atuação de zoológicos e aquários na capital paulista. A lei se origina no movimento do direito dos animais, mas – ao que parece – se embasa pouco no conhecimento científico vigente.

Avanços civilizatórios sim, mas com base no conhecimento científico

Em muitos países, incluindo o Brasil, ainda persiste a percepção dos zoos e aquários como locais de mero entretenimento e, em alguns casos, essa impressão é justificada. Um setor frequentemente hostil aos zoos e aquários é o dos grupos de direitos dos animais, que dão ênfase aos interesses dos animais como indivíduos em detrimento da conservação de espécies ou de ecossistemas. Outra oposição vem de parte do movimento de conservação, que discorda da justificativa de retirar animais do meio selvagem. Em alguns casos, os opositores podem ter razão.

Se zoos e aquários pretendem exercer um papel ativo na conservação, deverão enfrentar a oposição de modo transparente, compreendendo as críticas e explicando suas ações de maneira a ganhar o apoio da sociedade. Devem também deixar claro que a sua missão é de conservação, conduzida em conjunto com padrões elevados de bem-estar animal. Sem dissimular ou criar dúvidas de que seus esforços de conservação são legítimos.

No mundo atual, virtualizado ao extremo, perdemos vertiginosamente a capacidade de interagirmos com a realidade e de vivenciarmos experiências (escrevi sobre esse tema, aqui, no Conexão Planeta). Como contraponto, zoos e aquários estão em uma posição única para educar o público sobre questões de conservação. Por meio deexposições educativas, zoos e aquários podem trabalhar para estimular as pessoas a se preocuparem com o estado de nossos ambientes. Se bem conduzidas, essas experiências influenciam o aprendizado e a experiência dos visitantes. Promovem a educação e habilitam os visitantes a fazer escolhas de estilo de vida que sejam amistosas à natureza.

A busca de interlocução com os especialistas deveria ser a essência da tomada de decisão para os legisladores. Bem fundamentada, a legislação pode ajudar a estabelecer padrões de referência de bem-estar animal e sustentabilidade cada vez mais exigentes, desde o controle da origem até a fiscalização do transporte e aclimatação dos animais.

Não é de hoje que o conhecimento científico tem contribuído muito para o aperfeiçoamento da sociedade. Ao gerar informações sobre comportamento animal, história de vida, manejo de fauna, gestão da qualidade dos recintos, tratamento de doenças e reprodução, zoos e aquários contribuem para o avanço da biologia da conservação. De outro lado, legisladores têm muito a ganhar ao ampliar suas relações com especialistas, recorrendo aos seus conhecimentos e participando de iniciativas de parceria. Como resultado, ganham a natureza e a sociedade, profundamente preocupada em apoiar iniciativas integrada de conservação da biodiversidade, bem-estar e sustentabilidade.
Foto: Daiga Ellaby (abertura) e Uwe Conrad / Unsplash

“Um Porto chamado Grilagem” mostra abusos e corrupção em projeto de construção de porto em frente à Ilha do Mel, no Paraná

“Um Porto chamado Grilagem” mostra abusos e corrupção em projeto de construção de porto em frente à Ilha do Mel, no Paraná

“Um Porto chamado Grilagem” mostra abusos e corrupção nos bastidores da possível construção de porto em frente à Ilha do Mel, no Paraná
Foi lançada dia 12 de março a “parte 2” do documentárioUm porto chamado grilagem”. Ela está disponível para ser assistida no YouTube e nas redes sociais do Observatório de Justiça e Conservação (OJC).

A continuação da primeira parte do filme, tornada pública em novembro de 2019, agora revela os bastidores da intenção de construção de um complexo industrial portuário em frente à Ilha do Mel, no município de Pontal do Paraná, no litoral do Estado. Trata do histórico de grilagem (roubo de terras públicas) relacionado à intenção e da coleção de ilegalidades públicas, privadas e particulares que se acumulam ao longo dos anos, desde o início das tentativas de construção do porto no litoral, há décadas.

A Ilha do Mel é uma Estação Ecológica e um importante Parque Estadual e já foi reconhecida pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como um Patrimônio Natural da Humanidade, tendo em vista as características únicas no mundo que acumula. O porto seria instalado a poucos metros do local.

Só a primeira etapa das obras para a construção do complexo custaria quase R$ 400 milhões aos cofres públicos. Além disso, elas podem ser feitas para beneficiar um empreendimento privado que ocuparia áreas que, antes das décadas de 1940 e 1950, foram dos paranaenses.

Mais de 27 milhões de metros quadrados de Mata Atlântica – um bioma ameaçado de extinção – seriam derrubados ou prejudicados. Comunidades tradicionais e indígenas que vivem há séculos na região, em área por onde passaria parte das obras, seriam expulsas. A biodiversidade do local também acabaria afetada de modo irreparável e a vocação turística do litoral do Estado terminaria condenada para sempre.

A proposta do complexo industrial inclui a chamada “Faixa de Infraestrutura”, que é o conjunto de obras que viabilizariam e atenderiam ao porto. Ela inclui uma estrada que derrubaria mais de cinco milhões de metros quadrados de Mata Atlântica e, no trajeto como foi pensada, seria feita para atender ao aumento do fluxo de caminhões que passariam a trafegar rumo ao porto.

Também inclui um canal de navegação de 50 metros de largura que, assim como a estrada, de modo bastante questionável, já está em processo de licenciamento. Os danos gerados pelos processos de dragagem envolvidos na construção desse canal seriam imensuráveis.

Soluções alternativas de desenvolvimento para a região foram apresentadas em 2019 ao Governo do Paraná por meio da campanha #SalveAIlhaDoMel. Um financiamento coletivo arrecadou quase R$ 40 mil da sociedade e, com os recursos, foi possível desenvolver uma proposta feita por arquitetos e engenheiros especializados, que estimulasse o turismo, investimentos públicos em infraestrutura e garantisse vantagens, especialmente a moradores, comerciantes e turistas.

Até agora, ela foi ignorada pelo governo, que também não respondeu nenhuma das mais de 390 mil mensagens enviadas pela população por meio do site salveailhadomel.com.br.
Para pressionar o Governo, acesse www.salveailhadomel.com.br.

Assista aqui a parte 2!
Leia também: Artistas protestam em clipe contra implantação de complexo industrial na Ilha do Mel, no litoral do ParanáParanaenses pedem proteção da Ilha do Mel e condenam construção de agressivo complexo industrial no litoral do estado
Imagem: reprodução vídeo

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https://envolverde.cartacapital.com.br/fundacao-grupo-boticario-distribui-r-2-milhoes-para-boas-ideias-para-o-turismo-em-areas-naturais/

Fundação Grupo Boticário quer envolver toda a sociedade para encontrar soluções que aprimorem o turismo em áreas naturais. Qualquer pessoa pode participar, respondendo a apenas três perguntas

Foram abertas nesta segunda-feira (9) as inscrições para a primeira fase da “teia – soluções para a proteção da natureza”, processo de cocriação que envolverá diversos atores da sociedade para apontar os desafios para aprimorar o turismo em áreas naturais. Ao final de quatro etapas, o objetivo é viabilizar inovações com o propósito de aliar o turismo com a proteção da biodiversidade brasileira. As soluções selecionadas receberão, ao todo, R$ 2 milhões da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, realizadora da chamada.

Na fase inicial, que segue até 29 de março, qualquer pessoa que tenha identificado desafios a serem superados para o desenvolvimento do turismo em áreas naturais poderá participar, como estudantes, professores, pesquisadores, empresas, startups, organizações do terceiro setor e todo cidadão. A inscrição é gratuita e deve ser feita no site www.fundacaogrupoboticario.org.br. Basta preencher o cadastro e responder três perguntas simples.

“Com a inscrição dos desafios, queremos que toda a sociedade indique quais são os principais gargalos para desenvolvermos no País um turismo responsável em áreas naturais. Uma atividade que, além de gerar renda e desenvolvimento para comunidades locais, contribua com a proteção do nosso patrimônio natural. Acreditamos que o contato com a natureza desperta o interesse em cuidá-la”, explica a diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.

Próximas etapas
Depois de selecionados os principais desafios, a teia dará sequência à segunda fase do processo: a proposta de soluções. De 7 a 21 abril, qualquer pessoa – mesmo aquelas que não se inscreveram na primeira fase – poderá sugerir ideias de como os desafios poderão ser solucionados, integrando a proteção da biodiversidade com o desenvolvimento econômico das regiões a partir do turismo.
Já na terceira fase, que ocorre de 7 a 24 de maio, as melhores soluções serão desenvolvidas com acompanhamento on-line de consultores voluntários e especialistas da Fundação Grupo Boticário para que se tornem economicamente viáveis e replicáveis em grande escala.

A instituição, que completa 30 anos em 2020, tem experiência com ações de turismo em áreas naturais a partir do trabalho que desenvolve desde 1994 na Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba (PR), que é aberta à visitação e protege 2.253 hectares da Mata Atlântica.
Etapas:
  • De 9 a 29 de março: inscrição de desafios.
  • De 7 a 21 de abril: inscrição de soluções.
  • De 7 a 24 de maio: cocriação de ideias e mentoria.
  • Dia 27 de maio: divulgação das soluções que serão apoiadas.
(#Envolverde)

Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

Por Luiz Carlos Aceti Junior[1], Maria Flavia Curtolo Reis[2], Lucas Reis Aceti[3]

Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

O cidadão que vai ao supermercado e compra um produto, qualquer que seja, talvez não entenda o que significa consumo e produção responsáveis. Ele pode achar que essa conversa nada tem a ver com sua vida.

Aí começa o problema.

A informação é elemento fundamental para que a sociedade como um todo passe a agir com responsabilidade e sustentabilidade.

Responsável, segundo o Dicionário Aurélio, ”é aquele que responde pelos próprios atos ou pelos de outrem, responde legal ou moralmente pela vida, bem-estar de alguém”.  E que tem a noção exata das implicações de seus atos.

Quando o cidadão não sabe ou não entende porque seus atos são prejudiciais, ele não os modifica. Daí porque a informação faz toda a diferença. Informação séria e de qualidade, que esclareça o consumidor e não promova alarmismos.

Um exemplo simples que presenciamos por toda a sociedade: plásticos (e lixo em geral) jogados nas ruas e rios. Será que as pessoas entendem que esse lixo vai ajudar a água das chuvas de verão invadirem suas casas? Ou que o plástico vai se decompor em minúsculos pedaços nas águas de rios e mares e parar no estômago de peixes que serão consumidos mais tarde?

Escolas, empresas, poder público, cada um nas suas atribuições, devem proporcionar informação às pessoas.
E falando em info
rmação, o SEBRAE possui em seu site https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/conheca-a-cartilha-producao-e-consumo-responsavel,8e077ad8d4570610VgnVCM1000004c00210aRCRD uma cartilha sobre produção e consumo responsável. Informações do tipo: os “erres” do consumo responsável, práticas de sustentabilidade e diversas outras informações podem auxiliar o consumidor a entender os desafios que todos têm pela frente.

Com relação à postura do consumidor que já está mais consciente e que cobra a mesma postura das empresas, o Instituto Akatu realizou em 2014, portanto há algum tempo, uma pesquisa que demonstrou que o consumidor espera que as empresas façam mais do que a lei determina. Em primeiro lugar, a empresa não deve utilizar trabalho forçado ou infantil, em segundo, proporcionar oportunidades a contratação de mulheres, negros e pessoas com deficiência e depois seguem remuneração justa aos trabalhadores, minimizar riscos à segurança e à saúde dos consumidores.
Isso demonstra que se as empresas, não importa o seu porte, quiserem continuar existindo, deverão adotar políticas internas que levem realmente a sério as questões socioambientais, formas de produção e produtos cada vez mais sustentáveis.

Uma reportagem da revista Safra, publicada em 04/09/2019, apontou que o Brasil é o maior produtor de soja responsável. Isso significa que 85% de toda a soja certificada pela RTRS- Associação Internacional de Soja Responsável é brasileira. (https://revistasafra.com.br/cresce-producao-de-soja-responsavel-no-mundo/)

A Instrução Normativa Conjunta INC nº 2, de 07 de fevereiro de 2018, editada pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em conjunto com a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) define os procedimentos para a aplicação da rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos, nacionais e importados, destinados à alimentação humana, para fins de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos, em todo o território nacional. Até fevereiro de 2020 todos esses produtos deverão se enquadrar na Instrução Normativa.

Cadeia produtiva começa nas etapas de produção primária, armazenagem, consolidação de lotes, embalagem, transporte, distribuição, fornecimento, comercialização, exportação e importação. Portanto, desde a horta até a mesa do consumidor, vai ser possível aos órgãos responsáveis monitorar, por exemplo, se o alimento que chega à mesa do consumidor foi tratado dentro das exigências fitossanitárias, se os insumos aplicados nas plantas estão adequados e geram produtos de boa qualidade.

São exemplos do que tem sido feito em termos de sustentabilidade e responsabilidade.
As propostas do ODS 12 são as seguintes:
  1. Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento.
  2. Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais. (Os recursos naturais são fonte primária para o desenvolvimento de civilizações e de produção, por consequência. Rios são essenciais para o abastecimento de indústrias e promovem o sustento de inúmeras pessoas locais. Portanto, o uso ineficiente destes recursos acarreta problemas incalculáveis, diretos e indiretos, aos residentes locais e vizinhos como, por exemplo, o desastre ocorrido em Mariana e Brumadinho
  3. Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita. (Dados lançados no próprio site da ONU apontam que, diariamente, 1,3 bilhão de toneladas de comida são desperdiçadas. Um prejuízo incalculável, pois 01 em cada 09 pessoas no mundo ainda é subnutrida.)
  4. Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionais acordados, e reduzir significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente. (Os produtos químicos são, em variadas situações, importantíssimos para a limpeza de locais, produção de alimentos e máquinas, porém seu descarte inadequado acarreta poluição de ambientes, contaminação de indivíduos e perda de material reaproveitável. Por isso, manejá-los adequadamente representa proteção e consciência.)
  5. Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso.
  6. Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sustentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios.
  7. Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais.
  8. Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza. (Conforme já dito anteriormente, não adianta o poder público criar uma infinidade de leis sem promover políticas públicas de conscientização da sociedade. Afinal, ela é parte essencial no processo.)
  9. Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo. (Nenhuma nação consegue prosperar sem desenvolvimento tecnológico. Assegurar os padrões de produção e consumo responsáveis requer conhecimento, capacidade de adaptação aos novos desafios.)
  10. Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais.
  11. Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da reestruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de uma forma que proteja os pobres e as comunidades afetadas.
Torna-se claro, agora, o impacto, direto e indireto, acarretado pelo descuido no consumo e descarte irresponsável de produtos. Todas estas propostas, não apenas focando no cenário brasileiro, são planejadas visando a adaptação mundial.

E como começar, já que não apenas as empresas devem mudar, mas todas as pessoas? Adaptar o cotidiano a essas ideias e agir de maneira mais consciente do que antes? Há inúmeras possibilidades. Uma delas é consumir e reciclar, isto é, separar os resíduos gerados por categorias (vidro, papel, plástico, orgânicos, metais, tecidos).

Outra forma, também, é conhecer aquele de quem você compra. “Esta empresa adota medidas ecológicas?”, e conforme o instituto Akatu: ‘essa empresa faz mais do que a lei determina?’. Identificando, dessa forma, aquelas empresas que estão e as que não estão de acordo com políticas mais ecológicas, basta apenas substituir seus produtos pelos de uma empresa que se preocupa com fatores socioambientais.

Consumo responsável significa agir e consumir de forma cidadã e consciente, preocupando-se não apenas com o meio ambiente, mas também com todo o processo de produção, com as pessoas envolvidas e com os possíveis danos que aquele material pode causar.
As campanhas de conscientização devem e precisam continuar existindo, levando conhecimento a toda a sociedade, além de legislação que norteie o comportamento adequado com relação ao consumo e à produção responsáveis.

Sobre os autores:
[1] Advogado. Pós-graduado em Direito de Empresas. Especializado em Direito Ambiental, Direito Empresarial Ambiental, Direito Agrário Ambiental, Direito Ambiental do Trabalho, Direito Minerário, Direito Sanitário, Direito de Energia, Direito em Defesa Agropecuária, e respectivas áreas afins. Mestrado em Direito Internacional com ênfase em direito ambiental e direitos humanos. Professor de pós-graduação em direito e legislação ambiental de várias instituições de ensino. Palestrante. Parecerista. Consultor de empresas na área jurídico ambiental. Escritor de livros e artigos jurídicos em direito empresarial e direito ambiental. Consultor de portal www.mercadoambiental.com.br . Diretor da Aceti Advocacia www.aceti.com.br



[2] Advogada. Pós-graduada em Direito de Empresas. Especializada em Direito Empresarial Ambiental, Direito Contratual e Obrigações Financeiras. Integrante da Aceti Advocacia www.aceti.com.br


[3] Graduando em direito pela UNIFEOB. Estagiário da Aceti Advocacia www.aceti.com.br
#Envolverde

“Nossa casa ainda está pegando fogo e vocês estão jogando gasolina nas chamas!” Greta Thunberg em discurso no WEF de Davos em 2020


O ano de 2020 está a caminho de ser o mais quente do Antropoceno, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“Nossa casa ainda está pegando fogo e vocês estão jogando gasolina nas chamas!”
Greta Thunberg em discurso no WEF de Davos em 2020

[EcoDebate] Não há dúvida. O aquecimento global é para valer. E o ritmo de aumento anual da temperatura está ocorrendo de forma inédita e ultrapassando, de maneira preocupante, as previsões mais pessimistas. Desde a década de 1970, a temperatura do Planeta sobre de forma contínua e com taxas crescentes, sendo que a atual década (2010-20) é não só a mais quente do Antropoceno, como também é aquela que apresenta a maior variação decenal.

O gráfico abaixo da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) mostra que até cerca de 1940 as temperaturas anuais (em azul) estavam abaixo da média do século XX e depois de 1970 as temperaturas anuais (em vermelho) ficaram consistentemente maiores do que a média do século XX.

Em meados do século passado, as variações decenais oscilaram. Na década de 1930 houve uma variação positiva de 0,22º C, que foi seguida de uma variação negativa de -0,36º C, na década de 1940. Na década de 1950 houve uma variação positiva de 0,12º C que também foi seguida por uma variação negativa de -0,04º C na década de 1960.

Mas a partir dos anos 70, o aquecimento global iniciou uma subida espetacular. Na década de 1970 a variação decenal da temperatura foi de 0,23º C. Nas três décadas seguintes a variação decenal ficou em torno de 0,15º C. Mas na atual década (2010-19) o aumento decenal saltou para 0,38º C, um ritmo nunca visto no Holoceno (últimos 12 mil anos).

temperatura anual entre 1880 e 2019

O ano mais quente do século XX foi 1998 com uma anomalia de 0,65º C em relação à média do século XX. Este nível foi aproximadamente igualado em 2005 e superado apenas em 2010 e 2014. Os anos de 2011 e 2012 apresentaram temperaturas inferiores do que as de 1998 e isto gerou muito questionamento sobre o aquecimento global, inclusive com muitos cientistas falando em “hiato climático”.

Porém, a partir de 2014 os aumentos anuais da temperatura extrapolaram todas as tendências, marcando 0,99º C em 2016 e 0,95º C em 2019, em relação à média do século XX (mas que representa cerca de 1,2º C em relação ao período pré-industrial). Os 6 anos entre 2014 e 2019 foram os mais quentes da série histórica.

O ano de 2020 começou batendo todos os recordes para o mês de janeiro, mesmo quando comparados com o mesmo mês de janeiro de 2016, quando houve um forte fenômeno El Niño e se atingiu temperaturas extremamente altas. Janeiro de 2020 é o primeiro mês mais quente da série histórica. O mês de fevereiro, com 1,17º C, foi o segundo mais quente da série, ficando ligeiramente abaixo de fevereiro de 2016 que tinha apresentado 1,26º C.

os sete anos mais quentes do antropoceno

Os dados acima mostram que o aquecimento global entrou em outro patamar. Isto é confirmado pela média dos dois primeiros meses (janeiro + fevereiro) na série histórica. O gráfico abaixo mostra a média do primeiro bimestre de 2016 foi de 1,19º C. e a média do primeiro bimestre de 2020 ficou em 1,16º C, ambos os números muito acima das demais médias. A tendência bimestral da atual década apresentou um crescimento de 0,70º no aquecimento. Um número impressionante e que indica que o limite de 1,5º C colocado pelo Acordo de Paris deve ser atingido antes de 2030 e o limite de 2º C deve ser atingido antes de 2040.

temperatura para os dois primeiros meses do ano - 1880-2020

Estas preocupantes tendências do aumento da temperatura global aumentam a urgência de reduzir as emissões de CO2 e de abandonar o uso generalizado de combustíveis fósseis. Até a elite econômica reunida no WEF de Davos, na Suíça, reconheceu a gravidade da situação ecológica. Uma das estrelas dos dois últimos eventos em Davos foi Greta Thunberg tem falado sobre a necessidade de descarbonizar a economia e, em janeiro de 2020 disse: “Nossa casa ainda está pegando fogo e vocês estão jogando gasolina nas chamas!”.

O ano de 2020 começou com um evento inesperado que é a pandemia de coronavírus, que já infectou mais de 160 mil pessoas e matou mais de 6 mil infectados. A pandemia de Covid-19 também está tendo um efeito muito dramático na economia, fazendo com que as atividades econômicas sejam suspensas em todo o mundo. O quadro na saúde pública e na saúde da economia é inédito e tende a se agravar durante o primeiro semestre de 2020.

Um impacto da pandemia na redução das atividades antrópicas é tão forte que reduziu significativamente as emissões de CO2 e até contribuiu para a redução da poluição do ar nas grandes cidades do mundo. A economia internacional tende a entrar em recessão no primeiro semestre de 2020. Para o meio ambiente este quadro vai trazer um certo alívio.

Porém, para quem defende uma redução planejada da pegada ecológica global esta crise não é a solução. Existe uma expressão que retrata as contradições do momento: “Tua recessão não é o meu decrescimento”.

Os teóricos do decrescimento econômico e do decrescimento demoeconômico consideram que deve haver uma redução das atividades antrópicas no longo prazo de maneira planejada. O tem que começar imediatamente pela redução das atividades mais poluidoras, assim é fundamental decrescer a produção e a queima de combustíveis fósseis (mas é fundamental crescer as energias renováveis e de baixo carbono), é preciso decrescer o consumo de carne (e crescer a produção de alimentos orgânicos), é preciso diminuir a circulação de carros particulares com motor à combustão e avançar no transporte coletivo e nos veículos elétricos, é preciso decrescer os gastos militares e de guerra (e crescer os investimentos na restauração ambiental, recuperando solos, plantando árvores, limpando a poluição, etc.), decrescer o consumo conspícuo e aumentar o consumo cidadão (mais educação, mais democracia, mais solidariedade comunitária, etc.) e assim por diante.

O aquecimento global deve ser combatido por meio da mudança do modelo insustentável de produção e consumo e não apenas ser um efeito colateral de uma crise econômica e financeira que vai impactar de maneira mais forte as populações mais pobres do mundo. Assim como existe uma emergência de saúde pública (por conta do coronavírus), existe também uma emergência climática por conta do aumento da temperatura global. O mundo precisa acordar para os desafios sociais e ambientais do século XXI.

José Eustáquio Diniz Alves
 
Colunista do EcoDebate.
Doutor em demografia, link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382


in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/03/2020

O ano de 2020 está a caminho de ser o mais quente do Antropoceno, artigo de José Eustáquio Diniz Alves, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 16/03/2020, https://www.ecodebate.com.br/2020/03/16/o-ano-de-2020-esta-a-caminho-de-ser-o-mais-quente-do-antropoceno-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

segunda-feira, 16 de março de 2020

As cinco etapas da morte do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial na atual conjuntura politica)

As cinco etapas da morte do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial na atual conjuntura politica)

Prezados vizinhos e ambientalistas conhecedores da importância do Park Way para o bem estar da população de Brasília. A mensagem abaixo é de 2016.Naquela época a SEGETH estava interessada em adensar o Park Way criando  60 novos condomínios nas áreas verdes remanescentes e longos corredores de comercio.


A população foi enfaticamente contra e a SEGETH pareceu ter desistido da proposta. Agora, pelo que eu soube, a SEGETH voltou ao assunto e está novamente incluindo o Park Way em seu plano denominado Diretrizes Urbanísticas cuja única finalidade é adensar o Park Way de modo a conseguir mais lucro para a Terracap, para as imobiliárias e para os comerciantes. 




Embora eu não seja contra comercio tenho de admitir que, na atual conjuntura política em que vive o Brasil, o comercio será o fim do Park Way (ou de qualquer bairro exclusivamente residencial e de proteção ambiental) como ele é agora. Vejam só:

Os ambulantes da quadra 14 vão continuar existindo, uma vez que achar que comercio legalizado acaba com ambulante é um ledo engano.Provavelmente vão triplicar de numero uma vez que ambulante gosta de se instalar em áreas comerciais onde o afluxo de clientes é maior.Basta verificar o numero de ambulantes que tem o Núcleo Bandeirante.

Primeira etapa: Devido ao tamanho do Park Way--- uma área comercial não será suficiente. Vão ser preciso varias. Varias áreas comerciais vão afetar o transito e vai aparecer o problema de estacionamento e de congestionamento das vias internas que são estreitas, etc...As ruas serão alargadas para facilitar o transito, as áreas verdes virarão asfalto e na 14 circularão ônibus e caminhões.O congestionamento na 14 vai piorar e muito.

Tem gente querendo colocar um comercio mais expandido na 14, na frente da Vila Cahuy. O resultado será o mesmo.Obviamente esse comércio expandido atrairá os moradores daquela Vila, bem como aquelas pessoas que circulam pela EPIA diariamente.Pessoas que pouco tem a ver com o perfil do morador do Park Way.

Segunda etapa- Para cuidar das lojas que vão ser implantadas, vai ser preciso contratar mão de obra assalariada. Essa mão de obra vai precisar de ônibus para se locomover e lugar para morar. Como os ônibus são escassos, provavelmente essa mão de obra vai querer morar no trabalho, isso é, nas lojas e vão surgir os puxadinhos... Quando essa mão de obra quiser trazer a família, vão surgir as quitinetes e as invasões que, com toda a certeza, serão, depois de algum tempo, regularizadas pelo Governo. Mesmo que seja aumentada a frota de ônibus, os trabalhadores provavelmente ainda vão querer morar no emprego por ser mais conveniente e mais barato. As tarifas de ônibus estão caras e morar no emprego fica mais fácil e mais barato.

Terceira etapa. Essa mão de obra que será responsável pelas invasões, quitinetes e pelos puxadinhos vai trazer a família para morar no local de trabalho, pessoas muitas vezes sem ocupação definida.Esse fato, aliado ao aparecimento de lojas, poderá aumentar o índice de criminalidade no Park WAY. E o surgimento de flanelinhas e o aumento no numero de ambulantes.E moradores de rua, problemas esses que não temos agora.

Quarta etapa. Comerciante precisa de freguês para sobreviver. A baixa densidade demográfica do Park Way vai acarretar a mudança de destinação de inúmeras lojas. Por exemplo. A padaria simpática pode se transformar em boteco, ou em discoteca e os moradores daquela quadra que estavam satisfeitos por terem pão fresquinho do lado de casa vão ter de sofrer com a musica alta, o barulho, bêbados brigando às 3 da manhã, lixo, carros estacionados na frente do portão de casa. E a desvalorização dos seus lotes residenciais.

Quinta etapa. Comerciante precisa de freguês e gostaria de aumentar a densidade demográfica do Park Way. É claro que o aumento populacional irá agravar o problema de água, de transito, de estacionamento no Park Way. Mas comerciante não está preocupado com o conforto dos moradores e, sim, com o lucro que puder obter. A TERRACAP vai ficar feliz com a possibilidade de poder finalmente lotear as áreas verdes.

E comerciante vota e participa energicamente das conferencias e audiências publicas sobretudo daquelas com o objetivo de modificar a Lei de Uso e Ocupação do Solo. Na próxima Audiência Publica para o PDOT ou a LUOS , caso a regularização de comercio no Park Way seja votada, os comerciantes serão a maioria. Dez comerciantes para cada morador (porque morador não gosta de participar de audiências publicas). Os donos de casas de festas vão estar presentes.Em massa.E vão vaiar os moradores que se opuserem à regularização daquela atividade no Park Way.Morador,  segundo eles, tem de aguentar o barulho, a sujeira, o congestionamento de transito e as brigas de bebidos madrugada a dentro.E se reclamar é vaiado.


O Sindicato dos comerciantes vai ocupar todos os assentos. Representantes da TERRACAP vão estar presentes. E também vão votar em massa pela permissão de construção de edifícios no Park Way.

   Os empresários e comerciantes vão obviamente trazer sua claque. Os moradores     vão   ser   engolidos pelo sistema e só vão perceber o que perderam quando os tratores chegarem e começar o desmatamento.


Para saber mais sobre o tema leia por favor as matérias abaixo:

 https://www.bsbcapital.com.br/gdf-quer-adensar-o-park-way/

 https://associacaoparkwayresidencial.blogspot.com/search?q=equipamento+publico