A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira (26) 19 pessoas no inquérito que investigou a suspeita de "compra" de medidas provisórias em benefício do setor automotivo, incluindo a ex-secretária de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e da Receita Federal, Lytha Spíndola, e o ex-diretor de comunicação do Senado Fernando Cesar Mesquita por suposta corrupção passiva.
Também
foram indiciados representantes das empresas Caoa, da montadora
Hyundai, e MMC, da Mitsubishi, por suspeita de corrupção ativa.
O indiciamento da PF não significa culpa
formada, mas sim que a polícia encontrou indícios suficientes para
atribuir a uma pessoa a autoria de um crime. As conclusões da PF serão
agora analisadas pelo Ministério Público Federal, que tem a atribuição
de apresentar ou não denúncia ao Judiciário. O caso tramita na 10ª Vara
Federal de Brasília.
O inquérito é um desdobramento da
Operação Zelotes, que desde março passado investiga venda ilegal de
decisões no Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga
recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal. Além
do inquérito agora concluído pela PF, tramitam pelo menos outros 19
sobre o mesmo tema.
A PF decidiu que ainda que toda a parte
da investigação referente a um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, Luis Claudio Lula da Silva, será desmembrada e objeto de
um novo inquérito específico, ainda sem prazo para acabar. Na mesma
investigação entrarão os dados relativos ao ex-ministro Gilberto
Carvalho.
Uma empresa do filho de Lula, a LFT
Marketing Esportivo, recebeu R$ 2,5 milhões entre 2014 e 2015 de uma
empresa do lobista Mauro Marcondes Machado, que tinha empresas
automotivas como clientes. A PF considerou “contraditórias e vazias” as
explicações de Luis Claudio sobre o objetivo desses pagamentos. O filho
do ex-presidente alega ter prestado serviços na área esportiva.
Todos os investigados no inquérito sobre suspeita de “compra” das medidas provisórias negaram envolvimento com irregularidades.
Fernando César Mesquita disse à Folha
nesta quinta-feira (26) que as suspeitas da PF são “um negócio meio
delirante”. “Eu li todo o inquérito. Não tem absolutamente nada contra
mim, ninguém me acusa de nada, não tem nada que possa me colocar como
colaborador de qualquer grupo. É até risível dizer que eu fui corrompido
para corromper senadores ou que eu poderia pedir a um senador para
votar de um jeito ou de outro”, disse o ex-diretor de comunicação do
Senado.
O advogado João Paulo Boaventura, que
defende Lytha Spíndola, disse que recebe “com toda a tranquilidade” a
notícia do indiciamento. “Ela vai provar nos autos da denúncia sua
inocência, com muita tranquilidade e muita calma”, disse Boaventura. O
advogado afirmou que os pagamentos feitos pelo lobista Mauro Marcondes à
firma dos filhos de Lytha referem-se à prestação de serviços “que foram
devidamente comprovados” no inquérito. O defensor lamentou que ainda
não tido acesso a todos os documentos e provas que integram a Operação
Zelotes.
Em notas divulgadas na época da
deflagração da operação, no final de outubro, Caoa e MMC também negaram
quaisquer irregularidades.
(Via Folha e agências)
Nenhum comentário:
Postar um comentário