terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Às vesperas da Copa pontes e viadutos do DF ameaçam desabar!Parabéns GDF!!!!

Pontes e viadutos: Dez anos à espera de uma atitude

Todas as edificações do tipo no DF precisam de reforma e manutenção preventiva, alerta especialista

Carla Rodrigues e Ludmila Rocha
redacao@jornaldebrasilia.com.br


O prazo de validade da  manutenção nas pontes e viadutos do Distrito Federal está vencido. A constatação foi feita após o susto na Ponte Costa e Silva, que teve suas placas de proteção rompidas supostamente após um acidente de trânsito. A pista já foi liberada pelo Detran, mas a  ruptura acendeu sinal de alerta no que diz respeito à conservação das edificações da cidade. Há pelo menos dez anos que as rachaduras, trincas e corrosões nas estruturas são de conhecimento da Secretaria de Obras. Porém, até hoje nada foi feito. 
 A constatação é do  professor da Faculdade de Engenharia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista na área, Dickran Berberian.  

Segundo levantamento feito pelo docente, todas as pontes e viadutos do DF necessitam de reparos urgentes e, principalmente, de uma agenda de manutenção preventiva. “Apesar de as pessoas dizerem que essas estruturas podem cair de repente, todas elas dão sinais dos problemas. E, quando eles aparecem, é necessário consertá-las”, afirma. 

 O professor aponta que pelo menos 706 obras da capital, entre prédios, pontes, viadutos e marquises, estão “doentes”, necessitando de reparos há anos. A equipe do Jornal de Brasília acompanhou Dickran até a Ponte do Bragueto, construção que, segundo ele, está avisando: “estou mal”. “Essa é a obra em pior estado entre as pontes. Ela tem vários problemas visíveis, que não são estruturais, mas foram causados por colisões e pela ausência de reparos”, avalia. 

 Entre os problemas apontados na Ponte do Bragueto estão a corrosão das ferragens, tubos e as visíveis trincas, que, esclarece o docente, “são mais letais do que os buracos, pois a partir delas, toda a estrutura começa a se romper”.

Buracos

A via, que funciona como   ligação entre o Plano Piloto e outras regiões ao norte do DF, apresenta ainda buracos no teto, que a cada dia aumentam mais. “Há dois anos, uma equipe da Novacap veio avaliar o local. Acredito que  eles assumiram o risco de não iniciar as reformas imediatamente. Ou seja,  acham que a estrutura suporta mais tempo, mas, repito, isso faz dois anos”, diz.

Condição das estruturas
Ponte Costa e Silva 
 Trincas e rachaduras na base. Fissuras com mais de 3 cm de espessura na  estrutura de apoio em uma das margens. Solapamento parcial de aterro, o que pode ocasionar descalçamento da laje de transição.
Ponte das Garças   
 Pilares de apoio com segregação. A ponte apresenta desplacamento do concreto entre as pistas.
Ponte do Bragueto 
 Ponte com alto volume de tráfego apresenta pontos de carbonatação, armaduras expostas e buraco provocado por batida de caminhão.
Ponte JK 
 Rachaduras e trincas. Em 2011 a Ponte JK também foi interditada. Na época, a falha não foi confirmada, mas em nota, a  Novacap afirmou que o desnível foi constatado na região da junta de dilatação.
Cabos cedem aos poucos
Outro cartão-postal da cidade, a Ponte JK, que chegou a ser interditada em 2011 devido a um desnível no piso, ainda apresenta problemas aparentes, diz o professor Dickran Berberian, da UnB. “Não é nada grave, que seja um risco à população, mas insisto na questão dos cabos de aço, que não estão mais suportando o peso, eles estão cedendo aos poucos”, alerta. Além disso, a estrutura sofre com o desplacamento do concreto e alguns pontos de infiltração. Por dia,  trafegam no ponto mais de 20 mil veículos. 
 A Costa e Silva, que assustou  a população no fim de semana com a ruptura das placas de proteção, tem fissuras, trincas e rachaduras. “Problemas que podem ser solucionados com uma manutenção corretiva”, constata Dickran. Os 400 metros de extensão  têm estrutura metálica, o que indica, segundo o docente, necessidade de reforços com intervalos de três a cinco anos. 
Garças
 A mais antiga das obras, a Ponte das Garças, também está na lista das obras abandonadas pelo governo. Em 2005, uma pesquisa do Sindicato dos Arquitetos do DF  destacou as reformas necessárias no local, que, além de tudo, sofre com a sujeira na parte inferior da estrutura. Em 2011, novamente, a entidade reiterou os problemas nesta   e em outras vias. “Agora, a ponte apresenta desplacamento do concreto, sujeito a acidentes com pedestres”, expõe o documento. 
 
Não há calendário para reforma
 Em resposta aos questionamentos sobre a manutenção preventiva e corretiva das pontes e marquises da cidade, a Companhia Urbanizado da Nova Capital do Brasil (Novacap) enviou nota informando a conclusão do serviço de reparo nas barreiras de proteção lateral da Ponte Costa e Silva. Além disso, em resposta sucinta, a assessoria de imprensa do órgão afirmou que “a Ponte JK tem contrato de monitoramento há cinco anos. Já a Costa e Silva e a Ponte das Garças aguardam a criação de uma comissão para recuperação estrutural delas”.
 A nova comissão, que chegou a ser anunciada também pelo docente Dickran Berberian, deve, inclusive, fazer a vistoria técnica das  Galeria dos Estados e do Trabalhador, e de outras importantes obras da cidade, que há tempos aguardam por atenção. O órgão disse ainda que é “o pedreiro das reformas. Boa parte das reformas depende, principalmente, da Secretaria de Obras”. O valor aproximado para os reparos é de R$ 90 milhões. 
Sem datas
 Procurado, o secretário de Obras, David José de Matos, reconheceu a falta de calendário para as manutenções, tanto preventivas quanto corretivas. “Não tem calendário. Fazemos conforme a necessidade. À  medida em que a gente percebe os desgastes, fazemos a manutenção”, explicou. Entretanto, não ficaram claras as razões que levam o órgão a não ter uma agenda permanente de reparos.
 “O DF passou muito tempo sem fazer reparos sistêmicos nessas obras. Agora que começamos a ter isso, por isso essas obras necessitam de corretivos agora, completou o responsável pela pasta. Ainda de acordo com Matos, há, hoje, 22 locais com previsão de manutenções preventivas ou corretivas. 
 Sobre o atual estado da Ponte do Bragueto, o secretário apenas informou que “o DER já havia anunciado, no ano passado, a construção de uma ponte paralela à obra, para depois recuperá-la”. Contudo,  a licitação para a reforma ainda não foi concluída e o  projeto continua parado, sem expectativas de início e conclusão. O Departamento de Estradas de Rodagem não retornou o contato da equipe do JBr. até o fechamento desta edição.  
Costa e Silva
Técnicos da  Novacap  fizeram reparos na Ponte Costa e Silva. Durante toda a manhã, eles guincharam as placas que haviam sido deslocadas, retiraram pedras e outros resíduos e as recolocaram no lugar. 
 No domingo, o rompimento das placas - que cobrem a tubulação de água que passa pela passarela da ponte - fez com que o Corpo de Bombeiros fosse chamado para isolar a faixa próxima ao local afetado. 
Ponto de Vista
Docente do Departamento de Engenharia Civil da UnB, Guilherme Sales Melo avalia que “dentre os principais problemas das pontes está a durabilidade das estruturas, que requerem manutenção preventiva, para que pequenos problemas não se tornem grandes problemas”. “Manter as estruturas assim é um risco”, completa o colega   Dickran Berberian.
Novacap minimiza incidente
Segundo o presidente da Novacap, Nilson Martorelli, somente laudos técnicos irão comprovar a origem do problema na Ponte Costa e Silva, mas,  ao que tudo indica, o deslocamento das placas de proteção da tubulação da ponte foi causado pelo choque de um veículo.
De acordo com Martorelli, porém, o problema foi simples e não comprometeu a estrutura. “Moro perto daqui, passei pelo local no domingo e identifiquei o problema. Só não tomamos medidas durante o final de semana porque precisávamos de um caminhão muque (com guincho acoplado) que só estaria à disposição na segunda-feira”, disse.
Ele explicou  que não é possível prever problemas deste tipo e que não acredita que a situação tenha sido ocasionada pelo rompimento de juntas de dilatação, que oscilam de acordo com a temperatura, como havia sido sondado anteriormente. Isso porque, segundo Martorelli, “a dilatação causa outros danos. Se fosse isso, o asfalto e os arredores também teriam sido afetados”.
Ele garantiu que a companhia já está contratando   empresas para monitorar as condições das pontes. 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


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