Fotógrafo registra raríssimo peixe que anda sobre barbatanas, espécie em risco crítico de extinção
Foram necessários três dias para que o fotógrafo francês Nicolas Remy conseguisse finalmente registrar o raríssimo peixe-mão-pintado (Brachionichthys hirsutus), no fundo de um rio na Tasmânia. O feito foi muito celebrado porque esse não era qualquer peixe. Usando suas barbatanas peitorais e ventrais para se locomover, ele consegue “andar” sobre o solo arenoso. Além disso, essa é uma espécie criticamente ameaçada de extinção, estima-se que sejam apenas 3 mil dessas criaturas na natureza.
Com o flagrante incrível, Remy conquistou o primeiro lugar na categoria Água Doce do concurso Ocean Art Underwater Photo Competition, uma das mais prestigiadas competições de fotografia subaquática do mundo, da qual falamos em janeiro nesta outra reportagem.
Não foi nada fácil fazer a foto do peixe-mão-pintado. A temperatura da água no rio Derwent beirava os 10oC e a visibilidade não é boa. Suas cores, um bege pincelado com pintas marrons ou alaranjadas se misturam na escuridão, o que o ajuda na hora de capturar suas presas.
Na primeira aparição do peixe-mão-pintado o máximo que o fotógrafo obteve foi um borrão. Todavia, determinado, passou mais de nove horas embaixo da água até que chegasse à imagem perfeita, ganhadora do prêmio.
Foi preciso aperfeiçoar sua técnica para evitar o mínimo de movimentação de suas nadadeiras e assim o lodo não fosse remexido, afetando a qualidade da foto.
Com o belíssimo registro, o profissional tem esperança que a espécie tão pouco conhecida pela grande maioria das pessoas possa ser protegida.
Também chamado de peixe-mão-manchado ou peixe-mão-malhado, esse tipo de tamboril só é encontrado em algumas áreas do estuário de Derwent, na Tasmânia, ao sul da Austrália, e em nenhum outro lugar do mundo. Antes abundante naquela região, seu desaparecimento foi provocado pela poluição marinha e também, pela chegada de um peixe de uma espécie invasora, que se alimenta de seus ovos.
Uma das curiosidades desse peixe australiano tão raro é possuir algo que se assemelha a uma antena sobre o nariz. Biólogos não sabem exatamente qual sua função, mas suspeitam que ela possa atrair suas presas.
Medindo aproximadamente 12 centímetros de comprimento quando adulto, ao nascer ele não mede mais do que 7 milímetros.
Vale ressaltar que o peixe-mão-pintado não é o único ser marinho a ter essa habilidade. Já mostramos aqui no Conexão Planeta também quatro outras espécies de ‘tubarões tropicais caminhantes’, que usam as barbatanas para andar.
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Foto de abertura: divulgação Ocean Art 2022 / Nicolas Remy