quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Depois de cinco anos sumido, o pinguim Dindin volta a visitar o pescador que salvou sua vida no litoral do Rio de Janeiro

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Depois de cinco anos sumido, o pinguim Dindin volta a visitar o pescador que salvou sua vida no litoral do Rio de Janeiro

Esta história linda e comovente teve início, em 2011, quando um pinguim-de-magalhães foi avistado pelo pescador João Pereira de Souza, na praia de Provetá, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, no estado Rio de Janeiro. 

O pequeno animal estava coberto de óleo e prostrado numa pedra, e João, hoje com 71 anos, levou-o pra casa, que fica num vilarejo de Ilha Grande, para cuidar dele. Deu-lhe um bom banho, batizou-o de Dindin e alimentou-o diariamente com peixes para que ele se restabelecesse logo.  

Uma semana depois, já recuperado, o pinguim foi levado pelo pescador à praia para que ele encontrasse o caminho de volta à Patagônia. No entanto, Dindin demonstrou resistência: parecia não querer se separar de João, tamanho o vínculo firmado entre os dois com o resgate.

E, assim, todos os dias, o pescador caminhava com o novo amigo pela praia, e este parecia muito feliz com a nova morada. Isso é bastante compreensível visto que os pinguins são leais e companheiros e vivem em grupo, com a família. Certamente, Dindin vê João como um familiar. 

Passaram-se 11 meses nessa rotina até que, um dia, ele se foi. O fato coincidiu com um momento especial vivido pelo animal e identificado por João: “Logo depois da troca de penas, ele desapareceu”. 

Feliz por vê-lo seguir seu destino, certamente de volta à Patagônia, João também ficou triste porque sentia falta de sua companhia e tinha certeza de que não o veria mais. No entanto, inesperadamente, alguns meses depois, ele reapareceu. Novamente, Dindin viajou 3 mil quilômetros para rever João!

Assim que chegou à praia e viu o pescador, chegou perto dele, demonstrando alegria por reencontrá-lo, e seguiu com o velho amigo até sua casa, permanecendo em sua companhia até o final daquele ano. Era 2012. 

“Eu amo o pinguim como se fosse meu filho e acredito que ele, também, me ame”, declarou João, que ainda contou, na ocasião: “Ninguém mais tem permissão de tocá-lo. Ele os bica se o fizerem. Ele deita no meu colo, me deixa dar banho, me permite alimentá-lo com sardinhas e busca-lo. E, a cada cano, se torna mais carinhoso. Parece ainda mais feliz em me ver”.

A mesma dinâmica de visitas e partidas se repetiu até fevereiro de 2018, quando Dindin se foi e não voltou mais. Todos os dias, João continuou indo à praia na esperança de encontrá-lo, mas nada! E já estava resignado com a ausência do amigo querido, até que, esta semana, ele voltou, quase cinco anos depois de sua última estada com ele na ilha.

Dindin na casa de João / Foto gentilmente cedida por Julia Passos

O pequeno pinguim apareceu na porta de João, entrou, passeou dentro da casa – como quem faz o reconhecimento do lugar -, e foi até o chuveiro, onde costumava tomar banho. 

A jovem Julia Passos foi a primeira a registrar a boa notícia em seu Instagram: “Hoje o dia começou alegre por aqui, depois de 5 anos, o dim dim voltou“. E a novidade logo se espalhou. São dela as imagens compartilhadas nas redes sociais, que ilustram partes deste post.

Aqui e abaixo, João feliz com a visita do amigo pinguim / Fotos gentilmente cedidas por Julia Passos

Da praia para as telonas

Queria muito entrevistar João, mas ele não pode falar com a imprensa. O motivo: sua história com Dindin vai virar filme – The Penguin & The Fisherman (O pinguim e o pescador) – , com estreia prevista para 2023, e ele está impedido de dar entrevistas.

Sim, a linda amizade entre o pescador e o pinguim foi roteirizada e filmada – e está em fase de pós-produção – ao “estilo de Hollywood”, e tem cenas reais e ficcionais, como em ‘As Aventuras de Pi’.

Ou seja, reúne registros verídicos da convivência dos dois amigos, mas também cenas em que um pinguim “de mentira” contracena com o ator francês Jean Reno (conhecido por filmes como O Profissional, Código Da Vinci e Missão Impossível), que interpreta João. Que chique! 

Em meados de novembro, o diretor David Schurmann – da famosa família que veleja há anos pelo mundo – contou, em seu Instagram, que já foram realizados “40 dias de filmagem em 8 semanas, com mais de 500 pessoas diretamente envolvidas entre equipe e elenco de 11 nacionalidades (brasileiros, argentinos, uruguaios, mexicanos, colombianos, americanos, espanhóis, britânicos, sul-africanos, franceses e alemães), cinco idiomas falados e locações em dois países, Brasil e Argentina, entre Ubatuba, Paraty e Patagônia”.

Em Ubatuba, litoral de São Paulo, a equipe de Schurmann foi flagrada algumas vezes como na praia da Sununga, onde fica um dos cartões postais da região: a Gruta que Chora, chamada assim devido à água que escorre das paredes e do teto (veja o post do jornalista Felippe Abílio, publicado em seu Instagram, a respeito dessas filmagens).

A direção de fotografia é do inglês Anthony Dod Mantle, que ganhou Oscar de melhor fotografia em 2009 por ‘Quem Quer Ser um Milionário’. Imaginou?

Ontem, em seu perfil na mesma rede social, o diretor compartilhou vídeo de João ao lado do pinguim (abaixo), enviado pela filha do pescador, e comentou, sem afirmar que se tratava de Dindin:

“Se, de fato, esse é o mesmo Dindim, ainda não podemos confirmar. Mas, ficamos todos emocionados com essa notícia e possibilidade. Esse mágico acontecimento só nos motivou, ainda mais, no trabalho de pós-produção que estamos fazendo para contar essa linda história no filme”.

Foto/montagem: Julia Passos (cedidas por ela gentilmente)

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