Ilha do Bananal tem redução de 30% na área alagada e pode deixar de ser uma ilha, diz pesquisador
Gráfico desenvolvido pela organização Mapbiomas mostra a tendência de redução de superfície de água, desde 1985. Desmatamento e captação de água são os principais perigos enfrentados na região.
Por Ana Paula Rehbein e Patrício Reis, TV Anhanguera e g1 Tocantins
As chuvas na Ilha do Bananal eliminaram os focos de incêndios que atingiam áreas de preservação permanente desde julho. Só que o volume ainda não é suficiente para recuperar os rios da região. Especialistas alertam para o risco da região perder o título de maior ilha fluvial devido ao avanço da estiagem nos últimos anos e a perda da área alagada.
Desde domingo (26) as pancadas são recorrentes na Mata do Mamão, que concentra a maior área de floresta nativa e onde tinham sido destruídos mais de 37 mil hectares neste ano. Com isso a força-tarefa que contava com homens do Ibama, ICMBio e Funai começou a ser desmontada. Em alguns locais chegou a ser registrado 51 milímetros de chuva nos últimos dias.
Só que os rios Javaé e Formoso, ainda estão em estado crítico com o nível de profundidade em torno de 25 e 30 centímetros em muitos pontos, de acordo com o sistema de monitoramento da Universidade Federal do Tocantins.
Segundo pesquisadores da UFT, desde 2004 não há registro de transbordamento nos rios que formam a Ilha do Bananal. As chuvas não são suficientes para encharcar o solo, durante o ano todo.
"É um processo cumulativo, ou seja, você pode ter uma sequência de anos que chove abaixo da média, mas não muito abaixo, provocando uma crise hídrica. A gente vê que como a seca é mais severa a gente precisa que no período chuvoso tenha chuva acima da média de forma mais uniforme, mais bem distribuída, para que a gente tenha uma situação um pouco mais confortável para o próximo período de estiagem, que é certo", comentou o doutor em recursos hídricos Fernan Vergara.
Seca tem reduzido a área alagada da Ilha do Bananal nos últimos anos — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
A Ilha do Bananal é cercada pelos rios Araguaia e Javaés. Um gráfico desenvolvido pela organização Mapbiomas mostra a tendência de redução de superfície de água, desde 1985. No início do período analisado, eram cerca de 170 mil hectares de água.
Em 2020, a área está em torno de 115 mil hectares. Especialistas calculam uma estimativa de perda de 30%. "Aumento da agricultura aceleradamente, que leva a uma retirada de água do rio de forma rápida, o desmatamento que não permite infiltrar água na planície, provocando mais seca e favorecendo o fogo. É uma bola de neve gigantesca", disse o pesquisador da UNB, Ludgero Vieira.
A Ilha do bananal é uma reserva ambiental brasileira desde 1959, com cerca de 20 mil quilômetros quadrados de área. O território é considerado reserva da biosfera pela Unesco, mas para o pesquisador o título de maior ilha fluvial do mundo esta prestes a acabar.
"O avanço da perda de água na região é muito acelerada, começa um processo lento, mas se intensifica conforme a gente intensifica a ocupação humana. Então a ilha corre risco de deixar de ser a maior ilha do mundo. Em alguns momentos ela já deixa de ser, perdemos já esse título em alguns momentos como hoje deixa de ser ilha, o riu deixa de correr", explicou.
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