Investigação apontava que morte teria sido provocada por acidente. Namorado é o principal suspeito
ary.filgueira@jornaldebrasilia.com.br
Quatro anos depois do suposto acidente que matou a estudante universitária Isabella Maciel de Macedo e Moreira, com então 22 anos, o caso teve uma reviravolta. A investigação, que se arrastava e apontava para um desastre de trânsito mudou de curso com o surgimento de novos indícios.
Agora, de vítima, o ex-namorado Amir Miguel de Souza Filho, 26, passou a ser acusado de matá-la e simular um acidente automobilístico para encobrir o crime.
A polícia indiciou o engenheiro brasiliense por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Se condenado, pode pegar até 20 anos de prisão.
Reviravolta
A suposta farsa começou a ser desmontada graças ao empenho do pai da vítima, Eduardo Moreira, 58, e logo após o acidente: em janeiro de 2010. Desconfiado da forma como o corpo da filha foi encontrado, ele resolveu contratar, por conta própria, peritos e médicos particulares.
Para confrontar o depoimento que Amir prestou à polícia, na ocasião, foram necessários vários laudos, que mostravam contradições apresentadas na versão do namorado. A mais importante constatação dos especialistas foi a de que a parte da frente, onde viajavam Amir e Isabella, estava praticamente intacta.
Outro indício verificado pelos peritos refere-se à fratura exposta apresentada no braço esquerdo de Isabella. De acordo com os profissionais, a lesão faria com que ela perdesse, no mínimo, dois litros de sangue, o que mancharia o carro do engenheiro. Porém, havia, no dia, somente uma pequena marca de sangue dela no teto.
O laudo do perito Paulo Ademar, que dá treinamento a peritos da Polícia Civil de Minas Gerais, comprovou que as avarias no veículo são fruto de obra humana. “Os amassamentos apresentavam diferença na forma, direção e profundidade”, disse.
Acidente levantou suspeitas
A acusação também conseguiu o depoimento do prefeito de Buritis (MG), João José Alves de Souza, conhecido como João do Caixão, que na época ainda não era político. Ele contou que passava pela estrada do acidente, no município, e achou estranho o tombamento da caminhonete, já que, na sua avaliação, não havia espaço e nem marcas de frenagem na estrada.
O prefeito também observou que os vidros da caminhonete não estavam quebrados e nem havia estilhaços nas proximidades. João do Caixão afirmou que não encontrou sangue de Isabella no local e nem tampouco dentro da caminhonete. Além disso, verificou que o carro estava com a luz interna ligada.
Diante das evidências, a Direção da Polícia Civil transferiu o caso para a Divisão de Homicídio em 2013. Os policiais reformularam o inquérito e concluíram que trata-se de homicídio.
Apesar de aliviado, Eduardo Moreira quer que Amir responda por homicídio triplamente qualificado, o que aumentaria a pena. Ele também vai requerer indenização. “Vou abrir com o dinheiro uma fundação com o nome de minha filha”, explica. “Ela tinha um sonho: ser juíza. Estava no nono semestre”, lamentou.
Memória
No dia 30 de janeiro de 2010, a caminhonete em que o casal estava capotou em uma estrada de terra de Buritis (MG).
A família reclamou que não houve perícia no local do acidente e nem tampouco no veículo.
Em 2013, o caso mudou de delegacia após o surgimento de novos indícios verificados por peritos particulares. A investigação passa a ser feita pela Divisão de Homicídio.
Em junho deste ano, o engenheiro Amir Miguel foi indiciado por homicídio doloso.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário