Califórnia se torna mais novo estado americano a legalizar a “compostagem humana”
“Porque tu és pó e ao pó hás de voltar”. A famosa frase bíblica é perfeita para simbolizar a nova forma, e mais sustentável, de dizer adeus aos entes queridos. A chamada “compostagem humana“, ou seja, transformar os restos mortais em adubo para a terra. E recentemente o governo da Califórnia, nos Estados Unidos, deu o aval para que os moradores do estado possam optar por esse método a partir de 2027, tornando a prática legal.
A Califórnia segue os passos de outros estados americanos que já colocaram em lei a compostagem humana. O pioneiro foi Washington, em 2019 (como contei nesta outra reportagem), seguido por Colorado e Oregon, em 2021, e há pouco tempo, em junho deste ano, Vermont.
E como funciona na prática? A compostagem humana poderá ser feita no quintal de casa?
Não, precisará ser realizada por empresas especializadas. Nestes lugares, os corpos são colocados em urnas de alumínio desenvolvidas especialmente para esse propósito, e cobertos com material orgânico como palha, restos de madeira e alfafa. Após um período de aproximadamente 30 dias, o processo de “redução orgânica”, como é chamado, é finalizado e passa ainda por uma última etapa que leva de duas a seis semanas.
Depois desse tempo, o adubo pode ser usado pelos familiares onde eles desejarem. Em média, cada corpo gera 1 m³ de adubo, segundo a companhia Recompose, dos Estados Unidos.
O adubo final: uma despedida mais sustentável
Segundo especialistas, a alternativa ao enterro tradicional dentro de caixões, em cemitérios, ou à cremação, é mais ecologicamente correta e natural.
De acordo com a Recompose, para cada pessoa que escolhe a redução orgânica em vez de enterro convencional ou cremação, uma tonelada métrica de dióxido de carbono deixa de de entrar na atmosfera. Além disso, a compostagem humana requer 1/8 da energia utilizada num enterro ou cremação convencionais.
Além da menor emissão de gases na atmosfera, que ocorre quando se crema um corpo humano, não há contaminação do solo e lençóis freáticos, já que no processo de decomposição há liberação de chorume.
Por ano, cerca de 2,7 milhões de pessoas morrem nos Estados Unidos.
As urnas usadas pela Recompose para a compostagem dos restos mortais
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